Em maio deste ano o Governo incluiu na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI) uma classificação específica para as bebidas vegetais, antes classificadas apenas como “outras”. Além da medida, também zerou a a alíquota desse tipo de produto, que era de 2,6%.
No entanto, em julho, ao publicar a nova TIPI atualizada e consolidada, por um erro técnico, as bebidas vegetais não estavam contempladas. A revisão foi anunciada pelo Governo, por meio do Decreto 11.182/2022, que restabelece o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) zero para bebidas vegetais.
➡️ Se sua empresa ou parceiro/as comerciais apresentarem alguma dúvida em relação ao tema, nossa equipe está a disposição para conversar através do E-mail: politicas@gfi.org
Prazo de envio das propostas de pesquisa encerra no dia 14 de outubro e contempla, também, sistemas alimentares contemporâneos, novos ingredientes e novas tecnologias de alimentos
O setor de proteínas alternativas segue em pleno crescimento no Brasil, atraindo investimentos e conquistando espaços na indústria, na academia e no governo. Confirmando que esse não é um mercado ou uma tendência passageira, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) acaba de dar mais um sinal de que o segmento deve fazer parte das estratégias para seguir liderando a produção de proteínas globalmente.
A Finep Inovação e Pesquisa, empresa pública do MCTI, divulgou um edital inédito focado em pesquisa, desenvolvimento e inovação dedicado exclusivamente às proteínas alternativas, sistemas alimentares contemporâneos, novos ingredientes e tecnologias de alimentos. No total, serão direcionados R$10 milhões não reembolsáveis, vindos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
“O Edital sinaliza os primeiros movimentos de financiamento público direto a pesquisas voltadas para o desenvolvimento de proteínas alternativas, contemplando plant-based, fermentação e cultivo celular. Esse tipo de financiamento tende a acelerar o avanço científico no setor, além impulsionar também o investimento privado. Esperamos que, em breve, o lançamento do Plano Nacional de Proteínas Alternativas consolide esse fértil ambiente de pesquisas”, afirma Alysson Soares, especialista de Políticas Públicas do The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil).
ENTENDA O EDITAL E CONTE COM O APOIO DO GFI BRASIL
Objetivo do edital: Conceder recursos financeiros não-reembolsáveis para pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação, em projetos que envolvam risco tecnológico com foco em sistemas alimentares contemporâneos, novos ingredientes, proteínas alternativas e tecnologia de alimentos.
Para desenvolvimento de projetos de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico em proteínas alternativas (substitutos vegetais ou de carne cultivada para carnes, ovos e lácteos) podem ser submetidos projetos por meio das linhas:
Redes de Pesquisa: A rede de pesquisa deve ser formada por 01 (uma) Instituição Proponente: Fundação de apoio ou ICT privada que será responsável pelo gerenciamento e execução financeira do projeto + 1 (uma) Executora Principal: ICT pública ou privada que será responsável pelas informações técnicas perante à FINEP e pela gestão da rede de pesquisa + no mínimo 4 Co-executoras: ICTs públicas ou privadas.
Desafios tecnológicos: As propostas de desafios tecnológicos devem ser formadas por 1 (uma) Instituição Proponente: Fundação de apoio ou ICT privada que será responsável pelo gerenciamento e execução financeira do projeto + 1 (uma) Executora Principal: ICT pública ou privada que será responsável pela coordenação e execução técnica do projeto. É facultativo a participação de Co-executoras (ICTs públicas ou privadas) e/ou participação de Interveniente Co-financiadora (empresa brasileira).
Nesta linha enquadram-se os projetos que tragam avanços tecnológicos para produção de carnes cultivadas e carnes feitas de plantas:
Produção de carne cultivada:
a) Desenvolvimento de cortes inteiros de carne bovina cultivada;
b) Desenvolvimento de formulações de meio de cultivo de grau alimentício, isentas de soro fetal bovino (SFB) ou outros elementos de origem animal que permitam a proliferação e/ou diferenciação de células bovinas;
Produção de carnes feitas de plantas:
c) Produção de gorduras a partir de fontes de vegetais ou por fermentação para aplicação em produtos cárneos feitos de plantas;
d) Extração e funcionalização de proteínas vegetais para aplicação em produtos cárneos análogos aos de origem animal.
Conte com o suporte do time do GFI Brasil, por meio do e-mail ciencia@gfi.org para:
Esclarecimentos do edital; Suporte na definição da proposta; Conexões entre pesquisadores e empresas; e Revisão e comentários na versão final do projeto.
O prazo para submissão encerrará no dia 14 de outubro, às 17h. Para mais informações acesse o link.
Candidaturas devem subscrever a carta, por meio de e-mail, até o dia 30 de setembro; documento tem como principal preocupação a segurança alimentar e o meio ambiente
O mundo vive uma das maiores crises alimentares em décadas. De acordo com a FAO (Agência da ONU Alimentação e a Agricultura), 690 milhões de pessoas passam fome no mundo diariamente. Em 2021, 116,8 milhões de brasileiros conviviam com algum grau de Insegurança Alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões passavam fome.
O Good Food Institute Brasil (GFI Brasil) acredita que a Segurança Alimentar da população conversa diretamente com a busca por novos alimentos e métodos produtivos, mais sustentáveis e universalizados. Nesse sentido, as proteínas alternativas são a grande aposta não apenas para o futuro, mas também para o presente.
Diante desses desafios e com o objetivo de incentivar uma agenda política propositiva para o mercado de proteínas alternativas nos próximos anos, o GFI Brasil está convidando candidaturas às eleições de 2022 a fazer um compromisso público, caso seja eleito, defendendo as seguintes propostas:
“Se o candidato se identificar com esses compromissos, ele terá responsabilidade de levar essas propostas adiante nos anos seguintes. São compromissos importantes que irão impactar não só a questão alimentar, mas também o meio ambiente e a renovação de recursos naturais. Esperamos uma grande adesão”, afirma o vice-presidente Políticas Públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral.
A subscrição vai até o dia 30 de setembro. Qualquer candidatura pode participar da subscrição dos compromissos. Para isso, basta enviar um e-mail com as informações abaixo para o e-mail politicas@gfi.org.
As candidaturas subscritas serão divulgadas semanalmente no site, blog e mídias sociais do GFI Brasil. Leia aqui a carta na íntegra.
O principal argumento da nota é de que utilizar termos como carne e leite vegetal podem confundir o consumidor. No entanto, pesquisas afirmam que as escolhas são conscientes
Por Vinícius Gallon e Victória Gadelha
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) enviou um ofício no início do mês pedindo informações para o Ministério da Saúde, a quem está vinculada a Anvisa, e ao Ministério da Justiça, onde está a Secretária Nacional do Consumidor (Senacon), a respeito da rotulagem dos produtos feitos de plantas (plant-based). O ofício se baseava em uma nota técnica do próprio Ministério, que faz uma análise da norma atual e conclui que os produtos de proteína vegetal não estão em conformidade.
A partir disso, muitas informações equivocadas começaram a circular na internet, confundindo e gerando preocupação no setor de proteínas alternativas. Gustavo Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil, garante que esse é um movimento já esperado: “O GFI está totalmente envolvido no processo regulatório e esse ofício não significa uma mudança drástica de posicionamento, nem uma nova decisão. A nota técnica não é um decreto ou uma mudança de legislação, é apenas parte de um ofício, ou seja, parte de uma conversa iniciada entre ministérios, a respeito da necessidade de regulamentar um novo setor.”
O presidente do GFI Brasil afirma que não existem indícios de que o governo tentaria aplicar regras criadas anos atrás, antes mesmo do setor existir: “se o Mapa fosse cobrar a legislação atual, eles teriam autuado e multado as empresas de produtos vegetais. Todos já sabiam que o setor plant-based não está contemplado nas legislações atuais porque não existia no momento em que estas foram criadas. Então, nossa expectativa é que sejam criadas regras específicas para essa nova indústria. O que precisamos fazer agora, enquanto setor, é intensificar a comunicação com os agentes regulatórios e compartilhar fatos e dados para que eles possam tomar as decisões corretas, inclusive, durante esse momento de transição.
Contexto global
Globalmente, discussões similares já ocorreram e é possível identificar que os argumentos contra a utilização de termos animais pela indústria vegetal não têm se sustentado. A maioria das decisões contrárias ao setor têm sido derrubadas. Conheça alguns casos:
Em 2021, a União Europeia rejeitou a Emenda 171, que tornaria as regras para comercialização de produtos lácteos vegetais ainda mais restritivas e o Parlamento Europeu também votou contra uma moção que buscava proibir produtos à base de plantas de usar termos como hambúrguer, filé e salsicha. Na França, o Decreto que entraria em vigor em outubro deste ano proibindo termos “cárneos” em produtos vegetais acabou sendo suspenso.
Nos Estados Unidos, iniciativas tentam sem sucesso proibir o uso de termos como “leite” e “hambúrguer”. No Mississipi o processo foi arquivado após os dois lados entrarem em acordo sobre a rotulagem dos produtos e no Arkansas, um juiz concedeu uma liminar, tornando a lei inaplicável. Neste ano, a Tofurky conseguiu uma grande vitória judicial em Louisiana, quando o juiz considerou a lei inconstitucional. Com representação legal da Animal Legal Defense Fund e The Good Food Institute USA, o processo movido pela Tofurky provou que o Estado, que argumentou que termos como hambúrguer e salsicha em produtos plant-based confundem o consumidor, não apresentou nenhuma evidência comprovando isso e, portanto, não poderia provar que a lei promove o interesse do Estado de evitar a confusão do consumidor.
Já na Índia, os requisitos impostos em julho pela agência regulatória não dizem respeito a terminologias e nomenclaturas “emprestadas”: a preocupação é a de garantir que o produto vendido como “à base de plantas” seja realmente vegano.
Vamos aos fatos: o que dizem as pesquisas sobre se os consumidores sabem o que estão comprando.
As normas criadas para cercear o uso de nomenclaturas pelo setor de produtos com base vegetal se baseiam na alegação de que o consumidor compra esses produtos por engano, já que levam nomes similares e eventualmente possuem imagens de animais. Acontece que as evidências apontam para o contrário e indicam que, na verdade, esses termos ajudam a transmitir com precisão o sabor, textura e função do produto vegetal. A maioria das pesquisas aponta que não seria mais claro para o consumidor se, em vez de “hambúrguer de ervilha”, estivesse escrito “disco de ervilha” na embalagem do produto. Similarmente, termos como “tubo vegetal” ao invés de “salsicha vegetal” só geram dificuldades de o consumidor entender a real aplicação do produto.
Para responder esse questionamento utilizando dados reais dos consumidores brasileiros, o GFI Brasil conduziu uma pesquisa com 2500 entrevistados distribuídos por todo o país, a fim de obter um dado estatisticamente representativo. De acordo com essa pesquisa, conduzida entre maio e junho de 2022, apenas 3% dos consumidores afirmam ter comprado um produto plant-based acreditando que fosse um alimento de origem animal entre os principais motivos para a primeira compra de alternativas vegetais. Ou seja, 97% dos consumidores brasileiros compraram produtos vegetais análogos pela primeira vez por escolha própria, de forma consciente.
A pesquisa “Are Consumers Really Confused by Plant-Based Food Labels? An Empirical Study” feita em 2020 pela Cornell University, mostrou que os consumidores não são mais propensos a pensar que os produtos à base de plantas vêm de animais se o nome do produto incorporar palavras tradicionalmente associadas a produtos de origem animal. Além disso, ele também concluiu que a omissão dessas palavras nos rótulos dos produtos vegetais faz com que os consumidores fiquem confusos sobre o sabor e uso do produto. Uma pesquisa holandesa de 2020 descobriu que 96% das 22.770 pessoas entrevistadas sabiam perfeitamente que salsichas vegetais não continham carne.
Já uma pesquisa realizada em 2021 na Austrália concluiu que 91% dos australianos nunca compraram erroneamente um produto à base de plantas pensando que era feito de carne. Na verdade, houve mais confusão por parte de consumidores que buscavam adquirir um produto vegetal e, sem querer, levaram um com ingredientes animais. O estudo analisou mais de 250 produtos vegetais alternativos à carne disponíveis em supermercados australianos e descobriu que 100% dos rótulos da frente das embalagens usam ao menos um termo para mostrar claramente que estão livres de carne. Já 85% usam dois ou mais termos para indicar que são totalmente vegetais e mais da metade usa três ou mais termos.
Outro estudo australiano de 2022 mostrou que 96% dos entrevistados nunca compraram uma alternativa à base de plantas por engano e, dos 4% restantes, mais de 67% admitiram que o erro aconteceu porque estavam com pressa e não leram corretamente ou não prestaram atenção. Já do outro lado, a confusão é bem mais comum: 41% dos entrevistados disseram já ter comprado um produto pensando que era totalmente vegetal, para depois descobrir que continha ingredientes de origem animal. Esse tipo de erro é possivelmente causado por produtos de origem animal que usam rótulos verdes para se dizerem mais saudáveis ou sustentáveis. Viu-se que 64% dos participantes disseram que termos como “meat-free” (sem carne) ajudam a diferenciar os produtos e 57% responderam que preferem termos ainda mais específicos (como “frango à base de plantas” e “picadinho sem carne”) para identificar o produto vegetal.
Vale mencionar que a porcentagem de consumidores que se engana com outros tipos de informação é bem mais alta do que os 3% encontrados no Brasil. Especialistas suspeitam que uma grande parte dos consumidores não sabe diferenciar termos já aprovados para rotulagem, como a diferença entre leite e composto lácteo, ou entre creme de leite e mistura culinária. A mídia nacional, inclusive, tem feito campanhas para esclarecer os consumidores quanto ao tema. É importante contextualizar a margem de erro aqui apresentada, comparando com outras que já são consideradas aceitáveis pela legislação. Pesquisas no Brasil e no mundo apontam que o setor de alimentos com base vegetal não é, e nem será, um problema real para o consumidor.
A verdade é que os consumidores não estão comprando produtos à base de plantas por engano. Eles estão comprando porque fazem parte do crescente movimento global de pessoas que estão em busca de produtos mais éticos, saudáveis, sustentáveis e que promovam a mesma experiência sensorial que os seus análogos.
Outro ponto que é pauta nas alegações recentes é quanto à saudabilidade dos produtos plant-based. De acordo com recente estudo nutricional realizado pelo GFI Brasil comparando produtos vegetais com seus análogos de origem animal, foi possível observar que os alimentos feitos de planta são mais benéficos à saúde. A análise foi conduzida a partir de dados coletados nos rótulos de almôndegas, empanados, hambúrgueres, linguiça e kibes de origem animal e vegetal levando em consideração a atualização dos critérios da ANVISA para rotulagem de alimentos embalados. Entre as novas diretrizes que entram em vigor em outubro de 2022, será obrigatório informar no rótulo frontal quando o produto apresentar índices altos de sódio e gordura saturada.
Ao estabelecerem paralelos com os conceitos da Classificação NOVA, parâmetro que agrupa os alimentos conforme o nível de processamento, revelou-se que os produtos plant-based processados proporcionam uma experiência nutricional saudável e adequada, principalmente quanto aos teores de fibra, densidade calórica, açúcares e teor proteico. Alguns dos resultados encontrados foram:
Na mesma linha, pesquisas indicam benefícios ao adotar uma dieta à base de plantas, destacando vantagens relacionadas à redução da obesidade, controle da pressão arterial e colesterol. Franca et al. (2022) avaliou a composição nutricional e a natureza de processamento dos produtos plant-based. Ao estabelecerem paralelos com os conceitos da Classificação NOVA, os autores revelaram que os produtos plant-based processados (principalmente de 2° geração: substitutos de carne obtidos a partir de extrusão de alta umidade) proporcionam uma experiência nutricional saudável e adequada, principalmente quanto aos teores de fibra, densidade calórica, açúcares e teor proteico. Adicionalmente, Messina et al (2022) reportou que a composição do produto plant-based e seu impacto na saúde e sustentabilidade são os aspectos mais importantes a serem considerados na avaliação dos atributos nutricionais, ao invés do processamento envolvido na elaboração.
Tentar impedir que produtos vegetais usem termos já amplamente conhecidos não traz benefícios para o consumidor e nem ao mercado. No Brasil, o setor de carnes e frutos do mar plant-based movimentou, no ano passado, R$ 573 milhões em vendas no varejo e já colocou os produtos brasileiros em mais de 30 países pelo mundo. Não só novas empresas surgiram para atender esse mercado como gigantes do setor de proteína animal estão investindo fortemente em produtos à base de plantas, produtores primários (de grãos, leguminosas e vegetais) também vão se beneficiar desse setor em rápida expansão; supermercados vão poder oferecer, cada vez mais, uma ampla variedades de alimentos e contemplar todos os públicos. Isso sem contar nas inúmeras oportunidades para criar empregos, em diversas áreas.
O Brasil, que é líder em exportação de produtos animais, pode aproveitar todo o potencial de sua indústria e agronegócio para liderar também no setor de proteínas alternativas. Para o presidente do GFI Brasil, isso parece ser apenas questão de tempo: “nosso diálogo com o governo hoje é muito bom e o debate entre diferentes ministérios faz parte do processo regulatório, assim como a tomada pública de subsídios e a ideia de um Plano Nacional de Proteínas Alternativas, coisas que já aconteceram. Estamos confiantes que o processo regulatório Brasileiro será a favor da inovação e virá para lançar o agro brasileiro à liderança do setor de proteínas alternativas mundial.”
Se assim como nós você também acredita que um mundo melhor é possível, temos um lugar te esperando aqui no The Good Food Institute Brasil.
Encorajamos profissionais de todas as cores, orientações, idades, gêneros e origens a se inscreverem. A fim de contribuir para a diminuição das barreiras que separam pessoas pretas, indígenas e trans de oportunidades que valorizem o seu talento, estamos oferecendo duas oportunidades exclusivas para profissionais com este perfil. Valorizamos um local de trabalho diverso e inclusivo, e garantimos a sua proteção contra qualquer tipo de discriminação ou assédio durante o processo de inscrição e depois que se juntar à equipe.
Conheça todas as vagas abertas e se atentem às datas de cada candidatura.
Como Especialista em Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, você trabalhará para o desenvolvimento científico das proteínas alternativas com foco nos produtos feitos de planta (plant-based), liderando a elaboração de documentos e projetos. Também terá a oportunidade de atuar em com as tecnologias de fermentação e carne cultivada, de acordo com as demandas. Participará de projetos que fomentem o financiamento, público e privado, à pesquisa científica sobre proteínas alternativas no Brasil, e se envolverá nos projetos de ciência e tecnologia que vão dar suporte à nossa missão e às transformações para o mundo que tanto visionamos.
Leia o edital e preencha o formulário aqui.
Como Analista de Comunicação, você terá a oportunidade de contribuir na transformação do atual sistema de produção de alimentos, auxiliando na organização e no planejamento das estratégias de comunicação criadas para promover o setor de proteínas alternativas. Esta vaga é exclusiva para pessoas pretas ou trans.
Leia o edital e preencha o formulário aqui.
Nesta função, você vai prestar suporte técnico, operacional e analítico a projetos, produzirá relatórios e contribuirá na elaboração de documentos na área de carne cultivada e nas demais áreas tecnológicas relacionadas a proteínas alternativas. Além disso, terá a oportunidade de participar de projetos que fomentem o financiamento à pesquisa científica sobre proteínas alternativas no Brasil.
Leia o edital e preencha o formulário aqui.
Como Analista de Políticas Públicas, você terá a oportunidade de ser parte da solução para um dos maiores desafios que nossa geração enfrenta: alimentar 10 bilhões de pessoas de forma sustentável, segura, acessível, e com respeito aos hábitos e culturas alimentares. Procuramos alguém com foco principalmente nas atividades de apoio e de gestão do conhecimento na área de políticas publicas (Legislativo, Executivo e Judiciário) no Brasil e nos países da América Latina e Caribe. Esta vaga é exclusiva para pessoas pretas, trans ou indígenas.
Leia o edital e preencha o formulário aqui.
Projeto inicia em novembro de 2022 e tem prazo de 6 meses
O The Good Food Institute Brasil convida empresas e instituições interessadas em desenvolver o Mapeamento do Estágio de Desenvolvimento da Tecnologia de Fermentação Aplicada às Proteínas Alternativas no Brasil a enviarem suas propostas até o dia 31 de julho.
O objetivo principal do estudo é entender o estágio de desenvolvimento da tecnologia de fermentação aplicada às proteínas alternativas, os potenciais e desafios da tecnologia, gargalos e oportunidades para produção em larga escala. Visando o desenvolvimento da tecnologia de fermentação aplicada às proteínas alternativas no Brasil, o mapeamento deve contribuir para o aprofundamento de um plano estratégico e prover subsídios técnicos e científicos para orientar as futuras ações de legisladores, reguladores, empresas, professores e pesquisadores da área.
O estudo será dividido em seis etapas: elaboração de um white paper sobre a tecnologia de fermentação aplicada às proteínas alternativas; de um glossário com termos técnicos usuais dessa tecnologia; identificação da organização da comunidade científica e infraestrutura de pesquisa; elaboração de um plano educacional para formação de pessoas na área de fermentação aplicada às proteínas alternativas; avaliação da geoeconomia da fermentação aplicada às proteínas alternativas; e elaboração de um plano estratégico para o desenvolvimento da tecnologia de fermentação aplicada às proteínas alternativas no Brasil.
O projeto é previsto para iniciar em novembro de 2022 e o prazo desejado para a execução é de seis meses. As propostas poderão ser enviadas até dia 31 de julho, em formato PDF, para o email ciencia@gfi.org. O documento deverá conter, obrigatoriamente, um cronograma, os valores previstos para execução de cada etapa, o investimento total, a metodologia a ser utilizada e o currículo dos profissionais que vão desenvolver o trabalho.
O edital completo, com todas as orientações para a submissão da proposta, assim como todas as demais informações sobre o estudo, podem ser acessadas neste link.
Contextualização
A fermentação é utilizada há milênios na produção de alimentos (como pão, cerveja, vinho, vinagre e outros produtos básicos). No entanto, no último século, a tecnologia moderna possibilitou que a fermentação ganhasse diversas novas aplicações.
Na indústria de proteínas alternativas, a fermentação refere-se ao cultivo de microrganismos com a finalidade de processar um alimento ou ingrediente; obter mais do próprio microrganismo como fonte primária de proteína ou ingredientes específicos (como aromatizantes, enzimas, proteínas e gorduras para incorporação em produtos feitos de plantas ou carne cultivada). A indústria plant-based utiliza a fermentação tradicional, a fermentação industrial de biomassa e a fermentação de precisão como três técnicas principais.
Os desafios para tornar produtos feitos de plantas com características sensoriais, funcionais e nutricionais similares aos convencionais são vários. Busca-se por tecnologias e ingredientes que contribuam para o incremento dessas características nos produtos vegetais, que proporcionem uma experiência de consumo igual ou melhor do que os produtos de origem animal análogos.
A tecnologia de fermentação tem se apresentado como uma grande aliada na resolução desses desafios, viabilizando o aprimoramento das características desejadas e resultando em produtos vegetais mais saborosos, nutritivos e similares aos convencionais. Ela também tem contribuído para o desenvolvimento da tecnologia de carne cultivada, produzindo importantes moléculas específicas do processo (como fatores de crescimento livre de origem animal). Além disso, proteínas como colágeno e fibronectina, produzidas por meio da fermentação, podem servir como componentes de suporte em substituição às suas versões de origem animal.
Dessa forma, a fermentação mostra ser uma tecnologia capacitadora e inovadora para o setor de proteínas alternativas, contribuindo para uma nova geração de ingredientes e produtos com atributos sensoriais e funcionais aprimorados. Não à toa, no início de 2022, a fermentação foi citada pelo GFI como uma das sete tendências globais que vão dominar o setor plant-based.
O Brasil desempenha um papel central na produção e no abastecimento global de alimentos e de proteína animal. Com a urgência em se pensar formas mais sustentáveis de alimentar uma população que deve chegar a quase 10 bilhões em 2050, é fundamental que o país também seja capaz de ofertar os alimentos que as pessoas querem continuar a comer, desenvolvidos com mais tecnologia. Tendo isso em vista, o The Good Food Institute Brasil acaba de lançar a publicação “Carne Cultivada: perspectivas e oportunidades para o Brasil”. O objetivo é apresentar um panorama atualizado sobre a tecnologia, em língua portuguesa, para servir de referência a todos os agentes envolvidos nesta indústria, como cientistas, reguladores, empreendedores e qualquer pessoa interessada em saber mais sobre a tecnologia.
Com textos de Dr. Luismar Marques Porto e Dra. Fernanda Vieira Berti, e coordenação técnica do GFI Brasil, o documento introduz o tema de uma forma abrangente, trazendo aspectos tecnológicos, econômicos e sociais, que podem ser utilizados para nortear o desenvolvimento do setor da carne cultivada no país. Destaca, ainda, as inúmeras oportunidades desse novo mercado para o país e descreve os potenciais desafios que precisarão ser superados em seu desenvolvimento.
“O Good Food Institute (GFI) tem sido um importante catalisador de todo este processo no Brasil e no exterior, fornecendo subsídios para o desenvolvimento do setor de proteínas alternativas no mundo. Nesse cenário, o GFI não poderia deixar de ser um agente de transformação e de apoio no país onde a carne é um produto de primeira linha, de relevância econômica indiscutível, e objeto de desejo e de consumo como em poucos lugares do mundo”, afirma Cristiana Ambiel, Gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil.
O GFI espera que este documento seja útil como fonte de informação técnica introdutória, ou mesmo para auxiliar na tomada de decisões, estabelecendo políticas e estratégias de P&D e de investimento no setor de carne cultivada no Brasil. Como este documento contém uma série de terminologias técnicas acerca do tema “Carne Cultivada”, é recomendado que os leitores e leitoras acessem, também, o Glossário de Carne Cultivada, desenvolvido pelos mesmos autores.
A tecnologia
De forma resumida, a produção de carne cultivada acontece a partir da multiplicação de células dentro de biorreatores em ambiente fabril. O produto final contém os mesmos tipos de células que formam o tecido muscular dos animais, portanto, tem potencial para replicar o perfil sensorial e nutricional da carne convencional.
Entretanto, essas novas tecnologias exigem um amplo conhecimento e integração de técnicas avançadas de cultivo celular, biologia molecular, engenharias (tecidual, química, de alimentos, mecânica, de materiais, de controle e automação), bioquímica, bioinformática, ciência e tecnologia de biomateriais. A complexidade técnica está presente na produção de todas as carnes cultivadas a partir do cultivo celular.
“Por ser um processo que envolve diferentes tecnologias, o investimento em pesquisa científica é imprescindível para o desenvolvimento do setor em escala. Até o momento, grande parte da P&D no setor ainda acontece através de startups estrangeiras. Mas o Brasil entrou recentemente para a corrida, tem como vantagem cientistas altamente capacitados para trabalhar no tema e, em breve, será capaz de levar carne cultivada ao prato do consumidor”, explica Dra. Amanda Leitolis, especialista de ciência e tecnologia do GFI Brasil.
O papel do Brasil
Em julho de 2021, a empresa brasileira BRF anunciou o aporte de 2,5 milhões de dólares na Aleph Farms, startup israelense de carne cultivada. Este movimento não apenas solidificou o aquecimento do setor de cultivo de carne, como também sinalizou a iminência de se ter um produto comercial a curto prazo, uma vez que a tecnologia da Aleph Farms para produzir carne cultivada estaria disponível no Brasil já em 2024.
Também em 2021, a JBS, líder global na produção de proteínas e a maior empresa de alimentos do mundo, firmou acordo para aquisição do controle da empresa espanhola BioTech Foods, prevendo o investimento na construção de uma nova unidade fabril na Espanha para dar escala à produção. Além da aquisição, a JBS também anunciou a implantação do primeiro Centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) em Biotecnologia e Proteína Cultivada do Brasil.
Esta é uma grande aportunidade para a indústria nacional, pois gera interesse e demanda em se desenvolver tecnologia em território nacional. Com isso, há também a necessidade de se incentivar a inovação e o empreendedorismo nacionais, e de se regulamentar de forma adequada a produção e a comercialização, além de se fomentar a pesquisa e a formação de recursos humanos para o setor.
Perspectivas de futuro
A produção de carne cultivada em escala industrial a partir de células animais para consumo humano é, sem dúvida, um grande desafio de nossa geração. Entretanto, este é um caminho sem volta em direção ao futuro da alimentação. Os passos iniciais mais importantes já foram dados, com inúmeros casos bem sucedidos..
Utilizando os mais avançados conhecimentos científicos e capacidade tecnológica, é possível transformar a forma como produzimos alimentos para que a cadeia se torne mais inteligente, sustentável e segura.
O Brasil possui as condições necessárias para se tornar terreno fértil deste ecossistema. Com a união de esforços da iniciativa privada com os agentes governamentais, sobretudo com as instituições de ciência e tecnologia (ICTs) e agências reguladoras, é possível motivar o fluxo de capital e estimular o desenvolvimento de pesquisadores e profissionais dedicados a essa área tão estratégica para o país. O estabelecimento de um programa nacional de carne cultivada é uma oportunidade de promoção e qualificação de recursos humanos, que avançará a economia brasileira.
A feira foi palco de lançamentos de dezenas de produtos vegetais e provou que o mercado nacional de proteínas alternativas está crescendo e evoluindo à todo vapor
A cidade de São Paulo recebeu, entre os dias 8 a 11 de junho, as feiras Bio Brazil Fair | Biofach América Latina e Naturaltech. Enquanto a Bio Brazil Fair é uma das vitrines do mercado de produtos orgânicos e agroecológicos, a Naturaltech é a maior feira de alimentação saudável, suplementos e produtos naturais da América Latina. Ela é também o maior polo de negócios para os segmentos de produtos veganos e vegetarianos, reunindo centenas de marcas e de conteúdo especializado para esses setores.
As feiras, que aconteceram simultaneamente, contaram com mais de 750 expositores, milhares de visitantes e uma programação de mais de 120 horas com palestras sobre gestão, marketing, tendências e tecnologias. Guilherme Oliveira, especialista de engajamento corporativo do GFI, esteve presente no evento e relatou suas impressões sobre a edição de 2022 da Naturaltech:
“A feira estava muito bem representada pela indústria de proteínas alternativas e foi palco de lançamento de vários produtos – e até de marcas – plant-based para o mercado. Ela serviu como um espaço de descobertas para centenas de consumidores interessados nesses produtos, além de um ambiente riquíssimo para networking entre varejistas, fabricantes, empreendedores e profissionais de saúde.”
Alguns dos estandes visitados pela equipe do GFI foram os das marcas 100FOODS, Incrível, Yamo, Galpão Cucina, Naveia, Goshen, Lowko, Vida Veg, Natuterra, Basi.co, NotCo, Life Me, Uptaste, Nomoo, WVegan, The New, A Confiteria, Faba, Naturinni, Veggie Hoots, Food Venture e Plant Me. “Tivemos alguns lançamentos de marcas, como foi o caso da Incrível, que agora faz um importante movimento de se desvincular da Seara e se colocar como uma marca própria no mercado. Outras startups aproveitaram o evento para se lançar, como a Uptaste, por exemplo, que apresentou uma linha de proteínas alternativas (como hambúrguer, frango empanado, almôndegas, carne moída e salsicha vegana). Além disso, pudemos ver várias marcas plant-based ampliando seus catálogos de produtos”, conta Guilherme. Alguns exemplos:
A Yamo, conhecida por sua linha de sorvetes veganos, lançou na feira uma linha inteira de bebidas vegetais, como Yamo Kids Chocolate e Yamo Inhame & Coco. A Naveia, marca de leite de aveia, adicionou ao seu portfólio dois novos sabores de bebidas vegetais (Manga e Chocolate). Já a Vida Veg lançou mousse de chocolate, queijo de fondue vegetal, parmesão ralado feito de castanha de cajú e húmus. A Nomoo apresentou, além de um iogurte vegetal, sua nova bebida proteica e a Basi.co lançou queijos cottage e minas padrão à base de plantas.
A NotCo divulgou na Naturaltech alguns novos produtos cárneos vegetais, como almôndega, quibe e carne moída, e a The New adicionou ao seu portfólio a linguiça de porco plant-based. Já a Faba, startup de foodtech que desenvolve ingredientes para a indústria de alimentos a partir da aquafaba, lançou na feira três produtos 100% vegetais destinados para o consumidor final: o Hommie, um ketchup crocante, a BicOh (um creme de grão-de-bico sabor cacau estilo “Nutella”) e a Manté, primeira manteiga de aquafaba do Brasil.
Para o especialista do GFI, o evento serviu como uma demonstração da evolução e maturidade que o setor de proteínas alternativas atingiu nos últimos anos: “Mesmo com dois anos muitos difíceis por causa da pandemia da COVID-19, as várias marcas plant-based que estavam em estandes de destaque, expondo uma variedade de produtos com uma qualidade incrível e super inovadores, comprovam que o Brasil é uma potência quando se trata de empreendedorismo e que está acelerando para assumir a posição de protagonista no mercado de proteínas alternativas”.
Empresas e instituições de pesquisas interessadas devem enviar propostas até 4 de julho.
O The Good Food Institute está com chamada aberta para a produção de estudo nutricional focado em produtos cárneos feitos de plantas. A proposta selecionada receberá suporte financeiro para o desenvolvimento de um estudo técnico sobre o tema, visando promover informação e fomentar a inovação no setor.
Através desta iniciativa, buscamos gerar conhecimento científico relevante para promover o desenvolvimento de novos produtos com melhores aspectos nutricionais pela indústria de proteínas alternativas no Brasil, fortalecer o setor por meio de melhorias nutricionais de produtos pelas indústrias e, assim, ampliar o mercado consumidor.
A indústria de proteínas alternativas cresceu consideravelmente e uma grande quantidade de novos produtos foi lançada no mercado nacional. O objetivo é criar uma base de dados atualizada de informações nutricionais de produtos cárneos feitos de plantas, gerar dados, informações e argumentos em torno da qualidade nutricional destes produtos quanto ao teor de: calorias, proteína, gordura, gordura saturada, fibra, sódio e aditivos, bem como entender a composição aminoacídica e lipídica de uma categoria de produtos cárneos feitos de plantas, a partir de uma abordagem analítica.
A instituição selecionada deverá conduzir uma coleta de dados de rotulagem de produtos cárneos feitos de plantas, bem como realizar as análises para determinação dos perfis de aminoácidos e de ácidos graxos de uma categoria de produto e, a partir da tabulação destes dados, analisar e discutir as informações encontradas no estudo. O GFI Brasil oferece suporte ao longo do processo disponibilizando a expertise de seus especialistas e também na elaboração posterior da publicação dos resultados. São previstos oito meses para a realização do projeto, que deve ter início em outubro deste ano.
Para ler o edital completo e enviar sua proposta, continue lendo aqui.
A alimentação segura é essencial para promover a saúde humana e erradicar a fome. GFI quer garantir a segurança de produtos à base de plantas.
O Dia Mundial da Segurança dos Alimentos foi criado pela ONU em 2018 e é celebrado todo 7 de junho. O principal objetivo da data é chamar a atenção para a importância de todos os seres humanos terem acesso a alimentos seguros, além de fortalecer esforços para prevenir, detectar e gerenciar perigos de origem alimentar.
O acesso a quantidades suficientes de alimentos seguros e nutritivos é fundamental para sustentar a vida e promover a boa saúde. Apesar de ser um direito, o acesso à alimentação adequada ainda não é a realidade de muitas pessoas no planeta. Por isso, o tema da campanha de 2022 é “Alimentação Segura, Melhor Saúde”.
Segurança alimentar e segurança dos alimentos são dois conceitos que vêm ganhando destaque no debate público, especialmente no contexto da pandemia da COVID-19. Os termos são parecidos e estão correlacionados, mas têm significados diferentes: segurança alimentar é a garantia que todas as pessoas tenham acesso aos alimentos, com fornecimento estável, abastecimento assegurado e distribuição equitativa. Já a segurança de alimentos trata de garantir que os alimentos consumidos pelas pessoas sejam seguros e livres de contaminação, ou seja, não causem nenhum efeito adverso à saúde dos consumidores, quando consumidos de acordo com o seu uso pretendido.
Não existe segurança alimentar sem segurança dos alimentos e, como cita o novo guia da FAO/OMS para o Dia Mundial da Segurança dos Alimentos, “se não for seguro, não é alimento”. Segundo a FAO, quase uma em cada três pessoas no mundo, ou 2,37 bilhões de pessoas, não teve acesso à alimentação adequada em 2020 – um aumento de quase 320 milhões de pessoas em relação ao ano de 2019.
O trabalho do GFI pela segurança dos alimentos
Os setores de alimentos feitos de planta (plant-based) e carne cultivada estão presentes em muitos dos drivers e tendências analisados pelo estudo da FAO “Pensando no futuro da segurança de alimentos – um relatório prospectivo”. Além dessas alternativas mais “populares”, a produção de algas marinhas e macroalgas e a produção de micoproteínas (derivadas de fungos filamentosos) também são citados pelo relatório como segmentos em expansão.
A indústria de alimentos à base de plantas pode não só ajudar na transição para um sistema alimentar global mais sustentável, saudável, ético e justo, mas também pode ajudar a evitar que crises relativas à segurança dos alimentos continuem surgindo. Isso porque produtos de origem animal (como ovos, peixes, frutos do mar, carne crua, leite e derivados), quando mal manuseados, se tornam fontes de transmissão de DTAS, e a adoção de uma dieta baseada em plantas poderia minimizar essas contaminações.
Além disso, o consumo de proteínas alternativas vai continuar crescendo e, como indica relatório do GFI (que prevê os requisitos globais de volumes de produção relativos à colheita, ingredientes, infraestrutura e investimentos para o setor em 2030), a indústria vai precisar se preparar e se adaptar para suprir a demanda.
Pensando nisso, o The Good Food Institute Brasil está trabalhando diretamente em duas iniciativas para contribuir com a segurança de alimentos das proteínas alternativas. A primeira iniciativa trata-se de um estudo de segurança de alimentos aplicado para carne cultivada. Este estudo, iniciado recentemente, está sendo realizado na UNICAMP por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores e sob a coordenação do professor Dr. Anderson S. Sant’Ana. O objetivo final do estudo é estabelecer um plano de segurança de alimentos que aborde os aspectos de qualidade e segurança da produção de carne cultivada usando como base as recomendações do Codex Alimentarius.
Além desta iniciativa, em maio o GFI lançou umaa chamada para o desenvolvimento de um outro estudo sobre segurança de alimentos, porém voltado para produtos plant-based. Por isso,convidamos pesquisadores, empresas e instituições interessadas a enviarem suas propostas até o dia 9 de junho. Estes dois trabalhos, , que terão duração de 4 e 5 meses, vão contribuir para geração de subsídios técnicos e científicos para orientar as futuras ações de legisladores, pesquisadores, professores, produtores e empresários do segmento.
Em comparação aos produtos de carne convencional, as alternativas à base de plantas geralmente são compostas por uma diversidade maior de ingredientes – as proteínas vegetais, por exemplo, variam entre leguminosas, pulses, sementes, cereais e tubérculos, e as gorduras costumam vir de um combinação entre óleos (como de canola, coco, soja e girassol), manteiga de cacau, etc.
A diversidade de ingredientes nos produtos plant-based é uma vantagem, porque possibilita o ajuste da composição para alcançar as necessidades tecnológicas, funcionais e sensoriais desejadas, mas também pode gerar um ponto de atenção, porque aumenta o número de fontes de onde perigos podem surgir. Além disso, apesar da indústria de alternativas à base de plantas ter nascido fortemente associada à de produtos animais, as considerações de segurança entre elas são bem diferentes. O desafio de hoje é identificar todos os potenciais riscos para superá-los e quanto mais informações científicas, melhor. Por isso, o GFI vem trabalhando em parceria com o governo, municiando as equipes técnicas do Mapa e da Anvisa com dados essenciais para o processo regulatório dos produtos plant-based no Brasil.
O que mais precisamos saber sobre Segurança de Aimentos? Incidentes locais, efeitos globais
Além de essencial para a saúde humana, a produção de alimentos seguros também reduz o desperdício, preserva recursos, beneficia a economia, cria mercados nacionais prósperos, exportações estáveis e reduz a pressão sobre os sistemas de saúde. A segurança dos alimentos é afetada pela saúde dos animais, das plantas e do ambiente em que eles são produzidos; por isso, o problema deve ser tratado de forma holística, onde o planeta é visto como um sistema único e complexo.
Hoje, qualquer incidente na cadeia de suprimento de alimentos pode desencadear efeitos negativos não só regionais, mas globais. De acordo com a ONU, embora o vírus da COVID-19 não seja transmitido por alimentos, a pandemia colocou em destaque muitas questões relacionadas a eles, como higiene, resistência antimicrobiana, doenças zoonóticas, mudanças climáticas e até fraude alimentar.
O momento também possibilitou identificar vulnerabilidades no sistema de produção e controle de alimentos, onde a dinâmica das cadeias de abastecimento em nível global e local é de extrema importância para a preservação dos meios de subsistência, e mostrou que um planejamento realizado com antecedência é indispensável para a funcionalidade do setor.
Questão de saúde pública
Doenças transmitidas por alimentos (DTA) são causadas pela ingestão de alimentos e/ou água contaminados por bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas nocivas. No Brasil, a maioria das DTAs são causadas por bactérias (principalmente Salmonella, Escherichia coli e Staphylococcus).
Existem mais de 200 tipos de DTAs no mundo, que variam de leves a muitos graves, podendo levar à morte. Elas afetam desproporcionalmente populações economicamente vulneráveis, mulheres, crianças, grupos afetados por conflitos e migrantes, além de criar um ciclo vicioso de doenças e desnutrição em bebês, crianças, idosos e doentes.
Nas últimas duas décadas, as DTAs têm emergido como um problema crescente de saúde pública e econômico em muitos países. Segundo estudo do Banco Mundial, US $110 bilhões são perdidos a cada ano em produtividade e despesas médicas resultantes da ingestão de alimentos inseguros em países de baixa e média renda. De acordo com a OMS, a cada ano, na região das Américas, 77 milhões de pessoas sofrem de DTAs e mais de 9 mil morrem por esse motivo. Do total de pacientes, 31 milhões são menores de 5 anos, dos quais mais de 2 mil morrem.
A nível global, a estimativa é de que ocorram 600 milhões de casos de DTAs por ano e que 420 mil pessoas morram após ingerir alimentos contaminados. Dessas mortes, 125 mil são de crianças menores de 5 anos, que correm um risco maior de desnutrição e mortalidade pela ingestão de alimentos inseguros.
A notícia animadora é que essas doenças são preveníveis e todos têm um papel crucial para ajudar a evitá-las – seja cultivando, processando, transportando, armazenando, vendendo, comprando, preparando ou servindo alimentos. A notícia preocupante é que o problema pode se agravar neste século por causa dos desafios globais que estamos enfrentando, como crescimento populacional, urbanização, aumento da pobreza, esgotamento de recursos, mudanças climáticas e aumento da exportação de alimentos e de rações animais.
Para evitarmos esse cenário e alcançarmos os objetivos da Agenda 2030 da ONU, os sistemas agroalimentares precisam passar a fornecer dietas produzidas de forma sustentável que sejam seguras, acessíveis e saudáveis para todos. Essa transição é urgente, mas só será efetiva se for executada com intensa cooperação internacional.
Segurança de alimentos no mundo de amanhã
Em março deste ano, a FAO publicou o relatório “Pensando no futuro da segurança de alimentos – um relatório prospectivo”. Nele, cientistas identificam e analisam os principais fatores (drivers e tendências) que vão moldar o futuro dos sistemas agroalimentares e, consequentemente, impactar na segurança dos alimentos e na segurança alimentar global. Tais fatores são: mudanças climáticas, urbanização e agricultura urbana, novas fontes de alimentos e novos sistemas de produção, mudança do comportamento e de preferências do consumidor, inovação científica e avanços tecnológicos, microbioma, economia circular e fraude alimentar.
Através de uma avaliação minuciosa de quais oportunidades e desafios essas categorias devem apresentar, o relatório coleta o máximo de informações para que seja possível prever os próximos contratempos relativos à segurança do sistema agroalimentar e, assim, planejar medidas preventivas e ações de controle.
Ciência, indústria e governos
A complexidade da cadeia de produção de alimentos (os inúmeros ingredientes, fornecedores, distribuidores, transportadores, revendedores, etc) aliada ao comércio cada vez mais internacional, traz uma dificuldade inédita para a gestão de segurança dos alimentos. Por isso, é essencial que os diferentes atores da área exerçam seu papel. Cientistas da área de alimentos (como bromatologistas, microbiologistas, veterinários, médicos, toxicologistas e outros profissionais) devem ser ouvidos sobre quais práticas de produção, processamento, manipulação e preparação são necessárias para tornar os alimentos seguros.
Os governos devem ter como prioridade minimizar as interrupções nas cadeias de fornecimento de alimentos seguros e a colaboração multissetorial, em nível local, nacional e global precisa ser feita através de ações transparentes e eficazes entre saúde pública, saúde animal, indústria e agricultura. As políticas agrícolas, alimentares, comerciais e de desenvolvimento industrial precisam promover a segurança dos alimentos e as normas e práticas de segurança devem ser aplicadas em toda a cadeia alimentar – da produção primária, transporte, processamento e distribuição até à venda e consumo.
Já instituições de ensino e locais de trabalho podem envolver seus colaboradores e famílias, incluindo a educação em segurança de alimentos nas políticas de bem-estar. O manual “Cinco chaves para uma alimentação mais segura”, da OMS, é um material simples e didático que pode ajudar nas campanhas de conscientização. Seja à nível individual ou global, a alimentação segura é essencial para promover a saúde humana e erradicar a fome e, por isso, deve nortear todas as nossas ações.
por Vinícius Gallon
O Governo Brasileiro publicou hoje (31/5) no Diário Oficial da União (DOU) o Decreto nº 11.087/2022, que cria uma classificação específica para as bebidas vegetais, antes classificadas apenas como “outras”, e zera a alíquota de bebidas vegetais, que era de 2,6%, na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). A matéria, que já está em vigor, inseriu na TIPI o desdobramento “Ex 05”, dentro da NCM 2202.99.00, que passa a contemplar as bebidas vegetais à base ou elaboradas a partir das seguintes matérias-primas:
Entenda como foi o processo para zerar o IPI das bebidas vegetais
A redução da tarifa tributária tem sido discutida já há algum tempo pelas empresas que produzem bebidas vegetais que substituem o leite animal. Em 2020, a A Tal da Castanha, que produz bebidas a base de castanha-de-caju, castanha-do-Brasil, amêndoa, coco, aveia e amendoim, começou a criar uma estratégia para apresentar um pleito ao governo solicitando a redução do imposto. “Sempre nos incomodamos com a carga tributária que incidia sobre as bebidas vegetais, diferente do padrão adotado para outras bebidas, especialmente à base de soja, que é uma matéria prima similar às que são usadas pelo mercado. Nos últimos anos, nosso setor mudou e cresceu muito rápido, e, com isso, o texto da lei ficou desatualizado”, explica Rodrigo Carvalho, Co-fundador e diretor da Positive Brands.
Na época, a empresa encontrou dificuldades para criar a estratégia em parceria com outras empresas ou associações representantes de categorias, por isso resolveram empreender tempo e recursos sozinhos, a fim de criar a melhor estratégia para apresentar o pleito. “Estamos discutindo esse tema internamente desde o final de 2020. Mas foi só no ano passado que solicitamos apoio ao GFI Brasil, que nos apoiou prontamente.”, conta Rodrigo.
“O GFI Brasil representa 33 empresas no GT de Proteínas Alternativas da ABBI – Associação Brasileira de Bioinovação, que dentre outras pautas, tem o papel de endereçar dentro do governo questões regulatórias e tributárias que influenciam os negócios atuais em proteínas alternativas. Ao tomar conhecimento da iniciativa da Positive Brands, que faz parte desse GT, o GFI Brasil apoiou o posicionamento junto ao Governo”, conta o VP de Políticas Públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral.
“Essa ação beneficia o consumidor e todo o setor. O Ministério da Economia entendeu desde o início que era um pleito viável, nos apoiando inteiramente.”, completa Rodrigo. No momento, existem outras frentes tributárias sendo discutidas pelo GT a fim de criar, cada vez mais, igualdade de condições para a categoria de proteínas alternativas.
Como o decreto impacta o setor de proteínas alternativas?
O IPI, como também é chamada a Tabela TIPI, é segmentado de acordo com a importância do produto. Ou seja, quanto mais essencial para a população o produto é considerado pelo Governo, menor é o imposto incidente (alíquota). “O IPI é um valor que a empresa lança na nota, cobra do cliente e repassa pro governo. Com o valor zerado a empresa não lança na nota nem cobra do cliente nem repassa pro governo. O preço final poderia ser reduzido do total do imposto, aumentando a competitividade diante do produto animal. O leite e lacticínios animais, por exemplo, já estão contemplados no Capítulo 4 da TIPI, com alíquota zerada”, afirma Alysson Soares, especialista de Políticas Públicas do GFI Brasil.
Mas, como reintera Cabral, IPI zerado não é garantia de redução nos preços das bebidas vegetais. “Estamos reduzindo um custo, não reduzindo o preço final do produto. Quem vende no varejo pode não repassar a redução para o consumidor. É uma decisão do varejo e não das marcas que produzem as bebidas vegetais. Mas, claro, esperamos que a redução tributária aumente a competitividade dos produtos beneficiados”, completa.
O GFI Brasil está com uma vaga aberta para profissionais interessados em prestar suporte operacional e analítico para a equipe de Ciência e Tecnologia. Inscreva-se até 8 de junho.
Se você quer ter a chance de atuar em uma organização global que pensa estratégias para criar um sistema de produção de alimentos mais seguro, justo e sustentável, chegou a sua hora! O GFI Brasil recebe até o próximo dia 8 de junho (23h59min) candidaturas para a vaga de Analista de Ciência e Tecnologia.
Nesta função, você dará suporte técnico, operacional e analítico a projetos, produzirá relatórios e executará tarefas em geral para a equipe de Ciências e Tecnologia. Irá colaborar na elaboração de documentos e projetos na área de carne cultivada, mas também nas demais áreas tecnológicas relacionadas a proteínas alternativas (proteínas vegetais ou obtidas por fermentação), de acordo com as demandas atribuídas pela equipe. Além disso, participará de projetos que fomentem o financiamento, público e privado, à pesquisa científica sobre proteínas alternativas no Brasil.
O(a) Analista de Ciência a Tecnologia deve ter:
Buscamos as melhores pessoas e não queremos preconceitos nos impedindo. Nós encorajamos candidatos e candidatas de todas as cores, orientações, idades, gêneros, origens e habilidades a se inscreverem. Valorizamos um local de trabalho diverso e inclusivo, e garantimos a sua proteção contra qualquer tipo de discriminação ou assédio durante o processo de inscrição e depois que se juntar à equipe.
Você estará em um excelente ambiente de trabalho com gestão e equipe respeitosos e colaborativos. Terá oportunidade de crescimento profissional, liderança e RH focados em criar o melhor lugar possível para se trabalhar, promovendo e respeitando a diversidade, engajando a cultura, desenvolvendo ferramentas para apoiar a saúde mental e cuidar das necessidades individuais de cada membro do time.
Pesquisas indicam que os homens tendem a se candidatar a empregos quando atendem a apenas 60% dos critérios, enquanto as mulheres e outros grupos só se candidatam se forem 100% compatíveis. Se você é apaixonado(a) pela missão do GFI e considera que tem o que é preciso para ter sucesso nesta função, mesmo que não se adeque totalmente ao perfil, inscreva-se. Analisaremos todos os perfis com muita atenção e carinho.
Para saber outros detalhes da vaga, acesse o edital. Para se inscrever, preencha as suas informações neste formulário. Boa sorte!