O The Good Food Institute Brasil convida pesquisadores e profissionais que tenham interesse em desenvolver o “Mapeamento do Estágio de Desenvolvimento da Tecnologia de Fermentação Aplicada às Proteínas Alternativas no Brasil” a enviarem suas propostas até o dia 14 de agosto.
Além do mapeamento, o estudo deve incluir os potenciais e desafios da tecnologia, gargalos e oportunidades para produção em larga escala, e a elaboração de um plano estratégico para o seu desenvolvimento no país, subsídios técnicos e científicos imprescindíveis para orientar as futuras ações de legisladores, reguladores, empresas, professores e pesquisadores da área.
Conheça os detalhes do edital:
O estudo deve se concentrar no novo papel da tecnologia de fermentação (seja tradicional, de biomassa ou de precisão) na inovação do setor de proteínas alternativas, a fim de atender as demandas da produção de análogos cárneos, lácteos, frutos do mar e ovos; produção de insumos para produtos feitos de plantas e carne cultivada; ou na obtenção direta de produtos por fermentação, como análogos feitos de biomassa micelial, por exemplo. Logo, o uso convencional da fermentação na produção de alimentos não faz parte do escopo deste estudo.
Ele será dividido em três etapas que contribuirão com o desenvolvimento da fermentação aplicada às proteínas alternativas no Brasil:
O projeto deve iniciar em novembro de 2023 e o prazo de execução será de seis meses. As propostas poderão ser enviadas até o dia 14 de agosto, em formato PDF, para o e-mail ciencia@gfi.org. O documento deverá conter, obrigatoriamente, um cronograma, os valores previstos para execução de cada etapa, o investimento total, a metodologia a ser utilizada e o currículo profissional da da equipe que irá desenvolver o trabalho. O resultado será divulgado no dia 22 de agosto. O edital completo, com todas as orientações para a submissão da proposta, assim como todas as demais informações sobre o estudo, podem ser acessadas neste link.
Contextualização
O termo fermentação aplicado à indústria de proteínas alternativas refere-se ao cultivo de microrganismos com a finalidade de processar um alimento ou ingrediente; obter mais do próprio microrganismo como fonte primária de proteína (biomassa), ou ingredientes específicos, como aromatizantes, enzimas, proteínas e gorduras, para incorporação em produtos feitos de plantas ou carne cultivada.
A indústria de proteínas alternativas utiliza a fermentação de três maneiras principais, a saber:
A tecnologia de fermentação tem se apresentado como uma grande aliada na melhoria de produtos feitos de planta, viabilizando o aprimoramento das características desejadas e resultando em produtos vegetais mais saborosos, nutritivos e similares ao produto de origem animal. Os desafios para tornar os produtos feitos de plantas com características similares aos produtos convencionais são diversos. Busca-se por tecnologias e ingredientes que contribuam para o incremento das características funcionais, nutricionais e sensoriais dos produtos feitos de plantas e que proporcionem experiência de consumo igual ou melhor que os de origem animal.
A fermentação também tem contribuído para o desenvolvimento da tecnologia de carne cultivada, produzindo importantes moléculas específicas do processo, como fatores de crescimento livres de origem animal. Além disso, proteínas como colágeno e fibronectina, produzidas por meio da fermentação, podem servir como componentes de suporte em substituição às suas versões de origem animal para serem utilizados em produtos cárneos cultivados de diversos tipos.
A publicação da proposta de marco regulatório marca uma nova etapa do processo de discussão da regulamentação de produtos plant-based, que vêm acontecendo no Brasil e no mundo nos últimos anos
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) abriu, no dia 3 de julho de 2023, uma Consulta Pública para estabelecer os requisitos mínimos de identidade, qualidade, regras de rotulagem e obrigação de cadastro junto ao MAPA de produtos análogos de base vegetal.
Uma Consulta Pública é um mecanismo de transparência que pode ser utilizado pela Administração Pública para obter informações, opiniões e críticas da sociedade a respeito de um determinado tema. O objetivo dessa ferramenta é incentivar a participação da população nas questões de interesse coletivo, ampliar a discussão sobre o assunto e embasar as decisões dos formuladores de políticas públicas. No caso dessa Portaria (SDA/Mapa nº 831/2023), as constribuições podem ser enviadas até o dia 15 de setembro.
Os objetos da Consulta Pública são os produtos alimentícios análogos plant-based (incluindo as bebidas) formulados exclusivamente com ingredientes de origem vegetal, fúngica ou algácea e que buscam uma similaridade de aparência, textura, sabor e outros atributos a produtos tradicionais de origem animal, como carne e produtos cárneos, pescados, ovos, leite e derivados lácteos.
Por mais que já existam regulações para alimentos industrializados e processados, que também são aplicadas aos produtos de origem vegetal, até o momento não há, no Brasil, uma norma específica para os produtos plant-based, principalmente no que diz respeito aos padrões de identificação e nomenclatura.
O tema está em discussão desde 2019 no MAPA, com participação ativa do GFI Brasil. Em 2022, a Anvisa elaborou oficinas virtuais para a elaboração de Análise de Impacto Regulatório (AIR) sobre alimentos plant-based. Na ocasião, foi concluído que o maior obstáculo regulatório era a assimetria de informação no mercado desse tipo de alimento. Segundo a Anvisa, esse problema possui uma extensão nacional e internacional e pode ser caracterizado como uma falha de mercado que está relacionada à garantia do direito fundamental do consumidor à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação de suas características, composição e riscos.
Dessa forma, com a Portaria SDA/Mapa nº 831/2023, o MAPA assume a discussão e estabele a proposta de um marco regulatório para suprir a falta de um regulamento mínimo para produtos análogos de base vegetal.
Para o diretor de Políticas Públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral, o marco regulatório proposto pelo MAPA propõe discussões sobre detalhes importantes como terminologia e rotulagem de produtos de base vegetal no país. “Não ter regras é caminhar na incerteza e a consulta contribuirá para o desenvolvimento do setor”.
A proposta normativa inclui as seguintes disposições centrais:
Em relação ao cadastro do produto, eles deverão ser cadastrados junto ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) e incluir em sua rotulagem o selo instituído pelo MAPA.
Os produtos plant-based também deverão cumprir alguns requisitos de qualidade: deverão utilizar ingredientes autorizados em legislação específica; isentos de substâncias nocivas à saúde, deverão atender aos padrões microbiológicos previstos em legislação específica; produzidos de acordo com as boas práticas de fabricação e sem odores estranhos ao produto.
Essa proposta, como disposta hoje, permite que produtos plant-based apresentem em seus rótulos termos como “carne”, “queijo” e “leite”, desde que acompanhados da expressão “análogo vegetal de”, assunto que foi controverso no ano passado, quando o ex-ministro Marcos Montes assumiu uma posição enfática contra o uso desses termos clássicos nos produtos vegetais análogos.
Instituições e pessoas interessadas em enviar sugestões tecnicamente fundamentadas à Consulta Pública podem colaborar através do Sistema de Monitoramento de Atos Normativos (Sisman), até 15 de setembro de 2023. Para acessar a plataforma, o usuário deve efetuar cadastro prévio no Sistema de Solicitação de Acesso Para acessar o Sisman, o usuário deve efetuar cadastro prévio no Sistema de Solicitação de Acesso – Solicita do Mapa.
Casos de zoonoses reabrem o debate sobre os impactos da produção de proteína animal para a saúde global: Gripe Aviária, doença da Vaca Louca e Peste Suína Africana têm potencial pandêmico, provocam prejuízo econômico e expõem fragilidade dos sistemas alimentares.
Em fevereiro deste ano, uma menina de 11 anos infelizmente faleceu no Camboja após contrair o vírus da gripe aviária (H5N1). Este e outros relatos da doença na região das Américas e no Sudeste Asiático levaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar, ainda no início do ano, que a situação da H5N1 é preocupante. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico enfatizando a importância do controle da infecção em aves e recomendando que os países reforcem a vigilância da gripe sazonal e zoonótica em animais e humanos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) iniciou uma campanha de conscientização sobre a disseminação do vírus e o estado de Mato Grosso reforçou medidas sanitárias, principalmente nas áreas que fazem fronteira com a Bolívia.
Gripe Aviária (H5N1) no Brasil
Zoonoses são doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas. Em maio, o Brasil registrou oito casos de H5N1, sete no Espírito Santo e um no Rio de Janeiro. Mesmo com todos os casos envolvendo aves silvestres migratórias (sem diagnóstico da doença em humanos ou aves para consumo), no dia 22 de maio, o MAPA declarou emergência zoosanitária por 180 dias. Esse estado é declarado sempre que há risco de uma doença oriunda de um animal se propagar rapidamente e ajuda o governo a agilizar processos para combatê-la. A maior preocupação com essa medida era evitar que a gripe aviária chegasse nas granjas e nas criações de aves porque, como a doença se espalha rapidamente entre os animais, todos eles precisariam ser sacrificados, diminuindo a oferta de carne e ovos. Leia mais no G1
Até final de junho, o Brasil registrava 56 casos de H5N1 em aves silvestres e gaivotas. No entanto, no dia 2 de julho, o Espírito Santo, que já contava com 27 casos, registrou os primeiros casos em um pato e um ganso de criação doméstica. Seguindo o protocolo sanitário nacional, todos os animais da propriedade foram sacrificados. Aves de criação doméstica correm mais risco de contrair a doença porque circulam em ambiente externo, podendo ter contato com as aves silvestres que estavam infecctadas. Como na granja os animais ficam alojados o tempo inteiro, a chance desse contato é bem menor.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), as notificações em aves silvestres e de subsistência não comprometem o status do Brasil como “livre de H5N1” e nem trazem restrições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros. Mesmo assim, o Japão suspendeu a compra de carne de frango do Espírito Santo, mercado que estava sendo conquistado pelos capixabas.
A transmissão para humanos é rara: segundo a OMS, entre 2003 e 2023, 874 pessoas foram infecctadas com a H5N1. No entanto, a taxa de mortalidade é alta, por volta de 52%, principalmente por insuficiência respiratória. O que criou um alerta maior nos órgãos de saúde é que, nos últimos anos, a gripe aviária chegou a países que antes estavam protegidos (Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, Panamá, Peru, Venezuela, Brasil e Chile) e que animais mamíferos começaram a contrair H5N1. Neste ano, mais de 3 mil leões-marinhos morreram por suspeita da doença no Peru e quase 9 mil animais mamíferos marinhos morreram devido à gripe aviária no Chile. Como mamíferos possuem células muito mais parecidas com as nossas, a preocupação dos especialistas é que o vírus consiga se adaptar a ponto de ser transmitido de pessoa para pessoa.
A transmissão para humanos se dá quando a pessoa tem contato direto com as secreções e fluídos de um animal infecctado, esteja ele vivo ou morto, porque as aves eliminam o vírus por meio das fezes e secreções respiratórias. Por isso, a doença também pode ser transmitida por água e objetos contaminados com essas secreções. Até agora, não há registros de transmissão entre humanos.
Relembre outros casos de zoonoses
No final de fevereiro, um caso da doença da vaca louca (Encefalopatia Espongiforme Bovina – EEB) foi identificado no Pará. A doença é gerada pelo príon, uma proteína infecciosa naturalmente presente no cérebro de mamíferos que pode se tornar patogênica ao assumir uma forma anormal. Como afeta progressivamente o sistema nervoso, o príon altera o comportamento e provoca irritabilidade no animal, por isso o apelido “vaca louca”.
A forma mais grave de EEB está nos casos de origem clássica, que acontecem quando um animal doente é abatido e sua carne é consumida por outros animais ou por humanos. Esses casos são altamente trasmissíveis, não têm cura e são letais, inclusive para humanos. O primeiro surto da vaca louca estourou no Reino Unido nos anos 90 e fez com que mais de 4.4 milhões de animais fossem abatidos.
Aqui no Brasil é proibido o uso de restos de animais para fabricação de ração para bovinos e, em mais de 20 anos de monitoramento da doença, felizmente nunca foi identificado um caso de origem clássica da EEB no país. Mas, mesmo assim, o Ministério da Agricultura precisou suspender temporariamente a exportação de carne bovina para a China, o maior comprador do Brasil.
Esse auto embargo aconteceu por causa do acordo bilateral firmado entre os dois países em 2015, no qual o protocolo sanitário determina que as exportações sejam interrompidas caso a doença, mesmo que da forma atípica (que não apresenta riscos de transmissão para o rebanho ou para os humanos), seja identificada no país. Em seguida, Irã, Jordânia e Tailândia também suspenderam suas importações brasileiras, enquanto a Rússia apresentou embargo apenas à carne do Pará.
As estimativas apontam que o Brasil deixou de faturar cerca de 17 milhões de dólares por dia com a suspensão chinesa. Dessa receita, 42% vem do estado de Mato Grosso, maior produtor de carne bovina do país. Em fevereiro de 2021 o Brasil também registrou casos da EEB atípica. Na época, a China interrompeu a compra de carne bovina brasileira por 100 dias, derrubando em quase 50% as exportações e gerando um impacto muito negativo na indústria nacional.
Entre os anos de 2018 e 2019, a Peste Suína Africana (PSA) dizimou 60% da população de porcos na China. A doença fez com que o preço da carne subisse no mundo inteiro porque a China precisou comprar uma quantidade enorme de proteína animal no exterior. De acordo com o jornal The Guardian, a falta de carne causada pela pandemia animal foi tão grande que a demanda chinesa não seria suprida nem se todos os porcos vivos no mundo fossem abatidos. As Filipinas, o Vietnã e o Leste Europeu também foram severamente afetados e em maio de 2020 a Índia já havia reportado mais de 11 surtos da PSA. Os efeitos da doença duraram até 2021 e, de acordo com relatório da Rabobank, mesmo acontecendo simultaneamente à Covid-19, o impacto da Peste Suína Africana na produção de proteína global foi ainda mais severo do que o do coronavírus.
Como evitar que as doenças zoonóticas compromeam a oferta de alimentos? Entenda o papel das proteínas alternativas!
Por mais qualificado que seja o trabalho das agências sanitáras, a produção de proteína animal está intimamente ligada ao surgimento de zoonoses. . De acordo com a OMS, 60% das novas doenças infecciosas se originam em animais e a produção de alimentos é uma das principais rotas de transmissão dessas doenças.
Muitas vezes um único caso de uma dessas zoonoses torna obrigatório o abate de todos os animais por causa do alto risco de disseminação da doença. Em um mundo no qual pelo menos 828 milhões de pessoas passam fome, precisamos adotar medidas que não coloquem em risco a oferta de alimentos seguros e em quantidade suficiente para a população, e, que ao mesmo tempo, destine os recursos naturais disponíveis para a produção de comida diretamente para os humanos.
Segundo estimativa da ONU, caso o consumo de proteínas animais permaneça como hoje, será preciso aumentar a produção de alimentos em 70% para que toda a população tenha acesso à comida. A demanda por carne exigirá a criação de mais animais, que precisarão ser confinados em espaços inadequados, sem espaço para circulação, , em contato com diferentes espécies e com uso intensivo de antibióticos. Esse é o cenário ideal para o surgimento de novos patógenos e aumentam tanto o risco de epidemias quanto a insegurança alimentar e a segurança dos alimentos.
É aqui que novas fontes de proteínas vegetais, cultivadas ou obtidas por fermentação entram como solução para muitos dos problemas gerados pelo atual sistema de produção de alimentos. Elas se apresentam como o caminho mais promissor para diversificar, trazer resiliência, fortalecer e otimizar a produção e distribuição de alimentos, oferecendo mais fontes de proteínas sustentáveis e seguras, sem precisar mudar hábitos alimentares.
Os inúmeros avanços científicos e investimentos no setor mostram que as proteínas alternativas vieram com um propósito muito maior do que ser um nicho de mercado e produtores, indústria, governos e cientistas têm se unido para elaborar soluções que viabilizem o ganho de escala desses alimentos. O Brasil, que já é considerado o “celeiro do mundo”, pode assumir uma posição de liderança global na transição para um sistema alimentar baseado em proteínas alternativas, investindo em bioeconomia e na criação de produtos nacionais feitos com ingredientes locais dos nossos biomas. Temos tudo que é necessário para o bom desenvolvimento do setor, como um agronegócio forte, estrutura logística para distribuição global de produtos, clima favorável à produção, uma das biodiversidades mais ricas do mundo e um enorme capital intelectual ligado à produção de alimentos.
A população mundial vai continuar crescendo, assim como a demanda por alimentos. Devemos aproveitar o momento para garantir que teremos condições de entregar o volume de proteína que o planeta deseja consumir, mas sem os impactos negativos do sistema atual. Para isso, acreditamos que oferecer alimentos que tenham o mesmo sabor, aroma e textura, com equivalência de preço e sejam tão disponíveis quanto os convencionais, sejam um dos caminhos a seguir.
Entre os dias 5 a 15 de junho, acontece na cidade de Bonn, na Alemanha, o Bonn Climate Change Conference (SB58). O evento foi projetado para preparar as tomadas de decisões relacionadas à contenção da crise climática, a serem adotadas na COP28 nos Emirados Árabes Unidos em dezembro.
A conferência convocará a 58ª sessão dos órgãos subsidiários das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), incluindo discussões de importância crítica, como o Balanço do Objetivo Global de Adaptação. Esse documento subsidia uma análise profunda sobre como o mundo está em ação ao clima, identificando as lacunas e trabalhando de forma articulada para chegar a um acordo sobre os caminhos das soluções, até 2030 e além.
O GFI é uma das organizações observadoras das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), podendo participar de eventos, acompanhar negociações e submeter contribuições técnicas aos grupos de trabalho que se juntam para analisar e definir resoluções da Conferência das Partes, a COP.
Por isso, Mariana Bernal, Analista de Políticas Públicas do GFI Brasil, estará presente participando do evento paralelo Unlocking the Potential of Alternative Proteins and Plant Rich Diets, das 16h15 às 17h30 (CEST) | 11h15 às 12h30 (GMT-3), a fim de mostrar o papel que as proteínas alternativas podem desempenhar no debate climático. Você pode assistir ao evento através deste link.
“Queremos mostrar que, por meio do desenvolvimento de ingredientes vegetais como o feijão e espécies vegetais nativas da Amazônia e do Cerrado, podemos contribuir para a preservação da biodiversidade desses biomas. Uma das formas de fazer isso é apoiar pequenos e médios produtores de alimentos a diversificarem suas produções por meio da bioinovação”.
Com o objetivo de nortear o aprendizado sobre proteínas alternativas nas Universidades e Instituições de Ensino em todo o país e de contribuir para a formação de profissionais capacitados para atuarem no setor de alimentos à base de plantas, cultivados ou obtidos por fermentação, o GFI Brasil lançou o Plano de Ensino para Disciplinas em Proteínas Alternativas (Modelo Conceitual) – e ele já está disponível na área de Recursos do nosso site.
A temática das proteínas alternativas tem avançado muito na indústria e na mídia, mas continua sendo um campo incipiente na academia: percebemos que ainda existem muitos gargalos técnicos relacionados a novos insumos, tecnologias e escalonamento de processos para a obtenção de produtos à base de proteínas alternativas. E, por isso, entendemos que esse campo se beneficiaria amplamente com mais direcionamento para pesquisas acadêmicas e capacitação de profissionais para atuação na área.
Os conteúdos elencados no Modelo Conceitual se aplicam a composição de cursos para graduação e pós-graduação nas áreas de Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Engenharias, como: Ciência de Alimentos, Zootecnia, Agronomia, Gestão Ambiental, Medicina Veterinária, Biologia, Biotecnologia, Farmácia, Engenharia de Alimentos, Engenharia Química, Engenharia de Produção, Engenharia de Bioprocessos e outras relacionadas. Os módulos e temas abordados podem ser implementados em disciplinas de curta ou longa duração, completa ou parcialmente, dependendo do curso de graduação ou de pós-graduação e objetivos da disciplina.
Se você é um professor interessado em formar profissionais com compreensão e senso crítico sobre os desafios científicos, sociopolíticos e ambientais dessa nova cadeia de produção de alimentos, esse material é para você!
Baixe o Plano de Ensino para Disciplinas em Proteínas Alternativas (Modelo Conceitual) diretamente na página de Recursos no site do GFI Brasil.
A organização terá um stand para auxiliar varejistas que queiram alavancar as vendas de produtos plant-based
Dos dias 15 à 18 de maio acontece em São Paulo (SP) a APAS Show, maior feira de alimentos e bebidas das Américas, e o GFI Brasil estará presente promovendo o setor de proteínas alternativas. Além de contar com um stand, que será um ponto de encontro das empresas e startups parceiras, o GFI Brasil também vai participar de duas mesas redondas durante o 1º Fórum de Saudabilidade para Supermercados, promovido pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), no segundo andar do Expo Center.
O evento é uma oportunidade única para profissionais do setor de alimentos e bebidas ficarem por dentro das principais tendências que estão moldando o mercado plant-based e aprimorarem seus conhecimentos para que possam aproveitar plenamente as oportunidades que o mercado varejista oferece.
De acordo com os dados levantados pela pesquisa “O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based 2022” do GFI Brasil, 61% dos consumidores procuraram alguma alternativa vegetal análoga (que imita produtos de origem animal) nos últimos seis meses anteriores à pesquisa mas, destes, 53% disseram não ter encontrado algum item que procuravam. Apenas 8% dos consumidores encontraram todos os produtos vegetais análogos que buscavam.
Segundo análise do GFI Brasil, as ações nos pontos de venda do varejo tradicional impulsionam os consumidores a terem uma primeira experiência com um produto à base de plantas. São nessas lojas físicas que as pessoas são expostas às alternativas vegetais enquanto compram outros alimentos para casa, sem que precisem mudar esse hábito.
Por isso, o GFI Brasil ressalta a importância das marcas criarem uma boa comunicação nos pontos de venda com, por exemplo, degustações e promoções para incentivar a experimentação e a compra. Também é essencial que as marcas busquem uma localização adequada para expor seus produtos em grandes redes de varejo, com proximidade dos produtos de origem animal equivalentes – e não em seções apartadas.
Confira a programação do GFI Brasil na APAS Show
15 a 18 de Maio, das 8h às 20h
Stand de apoio a Varejistas e encontro de parceiros
Rua D, Natural Station: Stand 1049, Level 1
16 de Maio, às 15h
Painel “O que o supermercado deve saber sobre as principais buscas do consumidor no setor de alimentos e bebidas”.
Participação de Raquel Casselli, Diretora de Engajamento Corporativo do GFI Brasil
17 de Maio, às 15h
Painel “O que o supermercado deve saber sobre os industrializados e sobre o mito dos alimentos ultraprocessados”.
Participação de Cristiana Ambiel, Gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil
No dia 25 de maio, às 11h, acontece o webinar “O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based 2022” no Youtube do GFI Brasil. Nele, nossa especialista de Engajamento Corporativo, Camila Lupetti, irá apresentar os principais insights sobre estratégias que a indústria de proteínas alternativas deve desempenhar para entregar produtos e experiências de consumo desejadas pelo público brasileiro.
O evento será aberto a todos os interessados no mercado de proteínas alternativas e não é necessário fazer inscrição prévia. Para não se esquecer da data, basta acessar este link e clicar em “Receber Notificações”.
A Pesquisa de Consumidor trouxe análises e conclusões inéditas sobre o consumo de alternativas vegetais, relacionadas à primeira experiência com um desses produtos, percepção sobre ingredientes nativos e alimentos ultraprocessados, além de frequência, barreiras e motivações para a escolha de produtos feitos de plantas.
Acesse a pesquisa na íntegra aqui e baixe os gráficos, tabelas e análises para usar em suas apresentações, palestras, documentos, mídias sociais ou matérias para a imprensa aqui.
Sobre a palestrante:
Camila Lupetti – Especialista de Engajamento Corporativo do GFI Brasil
Graduada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), com especialização em Opinião Pública e Inteligência de Mercado, atuou por 15 anos em institutos de pesquisa de mercado, mídia e opinião pública. No GFI Brasil, está focada em apoiar todo o setor de proteínas alternativas no fornecimento de informações referentes a mercado e consumo.
O projeto representa o maior investimento já feito pelo governo do Reino Unido em proteínas alternativas e ajudará cientistas e empresas britânicas a produzir carne cultivada em escala
O novo Centro de Agricultura Celular (Cellular Agriculture Manufacturing Hub – CARMA) será liderado pela Universidade de Bath e financiado pelo Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências Físicas (EPSRC), que é parte da UK Research and Innovation (UKRI), agência de financiamento nacional que investe em ciência e pesquisa no Reino Unido.
O polo, que está programado para funcionar por sete anos, vai investigar como produzir carne cultivada em escala. Os pesquisadores também vão estudar o desenvolvimento de alimentos (como o óleo de palma sustentável) por meio da fermentação de precisão. “Essa técnica permite a fabricação em grande escala de ingredientes específicos usando células microbianas como “fábricas” de produção desses compostos. Através de técnicas de engenharia genética, é possível obter microrganismos recombinantes que se tornam capazes de produzir compostos que antes só eram obtidos de outras fontes, sejam animais ou vegetais, como o exemplo do óleo de palma. A utilização dessa técnica para a produção de proteínas e peptídeos, corantes, aromas, gorduras e enzimas destinados ao setor de proteínas alternativas é uma das aplicações da tecnologia de fermentação mais promissoras”, explica a analista de ciência e tecnologia do GFI Brasil, Isabela Pereira.
O CARMA será composto por especialistas das universidades de Birmingham, Aberystwyth, College London e da Royal Agriculture, que farão parcerias com a Universidade de Bath. Empresas de carne cultivada sediadas no Reino Unido, como Hoxton Farms e Quest Meat, também vão integrar o centro.
Para o gerente de políticas públicas para o Reino Unido do GFI Europa, Linus Pardoe, “esse é um movimento sísmico no desenvolvimento da indústria de proteínas alternativas no Reino Unido. Gostaria de elogiar o governo por investir no potencial extraordinário dessas novas formas de produzir carne”.
“Esse investimento histórico é uma forte indicação de que o governo britânico reconhece a importância da agricultura celular e a necessidade de investir em P & D para ajudar as empresas a escalar a produção, reduzir os custos e disponibilizar esses novos alimentos para todos”, conclui Pardoe.
Em 2023 queremos contar com o seu trabalho para nos ajudar a criar um sistema alimentar cada vez mais seguro, justo e sustentável, por meio da promoção das proteínas alternativas. A pessoa Analista de Políticas Públicas Pleno vai trabalhar mantendo um relacionamento próximo com as áreas regulatórias das empresas, de forma a manter um canal de comunicação efetivo entre os reguladores e os agentes de mercado. O GFI atua remotamente, em regime de teletrabalho, mas essa posição demanda disponibilidade para agendas presenciais em dias úteis em Brasília/DF. Dessa forma, a vaga é exclusiva para Brasília.
Encorajamos profissionais de todas as cores, orientações, idades, gêneros e origens a se inscreverem. Valorizamos um local de trabalho diverso e inclusivo, e garantimos a sua proteção contra qualquer tipo de discriminação ou assédio durante o processo de inscrição e depois que se juntar à equipe.
Se assim como nós você também acredita que um mundo melhor é possível, temos um lugar te esperando aqui no The Good Food Institute Brasil.
A Fundação Araucária, agência paranaense de fomento à pesquisa científica, tecnológica e inovação, acaba de anunciar um investimento de R$5.7 milhões em carne cultivada. O projeto, intitulado “Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Proteínas Alternativas” (NAPI-PA), será executado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). A verba destinada pela Fundação Araucária vem do governo estadual do Paraná.
A maior parte do recurso será destinada à UFPR, para a instalação do Laboratório de Zootecnia Celular (Zoocel), que já é uma unidade permanente da Universidade, para o Laboratório de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, para a aquisição dos equipamentos necessários, como por exemplo dois biorreatores, um para produção de cultivo celular de bancada e outro para escalonamento, e para o fortalecimento de outras equipes e laboratórios parceiros da PUCPR e da UEM.
A outra parte da verba irá para bolsas de pesquisa destinadas às equipes participantes da proposta, que abrirão editais de processos seletivos. Qualquer pesquisador do Brasil que atenda os requisitos dos editais pode concorrer às bolsas, que são de mestrado, doutorado e pós-doutorado.
Os NAPIs (Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação) da Fundação Araucária são grupos multidisciplinares de pesquisa sobre diferentes tecnologias e inovações, que vão desde nanotecnologia, genômica e biogás até inteligência artificial no agro. A estrutura de financiamento de P&D desses arranjos se dá através da visão estratégica do estado: com o NAPI de proteínas alternativas, o foco é o fortalecimento da agropecuária do Paraná para que, com uma maior diversidade de produtos, a competitividade do estado aumente e ele se posicione bem no espaço dos novos alimentos. Os pesquisadores do Zoocel vão trabalhar com células primárias de raças bovinas e suínas paranaenses, contribuindo para as novas cadeias produtivas e para a geração de novos empregos no Paraná.
“É importantíssimo frisar que o governo de um estado pecuarista está tratando a zootecnia celular e a produção de carne cultivada como parte do agro e como peça essencial para o fortalecimento da pecuária. Se as proteínas alternativas forem encaradas dessa forma, como parte da indústria agrícola – e não concorrente, as chances dos profissionais que trabalham com proteína animal apresentarem resistência se tornam muito menores e a área tem tudo para avançar e dar certo”, afirma Carla Molento, professora e Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFPR e coordenadora do Zoocel e do Laboratório de Bem-estar Animal (LABEA/UFPR).
Foco em ensino
Além do foco em pesquisa, o projeto também nasceu com uma proposta muito forte de ensino: segundo Molento, “a intenção é garantir que os profissionais (de produção de alimentos de origem animal, veterinários, zootecnistas, engenheiros de alimentos, etc…) superem o medo inicial de entrar nessa área, os amparando com uma boa formação, composta por aulas laboratoriais práticas e teóricas. Afinal, se uma nova indústria está sendo construída, precisaremos de pessoas com boa formação para atuar nela”.
A primeira disciplina de zootecnia celular da América do Sul nasceu em 2020 na UFPR, numa parceria entre a Universidade e o The Good Food Institute Brasil. Ela é oferecida anualmente como optativa no programa de pós-graduação em Ciências Veterinárias e já formou 111 alunos nas suas três edições. Agora, comemora-se o fato de que essa disciplina passa, neste ano, a integrar também a grade curricular dos cursos de graduação em Medicina Veterinária e em Zootecnia na UFPR, possibilitando que estudantes ainda mais jovens conheçam e se interessem por essa área. A primeira turma está em andamento e conta com 40 alunos de graduação em Medicina Veterinária e 14 alunos de graduação em Zootecnia.
“O GFI possui uma área inteiramente dedicada ao desenvolvimento da ciência e tecnologia das proteínas alternativas. Nosso principal objetivo é apoiar pesquisas de acesso aberto e promover a formação de profissionais para atuarem nesse mercado. Por isso, ajudamos a criar a disciplina de Introdução à Zootecnia Celular, ofertada pela UFPR, e a de Proteínas Alternativas, ofertada pela Unicamp. Além disso, captamos e direcionamos recursos para projetos de pesquisa, dispomos de um curso online introdutório e gratuito sobre o tema, desenvolvemos um modelo conceitual orientativo que pode ser utilizado pelas universidades criarem seus planos de ensino para disciplinas de proteínas alternativas, produzimos publicações que orientam a tomada de decisão de empresas e governos e coordenamos um Diretório de Pesquisa Colaborativa que reúne pesquisadores do mundo todo interessados em colaborações e trocas de experiência”, conta a gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, Cristiana Ambiel.
Próximas etapas do NAPI Proteínas Alternativas
Os próximos passos do NAPI-PA consistem na aquisição e instalação de todos os equipamentos do Zoocel e dos outros laboratórios para que eles sejam plenamente funcionais até o segundo semestre deste ano. A partir disso, os pesquisadores possuem metas definidas por semestre em relação ao avanço na produção de protótipos de carne celular de uma raça bovina paranaense (gado Purunã) e de uma raça suína (suínos Moura), também do Paraná.
Apesar do NAPI-PA não ter bolsas de extensão, um dos efeitos de um projeto deste montante é atrair mais recursos: “hoje, nós já temos no Laboratório de Zootecnia Celular duas bolsas de iniciação científica em andamento e mais uma em coorientação com o professor Rodrigo Morais da Silva, da Escola de Administração da UFPR. Também estamos com inscrições abertas para duas bolsas no primeiro projeto de extensão cadastrado em zootecnia celular, que se chama Bife Sem Bicho e que vai ser realizado nos próximos meses. Ficamos muito felizes de ver o envolvimento público e de tantas instituições no setor de proteínas alternativas. Temos certeza de que o Brasil pode se tornar referência mundial na área, aproveitando todo o conhecimento que já tem na produção de proteína animal para desenvolver esses novos alimentos”, conclui Dra. Carla Molento.
Outros investimentos públicos em carne cultivada no Brasil
O investimento paranaense se soma ao recém anunciado investimento federal de R $2,48 milhões para um projeto de linguiça híbrida (vegetal + cultivada) da Embrapa. Os recursos foram ofertados através do edital de Foodtechs da Finep, agência de fomento à inovação ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Com isso, temos um montante de investimento público em 2023 anunciado até agora de R $8,22 milhões. “Com o discurso positivo em torno da sustentabilidade no atual governo, era esperado que todo o debate científico promovido pelo GFI ao longo dos últimos anos gerasse essa capacidade de pesquisa agora apoiada de forma pioneira pelo poder público no Brasil” diz Alexandre Cabral, vice-presidente de Políticas Públicas do GFI Brasil.