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Proteínas Alternativas em Dados

 

Conheça mais sobre o setor de proteínas alternativas acessando os dados mais atualizados dos mercados de produtos feitos de planta, cultivados a partir de células ou obtidos por fermentação. Além de pesquisas do GFI, também disponibilizamos uma seleção de estudos de outras fontes selecionadas por nossa equipe de especialistas. Navegue pelas sessões de investimentos, mercado, tendências, sustentabilidade e saúde. Se não encontrar a informação que você precisa, entre em contato com a nossa equipe.

  • Camila Lupetti
    Especialista de Dados em Engajamento Corporativo

    camilal@gfi.org

1. Investimentos em Proteínas Alternativas

De acordo com o relatório State of the Industry do GFI, desde 2006, empresas focadas em carnes, frutos do mar, ovos e laticínios de origem vegetal arrecadaram US$ 8,5 bilhões, com mais da metade desse valor nos últimos três anos. As empresas de produtos vegetais arrecadaram US$ 907,7 milhões em 2023, representando uma redução de 28% em comparação aos US$ 1,3 bilhão arrecadados em 2022, uma taxa de declínio menor do que a do financiamento de risco global. Nem todas as regiões registraram recuo nos investimentos em proteínas de origem vegetal, na Europa houve um aumento de 74% nos investimentos neste setor, totalizando US$ 584 milhões. Mesmo enfrentando desafios financeiros, essas empresas avançaram em desenvolvimento de produtos e escala de produção.

O desafiador ambiente de financiamento privado para empresas de proteínas vegetais e alternativas pode continuar no próximo ano, especialmente porque as taxas de juros praticadas globalmente provavelmente permanecerão elevadas em 2024. Ao mesmo tempo, proteínas alternativas, incluindo as vegetais, continuam a ser uma ferramenta crítica na transição para métodos mais eficientes e sustentáveis ​​de produção de carne. Isto também torna a produção de carne, marisco, ovos e lacticínios à base de plantas uma importante oportunidade olhando para aspectos de sustentabilidade, proporcionando potenciais vantagens para os investidores e para a indústria.

2. Mercado Global de Proteínas Alternativas

De acordo com dados da Euromonitor publicados pelo GFI no relatório State of the Industry, as categorias baseadas em plantas estão estabelecidas em todo o mundo. Em 2023, as vendas globais no varejo de produtos de origem vegetal, incluindo carnes, frutos do mar, leite, iogurte, sorvete e queijo, totalizaram US$ 29 bilhões. As vendas de carne e frutos do mar de origem vegetal alcançaram US$ 6,4 bilhões, concentradas principalmente na Europa e na América do Norte. O leite de origem vegetal liderou com US$ 18,7 bilhões, com a região Ásia-Pacífico à frente. O iogurte de origem vegetal, liderado pela Europa, alcançou US$ 1,6 bilhão, enquanto as vendas de sorvete e queijo de origem vegetal foram de US$ 1,4 bilhão e US$ 896 milhões, respectivamente com destaque para América do Norte e Europa.

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    Fonte: Euromonitor International Limited, Staple Foods 2023, Meat & seafood substitutes, retail value RSP incl sales tax, US$.

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    Fonte: Euromonitor International Limited, Dairy Products and Alternatives 2023, Plant-based milk, retail value RSP incl. sales tax, US$.

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    Fonte: Euromonitor International Limited, Dairy Products and Alternatives 2023, Plant-based yogurt, retail value RSP incl sales tax, US$.

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    Fonte: Euromonitor International Limited, Snacks 2023, Plant-based ice cream, retail value RSP incl sales tax, US$.

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    Fonte: Euromonitor International Limited, Dairy Products and Alternatives 2023, Plant-based cheese, retail value RSP incl. sales tax, US$.

3. Mercado Brasileiro de Proteínas Alternativas

Em 2023, o mercado brasileiro testemunhou um aumento significativo no consumo de substitutos vegetais de carnes e frutos do mar, com as vendas no varejo atingindo 1,1 bilhão de reais, representando um crescimento de 38% em relação ao ano anterior. O aumento das vendas em volume (toneladas) também foi significativo: 22%. Por outro lado, o mercado de leite vegetal teve um crescimento mais modesto, com vendas no varejo totalizando 673 milhões de reais, um aumento de 9,5% em relação ao ano anterior. No entanto, houve uma ligeira queda de 3% nas vendas em litros de produto. 

Fonte: Euromonitor Passport, Meat and Seafood Substitutes, January 2024; and Plant-based Milk, October 2023.

3.1. O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based

As carnes vegetais já estão presentes na mesa da população brasileira, sendo consumidas por 39% dos consumidores de classe ABC, ainda que esporadicamente, sendo que 17% consomem ao menos uma vez por semana. Foi o que apontou a pesquisa Olhar 360° Sobre O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-based, realizada pelo GFI Brasil com mais de 2.000 brasileiros de todo o país em 2024. Os substitutos de leites, seus derivados e ovos são consumidos por 60% dos participantes, dos quais 33% fazem esse consumo semanalmente. Estes dados tratam de alternativas vegetais em geral, seja para carnes, leites, laticínios ou ovos, independentemente de serem análogos, industrializados não análogos ou preparações caseiras.

Já tratando-se especificamente de carnes vegetais análogas (aquelas com sabor, textura e aparência muito parecidos aos produtos convencionais de origem animal), a maioria dos participantes (64%) tinha alguma familiaridade com carnes vegetais análogas, mas menos de um terço destes afirmaram já ter experimentado o produto. Por outro lado, 36% do total de respondentes não conhecia as carnes vegetais análogas até o momento da pesquisa, principalmente a classe C. Além disso, o consumo regular ou esporádico de carnes vegetais análogas (10%) é consideravelmente menor quando comparado ao das carnes vegetais em geral, que atinge 39%, conforme mencionado anteriormente. 

A mesma pesquisa apontou uma baixa intenção de compra de carnes vegetais análogas (com base no conceito apresentado em texto e imagens de embalagens de produtos reais): 34% manifestam intenção, contra 37% em dúvida e 29% que não pretendem comprar. As mulheres e as pessoas adeptas a uma dieta flexitariana são as mais propensas a comprar. Entre aqueles que demonstraram intenção de comprar carnes vegetais análogas, pouco mais de um terço – ou 35% – planeja fazer dessas compras uma prática regular, proporção semelhante à dos que consideraram substituir a carne animal pela análoga vegetal, com 37%. Apenas 19% estaria disposto a pagar mais caro por este tipo de produto. Embora a ideia seja bem recebida, faltaram elementos para transmitir benefícios suficientes para incentivar uma intenção de compra recorrente.

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Entre os 61% dos participantes que afirmaram nunca consumir carnes vegetais, o principal motivo citado foi o preço elevado, com 41% das menções. Vale observar que 19% dos entrevistados que não consomem carne vegetal não conseguiram identificar um motivo específico para essa escolha, sendo essa indecisão mais comum entre os consumidores da classe C. Vale notar também a relevância da própria composição do produto, ingredientes utilizados e o próprio sabor, citado como barreira de compra por 21% dos respondentes. Somando-se a isso o fato de 34% dos consumidores familiarizados com alternativas vegetais terem procurarado por algum produto nos últimos seis meses, mas apenas 9% terem encontrarado o produto que buscavam, podemos concluir que preço, sabor e conveniência seguem como pilares essenciais para a adoção da categoria de alternativas vegetais.

Entre outros apontamentos da pesquisa, está o fato de que a experiência de escolha e consumo está ligada à capacidade de formar e expressar uma identidade pessoal. Ter uma opção vegetal como a “mistura” do dia pode tranquilizar aqueles que tentam subsituir a carne, embora a substituição não seja direta nem automática. No entanto, mudar hábitos exige esforço, avaliar prós e contras e enfrentar informações contraditórias; por isso, precisamos ser convencidos e motivados. Esta pesquisa mostrou muitos caminhos que levam direto ao coração do consumidor quando o assunto é alimentação, abordando  diversos outros aspectos da alimentação do brasileiros e ainda contou com etapas de análise de redes sociais e grupos focais. Para saber mais, acesse aqui.

4. Impactos ambientais e sociais da produção de alimentos

4.1. Mudanças climáticas

Em novembro de 2023, foi publicado a última atualização do relatório síntese com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) pelos 195 países signatários do Acordo de Paris, cobrindo até 95% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEE) no ano de 2019, estimadas em 52,6 Gt CO2 eq¹.

Esse documento traz a projeção do cenário das emissões globais do ano de 2030 e aponta um aumento de 8,8% em relação às emissões de 2010, e uma redução de 2% em relação às emissões de 2019, indicando que o pico das emissões globais deve ocorrer até o ano de 2030. Infelizmente, essa redução de 2% nas emissões globais projetada para o ano de 2030, ainda está longe do total necessário para alcançarmos a principal meta do Acordo de Paris: limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5 °C. Para atingirmos essa meta, precisamos reduzir 43% das emissões globais até o ano de 2030 ou, num cenário menos otimista, 27% para manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2 °C.

Mas, o que podemos fazer para reduzir as emissões? Faz sentido questionarmos a forma como produzimos nossos alimentos? O atual sistema alimentar, num contexto global, foi responsável por 31%² das emissões de gases do efeito estufa, porém no Brasil esse sistema representou 73,7%³ das emissões do país, sendo 57,2%³ relacionado a um único produto: a carne bovina. Essas emissões vêm de várias fontes, mas principalmente da fermentação entérica e do esterco dos ruminantes (que juntos, também são responsáveis por 30% das emissões de metano (CH4) no mundo, um gás 86 vezes mais potente do que o gás carbônico (CO2)), da queima de combustíveis fósseis na cadeia de produção e abastecimento dos alimentos e do desmatamento intensivo e extensivo (para abrir pastagens e para plantar os grãos que viram ração para os animais de abate).

Um estudo⁷ publicado pela PLOS Climate mostra que se a produção global de carne e laticínios for gradualmente reduzida até zerar durante os próximos 15 anos, será o mesmo que “cancelar” as emissões de GEE geradas por todos os outros setores econômicos por 30 a 50 anos. Em um cenário menos otimista, se as proteínas à base de vegetais, cultivadas e obtidas por fermentação representarem 11% de todo o consumo de proteínas até 2035, podemos reduzir 0,85 gigatoneladas de CO2 equivalente (CO2e) em todo o mundo até 2030, o que equivale à descarbonização de 95% da indústria da aviação, de acordo com o relatório da Boston Consulting Group.

Segundo o IBGE⁸, em todo o ano de 2022, foram abatidas 29,80 milhões de cabeças de bovinos no Brasil (aumento de 7,5% em relação ao ano anterior e revertendo a série de 2 anos consecutivos de retração), 56,15 milhões de suínos (aumento de 5,9% em relação a 2021 e recorde da série histórica iniciada em 2005) e 6,11 bilhões de cabeças de frango (registro de estabilidade em relação ao ano de 2021). Considerando que, de acordo com a ONU⁹, três quartos de todas as doenças infecciosas no mundo são de origem animal, ao analisar a magnitude dos números de animais abatidos torna-se imprescindível incluir a revisão do atual sistema de produção de alimentos nas discussões sobre saúde pública e prevenção de novas pandemias, como a do Coronavírus.

4.2. Uso da terra e consumo de água

A questão do uso do solo também é um desafio, uma vez que 45% da superfície habitável do planeta é dedicada à produção de alimentos e 80% desse total está relacionado à cadeia de dois produtos: carne bovina e laticínios, que representam apenas 17% da produção global de calorias. Para sustentar um sistema alimentar baseado em vegetais, seria necessário usar apenas 7% das terras do nosso planeta.

Fontes: Our World in Data – Land Use, Acessado em: 02/04/2024 através do link: https://ourworldindata.org/land-use; In World Data; Livestock long shadow: environmental issues and options; PLOS Climate, Partes do material “Impactos sócio-climático-ambientais da produção de alimentos derivados de animais, elaborado pela Akuanduba Consultoria”

Soja

Segundo dados de 2018¹⁰ provenientes de uma análise publicada pela QuFood Climate Research Network (FCRN) da Universidade de Oxford, 76% da soja produzida globalmente é destinada à alimentação animal, sendo 37% fornecida a galinhas e outras aves; 20% aos porcos; 6% para aquicultura. Apenas 20% é destinada diretamente à alimentação, sendo apenas 2% na produção de carne e de laticínios vegetais. De toda a proteína produzida no Brasil, somente 16% é usada na alimentação humana, 80% é usada como ração, principalmente para porcos e galinhas, segundo [1]. Questões como essa estão intimamente ligadas a graves problemas ambientais, como o desmatamento.

(Fontes: [1] Cassidy ES et al 2013 Redefining agricultural yields: from tonnes to people nourished per hectare. Environmental Research Letters 8; 034015.

Amazônia

No Brasil, de acordo com a ABIEC, a produtividade média da pecuária é de 67,7 kg de carcaça de gado por hectare/ano, porém 76% das áreas de pastagem estão abaixo dessa média, produzindo na faixa de 37,3 Kg de carcaça por hectare/ano. O aumento da demanda por produtos de origem animal, associado à baixa produtividade desse sistema de produção, promove uma necessidade latente: mais espaço.

Na Amazônia, nos últimos 37 anos, as áreas de pasto cresceram 321%, saltando de 13,7 milhões de hectares, em 1985, para 57,7 milhões de hectares, em 2022, sendo que 45,3% dessas áreas de pastagens possuem menos de 20 anos.

(Fonte: Projeto MapBiomas – Mapeamento anual de cobertura e uso da terra no Brasil entre 1985 a 2022 – Coleção 8, acessado em 15/01/2024 através do link: https://brasil.mapbiomas.org/wp-content/uploads/sites/4/2023/10/FACT_MapBiomas_Agropecuaria_04.10_v2.pdf.

Terras agrícolas

Mais de 70% de todas as terras agrícolas do mundo são voltadas para a produção de alimentos para animais. Do total da superfície terrestre, 30% é ocupada pela pecuária. Para sustentar um sistema alimentar baseado em vegetais, seria necessário usar apenas 7% das terras do nosso planeta.

(Fontes: In World Data; Livestock long shadow: environmental issues and options; PLOS Climate, Partes do material “Impactos sócio-climático-ambientais da produção de alimentos derivados de animais, elaborado pela Akuanduba Consultoria”).

Água

O setor agropecuário é responsável por mais de 70% do consumo global de água, e um terço disso se destina à irrigação e crescimento de ração e pasto para bois, porcos e galinhas.

(Fonte: Ceres, Managing Global Water Risks, Parte do material “Impactos sócio-climático-ambientais da produção de alimentos derivados de animais, elaborado pela Akuanduba Consultoria”).

Um método inédito para o cálculo da pegada hídrica da carne bovina foi aplicado por pesquisadores da Embrapa e da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP, chegando a um valor médio que varia de 29 mil a 32 mil litros de água por quilo de carcaça. Há ainda outro ponto a ser analisado. Segundo a ONU¹³, a pecuária é o setor que mais polui mananciais e corpos d’água, pois gera muito mais excrementos do que os humanos e, em muitos países, a produção pecuária se expandiu e se intensificou ainda mais rapidamente do que a produção agrícola, introduzindo novos tipos de poluentes, como antibióticos e hormônios de crescimento animal, que apresentam riscos à saúde humana à medida que se deslocam pelos ecossistemas aquáticos e corpos d’água.

4.3. Consumo de carne

Segundo a OCDE, a produção de carne deve aumentar 14% e o consumo per capita deve chegar a 35,4 kg até 2030. Não se trata de uma deficiência nutricional, mas de uma tendência de consumo guiada pelos hábitos e tradições alimentares, que colocam a carne no centro das refeições. No artigo “Por que acreditamos que as proteínas alternativas devem compor as soluções para transformar o sistema de produção de alimentos e conter as mudanças climáticas?”, o The Good Food Institute Brasil aborda estratégias de como faremos essa entrega para o consumidor de maneira a não impactar negativamente as mudanças climáticas.

Fonte: OECD, 2021

4.4. Sustentabilidade e proteínas alternativas

Uma avaliação preliminar do ciclo de vida do ciclo de vida modelou os impactos de uma planta de produção, em escala comercial, de carne cultivada em 2030. Dados desse estudo mostram que, em escala, a carne cultivada produzida com energia limpa oferece vantagens significativas em relação à carne convencional, mesmo considerando as operações mais sustentáveis o possível. Na tabela ao lado, os resultados detalham o desempenho ambiental da carne cultivada em comparação à carne convencional, através de indicadores que apontam a redução da necessidade de área de solo, redução das emissões de gases, da poluição do ar e da acidificação do solo. Vale ressaltar que, quando comparada com o gado de corte, a carne cultivada também apresenta uma redução de até 66% no consumo de água.

1 Fonte: United Nation, 2021. Nationally determined contributions under the Paris Agreement.
2 Fonte: United Nation, 2021. Climate Change 2021: The Physical Science Basis
3 Fonte: Nature Food, 2021. Food systems are responsible for a third of global anthropogenic GHG emissions.
4 Fonte: The Good Food Institute, 2021. Global Food System Transition is Necessary to Keep Warming Below 1.5°C
5 Fonte: United Nation, 2021. Methane emissions are driving climate change. Here’s how to reduce them.
6 Fonte: Science, 2020. Global food system emissions could preclude achieving the 1.5° and 2°C climate change targets.
7 Fonte: PLOS Climate, 2022. Rapid global phaseout of animal agriculture has the potential to stabilize greenhouse gas levels for 30 years and offset 68 percent of CO2 emissions this century
8 Fonte: IBGE, 2022. Em 2021, abate de bovinos cai pelo segundo ano seguido e o de frangos e de suínos batem recordes.
9 Fonte: United Nation, 2013. The World Livestock 2013: Changing disease landscapes.
10 Fonte: Our World in Data, More than three-quarters of global soy is fed to animals. Soy.
11 Fonte: CE Delft e The Good Food Institute, 2021. LCA of cultivated meat:Future projections for different scenarios
12 Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nation, 2018. More people, more food, worse water? a global review of water pollution from agriculture LED BY More people, more food, worse water? a global review of water pollution from agriculture.

4.5. Conversão alimentar

Um parâmetro importante para estimar a eficiência de um determinado sistema de produção de alimentos é a Taxa de Conversão Alimentar (TCA). Essa taxa basicamente calcula o quanto de recursos como ração, capim, silagem, um animal precisa ingerir para produzir 1 kg de peso vivo (kg de entrada/kg de saída). Dados obtidos pelo Ex-ante LCA de 2023 mostram que a Taxa de Conversão Alimentar (TCA) para carne cultivada pode ser próxima a 1, isso equivale a dizer que é necessário aproximadamente 1 kg de recursos para produzir 1 kg de carne cultivada. Em comparação a outras formas de produção, este mesmo estudo pode verificar que a TCA de carne cultivada pode ser até 2,8 vezes mais eficiente que a da produção de frango e 5,7 vezes mais eficiente que a produção de gado de corte.

Ao produzir uma carne a partir de plantas ou cultivar a partir de células, podemos melhorar drasticamente esta relação entre entradas e saídas. Com proteínas alternativas, é possível produzir apenas o que é necessário, sem competir com outras necessidades energéticas dos seres vivos, conforme é evidenciado na perda de calorias durante o processo de produção de diferentes animais na tabela abaixo. O resultado final é que podemos produzir muito mais carne com muito menos recursos.

Vale dizer que 64% do peso vivo do animal corresponde a ossos, sangue e subprodutos (comestíveis e não comestíveis): apenas 36% do peso vivo do gado de corte é carne.

Fonte: Rendimento integral de bovinos após abate por Ivan Luz Ledic, Médico Veterinário e D.Sc. Melhoramento Animal, Parte do material Impactos sócio-climático-ambientais da produção de alimentos derivados de animais, elaborado pela Akuanduba Consultoria.

4.6. Emprego

Um relatório divulgado pela ClimateWorks Foundation, em parceria com a Global Methane Hub, estima que o investimento necessário para promover a transição de uma dieta baseada em produtos pecuários derivados de animais ruminantes para proteínas alternativas possui o potencial de gerar 83 milhões de novos empregos até 2050. Esse número representa dois terços de todos os empregos originados nas inovações identificadas para reduzir as emissões de metano provenientes do sistema alimentar. Outros apontamentos do relatório:

  • O estudo destaca que é necessário um investimento substancial do governo em pesquisa, desenvolvimento e comercialização para alcançar a paridade de preço e sabor entre proteínas alternativas e as convencionais. Esta mudança no consumo é esperada quando as proteínas alternativas atenderem aos aspectos nutricionais e de preço das opções convencionais

  • Embora não especifique um valor exato de financiamento governamental para o sucesso das proteínas alternativas, um estudo anterior estima um investimento necessário de $10,1 bilhões. Isso inclui $4,4 bilhões para pesquisa e desenvolvimento e $5,7 bilhões para iniciativas do setor privado relacionadas à pesquisa, fabricação e incentivos de desenvolvimento de infraestrutura.

  • O investimento em inovações para mitigação das emissões de metano podem alcançar um valor agregado bruto (VAB) de $700 bilhões até 2050. Considerando um market share (participação de mercado) de 50%, a partir da mudança na dieta pela paridade de preço e sabor, as proteínas alternativas representariam 98% do VAB gerado, aproximadamente $688 bilhões.

  • O estudo destaca que é necessário um investimento substancial do governo em pesquisa, desenvolvimento e comercialização para alcançar a paridade de preço e sabor entre proteínas alternativas e as convencionais. Esta mudança no consumo é esperada quando as proteínas alternativas atenderem aos aspectos nutricionais e de preço das opções convencionais

  • Embora não especifique um valor exato de financiamento governamental para o sucesso das proteínas alternativas, um estudo anterior estima um investimento necessário de $10,1 bilhões. Isso inclui $4,4 bilhões para pesquisa e desenvolvimento e $5,7 bilhões para iniciativas do setor privado relacionadas à pesquisa, fabricação e incentivos de desenvolvimento de infraestrutura.

  • O investimento em inovações para mitigação das emissões de metano podem alcançar um valor agregado bruto (VAB) de $700 bilhões até 2050. Considerando um market share (participação de mercado) de 50%, a partir da mudança na dieta pela paridade de preço e sabor, as proteínas alternativas representariam 98% do VAB gerado, aproximadamente $688 bilhões.

5 . Saúde

O uso generalizado de antibióticos está levando a cada vez mais superbactérias resistentes a antibióticos e estima-se que a resistência antimicrobiana (RAM) foi diretamente responsável por cerca de 1,27 milhão de mortes em 2019, de acordo com pesquisa global publicada na Lancet. A grande maioria de todos os antibióticos produzidos hoje nos Estados Unidos e no mundo são usados para a agricultura animal convencional e em 2050, estima-se que essas superbactérias podem matar 10 milhões de pessoas/ano e custar à economia global US$ 100 trilhões.

As proteínas alternativas são capazes de fornecer quantidades semelhantes de proteínas e nutrientes aos da carne convencional, sem contribuição para o risco de pandemia ou resistência a antibióticos e uma fração do impacto climático adverso, logo representam uma mudança saudável na forma como cultivamos o que comemos.

Fonte:Jim O’neill, Tackling Drug-Resistant Infections Globally: Final Report And Recommendations The Review On Antimicrobial Resistance Chaired By https://amr-review.org/sites/default/files/160518_Final%20paper_with%20cover.pdf