COP 29: reflexões e o caminho para Belém

Como era esperado pela maior parte dos países e organizações, a COP 29, embora muito bem organizada, não trouxe avanços significativos para a agenda climática. Apesar disso, o evento reforçou a importância de continuar o trabalho conjunto e destacou que a atenção global agora está voltada para a COP 30, que acontece em 2025, em Belém. Mais do que uma pausa, esse intervalo representa uma oportunidade: temos um ano para trabalhar intensamente, fortalecer alianças e garantir que as soluções necessárias, como as proteínas alternativas, ganhem o destaque que merecem.

Ainda que os resultados da COP 29 tenham ficado aquém das expectativas, o fortalecimento da comunidade global focada em alimentos e clima é um avanço que não pode ser ignorado. Hoje, estamos mais alinhados e preparados para avançar com essa conversa, tanto na COP quanto em outros espaços estratégicos. Essa força coletiva será essencial para garantir que, em Belém, o foco esteja na urgência de transformar os sistemas alimentares e de redirecionar recursos para as soluções com maior impacto positivo possível.

Avanços e desafios da COP 29

O principal resultado desta edição foi o acordo para destinar US$300 bilhões anuais para o financiamento climático até 2030. Embora distante do US$1,3 trilhão inicialmente demandado pelos países do Sul Global, o valor representa uma direção importante. O texto final, no entanto, menciona alimentos apenas uma vez, destacando que as medidas de mitigação e adaptação a serem implementadas não devem colocar em risco a produção de alimentos,  mas falha em oferecer detalhes sobre como o financiamento será direcionado a sistemas alimentares sustentáveis. Além disso, produtores rurais e pequenos agricultores, considerados grupos vulneráveis, não foram citados no documento final, o que foi criticado pela sociedade civil.

No próximo ano, o debate será centrado na chamada “Road from Baku to Belém”, com o desafio de transformar os US$300 bilhões anuais em um total de US$1,3 trilhões. Esse escalonamento exigirá a diversificação das fontes de financiamento, mobilizando não apenas recursos públicos, mas também investimentos privados, parcerias internacionais e mecanismos inovadores. Essa abordagem integrada será essencial para garantir que as soluções climáticas sejam robustas e efetivas. O GFI Brasil está comprometido em apresentar projetos que demonstrem o impacto positivo de sistemas alimentares alternativos, especialmente nas economias do Sul Global. Aproveitaremos as lições aprendidas nas COPs anteriores para propor soluções práticas e ampliar as oportunidades de financiamento climático.

Outro destaque desta edição foi a Declaração sobre Metano, que gerou controvérsia ao focar exclusivamente nas emissões provenientes de resíduos orgânicos, responsáveis por cerca de 18% das emissões globais de metano, enquanto ignorou completamente a pecuária, que contribui com aproximadamente 40%. Mais de 30 países se comprometeram a incluir metas de redução de metano derivados dos resíduos orgânicos nas suas futuras NDCs, mas essa abordagem reflete uma resistência em enfrentar diretamente o impacto ambiental da produção de produtos de origem animal – e reforça a necessidade de organizações como o GFI intensificarem o debate sobre soluções escaláveis na indústria de alimentos.

Além disso, o Trabalho Conjunto de Sharm el-Sheikh sobre Agricultura (SSJWA) lançou um portal online para compartilhamento de projetos relacionados à agricultura e segurança alimentar, com potencial de atrair investimentos e facilitar a ampliação de iniciativas climáticas na agricultura. Essa ferramenta, em desenvolvimento desde a COP 27, busca integrar uma abordagem mais ampla e inclusiva para os sistemas alimentares, que abrangem múltiplos setores da economia e todos os elos da cadeia de produção e consumo de alimentos.

O GFI Brasil continuará trabalhando ao lado de negociadores e parceiros para apresentar projetos bem-sucedidos e buscar recursos que ampliem o impacto de iniciativas alinhadas a essa agenda. Esse trabalho é essencial para garantir que os sistemas alimentares sejam priorizados em futuras discussões climáticas, especialmente na “Road from Baku to Belém” que se desenrolará até a COP 30 no Brasil.

Por fim, foi lançada a Iniciativa Climática Baku Harmoniya para Agricultores, que busca harmonizar programas existentes e integrar agricultores, especialmente mulheres e comunidades rurais, às ações climáticas voltadas para alimentos. Apesar da proposta ser muito promissora para construir soluções climáticas inclusivas e sustentáveis, sua operacionalização ainda precisa ser detalhada, e nós acompanharemos de perto seus desdobramentos.

Oportunidades na NDC Brasileira

Durante a COP 29, Brasil, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos apresentaram atualizações de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). No caso do Brasil, a revisão da NDC está associada ao Plano Clima e seus planos setoriais,com previsão de finalização até março de 2025. Há uma expectativa crescente de que as versões finais sejam mais inclusivas e ambiciosas.

O GFI Brasil enxerga essa revisão como uma oportunidade crucial para integrar políticas que incentivem a produção sustentável de alimentos, especialmente as proteínas para consumo humano, como parte de uma estratégia alimentar mais alinhada com os desafios climáticos. Incorporar metas específicas para sistemas alimentares será essencial para posicionar o Brasil como líder em soluções sustentáveis, contribuindo significativamente para a mitigação das emissões globais.

Um caminho positivo para Belém

O maior legado da COP 29 não está nos textos finais ou nos compromissos firmados, mas no fortalecimento de uma comunidade global de comida e clima mais unida e determinada a enfrentar os desafios climáticos. Esse alinhamento será fundamental para garantir que, na COP 30, os sistemas alimentares estejam no centro das discussões.

Ao longo das COPs 27, 28 e 29, o GFI Brasil colaborou com diversos parceiros para consolidar a agenda de sistemas alimentares no centro das negociações climáticas. O próximo desafio é transformar essa conexão em ações climáticas concretas, apresentando projetos robustos que demonstrem o impacto positivo de novas formas de se produzir  proteínas como uma solução viável, escalável e estratégica no combate às mudanças climáticas.

A COP 30 será uma oportunidade única para avançar essa agenda. Com planejamento estratégico, mobilização de recursos e parcerias fortalecidas, estamos confiantes de que Belém terá o potencial para gerar mudanças estruturais na agenda climática global

Belém nos espera e, com ela, a chance de transformar o potencial das proteínas alternativas em soluções concretas e duradouras para um futuro mais sustentável.

Participe da Audiência Pública sobre Sistemas Alimentares Contemporâneos na Comissão Mista de Mudanças Climáticas

No dia 10/12, às 14:30, a Comissão Mista de Mudanças Climáticas vai reunir deputados, senadores, especialistas e sociedade civil em uma audiência pública sobre sistemas alimentares contemporâneos.

Vamos debater o papel fundamental e estratégico dos Sistemas Alimentares Contemporâneos, com foco nas proteínas alternativas, em desafios atuais, como segurança alimentar, desenvolvimento socioeconômico, mitigação das mudanças climáticas, agenda 2030 e NDCs. Nesse sentido, também serão apresentadas medidas de regulamentação para garantir segurança jurídica, competitividade e o pleno desenvolvimento desse novo setor.

Participe: a audiência pode ser acompanhada ao vivo na página do Senado no Youtube ou na página da própria comissão. Ela também ficará gravada nesses canais.

Estamos em Busca de Propostas para Treinamentos de Cargos Regulares!

O GFI Brasil está em busca de parceiros qualificados para desenvolver treinamentos específicos voltados para cargos regulares. Se você é uma empresa ou consultor experiente na criação de programas que potencializam as habilidades de analistas, esta é a sua oportunidade de colaborar com a gente!

O que buscamos:
Treinamentos inovadores e eficazes que ajudem a aprimorar competências essenciais para cargos regulares.

Prazo para envio das propostas:
Até 16/12.

Como participar?
Acesse os detalhes completos da RFP e envie sua proposta aqui.

Faça parte dessa iniciativa e contribua para o fortalecimento das habilidades e competências dos nossos times!

HISTÓRICO: Carne cultivada chega a Hong Kong

Até recentemente, a carne cultivada era comercializada apenas em dois mercados: Singapura e Estados Unidos. Agora, um terceiro mercado entrou em cena: Hong Kong.

 

A Vow, startup de foodtech australiana, após o sucesso de seu lançamento em Singapura, estreou seu produto feito de codorna japonesa, tornando-se a primeira empresa a vender carne cultivada no maior centro financeiro da Ásia.

 

Um toque gourmet com inovação
A codorna cultivada da Vow integra a marca premium da empresa, Forged, que se dedica a alimentos inovadores e refinados. O primeiro produto lançado foi o Forged Parfait, uma combinação de codorna japonesa com alho, cebola, conhaque e manteiga, resultando em um patê leve e cremoso. Após a aprovação regulatória em Singapura, em março de 2024, o prato chegou a Hong Kong e já está disponível no restaurante The Aubrey, um izakaya de alto padrão localizado no Mandarin Oriental.

Além disso, outro produto da Vow fará sua estreia em Hong Kong: o Forged Gras, inspirado no foie gras. Segundo a empresa, este prato oferece “uma experiência rica e satisfatória”, consolidando o apelo sofisticado de sua linha de produtos.

 

A aprovação inicial pela Singapore Food Agency foi crucial para a entrada da Vow em Hong Kong, conforme destacou o CEO George Peppou. Ele explicou que a validação em Singapura serviu como um “ponto de partida estratégico” para atender aos rigorosos padrões do Departamento de Higiene Alimentar e Ambiental de Hong Kong.

 

Como a primeira empresa a comercializar carne cultivada em múltiplos mercados asiáticos, a expansão rápida da Vow ressalta os benefícios de um alinhamento regulatório entre países — um objetivo que o GFI APAC tem trabalhado para promover. Regulamentações harmonizadas ajudam a reduzir barreiras comerciais, simplificar a entrada em novos mercados e diminuir custos, permitindo que startups tenham prazos mais ágeis para aprovações.

E o restante da China?

Embora o lançamento em Hong Kong seja um marco, o acesso ao mercado continental chinês ainda depende de aprovação regulatória em Pequim. Atualmente, não existe um processo específico para aprovação de carne cultivada na China continental. No entanto, o China National Center for Food Safety Risk Assessment indicou que está acompanhando os avanços internacionais e desenvolvendo um marco regulatório robusto para a avaliação de segurança desses produtos.

 

Enquanto isso, o desenvolvimento de carne cultivada segue em ritmo acelerado no restante do país. Em abril de 2024, Pequim anunciou a criação do primeiro centro de inovação científica da China dedicado à carne cultivada e outras tecnologias de proteínas alternativas, respaldado por um investimento de 80 milhões de yuans (cerca de 11 milhões de dólares).

Avanços estratégicos no continente
Durante o World Agrifood Innovation Conference, Qiang Fu, vice-chefe do distrito de Pinggu em Pequim, reafirmou o compromisso de sua região em acelerar o desenvolvimento de proteínas alternativas. O evento marcou ainda o lançamento da Aliança da Indústria de Alimentos de Proteína Alternativa de Pequim e contou com um discurso do Bruce Friedrich, fundador do GFI.

 

Em agosto, o GFI APAC coorganizou o primeiro simpósio científico China-Singapura, reunindo acadêmicos, representantes da indústria e autoridades governamentais. Durante o evento, foram compartilhados avanços em técnicas como a criação de produtos híbridos que combinam células cultivadas com proteínas vegetais e o desenvolvimento de biorreatores inovadores que reduzem custos de produção por meio de simulações computacionais.

 

Também em agosto, a startup Joes Future Food, de Nanjing, apresentou carne suína cultivada a autoridades locais após receber financiamento público para o desenvolvimento de métodos de fabricação em escala industrial. Apoios semelhantes estão sendo disponibilizados em várias províncias por meio de iniciativas governamentais.

Mais recentemente, Samuel Goh, gerente de políticas do GFI APAC, participou da Conferência Internacional de Segurança e Qualidade Alimentar da China, em Xangai, onde destacou o marco regulatório inovador de Singapura e explorou oportunidades para fortalecer a colaboração pan-asiática.

Samuel Goh, do GFI APAC, destacou a liderança regulatória de Singapura em Xangai enquanto defendia uma maior colaboração regional.

Um olhar voltado para Pequim
Especialistas do GFI APAC destacaram em uma coluna recente na Nature que a carne cultivada pode seguir uma trajetória de crescimento semelhante à da energia solar e das baterias de veículos elétricos. No entanto, isso dependerá de investimentos governamentais significativos para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento, além de aumentar a capacidade de fabricação.

 

A China já lidera o mundo em financiamento público para pesquisa agrícola, investindo o dobro do que os Estados Unidos e publicando o maior número de artigos acadêmicos sobre o tema. Entre 2003 e 2013, investimentos governamentais ajudaram a elevar a produção de grãos, leite, carne e aquicultura entre 20% e 50%. Um esforço semelhante no setor de carne cultivada poderia catalisar uma revolução na indústria alimentar global.

O futuro da carne cultivada na Ásia
O lançamento da carne cultivada em Hong Kong é um marco histórico, oferecendo a líderes governamentais, empresários e representantes da mídia uma amostra tangível dos “alimentos do futuro”. A grande questão é se esse passo será o ponto de inflexão para atrair novos investimentos em um setor em ascensão.

 

Se o histórico da China com tecnologias emergentes servir como exemplo, uma vez que a carne cultivada ganhar espaço no maior mercado da Ásia, mudanças transformadoras podem acontecer, ganhando força de maneira exponencial.

 

Estamos em busca de uma consultoria especializada em Compliance e LGPD!

Como uma organização que se dedica à transformação do sistema alimentar com ética e transparência, estamos em busca de uma consultoria para fortalecer nossas práticas de compliance e proteção de dados, alinhando nossas operações às melhores práticas do mercado.

Principais necessidades:

Se a sua empresa tem experiência comprovada e deseja contribuir para um setor de proteínas alternativas mais seguro e sustentável, esperamos sua proposta até 14 de novembro de 2024.

Confira a chamada na íntegra e envie sua proposta aqui.

Novas fontes e sistemas de produção de alimentos: principais resultados do relatório FAO 2023

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgou recentemente o relatório da Reunião Técnica de Prospectiva de Segurança de Alimentos sobre Novas Fontes e Sistemas de Produção de Alimentos de 2023, que aconteceu em novembro do mesmo ano. Este encontro contou com a presença de especialistas globais, incluindo Graziele Karatay, Especialista de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, para discutir os desafios e oportunidades relacionados à segurança dos alimentos plant-based, e das tecnologias de fermentação de precisão e impressão 3D de alimentos.

 

O documento sintetiza a literatura existente nessas novas fontes e sistemas de produção de alimentos, abordando tanto os riscos à  segurança de alimentos, quanto outros aspectos relevantes, como características nutricionais, impactos ambientais e percepção dos consumidores.

 

1. Questões de Segurança de Alimentos

 

Esse tópico emergiu como um dos principais pontos de discussão no desenvolvimento de novos alimentos e sistemas de produção e os principais pontos destacados no relatório nas três áreas são: 

Plant-based

 

  • Os perigos de segurança de alimentos são semelhantes aos dos alimentos convencionais.
  • Os consumidores podem erroneamente considerar os produtos não cozidos como seguros.
  • Uma gestão adequada da segurança de  alimentos pode reduzir significativamente os riscos, como microrganismos patogênicos e de deterioração, e contaminantes químicos.

 

Fermentação de precisão

 

  • As etapas de produção são geralmente bem conhecidas e controladas.
  • Perigos potenciais: crescimento de microrganismos patogênicos, contaminantes químicos, alergenicidade.
  • A seleção rigorosa de cepas, o monitoramento adequado e o cumprimento das diretrizes de segurança de  alimentos podem reduzir os riscos.

 

Impressão 3D de alimentos

 

  • Fatores-chave para prevenir o crescimento microbiano: Parâmetros para impressão, processamento, armazenamento e condições de formulação dos ingredientes de entrada.
  • O projeto higiênico do equipamento é crítico para evitar a lixiviação  (processo pelo qual substâncias indesejadas, como contaminantes, são transferidas do equipamento, no caso a impressora, para o alimento).

 

2. Características Nutricionais

 

Plant-based

 

  • Possíveis benefícios para a saúde: melhoria nos marcadores cardiometabólicos e na saúde intestinal.
  • Possíveis deficiências nutricionais: vitamina B12 e certos aminoácidos (como metionina e cisteína, no caso de alimentos à base de leguminosas).

 

Fermentação de precisão

 

  • Pode alterar as propriedades dos produtos nativos (por exemplo, reduzir a alergenicidade e aumentar a biodisponibilidade) ou produzir novos produtos.

 

Impressão 3D de alimentos

 

  • A dosagem precisa de vários ingredientes ou nutrientes pode ajudar a atender às necessidades nutricionais individuais.
 

3. Aspectos Ambientais

 

Plant-based

 

  • Alimentos à base de plantas podem ter uma pegada ambiental menor do que os alimentos de origem animal, mas comparações diretas são complexas.

 

Fermentação de precisão

 

  • Menor impacto ambiental em comparação com laticínios convencionais (por exemplo, emissões de metano e agroquímicos).
  • A produção de alimentos em ambientes fechados e controlados não é afetada pelas condições climáticas.
  • Alto consumo de eletricidade.

 

Impressão 3D de alimentos

 

  • Os aspectos de sustentabilidade ambiental da impressão 3D de alimentos permanecem inexplorados.

 

4. Percepção do Consumidor

 

Plant-based

 

  • Interesse do consumidor em experimentar alimentos à base de plantas.
  • Percepção de serem “altamente processados”.
  • Reduzir os custos e aumentar a diversidade de produtos melhorará a adoção pelos consumidores.

 

Fermentação de precisão

 

  • Disposição do consumidor para experimentar produtos com ingredientes feitos por fermentação de precisão.
  • Segurança, nutrição, sabor e impactos ambientais são fundamentais para a aceitação do consumidor.

 

Impressão 3D de alimentos

 

  • As percepções dos consumidores são influenciadas pela falta de conhecimento sobre alimentos impressos em 3D e pela terminologia técnica (por exemplo, vistos como “não naturais” e “sintéticos”).

 

Conclusão

 

O relatório da FAO oferece uma visão abrangente dos avanços e desafios na produção de alimentos plant-based, obtidos por fermentação de precisão e impressão 3D, reafirmando a importância de regulamentações robustas, desenvolvimento contínuo e uma comunicação clara com o consumidor. O GFI Brasil segue acompanhando esses avanços para garantir que essas inovações possam ser amplamente implementadas, com segurança e benefícios claros tanto para o meio ambiente quanto para a saúde pública.

 

Acesse o relatório completo aqui.

A FAO também produziu uma série de 4 vídeos a partir de entrevistas feitas com os especialistas durante a reunião técnica. Confira a playlist no Youtube.

Oportunidade: envie sua proposta de estudo estratégico sobre a categoria de carnes vegetais análogas no Brasil!

O The Good Food Institute Brasil lançou uma chamada para propostas com o objetivo de contratar uma empresa especializada para realizar um estudo estratégico sobre a categoria de carnes vegetais análogas no Brasil. O foco é analisar o mercado e desenvolver estratégias para o crescimento e consolidação dessa categoria no país, inspiradas em aprendizados de outras categorias de consumo e mercados que enfrentaram desafios semelhantes.

O estudo deve identificar caminhos e boas práticas que orientem a indústria de proteínas alternativas a avançar, propondo ações eficazes que possam ser adotadas pelas empresas do setor. O objetivo final é criar um plano estratégico que aumente a participação de mercado das carnes vegetais análogas, considerando toda a categoria, e não apenas produtos ou marcas específicas.

As propostas devem ser enviadas até o dia 28 de outubro de 2024 e o resultado final desta chamada será divulgado até dia 11 de novembro de 2024.

Acesse aqui as informações completas para a subsmissão e envie sua proposta!

Semana do Clima de Nova York: impacto dos sistemas alimentares ganha destaque no evento preparatório para a COP

Com foco nas dietas “plant-rich”, a edição de 2024 reforça a urgência de integrar a alimentação nas estratégias climáticas globais

A Semana do Clima de Nova York, realizada anualmente em setembro, paralelamente à Assembleia Geral da ONU, reúne líderes de governos, empresas, acadêmicos, ONGs e representantes da sociedade civil para discutir soluções climáticas. A edição de 2024, que aconteceu entre os dias 22 e 29 de setembro, trouxe pela primeira vez um dia inteiramente dedicado às discussões sobre dietas com menos produtos de origem animal, chamado de “Food Day”. Realizado no segundo dia da conferência, o evento reuniu mais de mil participantes para debater a relação entre sistemas alimentares e mudanças climáticas, com painéis conduzidos por representantes de organizações como a Sociedade Vegetariana Brasileira, PAN e Humane Society.

A abordagem central do Food Day foi o conceito “plant-rich diet”, que pode ser traduzido como “dieta rica em vegetais”, sugerindo que alimentos de origem vegetal sejam priorizados na composição da dieta. Essa perspectiva busca promover escolhas alimentares sustentáveis de forma inclusiva e abrangente, evitando rótulos restritivos e contemplando uma maior diversidade de dietas.

A Semana do Clima se consolidou como um evento preparatório para a COP e funciona como uma plataforma para revisar metas de sustentabilidade e alinhar esforços, preparando o terreno para os compromissos formais que serão discutidos na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Muitos dos temas debatidos nesta semana, como descarbonização, financiamento climático e sistemas alimentares, são os mesmos que guiarão as negociações na COP, o que torna esse encontro uma oportunidade valiosa para avaliar o progresso global e definir o tom para as futuras ações climáticas.

O GFI esteve ativamente presente na Semana do Clima, com representantes de todo o mundo participando de painéis e co-organizando eventos para reforçar as proteínas alternativas como a solução climática viável que elas já se provaram ser. Recentemente, o estudo “Recipe for a Livable Planet”, publicado pelo Banco Mundial, posicionou esses alimentos como uma das estratégias mais promissoras para mitigar as mudanças climáticas: ao analisar 26 intervenções no setor agroalimentar, a publicação concluiu que as proteínas alternativas ocupam a segunda posição em termos de potencial de redução de emissões, ficando atrás apenas do reflorestamento, com a capacidade de reduzir até 6,1 bilhões de toneladas de CO2 anualmente – o que equivale a retirar aproximadamente 1,3 bilhão de carros de circulação globalmente durante o mesmo período. No entanto, apesar dos sistemas alimentares contribuírem com 33% das emissões globais, eles ainda recebem apenas 3% do investimento climático, valor 22 vezes menor do que o recebido pelos setores de energia e transportes, por exemplo.

Por isso, um dos focos da Semana do Clima foi a inclusão dos sistemas alimentares em estratégias climáticas globais, como as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Elas são os compromissos que cada país estabelece de forma autônoma para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, conforme estipulado no Acordo de Paris. Esses compromissos refletem as metas e estratégias de cada nação para combater as mudanças climáticas e são revisados periodicamente.

Na COP 28, um avanço importante foi a inclusão dos sistemas alimentares e da agricultura no Global Stocktake, um relatório revisado a cada cinco anos que avalia o progresso global em relação aos objetivos do Acordo de Paris. Pela primeira vez, foram mencionadas a necessidade de aumentar a produção sustentável de alimentos e fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares. Embora essas menções ainda sejam tímidas, elas abriram caminho para que o tema seja trabalhado de forma mais robusta em futuras COPs e em outros instrumentos internacionais.

O time de políticas públicas do GFI Brasil já vem trabalhando para integrar os sistemas alimentares nas NDCs nacionais, promovendo um alinhamento entre o setor agroalimentar e as metas climáticas do país. E, com a COP 30 marcada para acontecer em 2025 em Belém (PA), a expectativa é que o Brasil possa assumir um papel de liderança nesta pauta, incluindo os sistemas alimentares nas NDCs e formando coalizões entre governos, empresas e organizações da sociedade civil para acelerar uma transição alimentar sustentável.

O Food Day também foi palco do lançamento do Tilt Collective, uma iniciativa global que trabalha com pesquisa, financiamento de projetos e comunicação estratégica para enfrentar os impactos da agricultura intensiva e acelerar a transição para dietas que priorizem alimentos de origem vegetal. No painel, Zenia Stampe, deputada dinamarquesa líder da comissão de agricultura do parlamento, apresentou a nova legislação em aprovação no país que introduz impostos sobre a produção de carne. Segundo ela, um terço das emissões da Dinamarca vem da agricultura – em consonância com os números globais – e a associação de fazendeiros apoiou o programa governamental de aumentar o foco em produções vegetais em vez da pecuária. Stampe explicou que os produtores rurais recebem financiamento público para produzir mais vegetais e que, nesse processo, eles vêm deixando de sofrer com diversos problemas recorrentes ligados à criação de animais.

Gus Guadagnini, presidente do GFI Brasil, esteve presente no debate e ressaltou que essa é uma lição importante para o nosso país: “a modernização das práticas agrícolas pode trazer benefícios diretos para o produtor rural, desde que haja um investimento comprometido com a questão social e uma transição justa para a produção vegetal. Para transformar os sistemas alimentares, é fundamental capacitar e fornecer os recursos necessários aos fazendeiros, permitindo que eles sejam protagonistas dessa mudança. Isso se torna ainda mais crucial no Brasil, onde o rebanho bovino atingiu um recorde histórico, com mais de 238 milhões de cabeças de gado em 2023, mostrando que precisamos urgentemente equilibrar nossas práticas de produção com a crescente demanda global por alimentos mais sustentáveis.”

O presidente do GFI Brasil reforça, ainda, que o caminho para um futuro sustentável passa, inevitavelmente, pela transformação de como produzimos e consumimos nossos alimentos: “a pauta dos sistemas alimentares começou a ser debatida apenas em 2022, na COP do Egito. Desde lá, ela vem ganhando mais foco, comprometimento dos países, engajamento da comunidade internacional, fontes de financiamento para o setor e até dias inteiros dedicados à alimentação e à agricultura em eventos globais. Esse é um ritmo acelerado para o mundo das organizações multilaterais, no qual as mudanças acontecem muito lentamente, e indica que estamos expandindo o horizonte das ações climáticas e reconhecendo que a produção sustentável de alimentos é tão crucial quanto a descarbonização de outros setores, como energia e transporte”.

À medida que avançamos rumo a um cenário global cada vez mais exigente em termos de sustentabilidade, é fundamental que o Brasil e o mundo redirecionem recursos e esforços para transformar o setor agroalimentar. “Somente assim poderemos mitigar os impactos ambientais, e  garantir um futuro alimentar mais saudável e equitativo para todos. O GFI Brasil, com sua atuação sólida e compromisso com a inovação, está pronto para ser uma peça-chave nessa transformação global”, conclui.

Reino Unido investe £15 milhões para acelerar a comercialização de proteínas alternativas; varejistas europeus impulsionam acessibilidade através da paridade de preços

O Reino Unido deu mais um passo em direção à inovação e sustentabilidade alimentar com o anúncio de um investimento de £15 milhões para acelerar a comercialização de proteínas alternativas. Este aporte financeiro, destinado ao novo Centro Nacional de Inovação em Proteínas Alternativas (NAPIC), reflete o compromisso do governo britânico com a transformação do sistema alimentar, promovendo práticas mais sustentáveis e inovadoras.

O NAPIC será liderado por um consórcio de instituições de prestígio, incluindo a Universidade de Leeds, Universidade de Sheffield, Instituto James Hutton e Imperial College London. Além do aporte inicial do governo, o centro receberá £23 milhões adicionais de parceiros públicos e privados, elevando o investimento total para £38 milhões.

Com esse financiamento, o NAPIC terá a missão de impulsionar o desenvolvimento de novos produtos e ingredientes à base de proteínas alternativas, desde a fase de inovação até a comercialização. O centro também se dedicará a estudar a aceitação desses alimentos pelos consumidores, analisando como essas novas opções podem ser incorporadas de forma eficaz na dieta da população. Além disso, o NAPIC explorará técnicas para desenvolver ração animal e aquicultura mais sustentáveis. 

Esse avanço é resultado do trabalho consistente que o The Good Food Institute Europa realizou nos últimos dois anos em colaboração com a agência nacional de fomento à pesquisa e inovação, UK Research and Innovation (UKRI). A UKRI incluiu as proteínas alternativas em seus planos estratégicos como uma área prioritária, reconhecendo o potencial desse setor para contribuir com a sustentabilidade e segurança alimentar.

O novo financiamento eleva o investimento total do governo britânico em proteínas alternativas para mais de £91 milhões (aproximadamente US$119 milhões), demonstrando o compromisso contínuo do país com a inovação no setor alimentar e com a criação de empregos verdes.

No ano passado, o Reino Unido também anunciou, entre outros investimentos, um aporte de £13 milhões para um centro de pesquisa para produzir carne cultivada: o Cellular Agriculture Manufacturing Hub (CARMA), liderado pela Universidade de Bath, está investigando como produzir carne cultivada em escala. Além disso, os pesquisadores também vão estudar o desenvolvimento de alimentos (como o óleo de palma sustentável) por meio da fermentação de precisão.

Europa na vanguarda da transformação alimentar

O impacto dessas ações não se limita ao Reino Unido. Em toda a Europa, existe um movimento crescente para tornar as proteínas alternativas mais acessíveis e competitivas, impulsionando uma transformação estrutural no setor alimentar e nos hábitos dos consumidores. Redes de supermercados como Lidl e Aldi têm reduzido os preços de produtos plant-based, igualando ou até mesmo baixando os valores em comparação aos seus equivalentes de origem animal em países como Holanda, Alemanha, Dinamarca, e Áustria. Em abril deste ano, o diretor de compras da Lidl Alemanha, Jan Bock, anunciou que a paridade de preços levou a um aumento de 30% nas vendas de carnes vegetais nos últimos seis meses. Essas iniciativas seguem um estudo da ProVeg que mostrou que, quando o preço não é mais uma barreira, os consumidores estão mais inclinados a escolher opções sustentáveis.

Além disso, grandes marcas de fast food, como Burger King e McDonald’s, estão ajustando seus preços e expandindo seus menus plant-based para ampliar o acesso ao público europeu. O Burger King da Alemanha, por exemplo, lançou uma campanha chamada “Plant-Based for Everyone” (À base de Plantas para Todos), reduzindo os preços de itens como o Whopper sem carne para torná-los mais baratos que os de carne animal. O McDonald’s, por sua vez, expandiu o McPlant, hambúrguer à base de plantas desenvolvido em parceria com a Beyond Meat, para mais países europeus, com um ajuste nos preços para torná-los mais competitivos.

Empresas como IKEA e Tesco também estão investindo na paridade de preços: a IKEA, famosa por suas almôndegas plant-based, está oferecendo seus produtos à base de plantas nos mercados europeus a preços iguais ou menores que as versões de carne. As vendas do cachorro-quente vegetal da marca, por exemplo, quase dobraram em 2022 em comparação a 2019, principalmente devido a uma redução significativa de preço no mercado alemão.

A Lidl também passou a exibir os produtos plant-based ao lado dos de origem animal nas prateleiras: a estratégia já foi adotada em algumas regiões e busca reduzir barreiras ao consumo de proteínas alternativas, tornando-as mais visíveis para os consumidores. Ao eliminar a necessidade de sessões separadas, a rede pretende encorajar a experimentação e aceitação desses produtos, integrando-os ao mercado mainstream e mostrando que as alternativas vegetais são uma opção viável e acessível para todos. A Lidl Holanda declarou que as vendas de produtos à base de plantas aumentaram sete por cento desde que foram movidos para a seção de carnes. Além disso, a rede também afirmou que, até 2025, 50% das refeições oferecidas em seus restaurantes serão à base de plantas.

Já a Tesco, uma das maiores redes de supermercados do Reino Unido, anunciou uma meta ambiciosa de aumentar em 300% as vendas de produtos plant-based até 2025. Essa estratégia faz parte de um compromisso mais amplo de sustentabilidade em parceria com o World Wide Fund for Nature (WWF), com o objetivo de reduzir pela metade o impacto ambiental da produção de alimentos. A rede tem promovido suas marcas de alimentos plant-based a preços competitivos e investido em campanhas publicitárias para aumentar a conscientização sobre os benefícios das dietas à base de plantas.

Brasil apresenta primeiro projeto de lei ​do mundo fomentando a​​ produção de alimentos por cultivo celular 

Para especialista do GFI, o projeto é um marco legislativo global e pode colocar o país na liderança desse mercado

Em um marco histórico para a inovação e sustentabilidade no setor alimentar, o deputado Jorge Goetten (REPUBLIC/SC) apresentou na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei ​(PL) ​3357/2024​,​ que ​“​estabelece ​normas gerais para a pesquisa, produção, reprodução, importação, exportação, transporte, armazenamento, conservação e comercialização de alimentos obtidos por cultivo celular, seus derivados e subprodutos, bem como para o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento produtivo desse setor”​​     ​.  

O The Good Food Institute (GFI), uma das principais organizações globais dedicadas ao avanço das proteínas alternativas, celebrou a apresentação do projeto como um passo fundamental para colocar o Brasil como um líder global nesse mercado emergente.  

“É um marco legislativo no país e no mundo. É o primeiro PL focado no incentivo a essa tecnologia​,​ e garante o desenvolvimento de pesquisa e de soluções para alimentar a população com impactos ambientais significativamente reduzidos. É um marco ao se basear em evidências científicas que vão além do ´medo do novo’ e​,​ assim​,​ fomentar o desenvolvimento nas nossas universidades e indústrias e, ao mesmo tempo, garantir todos os padrões de segurança necessários para os consumidores”, destacou Gabriela Garcia, ​analista de​ Políticas Públicas ​no GFI Brasil.​ 

Com potencial para transformar a indústria alimentícia, o cultivo celular permite a produção de carne sem a necessidade de abate, utilizando menos recursos naturais e emitindo menos gases de efeito estufa.​ É uma forma sustentável de complementar a oferta já existente, tornando-se uma ferramenta importante para a segurança alimentar.​

De acordo com a analista do GFI, este “é um setor que, inevitavelmente vai existir e crescer​,​ e o Brasil tem toda a capacidade de liderar esse mercado em nível global”. ​Agora, o PL seguirá seu trâmite na Câmara e o próximo passo será o despacho pelo presidente da Casa, deputado Arhur Lira, para análise nas Comissões, onde um relator será designado para elaborar um parecer sobre o conteúdo da proposta.​​ ​Após ​essa etapa, o projeto ainda deverá ser submetido à apreciação pelo Plenário e, caso aprovado, será revisado pelo Senado Federal antes que possa se tornar Lei.​​     ​ 

Gabriela Garcia acredita que será um “um longo caminho de debates no Congresso Nacional, mas agora abrindo espaço e formando um “chão comum” de conhecimento​ embasado na ciência​”. Para ela, à medida que o Congresso Nacional avança n​as discussões​, a sociedade brasileira terá a oportunidade de moldar o futuro do sistema alimentar global, com impactos positivos na sustentabilidade, segurança alimentar e proteção ambiental. O GFI, segundo a analista​, acompanhará “com lupa” todos os debates sobre o assunto. 

Novo estudo do GFI Brasil explora o potencial da aplicação de algas em produtos de proteínas alternativas

O GFI Brasil acaba de lançar a publicação técnica “Potencial de Aplicação de Algas em Produtos de Proteínas Alternativas”, trazendo uma contribuição inédita ao cenário nacional. Por ser a primeira publicação do Brasil sobre o tema, ela oferece uma revisão abrangente e detalhada da literatura disponível, contextualizando o leitor sobre a relevância e o potencial das algas no setor alimentar e como ingredientes inovadores na produção de produtos de proteínas alternativas.

 

Desenvolvido para leitores que estão se familiarizando com o tema e para aqueles que buscam um conhecimento mais aprofundado, o estudo é dividido em duas partes principais: a primeira é dedicada a fornecer uma base sólida sobre o tema, abordando a classificação das algas, métodos de cultivo e coleta, além dos usos alimentares convencionais e questões de segurança alimentar, destacando como as algas podem ser integradas na narrativa das proteínas alternativas.

 

A segunda parte do estudo explora o potencial nutricional e tecnológico das algas, ressaltando suas propriedades funcionais que as tornam uma fonte promissora de ingredientes para produtos plant-based. Além disso, são discutidos os aspectos de sustentabilidade associados ao uso de algas.

 

A publicação também identifica diversas oportunidades de pesquisa, incentivando a exploração das algas como ingredientes-chave para a criação de novos produtos no mercado de proteínas alternativas. Ela foi elaborada não apenas para cientistas e pesquisadores, mas também para profissionais do mercado, oferecendo uma visão completa das vantagens tecnológicas, nutricionais e sustentáveis que as algas podem proporcionar.

Resultados:

 

Os resultados apresentados revelam que as algas têm um grande potencial como fonte de proteínas alternativas, com capacidade de contribuir significativamente para a sustentabilidade e diversificação da produção alimentar. Além de seus benefícios à saúde humana, as algas possuem propriedades funcionais e tecnológicas que as tornam uma fonte promissora e versátil para a produção de alimentos mais saudáveis e sustentáveis.

 

As proteínas são essenciais na formulação de alimentos vegetais análogos à carne, não só pelo valor nutricional, mas também pelas suas funcionalidades tecnológicas. As algas são uma fonte viável de proteínas, com uma composição de aminoácidos essenciais que atende aos requisitos da FAO, comparável a outras fontes como soja e ovo. As microalgas, em particular, podem conter entre 40-60% de proteína (base seca), oferecendo aminoácidos essenciais e propriedades nutricionais e funcionais, como baixa alergenicidade e boa digestibilidade.

 

Além disso, possuem propriedades físico-químicas ideais para várias aplicações, incluindo solubilidade, emulsificação, geleificação e formação de espuma. Algumas macroalgas podem ser usadas como substitutos do sal em alimentos, ajudando a reduzir o teor de sódio, e seus pigmentos, como carotenos e xantofilas, são amplamente utilizados como corantes na indústria alimentícia.

 

A produção de algas como fonte de proteínas apresenta várias vantagens em relação a outras fontes vegetais. As algas têm crescimento e produção mais rápidos, maior eficiência fotossintética, baixo consumo de água e não competem por terras aráveis. Além disso, possuem baixo teor de lignina, facilitando a extração, e podem armazenar carbono, contribuindo para uma produção sustentável. Com oceanos e mares cobrindo mais de 70% da superfície terrestre, há um vasto potencial para o cultivo sustentável e a colheita em grande escala de algas.

Alt Protein Project continua a crescer na América Latina!

Com orgulho, anunciamos a entrada de novos grupos universitários ao Alt Protein Project, reforçando nossa missão de acelerar o desenvolvimento de proteínas alternativas em todo o mundo. Este ano, quatro novas instituições no Brasil, uma na Argentina e uma no Chile se unem ao movimento:

Brasil:

Argentina:

Chile:

Esses novos grupos se juntam aos pioneiros da Unicamp (SP) e UFMG (MG), que já fazem parte do projeto desde o ano passado, ampliando ainda mais a nossa rede de jovens líderes e pesquisadores comprometidos com um futuro alimentar mais sustentável.

O que é o Alt Protein Project? 

O Alt Protein Project é uma iniciativa global liderada pelo The Good Food Institute que visa capacitar estudantes universitários e pesquisadores a se tornarem líderes no campo das proteínas alternativas. Fundado em 2020, o projeto começou como uma comunidade conectada por cinco universidades e, desde então, cresceu para englobar mais de 50 grupos em diversas instituições de ensino ao redor do mundo, com mais de 450 membros ativos.

Objetivos e Missão

O principal objetivo do Alt Protein Project é acelerar o desenvolvimento e a adoção de proteínas alternativas — incluindo carnes, laticínios e ovos produzidos a partir de plantas, fermentação ou cultivo celular — como uma solução sustentável para os desafios globais relacionados à segurança alimentar, saúde pública e mudanças climáticas.

O projeto busca atingir esses objetivos através de várias frentes:

  1. Educação e Disseminação: Integrar o tema das proteínas alternativas nos currículos de graduação e pós-graduação. Isso inclui a criação de disciplinas, cursos, workshops e outros eventos educacionais que abordem as ciências e as tecnologias por trás das proteínas alternativas.
  2. Pesquisa Colaborativa: Conectar estudantes, pesquisadores e professores de diferentes disciplinas para desenvolver pesquisas colaborativas e multidisciplinares que possam gerar soluções inovadoras no campo das proteínas alternativas.
  3. Desenvolvimento de Comunidades: Criar uma rede global de estudantes e pesquisadores apaixonados por proteínas alternativas, promovendo a troca de ideias, perspectivas culturais e conhecimentos científicos. Essa comunidade global é um espaço para que os membros compartilhem suas pesquisas, colaborem em projetos e promovam inovações.
  4. Estímulo à inovação: Facilitar parcerias entre universidades, laboratórios de pesquisa e a indústria para acelerar a transição para um sistema alimentar mais sustentável. Isso inclui o desenvolvimento de novas tecnologias, processos de produção e produtos que possam ser comercializados no mercado global.

Impacto Global

Desde a sua criação, o Alt Protein Project tem sido uma força motriz no avanço das proteínas alternativas, contribuindo significativamente para o aumento da conscientização, pesquisa e inovação nesta área. Com grupos de estudantes em universidades renomadas em países como Estados Unidos, Brasil, Argentina, Chile, Suíça, Turquia, Portugal, Malásia, e Japão, o projeto está ajudando a construir uma nova geração de líderes comprometidos com a criação de um sistema alimentar mais saudável, sustentável e justo.

Participação e Expansão

O Alt Protein Project está constantemente expandindo sua rede de grupos universitários, e qualquer estudante interessado pode se juntar ao movimento. O projeto oferece suporte para a criação de novos grupos, fornecendo recursos educacionais, treinamento e oportunidades de networking para que os estudantes possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento de proteínas alternativas em suas regiões. Se você é aluno universitário e gostaria de se juntar ao nosso movimento, entre em contato conosco através do e-mail ciencia@gfi.org para dúvidas e apoio!

Saiba mais sobre a iniciativa: Vídeo de apresentação

Explore mais sobre o impacto do projeto: Impacto do Alt Protein Project