MAPA divulga Tomada Pública de Subsídios para fomentar discussão sobre produtos de origem vegetal análogos aos de origem animal

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) divulgou hoje (11/6) uma Tomada Pública de Subsídios a fim de fomentar a discussão sobre a regulação dos produtos de origem vegetal análogos a carne, leite, laticínios, ovos e pescados, também chamados “plant based”. Segundo o texto publicado no Diário Oficial da União, o objetivo é “permitir a ampla divulgação e a participação de órgãos, entidades ou pessoas interessadas em contribuir com a discussão sobre a regulação dos produtos processados de origem vegetal análogos a produtos de origem animal”. O público interessado em participar, terá 90 dias, a partir da publicação no Diário Oficial da União. Após a finalização da tomada, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal vai consolidar as contribuições. Acesse o link do formulário aqui.

Este é o segundo passo do MAPA em direção a um processo de regulamentação do segmento de produtos à base de vegetais (plant-based) no Brasil. Em dezembro do ano passado, o Ministério realizou com apoio da Embrapa, um workshop sobre mercado, conceitos e pesquisas em desenvolvimento sobre o setor, com apoio do The Good Food Institute Brasil, que colaborou na definição dos temas dos painéis de debate e que participou em todos eles. 

Na ocasião, Glauco Bertoldo, diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Mapa, disse que “a regulamentação propicia um ambiente seguro para o desenvolvimento da agricultura e das agroindústrias e uma relação saudável com o consumidor”. Já a chefe-geral da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Lourdes Cabral, afirmou que há um “aumento da oferta de novos produtos no mercado e, nesse sentido, o Mapa precisa escutar os diversos atores desse segmento, produtores, pesquisadores e consumidores, e processar essas informações de modo a criar uma base que possa vir a auxiliar a regulamentação desse setor emergente”.

Também participaram do evento: diretor executivo do GFI, Gustavo Guadagnini; diretor de Políticas Públicas do GFI, Alexandre Cabral; diretor de Assuntos Regulatórios e Científicos da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), Alexandre Novachi; diretor técnico da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir), Igor Castro; e a diretora geral do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Dra. Eloísa Garcia.

“Se no primeiro debate houve o MAPA abriu sua escuta para associações e especialistas do setor, neste segundo passo a consulta é ampla e o MAPA se abre a qualquer colaboração vinda do setor privado, de instituições de pesquisa, associações de classe, sociedade civil organizada ou mesmo manifestações individuais que venham a colaborar na construção do marco regulatório dos alimentos à base de proteínas alternativas”, afirma Alexandre Cabral, diretor de Políticas Públicas do GFI Brasil.

Rotulagem de produtos lácteos vegetais conquista importante vitória na Europa

Líderes da União Europeia rejeitaram nesta semana uma série de propostas que restringiriam a rotulagem de produtos lácteos vegetais. Caso fossem aprovadas, as medidas proibiriam as marcas de apresentar informações essenciais sobre saúde e alergênicos, utilizar termos como “cremoso” ou “tipo iogurte”, informar os consumidores sobre o impacto climático dos alimentos, utilizar embalagens semelhantes às usadas para laticínios, como caixas de papelão, além de não poderem mais usar imagens do produto sendo servido na mesa do café da manhã. As palavras leite e iogurte seguem proibidas.

As propostas foram retiradas das negociações da UE sobre a Política Agrícola Comum depois que 21 organizações não governamentais, incluindo o The Good Food Institute (GFI), apelaram à UE por meio de uma carta conjunta. A ativista Greta Thunberg também se manifestou em suas redes sociais contra as propostas, e mais de 450 mil pessoas assinaram uma petição pedindo à UE que as retirasse.

De acordo com o diretor de políticas públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral, a retirada das propostas restritivas aos laticínios vegetais na Europa representa um passo adiante no respeito à liberdade de escolha dos consumidores. “O consumidor consciente faz escolhas. O crescimento do mercado de produtos à base de proteínas alternativas mostra que cada vez mais consumidores modificam suas dietas por diferentes motivos, ao passo que diminuem o consumo de produtos de origem animal. Espero que seja um exemplo para outros países, inclusive o Brasil”, afirma Cabral.

O parlamento brasileiro também analisa o assunto. Projeto de Lei 10556/2018, de autoria da Deputada Tereza Cristina (DEM/MS), propõe restrições aos rótulos de leites e derivados vegetais. Segundo o texto, o uso das palavras “leite” e todos os seus derivados, como manteiga, iogurte e queijo ficariam restritos aos produtos de origem animal. Para Cabral, “esses produtos são conhecidos pelos consumidores pelo seu uso, muito mais do que pelo seu rótulo. Esperamos que o PL seja emendado para autorizar o uso desses termos também pelos produtos feitos de plantas”. O projeto está na Câmara Federal, aguardando parecer do relator na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS).

Workshop organizado pela OMS discute aspectos regulatórios e de segurança de alimentos para o setor de proteínas alternativas

Com o desafio de alimentar quase dez bilhões de pessoas até 2050, a ONU estima que será necessário aumentar a produção de alimentos em 70% caso a população global continue a consumir proteínas animais como faz hoje. Não à toa a busca por fontes alternativas de proteínas tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões públicas, uma vez que, além de ajudar a resolver este grande desafio, ainda cria oportunidades para o agronegócio ao incluir  soluções tecnológicas como a carne cultivada e de base vegetal à indústria de alimentos. 

Tendo isso em vista, o Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde para o Pacífico Ocidental (OMS/WPRO), com apoio das afiliadas globais do The Good Food Institute no Brasil, Estados Unidos, Índia e Ásia-Pacífico, realizou entre os dias 18 e 19 de maio um workshop para discutir questões regulatórias e de segurança de alimentos fundamentais para o desenvolvimento pleno do setor. 

Para a diretora de ciência e tecnologia do GFI Brasil, que participou da organização do evento, o Workshop representa um marco para o setor de proteínas alternativas. “As regulamentações atuais para proteínas alternativas estão aquém da demanda do consumidor e poucas práticas padronizadas ou recomendações técnicas para regulamentação internacional consistentes foram estabelecidas até agora. Uma estrutura regulatória forte é crítica para avançar ainda mais o setor e maximizar seu potencial para garantir a segurança de alimentos, mitigar a degradação ambiental e aliviar a pobreza global é fundamental. E, para isso, não podemos abrir mão dos investimentos em ciência e tecnologia”.

O workshop de alto nível apresentou cientistas, especialistas em segurança de alimentos e líderes multilaterais de todo o mundo

O encontro histórico, que contou com a participação de países membros da região do Pacífico, incluindo Austrália, Brunei, Camboja, China, Filipinas, Laos, Malásia, Mongólia, Niue, Papua Nova Guiné, República da Coréia, Cingapura, Ilhas Salomão, Vanuatu e Vietnã, representa um passo importante que permita aos Estados-Membros ter condições de regulamentar a produção, a comercialização e o consumo de produtos à base de plantas ou cultivados à partir de células, tanto locais quanto importados. 

Entre os tópicos abordados no workshop estavam: considerações de segurança de alimentos da produção de carne cultivada, visões científicas de proteínas vegetais e fermentação microbiana, insights sobre a percepção do consumidor de proteínas alternativas e um estudo de caso dos processos regulatórios inovadores de Cingapura e da Austrália. 

Para o Dr. Takeshi Kasai, diretor regional da OMS/WPRO, que fez a abertura do evento, transformar a cadeia de produção de alimentos com tecnologias alternativas será um desafio, mas também fornecerá grandes oportunidades. “É muito importante para nós ajudar os países a regulamentar essas tecnologias. A produção de carnes exige a expansão de pastagens e, com isso, causam desmatamento, emissão de gases de efeito estufa e levam ao aquecimento global. Estamos falando sobre comida, mas há muitas implicações em outros setores. Portanto, os países precisam ser capazes de contar com tecnologias alternativas para a produção industrial em massa de alimentos saudáveis ​​e ricos em proteínas de forma sustentável e ecologicamente correta”, afirmou Dr. Kasai. 

Compreender a tecnologia e o processo por trás da produção de proteínas alternativas é essencial para criar regulamentações que protejam a saúde dos consumidores e também lhes permitam fazer escolhas. “Se temos alimentos suficientes, […] alimentos seguros, mas não podemos comercializar esses alimentos, não podemos garantir a segurança alimentar.” – Dr. Guilherme Antonio da Costa Júnior, Presidente da Comissão do Codex Alimentarius.

No início deste ano, o GFI recebeu o status de observador oficial no Codex Alimentarius, um programa conjunto da FAO-OMS dedicado ao desenvolvimento de padrões globais para segurança de alimentos e comércio exterior para consumidores, produtores, processadores e agências reguladoras. Como observador, a equipe de especialistas do GFI pode agora participar ativamente do processo de definição de padrões internacionais para apoiar uma estrutura regulatória global justa e equitativa.

Adaptando a regulação de alimento para um setor em franca expansão

A emergência das nações em controlar a crise sanitária e de saúde provocada pela pandemia do Coronavírus também fizeram parte das exposições, especialmente pela necessidade de ampliar e diversificar as fontes proteicas de maneira segura. Ao explicar por que Cingapura se tornou o primeiro país no mundo a conceder aprovação regulatória para a venda de um produto de carne cultivada, Low Teng Yong, Diretor Adjunto de Política Regulatória da Agência Alimentar de Cingapura, reiterou que uma de suas principais prioridades é “diversificar as fontes de alimentos para garantir que o abastecimento seja resistente às flutuações [globais].”

Em tempos de grande turbulência, existem grandes oportunidades, e a necessidade de mudar para um sistema alimentar mais sustentável e justo nunca foi tão clara como hoje. Como o Dr. Babatunde Olowokure, Diretor da Divisão de Segurança Sanitária e de Emergências da OMS/WPRO, declarou: “A forma como produzimos, processamos, comercializamos, preparamos e consumimos alimentos tornou-se insustentável. […] A possibilidade de produzir carne alternativa sem o abate de animais traz um benefício óbvio: reduzir impactos ambientais e problemas de saúde relacionados com o surgimento de novas doenças na interface animal-humano-ambiente. […]”.

Finalizando os trabalhos, a Dra. Simone Moraes Raszl, oficial técnica da Divisão de Segurança de Alimentos, Sanitária e de Emergências do Escritório Regional da OMS para o Pacífico Ocidental, afirmou que as proteínas alternativas fazem parte da transformação por um sistema alimentar mais sustentável. “As proteínas alternativas podem ser um divisor de águas nesse processo e precisamos garantir que sejam seguras. Não há risco zero quando falamos em alimentos e precisamos ser capazes de nos basear na ciência e em evidências para abordar a segurança de proteínas alternativas e regulamentá-las adequadamente”.

Quanto vale a floresta?

Há 29 anos, as Nações Unidas comemoram o dia 22 de maio como o Dia Internacional da Biodiversidade. A data visa aumentar a compreensão e a conscientização sobre a importância da diversidade biológica, além da necessidade de proteção da biodiversidade em todos os ecossistemas. Com o mote “Somos parte da solução”, a data defende a ideia de que a biodiversidade é a resposta para vários desafios do desenvolvimento sustentável.

No Brasil, uma nova espécie da fauna e flora é descoberta ou descrita a cada três dias. Dados levantados pela Associação Brasileira de Bioeconomia (ABBI) confirmam o potencial do país em ser um dos maiores players do setor, considerando o fato da nação concentrar mais de 100 mil espécies animais e cerca de 45 mil de vegetais com mais de 500 milhões de hectares, 340 milhões ainda intactos, representando 20% da biodiversidade global. Motivados pelo potencial e capacidade do Brasil que é berço de uma rica diversidade, o The Good Food Institute realizou um mapeamento dos biomas da Amazônia e Cerrado para identificar produtos do extrativismo vegetal com maior potencial técnico e econômico a serem estudados em mais profundidade para transformá-los em ingredientes para a indústria de proteínas vegetais.

“A biodiversidade brasileira é, ainda, pouco conhecida, negligenciada e subutilizada. Na medida em que não a valorizamos, estamos contribuindo, indiretamente, para a sua perda.”, afirma Katherine de Matos, diretora de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil. Em primeira análise, o GFI identificou 20 produtos nativos do extrativismo vegetal na Amazônia e 13 no Cerrado. Destes, a instituição selecionou três produtos de cada bioma para uma pesquisa e estudo mais aprofundados. No Cerrado, os produtos foram a macaúba, o baru e o pequi. Na Amazônia, a castanha-do-brasil, o babaçu e o cupuaçu. 

Para chegar aos resultados econômicos, o GFI considerou o número de comunidades produtoras, volume de produção e maturidade da cadeia produtiva. Para a análise de potencial técnico, foram utilizados critérios como a composição química dos produtos nativos, o potencial tecnológico e aspectos nutricionais. 

“A potencialidade da flora nativa brasileira não está refletida nos supermercados, nas feiras e muito menos na cozinha do brasileiro. Como resultado, a sociedade deixa de aproveitar os benefícios decorrentes dessa riqueza. No caso das espécies de uso alimentício, por exemplo, a sociedade acaba não se beneficiando dos elevados valores nutricionais presentes nas espécies nativas. A natureza é rica, entretanto, essa riqueza precisa e deve ser usada com sabedoria. Essa pode ser a grande saída da humanidade para o futuro”, explica Cristiana Ambiel, gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil.

Para se ter uma ideia, estudos realizados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a bioeconomia, modelo econômico e industrial que utiliza matérias-primas regenerativas da biodiversidade em substituição aos recursos fósseis e não renováveis, movimenta cerca de 2 trilhões de euros e gera 22 milhões de empregos no mundo todo. Até 2030, as expectativas são de que as biotecnologias representarão 80% da produção de fármacos, 50% da produção agrícola e 35% dos produtos químicos. Conheça um pouco mais sobre os ingredientes selecionados pelo GFI e suas propriedades: 

Com significativa produção nacional de cerca de 32.900 toneladas no ano de 2019 segundo o IBGE, a castanha-do-brasil in natura constitui uma favorável fonte proteica (15,60%) e lipídica (61,00%). O seu óleo possui uma boa qualidade nutricional (85% de ácidos graxos insaturados) e apresenta índices de acidez e peróxidos que atendem a legislação brasileira para óleos vegetais comestíveis.

A produção nacional de Babaçu atingiu cerca de 48.700 toneladas no ano de 2019 segundo o IBGE, envolvendo cerca de 37 comunidades produtoras segundo a Conexsus. A amêndoa do babaçu possui 7,25 % de proteína e 66% de lipídeos. O seu óleo apresenta características funcionais interessantes por ser constituído de 83% de ácidos graxos saturados. Este produto, destinado à alimentação humana como suplemento alimentar, e, na medicina popular no tratamento de inflamações, já é produzido e comercializado por algumas comunidades. 

Com uma produção de cerca de 787 toneladas no ano de 2017, segundo o IBGE, a polpa do cupuaçu é destinada à produção de diversos alimentos (polpa congelada, sorvete, geleias, etc). Dessa produção, gera-se como resíduo as sementes. A semente do cupuaçu possui 9,4% de proteína e 64,9% de lipídeos. Do óleo extraído dessa semente forma-se uma torta com altos teores de proteína (15,2%), fibras (47,6%) e lipídeos (21,0%). A torta de cupuaçu se mostra como uma alternativa para a elaboração de isolados proteicos devido a sua riqueza de aminoácidos essenciais, tornando-se uma fonte de proteína alternativa.

Segundo dados do IBGE, a produção nacional de Macaúba atingiu cerca de 1.178 toneladas no ano de 2018. A polpa e amêndoa de macaúba podem ser industrialmente exploradas não só como fonte de óleos vegetais, mas também como fonte de proteínas e carboidratos. Estas propriedades são desejáveis para a formulação de diferentes tipos de alimentos, com destaque para a indústria de panificação e massas e a indústria de produtos cárneos, além da importância na fabricação de suplementos alimentares.

A produção nacional de Baru atingiu cerca de 69,3 toneladas no ano de 2019, segundo o IBGE. A polpa do baru possui 6,0% de proteína; 41,6% de fibras; 3,4% de lipídeos e 22,5% de carboidratos, sendo comercializada, usualmente, na forma de farinha. A amêndoa possui cerca de 30% de proteína; 15% de fibras e 40% de lipídeos, sendo comercializada na forma de amêndoa torrada. O óleo da amêndoa de baru tem elevado grau de insaturação, sendo similar ao óleo de oliva e, portanto, com potencial para ser usado como óleo de cozinha. 

O Pequi tem produção nacional de cerca de 27.183 toneladas no ano de 2019. A polpa do pequi possui 3,7% de proteína; 15% de fibras e 33,4% de lipídeos. O óleo extraído da polpa se constitui de 62% de ácidos graxos insaturados. A polpa é comercializada na forma in natura, congelada e em conserva. Apesar de considerada uma proteína de baixa qualidade, é comparável à proteína da farinha de trigo, e pode ser adicionada de misturas para melhorar sua qualidade.

O GFI Brasil incentiva o investimento em pesquisa e desenvolvimento da biodiversidade para encontrar inovações tecnológicas que supram as demandas da indústria de forma sustentável. Dessa forma, promovemos a conservação da floresta em pé, proporcionamos o desenvolvimento de novas cadeias produtivas e a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais.

GFI Brasil abre processo seletivo para especialista em carne cultivada

Como uma organização sem fins lucrativos, o The Good Food Institute se dedica ao avanço da pesquisa de acesso aberto em proteínas alternativas e à criação de um ecossistema voltado para o desenvolvimento científico e acadêmico desse setor. Já existem muitas alternativas baseadas em plantas, e uma série de iniciativas para produção de carnes cultivadas, mas no Brasil, temos o grande desafio de estruturar e consolidar a ciência e a tecnologia do cultivo celular para que o país continue sendo um grande player na produção de proteínas no mercado mundial.

Por isso, o GFI Brasil acaba de abrir um processo seletivo para especialista em carne cultivada. Como especialista neste setor, o ou a profissional trabalhará para garantir que o plano de desenvolvimento para carne cultivada no Brasil seja exequível; que os melhores cientistas estejam engajados em P&D de carne cultivada; e que fundos significativos sejam direcionados para empreendimentos científicos para criar e consolidar a indústria de carne celular e outros produtos da agricultura celular no país sem depender de tecnologia externa.

Para se inscrever, basta ler o edital e preencher este formulário com seus dados pessoais, CV e plano de projeto em Carne Cultivada.

Fique de olho nos prazos!

Queremos as melhores pessoas e não queremos preconceitos nos impedindo. Nós encorajamos pessoas de todas as cores, orientações, idades, gêneros, origens e habilidades para se inscreverem. Como valorizamos um local de trabalho diversificado, promovemos um clima inclusivo, sem discriminação e assédio durante o processo de inscrição e depois que você se juntar à equipe. Contamos com uma rotina saudável de trabalho com liderança respeitosa e com apoio entre os colegas. Trabalhamos de forma autônoma e em uma organização em rápido crescimento, mudança e evolução. 

Boa sorte!

Pela primeira vez, Brasil aprova emenda parlamentar para financiar projeto de pesquisa em proteínas alternativas

O The Good Food Institute Brasil celebra feito inédito e promissor: a Câmara dos Deputados aprovou a primeira emenda parlamentar que financiará com R$530.000,00 uma pesquisa do setor de proteínas alternativas. O projeto de pesquisa aprovado foi da professora Dra. Ana Lúcia Vendramini, profissional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que estuda o cultivo e aproveitamento econômico de algas marinhas cultivadas na região de Paraty (RJ). Os responsáveis por esse acontecimento inédito foram o deputado Paulo Ganime (NOVO-RJ), que se tornou o primeiro parlamentar brasileiro a direcionar recursos públicos a um projeto deste segmento, e o GFI Brasil que incentiva e fomenta o apoio às pesquisas científicas e tecnológicas em proteínas alternativas.

A pesquisa em questão vai examinar o aproveitamento da espécie de alga Kappaphycus alvarezii como potencial ingrediente para produtos de origem vegetal. “A inicialização do projeto será possível graças ao fundamental apoio de uma das mais importantes universidades do país, a UFRJ, somada aos nossos parceiros da Costa Verde. O projeto é audacioso por atender as autênticas demandas de sustentabilidade, visando um comércio justo, bem-estar social, o desenvolvimento de produtos inovadores e a abertura de novos mercados.

Com o financiamento de mais de meio milhão de reais será possível concluir a primeira fase do projeto com a instalação da fazenda marinha e a capacitação de pessoal. Esta fazenda servirá como banco de mudas para os novos algicultores, o fornecimento de algas frescas para as pesquisas e o desenvolvimento de novos produtos”, explica a Dra. Ana Lúcia Vendramini. 

A pesquisa é visionária e pode contribuir para o desenvolvimento econômico e social, possibilitando inclusive alavancar uma cadeia de produção na região. “A emenda em questão foi selecionada pelo alinhamento com alguns temas que defendo, como Bioeconomia e inovação, além de ter potencial para novas oportunidades de emprego e renda na região da Costa Verde do Rio de Janeiro. Espero que, ao final do período de financiamento, o projeto se torne autossustentável e consolide a indústria na região. Vislumbro formar outras parcerias, inclusive apresentando o projeto ao Governo do Estado e às prefeituras da região da Costa Verde, para construirmos uma infraestrutura em paralelo que garanta capacitação, estradas em bom estado e acesso a ferramentas de produção”, complementa o deputado Ganime. 

O GFI dedica-se ao avanço da pesquisa de acesso aberto em proteínas alternativas e à criação de um ecossistema voltado para o desenvolvimento científico e acadêmico desse setor. Além de promover um Programa Anual de Incentivo à Pesquisa que já financiou mais de USD 7 milhões em recursos para estudos sobre carne cultivada, proteínas vegetais e obtidas por processos de fermentação, a instituição aproxima pesquisadoras de potenciais empresas, pessoas e instituições interessados em subsidiar os projetos.

Para Alexandre Cabral, diretor de políticas públicas do GFI Brasil, as proteínas alternativas são fundamentais para a redução do aquecimento global prevista no Acordo de Paris e a necessidade urgente de alimentar 10 bilhões de pessoas até 2050. “Apoiar o desenvolvimento deste mercado permite que o Brasil seja protagonista em um sistema global de alimentação mais sustentável. Vendendo produtos de maior valor agregado, você passa de celeiro do mundo para supermercado do mundo, aproveitando os já consolidados canais de armazenamento e exportação de produtos de origem animal”.

Paulo Ganime concorda com essa posição, e, para ele, a inovação tecnológica é a base para encontrar soluções e a Biotecnologia é uma das chaves para o desenvolvimento econômico em coexistência harmoniosa com o meio ambiente. “Acredito que iniciativas como esta podem contribuir para apresentar alternativas à sociedade em termos de alimentação e proporcionar o melhor uso da nossa biodiversidade. Essas alternativas agregam valor à Bioeconomia e promovem a liberdade do indivíduo”.  

2020 teve investimento recorde de US$ 3,1 bilhões em proteínas alternativas, mas Brasil ainda tem espaço para crescer

Novos dados divulgados pelo The Good Food Institute (GFI) revelam que, mundialmente, 2020 foi um período recorde de investimentos em empresas que produzem alternativas sustentáveis aos alimentos de origem animal, incluindo empresas de carne, ovo, leite e derivados à base de vegetais; carne cultivada; e fermentação de proteínas alternativas. Esse aumento de investimentos demonstra que o mercado aposta no crescimento do setor de proteínas alternativas, mesmo com os desafios impostos pela pandemia, como diminuição da renda familiar e a falência de restaurantes, por exemplo. Por outro lado, o aumento sinaliza um interesse crescente por investimentos em sustentabilidade e inovação tecnológica.

O GFI analisou a atividade de investimento nessas indústrias utilizando a plataforma PitchBook Data e mostrou que as empresas globais de proteínas alternativas receberam US $3,1 bilhões em investimentos divulgados em 2020. Esse valor é mais de três vezes maior do que o USD $1 bilhão levantado em 2019 e quatro vezes e meia maior do que os USD $694 milhões levantados em 2018. As empresas de proteínas alternativas levantaram quase US$ 6 bilhões em capital investido na última década (2010-2020), sendo mais da metade apenas em 2020:

A confiança dos investidores nas empresas de proteínas alternativas é impulsionada por vários fatores de mercado, mas as questões sociais, ambientais e econômicas expostas em 2020 iluminaram ainda mais os riscos associados às práticas de negócios tradicionais. Com mais investidores reconhecendo que risco climático é risco de investimento, as proteínas alternativas oferecem uma solução escalável que deixa o mundo mais próximo de um sistema alimentar mais seguro e neutro em carbono.

Realidade Brasileira

As únicas empresas brasileiras com dados disponíveis no PitchBook são Fazenda Futuro e The New Butchers. Portanto, não há como considerar apenas este estudo para avaliar a realidade de investimentos no país. Apesar disso, de acordo com Raquel Casselli, gerente de Engajamento Corporativo do GFI Brasil, “o cenário também é promissor por aqui, apesar das incertezas de mercado decorrentes da pandemia. Tivemos bons investimentos no setor, embora a maioria das transações não tenham se tornado públicas e, portanto, não estão representadas fielmente nos números globais.”, afirma.

Bruno Franco, sócio da investidora Enfini Ventures, concorda. Para ele, o Brasil tem potencial para se tornar um forte produtor e exportador de proteínas alternativas. “Nós já somos o maior exportador de proteína animal do planeta, com amplo conhecimento em processos produtivos. Temos um bom capital intelectual nacional, dentro de universidades e empresas, focado em desenvolver pesquisas na área que abrange desde desenvolvimento agrícola e de ingredientes até produtos finais ao consumidor. No setor plant-based isso é mais visível e dinâmico.”, argumenta

Com relação ao segmento de carnes cultivadas, Bruno acredita que o país vai centrar esforços no desenvolvimento de parcerias com empresas que sejam casos de sucesso no exterior, a fim de trazer a tecnologia para o Brasil para ser usada no desenvolvimento de produtos locais. “Já vemos grandes players do mercado fazerem parcerias com desenvolvedores de tecnologia e produtos. As empresas estão, de certa forma, alavancando a estrutura já existente e todo o know-how da cadeia logística para trazerem soluções tecnológicas inovadoras.”.

Desafios para atrair investimentos

De acordo com Bruno Franco, o maior desafio para startups brasileiras no setor é ter uma estrutura de pesquisa e desenvolvimento que forneça suporte para o desenvolvimento de projetos. “Os laboratórios e ambientes de pesquisa são poucos em número e pouco acessíveis. No Brasil, os negócios que têm dado mais certo são os que partem de empreendedores com uma base de recursos próprios e/ou rede de relacionamento que suportam um início mais robusto da tese. Apesar dessas iniciativas serem muito bem-vindas, a proliferação de startups no setor dependerá de apoio institucional e empresarial mais enraizado.”, afirma.

Além disso, as startups e foodtechs precisam convencer os investidores de que possuem bons projetos, planos de negócios claros, e que estão preparadas para receber recursos. “Os investidores que entram nesse mercado buscam empreendedores com histórias de sucesso, times preparados e alinhados no sucesso do negócio e teses claras. Os tomadores de decisão a cargo de investimentos hoje (sejam family offices, empresas ou fundos) possuem critérios de análise muito elevados e gostariam que um número maior de startups tivesse condição de atender a tais critérios.”, conclui.

Olhando para o futuro no Dia Internacional do Trabalhador

Neste  1º de maio de 2021, muitos países celebram o Dia Internacional do Trabalhador. A data, que nasceu há mais de 130 anos para reivindicar melhores condições de trabalho, continua relevante nos dias de hoje, e nos convida a refletir, também, sobre as profissões que ganharão destaque ou que serão cada vez mais necessárias em um mundo pós-pandemia.

Nesse contexto, o setor de proteínas alternativas ganha destaque, especialmente por propor soluções para uma cadeia de produção de alimentos mais saudável, segura, sustentável e com capacidade para alimentar as cerca de 10 bilhões de pessoas que o mundo terá até 2050. Pensar sobre isso é fundamental, pois, segundo a ONU, alimentar essa população da forma como fazemos hoje, demandaria aumentar a produção de comida em 70%, o que certamente exigirá ainda mais recursos de um planeta já em colapso.  

Investimentos e Geração de Empregos 

Os benefícios de se investir cada vez mais no setor de proteínas alternativas são vários, a começar pelo desenvolvimento econômico. Dados divulgados pelo The Good Food Institute (GFI) revelam que, mundialmente, 2020 foi um período recorde de investimentos em empresas que produzem alternativas sustentáveis para alimentos convencionais de origem animal, incluindo empresas globais de carne, ovo e laticínios à base de vegetais; empresas de carne cultivada; e empresas de fermentação de proteínas alternativas. Esse aumento de investimentos demonstra que o mercado aposta no crescimento do setor de proteínas alternativas, mesmo num cenário em que a pandemia dificultou o ritmo de crescimento que vinha acontecendo. A pandemia diminuiu a renda das famílias e também faliu muitos restaurantes, o que impacta diretamente a indústria de alimentos. Por outro lado, o aumento sinaliza um interesse crescente por investimentos em sustentabilidade e inovação tecnológica.

O GFI analisou a atividade de investimento nessas indústrias utilizando a plataforma PitchBook Data e mostrou que as empresas globais de proteínas alternativas receberam US $3,1 bilhões em investimentos divulgados em 2020. Esse valor é mais de três vezes maior do que o USD $1 bilhão levantado em 2019 e quatro vezes e meia maior do que os USD $694 milhões levantados em 2018. 

De acordo com uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho em parceria com o Banco de Desenvolvimento Interamericano, o setor de proteínas alternativas pode gerar até 19 milhões de novos empregos na América Latina na próxima década. Embora o estuo faça a ressalva de que nessa transição cerca de 3 milhões de pessoas deverão perder os seus empregos, o saldo ainda será muito positivo. Por se tratar de um segmento em crescimento, cria oportunidades para a formação de novos profissionais, produção de novas matérias-primas no campo, unidades de negócios em indústrias já estabelecidas, startups, foodtechs e grupos acadêmicos de pesquisa e desenvolvimento focados em proteínas alternativas.

O mercado está pronto para incorporar essas inovações. Em 2018 o The Good Food Institute Brasil realizou uma pesquisa e descobriu que 29% das pessoas já haviam diminuído o consumo de carnes, 70% delas por motivos de saúde ou restrições alimentares – o que faz bastante sentido, uma vez que, segundo pesquisa da Food Frontier, proteínas vegetais têm, em média, quantidade de proteína maior ou comparável, menos gordura e consideravelmente menos gordura saturada, são boas fontes de fibras, são livres de colesterol e possum quantidade de sódio menor ou comparável. Já em 2020,  o número cresceu para 50% da população. Os flexitarianos, como são chamados, optam por diminuir o consumo de produtos de origem animal, mas sem abandoná-lo completamente. A expectativa é que esse número continue a crescer mas, para isso, além de apelos para a saúde, estes novos produtos precisam entregar uma experiência igual ou melhor à proporcionada pelos produtos tradicionais.

Novas profissões e campos de pesquisa

Com esse desafio em mãos, a indústria e a academia vão precisar se aproximar ainda mais e trabalhar em sintonia na criação de soluções tecnológicas que garantam a experiência sensorial que o consumidor deseja, garantindo, ainda, produtos saudáveis, seguros e sustentáveis. Serão necessários profissionais altamente capacitados em produzir alimentos a partir do cultivo celular, fermentação e de vegetais. 

Para o pesquisador da Embrapa Dr. Luciano Paulino da Silva, “as equipes atuantes na área de fabricação digital de alimentos à base de proteínas alternativas deverão ser multidisciplinares e formadas por pessoas que tenham a inovação por princípio fundamental e pensem fora da caixa.” Ele considera a impressão 3D de proteínas alternativas uma tecnologia emergente promissora, que oferece uma série de benefícios como a mimetização de características sensoriais de alimentos e um maior controle sobre as características nutricionais. Alguns profissionais envolvidos neste processo são: 

A professora associada da Universidade Federal do Paraná, Dra. Carla Molento, destaca a área de Zootecnia Celular, com especialistas em genética celular, nutrição celular, ambiência celular e também profissionais empreendedores para produção dos insumos, como por exemplo agronomia voltada à nutrição celular, ingredientes para meios de cultura, engenheiros especializados em biorreatores, onde são produzidas as carnes cultivadas a partir de células animais, e fermentadoras de precisão. 

Para ela, também é evidente a necessidade de profissionais voltados à tecnologia de produtos de origem animal, como veterinários e zootecnistas, para empregarem sua expertise na geração de novos produtos e prestarem serviços de inspeção e controle de qualidade. “Novas formas de trabalho surgirão”, conclui. A Dra. Caroline Mellinger, pesquisadora da Embrapa, concorda: “Automação e criatividade são questões importantes. Mas as profissões que já existem vão continuar sendo importantes na reinvenção de toda a cadeia alimentar.”.

Para o professor Dr. Luismar Porto, fundador da Tubanharon Engenharia de Processos, as áreas estratégicas no futuro serão Engenharia Tecidual, Biologia Sintética e Engenharia Metabólica. Ele explica que os avanços e a integração dessas áreas serão fundamentais para reduzir o preço final da carne cultivada, por exemplo. Ele ainda destaca profissões tradicionais que continuarão a ganhar espaço: biólogos de células-tronco, engenheiros de proteínas e enzimas, bioquímicos  e engenheiros de biorreatores.

Alocar fundos para pesquisas de alto impacto, construir comunidades globais de cientistas, estudantes, empresários, formuladores de políticas públicas e cultivar talentos são etapas importantes para ajudar a indústria de proteínas alternativas a realizar seu potencial. Com isso em mente, o GFI disponibiliza um Diretório de Pesquisa Colaborativa e dá suporte financeiro a pesquisadores por meio do Programa de Incentivo à Pesquisa, uma vez que esse setor é baseado em inovação tecnológica e demanda pesquisas acadêmicas pioneiras.

“Queremos superar os desafios técnicos do setor de proteínas alternativas por meio da pesquisa de acesso aberto e acelerar a taxa de progresso em toda a indústria deste segmento. Por isso, o GFI se dedica ao avanço da pesquisa de acesso aberto e à criação de um ecossistema voltado para o desenvolvimento científico e acadêmico desse setor. As pesquisas em carne cultivada, produtos feitos à base de plantas e obtidos por processos de fermentação geram avanços na oferta de produtos, impactam positivamente o clima e a saúde global, além de criar postos de trabalho para novos talentos e profissionais que querem reposicionar as suas carreiras”, conclui a diretora de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, Dra. Katherine de Matos.

Relatório do The Good Food Institute revela avanço do mercado de proteínas vegetais no Brasil

Há quatro anos no país, o The Good Food Institute Brasil acaba de lançar o seu primeiro relatório de atividades, que traz as iniciativas mais relevantes desenvolvidas pela instituição entre os anos de 2018 a 2020. O documento também revela os avanços e o crescimento do setor de proteínas alternativas brasileiro durante este período. Leia a publicação na íntegra!

UFPR abre inscrições para novo curso sobre carne cultivada e empreendedorismo, em parceria com GFI Brasil e ANEGEPE

A Universidade Federal do Paraná abriu as inscrições para um novo curso sobre carne cultivada, em parceria com o The Good Food Institute e a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas.

A programação inclui conceitos básicos sobre a técnica do cultivo celular para obtenção de carnes, além de apresentar um estudo de caso para discutir oportunidades e desafios deste tipo de produção na prática. Também serão discutidos ecossistemas empreendedores e sua relevância para um setor experimental e baseado em inovação tecnológica como é o da carne cultivada.

O curso será ministrado por:

– Fernando Gimenez (Escola de Administração da UFPR e ANEGEPE);

– Raquel Casselli (Gerente de engajamento corporativo do The Good Food Institute Brasil);

– Carla Forte Maiolino Molento (Coordenadora do LABEA e Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária/UFPR);

– Alexandre Cabral (Assessor de políticas públicas do The Good Food Institute Brasil);

– Eduardo Villar (Escola de Administração da FURB);

– Germano Glufke Reis (Escola de Administração da UFPR);

A carne cultivada é produzida a partir da reprodução de células em bioreatores em ambiente fabril. É a mesma carne de sempre, mas sem necessidade de criar um grande número de animais nem abatê-los. O impacto ambiental e risco de contaminação por zoonoses também é menor, pois o processo acontece em ambiente controlado. 

Por ser uma nova técnica no mundo todo, existe a necessidade de mais profissionais para atuar nessa área que está à frente da transformação do sistema de produção de alimentos como conhecemos hoje. É previsto que os primeiros produtos de carne cultivada cheguem ao consumidor brasileiro já em 2024, como anunciado pela multinacional BRF, primeira empresa brasileira a anunciar que desenvolverá o produto no Brasil.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas acessando este link. Dúvidas e solicitação de informações devem ser encaminhadas para o e-mail: carnecultivada2@gmail.com

BRF cria três opções de frango vegetal feitos com tecnologia CARNEVALE da R & S BLUMOS

Uma pesquisa liderada pelo The Good Food Institute em parceria com o IBOPE e 11 empresas do setor de alimentos, revelou que 50% dos brasileiros diminuiu seu consumo de carne em 2020. Os flexitarianos, como são chamadas as pessoas que reduzem o consumo de produtos de origem animal sem interrompê-lo por completo, estão em busca de uma vida mais saudável, mas sem abrir mão do paladar. Esta mudança nos costumes alimentares fez com que a indústria de proteínas alternativas crescesse vertiginosamente no último ano. Em franca expansão e de olho neste progresso, a multinacional brasileira BRF acaba de lançar três opções de frango através da sua linha Sadia Veg&Tal: desfiado, em tiras e em cubos. O mais formidável: os produtos são feitos com proteínas de soja, ervilha e o original feijão carioca que, pela primeira vez, foi utilizado com êxito como um ingrediente na produção de carne vegetal no Brasil.

 O produto é resultado de uma parceria técnica entre a multinacional BRF e o hub de ingredientes e processos, R & S BLUMOS que, assessoradas pelo GFI Brasil, utilizaram a inovadora técnica de extrusão úmida CARNEVALE. O método consiste na adição de calor e pressão sobre uma combinação de proteínas vegetais que produz fibras proteicas longas conferindo a percepção e aparência da proteína animal. Além da semelhança em textura, sabor e cor, os lançamentos ainda garantem o mesmo valor proteico do peito de frango tradicional. Para isso, a BRF investiu na tecnologia, desenvolveu uma formulação própria e adquiriu dez novas máquinas.

“O GFI vem destacando há algum tempo a importância de novos maquinários, como a extrusão úmida. Ficamos extremamente animados quando os parceiros da R & S BLUMOS compraram essa ideia e decidiram investir na tecnologia. Agora, é possível consumir produtos feitos com ingredientes brasileiros processados por essa tecnologia de ponta e isso representa um grande avanço para a nossa indústria”, conta Gustavo Guadagnini, diretor executivo do GFI Brasil. As empresas criadoras do produto elegeram a proteína de feijão carioca no segmento das leguminosas para protagonizar o novo frango vegetal por ser um ingrediente presente nos pratos e lares dos brasileiros. O grão nacional ainda apresenta excelentes benefícios nutricionais e é de fácil assimilação do consumidor.

“O feijão sempre foi considerado um produto acabado, sem produtos derivados. No entanto, com o crescimento da indústria plant-based, constatamos que o ingrediente pode gerar diversos produtos, especialmente o feijão carioca, que é a variedade mais produzida no Brasil”, afirma Marcelo Eduardo Lüders, presidente do IBRAFE – Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses. Além disso, a indústria nacional e o produtor rural também são beneficiados, por meio do incentivo a uma maior diversidade agrícola. “O Brasil pode ter importante papel no fornecimento de ingredientes proteicos ao mundo que vai além da soja. Acredito que as leguminosas salvarão o mundo”, explica Fernando Santana, diretor de estratégia e desenvolvimento da R & S BLUMOS.

“O GFI acredita que o crescimento do setor de proteínas alternativas vai, necessariamente, passar pelo desenvolvimento de novos ingredientes brasileiros. O mercado busca matérias-primas abundantes, com custo competitivo, menor pegada ambiental e com impacto socioeconômico em nosso país. Todos só têm a ganhar, pois além de entregarmos um alimento de extrema qualidade para os consumidores, agora os produtores rurais brasileiros têm mais uma oportunidade de lucrar com o setor de proteínas vegetais! É renda para o produtor brasileiro, emprego sendo gerado e impostos colaborando com nossa economia local”, comemora Gustavo Guadagnini.

O lançamento do primeiro produto brasileiro plant-based feito com a proteína de feijão proporciona mais qualidade, diversidade e acessibilidade de fontes alternativas de proteína ao consumidor final brasileiro. O momento atual do mercado nacional é estratégico pois há grande consciência por parte do consumidor em relação às vantagens da carne vegetal e espaço para aprimorar os produtos existentes. “Esta é uma grande oportunidade: o mercado de carnes vegetais está em franca expansão e teremos um convívio das proteínas animal, vegetal e cultivada. A nosso ver, a proteína é um produto relevante na produção de riqueza nacional. E seguirá sendo, com suas novas origens vegetais e cultivada. Estamos vivendo a maior revolução alimentar de nossa era”, afirma Sérgio Pinto, diretor de inovação da BRF.

Pesquisas similares contam com o apoio do The Good Food Institute

A pesquisadora da EMBRAPA, Dra. Caroline Mellinger Silva, desenvolve uma pesquisa, financiada pelo Programa de Incentivo à Pesquisa do The Good Food Institute, que visa a produção de ingredientes com alta concentração de proteínas (concentrados e isolados proteicos) a partir do feijão carioca a fim de utilizá-los na formulação de produtos “tipo cárneos” que se pareçam com produtos de origem animal, como hambúrgueres, almôndegas e outros produtos de conveniência.

De acordo com a Dra. Caroline, o tema é relevante, pois o Brasil só produz proteínas de soja e o mercado tem buscado outras fontes proteicas, a partir de outros vegetais. “A proteína de ervilha tem sido cada vez mais usada para esse tipo de produto, mas como é importada, torna-se um ingrediente caro para a indústria nacional. O Brasil é um dos maiores produtores de feijão do mundo e tem a possibilidade de ter essa cadeia desenvolvida nos próximos anos, passando de consumidor a produtor de proteínas alternativas vegetais a partir do grão. Isso gera emprego e renda para o país, além de prover ingredientes de menor custo para a indústria de alimentos, que poderá desenvolver produtos mais acessíveis ao consumidor final”, explica a pesquisadora.

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