Novo estudo do GFI Brasil explora o potencial da aplicação de algas em produtos de proteínas alternativas

O GFI Brasil acaba de lançar a publicação técnica “Potencial de Aplicação de Algas em Produtos de Proteínas Alternativas”, trazendo uma contribuição inédita ao cenário nacional. Por ser a primeira publicação do Brasil sobre o tema, ela oferece uma revisão abrangente e detalhada da literatura disponível, contextualizando o leitor sobre a relevância e o potencial das algas no setor alimentar e como ingredientes inovadores na produção de produtos de proteínas alternativas.

 

Desenvolvido para leitores que estão se familiarizando com o tema e para aqueles que buscam um conhecimento mais aprofundado, o estudo é dividido em duas partes principais: a primeira é dedicada a fornecer uma base sólida sobre o tema, abordando a classificação das algas, métodos de cultivo e coleta, além dos usos alimentares convencionais e questões de segurança alimentar, destacando como as algas podem ser integradas na narrativa das proteínas alternativas.

 

A segunda parte do estudo explora o potencial nutricional e tecnológico das algas, ressaltando suas propriedades funcionais que as tornam uma fonte promissora de ingredientes para produtos plant-based. Além disso, são discutidos os aspectos de sustentabilidade associados ao uso de algas.

 

A publicação também identifica diversas oportunidades de pesquisa, incentivando a exploração das algas como ingredientes-chave para a criação de novos produtos no mercado de proteínas alternativas. Ela foi elaborada não apenas para cientistas e pesquisadores, mas também para profissionais do mercado, oferecendo uma visão completa das vantagens tecnológicas, nutricionais e sustentáveis que as algas podem proporcionar.

Resultados:

 

Os resultados apresentados revelam que as algas têm um grande potencial como fonte de proteínas alternativas, com capacidade de contribuir significativamente para a sustentabilidade e diversificação da produção alimentar. Além de seus benefícios à saúde humana, as algas possuem propriedades funcionais e tecnológicas que as tornam uma fonte promissora e versátil para a produção de alimentos mais saudáveis e sustentáveis.

 

As proteínas são essenciais na formulação de alimentos vegetais análogos à carne, não só pelo valor nutricional, mas também pelas suas funcionalidades tecnológicas. As algas são uma fonte viável de proteínas, com uma composição de aminoácidos essenciais que atende aos requisitos da FAO, comparável a outras fontes como soja e ovo. As microalgas, em particular, podem conter entre 40-60% de proteína (base seca), oferecendo aminoácidos essenciais e propriedades nutricionais e funcionais, como baixa alergenicidade e boa digestibilidade.

 

Além disso, possuem propriedades físico-químicas ideais para várias aplicações, incluindo solubilidade, emulsificação, geleificação e formação de espuma. Algumas macroalgas podem ser usadas como substitutos do sal em alimentos, ajudando a reduzir o teor de sódio, e seus pigmentos, como carotenos e xantofilas, são amplamente utilizados como corantes na indústria alimentícia.

 

A produção de algas como fonte de proteínas apresenta várias vantagens em relação a outras fontes vegetais. As algas têm crescimento e produção mais rápidos, maior eficiência fotossintética, baixo consumo de água e não competem por terras aráveis. Além disso, possuem baixo teor de lignina, facilitando a extração, e podem armazenar carbono, contribuindo para uma produção sustentável. Com oceanos e mares cobrindo mais de 70% da superfície terrestre, há um vasto potencial para o cultivo sustentável e a colheita em grande escala de algas.

Alt Protein Project continua a crescer na América Latina!

Com orgulho, anunciamos a entrada de novos grupos universitários ao Alt Protein Project, reforçando nossa missão de acelerar o desenvolvimento de proteínas alternativas em todo o mundo. Este ano, quatro novas instituições no Brasil, uma na Argentina e uma no Chile se unem ao movimento:

Brasil:

Argentina:

Chile:

Esses novos grupos se juntam aos pioneiros da Unicamp (SP) e UFMG (MG), que já fazem parte do projeto desde o ano passado, ampliando ainda mais a nossa rede de jovens líderes e pesquisadores comprometidos com um futuro alimentar mais sustentável.

O que é o Alt Protein Project? 

O Alt Protein Project é uma iniciativa global liderada pelo The Good Food Institute que visa capacitar estudantes universitários e pesquisadores a se tornarem líderes no campo das proteínas alternativas. Fundado em 2020, o projeto começou como uma comunidade conectada por cinco universidades e, desde então, cresceu para englobar mais de 50 grupos em diversas instituições de ensino ao redor do mundo, com mais de 450 membros ativos.

Objetivos e Missão

O principal objetivo do Alt Protein Project é acelerar o desenvolvimento e a adoção de proteínas alternativas — incluindo carnes, laticínios e ovos produzidos a partir de plantas, fermentação ou cultivo celular — como uma solução sustentável para os desafios globais relacionados à segurança alimentar, saúde pública e mudanças climáticas.

O projeto busca atingir esses objetivos através de várias frentes:

  1. Educação e Disseminação: Integrar o tema das proteínas alternativas nos currículos de graduação e pós-graduação. Isso inclui a criação de disciplinas, cursos, workshops e outros eventos educacionais que abordem as ciências e as tecnologias por trás das proteínas alternativas.
  2. Pesquisa Colaborativa: Conectar estudantes, pesquisadores e professores de diferentes disciplinas para desenvolver pesquisas colaborativas e multidisciplinares que possam gerar soluções inovadoras no campo das proteínas alternativas.
  3. Desenvolvimento de Comunidades: Criar uma rede global de estudantes e pesquisadores apaixonados por proteínas alternativas, promovendo a troca de ideias, perspectivas culturais e conhecimentos científicos. Essa comunidade global é um espaço para que os membros compartilhem suas pesquisas, colaborem em projetos e promovam inovações.
  4. Estímulo à inovação: Facilitar parcerias entre universidades, laboratórios de pesquisa e a indústria para acelerar a transição para um sistema alimentar mais sustentável. Isso inclui o desenvolvimento de novas tecnologias, processos de produção e produtos que possam ser comercializados no mercado global.

Impacto Global

Desde a sua criação, o Alt Protein Project tem sido uma força motriz no avanço das proteínas alternativas, contribuindo significativamente para o aumento da conscientização, pesquisa e inovação nesta área. Com grupos de estudantes em universidades renomadas em países como Estados Unidos, Brasil, Argentina, Chile, Suíça, Turquia, Portugal, Malásia, e Japão, o projeto está ajudando a construir uma nova geração de líderes comprometidos com a criação de um sistema alimentar mais saudável, sustentável e justo.

Participação e Expansão

O Alt Protein Project está constantemente expandindo sua rede de grupos universitários, e qualquer estudante interessado pode se juntar ao movimento. O projeto oferece suporte para a criação de novos grupos, fornecendo recursos educacionais, treinamento e oportunidades de networking para que os estudantes possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento de proteínas alternativas em suas regiões. Se você é aluno universitário e gostaria de se juntar ao nosso movimento, entre em contato conosco através do e-mail ciencia@gfi.org para dúvidas e apoio!

Saiba mais sobre a iniciativa: Vídeo de apresentação

Explore mais sobre o impacto do projeto: Impacto do Alt Protein Project

GFI Brasil no I Congresso Brasileiro de Biotecnologia Industrial!

O I Cobbind, que acontece em Florianópolis (SC) entre os dias 25 e 28 de agosto de 2024, une oficialmente os três eventos mais importantes na área de biotecnologia industrial do Brasil: o XXIII Simpósio Nacional de Bioprocessos (SINAFERM), o XIV Seminário de Hidrólise Enzimática de Biomassas (SHEB) e o XIV Seminário Brasileiro de Tecnologia Enzimática (ENZITEC).

 

E, na manhã do dia 28, o GFI Brasil vai realizar o evento “A Biotecnologia na Construção de um Sistema Alimentar Mais Sustentável”, para promover a ciência das proteínas alternativas, com foco nas tecnologias de fermentação e carne cultivada, e apresentar para os pesquisadores e estudantes do campo da biotecnologia as oportunidades para atuar nessa área. Nossos painéis incluirão discussões sobre o cenário, desafios e perspectivas para jovens pesquisadores e as possibilidades de carreira neste novo setor.

 

Este é um convite para se conectar e explorar as oportunidades com os maiores especialistas da atualidade!

Confira os detalhes do evento do GFI Brasil:

 

Data: 28 de agosto de 2024 (quarta-feira)


Horário: 9h30 às 12h30


Local: Costão do Santinho Resort, Florianópolis/SC

 

Programação:

 

9h30 – Abertura: O que são proteínas alternativas e por que precisamos delas

Gustavo Guadagnini – Presidente do The Good Food Institute Brasil

 

9h40 – Painel I:  Perspectivas da Biotecnologia para o Desenvolvimento de Proteínas Alternativas no Brasil (50 min)
Painelistas:

– Ms. Isabela Pereira – Analista de Ciência e Tecnologia do The Good Food Institute Brasil

– Dr. Germano Reis – Professor da Escola de Administração da Universidade Federal do Paraná

– Dr. Servio Tulio – Professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP- FGV)

– Dra. Amanda Leitolis – – Especialista de Ciência e Tecnologia Sênior do The Good Food Institute Brasil
Mediadora: Ms. Cristiana Ambiel – Gerente de Ciência e Tecnologia do The Good Food Institute

 

10h30 – Perguntas da plateia (10 min)

 

10h40 – Painel II: Mesa Redonda: Potencial e Desafios da Fermentação na Produção de Alimentos Seguros e Sustentáveis (50 min)
Painelistas:

– Dra. Rosana Goldbeck – Professora do Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP

– Dr. Eduardo Bittencourt Sydney – Co-fundador e CTO da Typical

– Dra. Anna Rafaela Cavalcante Braga – Professora do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de São Paulo
– Dra. Jaciane Lutz Ienczak – Professora adjunta do Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina
Mediadora: Ms. Isabela Pereira – Analista de Ciência e Tecnologia do The Good Food Institute Brasil

 

11h30 – Perguntas da plateia (10 min)

 

11h40 – Painel III: Prioridades de Pesquisa para que a Carne Cultivada Chegue ao Prato de Todos e Recomendações para Jovens Cientistas que Buscam Construir um Novo Sistema Alimentar (40 min)
Painelistas:

– Dr. Mark Post – Professor de Sustainable Industrial Tissue Engineering, Maastricht University

– Dra. Silvani Verruck – Professora do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina

– Ms. Jorge Guadalupe – Doutorando em Biologia Celular pela Universidade Federal de Minas Gerais e Presidente do The UFMG Alt Protein Project
Mediadora: Dra. Amanda Leitolis – Especialista de Ciência e Tecnologia Sênior do The Good Food Institute Brasil

 

12h20 – Fechamento do evento

Venha descobrir as oportunidades e os desafios desta nova cadeia de produção de alimentos. Sua presença é fundamental para construirmos juntos um sistema alimentar mais sustentável!

Brasil corre para tentar reduzir emissão de gases do efeito estufa e diminuir o impacto das mudanças climáticas no país

Relatório do Banco Mundial elege proteínas alternativas com potencial revolucionário na mitigação das mudanças, atrás apenas do reflorestamento.

Foto: Gabriel Lemes

Um documento elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e setores industriais, deverá ser apresentado até novembro de 2024 ao Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima, responsável pelo Plano Nacional de Mudança do Clima.

O objetivo é criar diretrizes que servirão para a implementação, com manutenção da competitividade, da produção industrial com redução proporcional de emissão de gases do efeito estufa (GEE).

Pelo Acordo de Paris, a meta brasileira é reduzir em 37%, até 2025, as emissões de GEE em relação aos níveis de 2005. Em 2030, a redução terá de ficar 43% abaixo dos níveis de 2005. Para tanto, o País se comprometeu a aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética para cerca de 18% até 2030 e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas.

Até agora, o Brasil tem enfrentado desafios significativos em relação ao desmatamento e às políticas ambientais, o que tem impactado negativamente suas metas de redução de emissões. No entanto, o país também possui um grande potencial para fontes de energia renovável, como hidrelétricas, eólicas e solares, que podem contribuir significativamente para a redução das emissões.

Além disso, como uma tendência crescente entre os consumidores brasileiros de buscar opções alimentares mais saudáveis e sustentáveis, startups e grandes empresas alimentícias brasileiras estão investindo em pesquisa e desenvolvimento de produtos à base de plantas e carne cultivada.

Segundo relatório do Banco Mundial divulgado no ano passado, o setor representa um potencial revolucionário na mitigação das mudanças climáticas. Ao analisar 26 intervenções promissoras no setor agroalimentar, o estudo “Recipe for a livable Planet (Receita para um planeta habitável)” conclui que estes alimentos ocupam a segunda posição em termos de potencial de redução de emissões, ficando atrás apenas do reflorestamento. 

A produção de alimentos, especialmente de origem animal, é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa. De acordo com o Banco Mundial, as proteínas alternativas podem reduzir as emissões em até 6,1 bilhões de toneladas de CO2 por ano.

“Mover-se das dietas atuais para uma dieta que exclui produtos animais poderia reduzir as emissões de GEE em 49%”, afirma o relatório. Além disso, também  diminuiria o uso da terra em 76%, o que beneficiaria diretamente as estratégias de reflorestamento e redução do desmatamento .

Investimento climático deve focar recursos nos sistemas alimentares

Para acelerar esse processo de desenvolvimento e adoção de tecnologias inovadoras, diz o presidente do The Good Food Institute Brasil, Gus Guadagnini, são necessários investimentos governamentais. “Os sistemas alimentares recebem apenas 3% do investimento climático, enquanto contribuem com 33% das emissões de gases. Esse valor é 22 vezes menor do que o recebido pelos setores de energia e transportes, por exemplo. Com o apoio adequado, as proteínas alternativas podem se tornar uma ferramenta poderosa na luta contra as mudanças climáticas e na construção de um futuro mais sustentável”, comenta o presidente do GFI.

De acordo com o relatório “Global Innovation Needs Assessment: Food System Methane, para que o desenvolvimento do setor de proteínas alternativas ocorra e gere benefícios ambientais e para a saúde global, são necessários $10,1 bilhões em investimentos anuais, com $4,4 bilhões para pesquisa e desenvolvimento e $5,7 bilhões para incentivos ao setor privado.

A “Innovation Commission: Climate Change, Food Security, Agriculture”, da Universidade de Chicago, liderada pelo Nobel de economia Michael Kremer, concluiu que asproteínas alternativas podem: 1) contribuir para a segurança alimentar ao reduzir os preços dos alimentos; 2) diminuir as emissões climáticas diretas; 3) Aliviar a desnutrição; e 4) fornecer uma maneira mais adaptável ao clima de produzir proteínas.

Para o grupo de trabalho que está elaborando o relatório do MDIC com a CNI, o olhar diferenciado para o setor de proteínas alternativas, com investimentos significativos em ciência e tecnologia, faz-se mais do que necessário, afirma Guadagnini, é urgente. 

Estudo da UNIFESP aponta que 80% das carnes vegetais disponíveis no mercado brasileiro têm boa qualidade nutricional

O estudo publicado na Current Research in Food Science, uma revista de alto fator de impacto  na área de Ciência e Tecnologia de alimentos, analisou a qualidade nutricional de produtos vegetais análogos à carne e os comparou com seus correspondentes de origem animal. De acordo com a pesquisa, 80% dos produtos disponíveis no mercado brasileiro possuem boa qualidade nutricional de acordo com o indicador Nutri-Score.

Conduzido pelo time da Profa. Dra Veridiana de Rosso da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e financiado pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), a pesquisa avaliou as informações nutricionais declaradas nos rótulos de 349 alimentos vegetais análogos à carne e 351 produtos cárneos, como hambúrgueres, almôndegas, empanados, embutidos, quibe, kaftas, salsicha, linguiça, mortadela, bacon, entre outros, no período de julho de 2022 a junho de 2023.

Para analisar a qualidade nutricional desses produtos, além das informações de rotulagem, foram utilizados diferentes indicadores, entre eles o Nutri-Score (utilizado em países europeus, como Bélgica, França, Espanha, Holanda, Suíça e Alemanha), a classificação NOVA e o Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA (chamado de Lupa).

A NOVA classifica os alimentos pelo grau de processamento e quantidade de ingredientes; o Nutri-Score avalia a presença de nutrientes desejáveis (como proteínas e fibras) e menos desejáveis (como teores de gordura saturada, açúcar, sal e alto valor energético) e a rotulagem nutricional frontal estabelecida pela RDC 429/2020 da ANVISA identifica os produtos com alto teores de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio.

Principais Resultados:

Os resultados do estudo demonstraram que a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne foi melhor representada por indicadores como Nutri-Score e Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA do que pela NOVA, uma vez que os dois primeiros são os perfis que atuam de forma mais eficiente para definir se um alimento tem boa qualidade nutricional.

De acordo com a Dra. Graziele Bovi Karatay, especialista do GFI Brasil, o fato de ambos os produtos de origem animal e vegetal serem classificados como ultraprocessados, mas terem resultados diferentes nos outros indicadores de qualidade nutricional, demonstra que o conceito de ultraprocessado não representa adequadamente os atributos de qualidade nutricionais dos alimentos vegetais análogos à carne.

“Mesmo sendo classificados como ultraprocessados, em função do grau de processamento e quantidade de ingredientes, os alimentos vegetais análogos à carne se diferem nutricionalmente dos demais alimentos ultraprocessados, sejam de base vegetal ou animal. Portanto, não é adequado classificar e avaliar a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne da mesma forma que são classificados e avaliados os demais produtos ultraprocessados.” explica a especialista do GFI.

O estudo avaliou ainda outros dois indicadores de qualidade: (1) o modelo de perfil nutricional da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que define quando os produtos são ricos em açúcares, gorduras, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio e é baseado nas metas de ingestão de nutrientes para a população e (2) uma classificação desenvolvida especificamente para o estudo considerando a classificação pelo Nutri-Score e NOVA.

O estudo também trouxe informações sobre os nutrientes presentes nos alimentos analisados, quanto à:

Gordura saturada, ácidos graxos e sódio:

Proteínas:

Segundo a Dra Veridiana, essa variação reforça o quanto seria oportuna a definição de uma   regulamentação específica para os alimentos vegetais análogos à carne no Brasil, principalmente em relação à qualidade nutricional e ao perfil de identidade. O  mercado de produtos cárneos é bem regulamentado, e o perfil de identidade e qualidade foi recentemente revisado, principalmente no que diz respeito aos níveis mínimos de proteína exigidos para hambúrgueres de carne (15%), quibe (11%), almôndegas (12%) e presunto (16%). A definição desta regulamentação para os alimentos vegetais análogos faz parte da Agenda Regulatória 2024-25 da Anvisa e a indústria aguarda essa definição para poder balizar seus produtos. 

Ainda de acordo com a pesquisadora, uma recente atualização da legislação brasileira, incluiu a exigência de um perfil específico de aminoácidos indispensáveis ​​para o uso de alegações nutricionais proteicas (histidina: 15 mg /g de proteína; isoleucina: 30 mg/g; leucina: 59 mg/mg: lisina: 45 mg/g; metionina + cisteína:  22 mg/g, fenilalanina + tirosina: 38 mg/g, ; triptofano: 6 mg/g e  valina: 39 mg/g). Em geral, leguminosas como soja, ervilha, grão-de-bico, feijão e cereais como trigo e quinoa, que normalmente são empregados como fontes de proteína em análogos de carne no Brasil, apresentam diferentes escores de aminoácidos indispensáveis ​​digestíveis (DIAASs). As proteínas de batata e soja são classificadas como proteínas de alta qualidade com valores médios de DIASS equivalentes a 100 e 91, respectivamente. Além disso, uma estratégia interessante para o desenvolvimento de alimentos cárneos plant-based é que as proteínas da soja e da batata possam complementar uma ampla gama de proteínas vegetais para compensar as limitações indispensáveis ​​dos aminoácidos. A combinação de proteína de arroz:feijão (2:1), por exemplo, tem potencial para alcançar eficiência nutricional ideal quando combinada apenas com proteínas vegetais ou quando suplementada com metionina e cisteína + lisina.

Fibras:

Conclusões:

Segundo a Dra. Veridiana, o estudo permite recomendar que os consumidores escolham o indicador representado pela rotulagem nutricional frontal brasileira (lupa) para escolherem os alimentos vegetais análogos à carne. “Essa recomendação se justifica especialmente devido à excelente concordância entre este indicador e o Nutri-Score, por terem sido capazes de diferenciar efetivamente produtos com baixa qualidade nutricional. Já a NOVA, ou a denominação de ultraprocessados, não teve este mesmo desempenho, portanto não é um indicador adequado para representar os atributos de qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne.”, conclui.

Dra Veridiana reforça que, embora os indicadores de Qualidade Nutricional utilizados neste estudo sejam importantes para avaliar a qualidade nutricional dos produtos cárneos vegetais, eles não cobrem todos os aspectos nutricionais importantes quando se pretende substituir produtos cárneos, o que deve envolver uma abordagem multifacetada, incluindo análise de macronutrientes, avaliação sensorial e estudos de digestibilidade. Além disso, a presença de nutrientes positivos, como vitaminas B, ferro, zinco e fibras solúveis e insolúveis, e a boa qualidade proteica devem ser considerados como diferenciais de produtos cárneos vegetais nutricionalmente adequados.

“Assim, esse estudo fornece insights valiosos sobre o valor nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne. Com a crescente adoção de dietas flexitarianas, vegetarianas  e veganas, essa análise pode ajudar as indústrias a desenvolverem produtos com qualidade nutricional que os tornem cada vez mais viáveis como substitutos saudáveis para produtos cárneos e oferecer aos  consumidores a possibilidade de fazer escolhas informadas e conscientes.”, afirma a gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, Cristiana Ambiel.

“Acreditamos que os dados obtidos podem, ainda, orientar as agências reguladoras na formulação de políticas públicas na definição de parâmetros mínimos de qualidade nutricional desses produtos, nos debates que esperamos que ocorram em 2024 e 2025 entre a Anvisa, Ministério da Agricultura e o Poder Legislativo, envolvendo nas audiências públicas sobre o tema tanto a indústria de alimentos e ingredientes e sociedade civil organizada”, aponta Alexandre Cabral, vice-presidente de Políticas Públicas do GFI Brasil. 

Sobre a autora:

Profa. Dra. Veridiana Vera de Rosso é professora Associada, Livre-Docente da Universidade Federal de São Paulo, coordenadora do Observatório de Rotulagem de Alimentos e do Centro Colaborador em Alimentação Escolar da UNIFESP. Graduada em Engenharia de Alimentos, com doutorado e pós-doutorado em Ciência de Alimentos (UNICAMP). É bolsista de Produtividade em Pesquisa nível 1D do CNPq (área de Nutrição). Já publicou mais de 120 artigos em periódicos indexados, de seletiva política editorial. Sua produção científica tem índice h de 43 e i10 de 88. Foi citada no ranking Elsevier/Stanford University entre os 2% dos pesquisadores com maior impacto global em 2022. Tem experiência na área de Ciência de Alimentos e Nutrição, mais especificamente no estudo de compostos bioativos e valor nutricional de alimentos, e rotulagem de alimentos. Participa de parcerias nacionais e internacionais para pesquisa e foi coordenadora de projetos de pesquisa e extensão financiados por agências nacionais e internacionais.

Com linha premium de alimentos cultivados, a francesa Gourmey busca aprovação em cinco mercados globais

● Em estreia mundial, a Gourmey, empresa especializada em alimentos cultivados premium, com sede em Paris, solicita aprovação para entrar em cinco mercados globais iniciais: Singapura, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça e União Europeia.

● A notícia marca a Gourmey como a primeira empresa a solicitar aprovação de mercado para alimentos cultivados na União Europeia.

● A empresa se dedica a proporcionar experiências culinárias inovadoras: seu produto principal, feito a partir de células de pato cultivadas, oferece uma nova opção para aficionados por foie gras, chefs e restaurantes em todo o mundo.

A Gourmey, empresa pioneira em alimentos cultivados na França, apresentou pedidos de autorização de mercado à Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, à Singapore Food Agency (SFA), à Food Standards Agency (FSA) do Reino Unido, ao Swiss Federal Food Safety and Veterinary Office (FSVO), à Comissão Europeia (CE) e à European Food Safety Authority (EFSA). Esses pedidos têm como objetivo permitir a venda do produto principal da marca, o foie gras cultivado, para entusiastas da gastronomia, chefs e restaurantes globalmente.

Segurança do consumidor no centro do pedido de autorização

Reguladores em todo o mundo estabeleceram estruturas regulatórias robustas para avaliar a segurança de novos alimentos, como os cultivados. Os EUA, Singapura e Israel já autorizaram a venda desses produtos, mas esta é a primeira vez que uma empresa busca aprovação pré-mercado para alimentos cultivados na União Europeia. Para isso, a Gourmey preparou um dossiê de novos alimentos de acordo com a orientação da EFSA, que é considerada padrão ouro em segurança de novos alimentos e avaliação de risco.

“Estamos ansiosos para continuar trabalhando de perto com as autoridades reguladoras para garantir total conformidade com os requisitos de segurança durante esses procedimentos e estamos confiantes de que nossos produtos vão atender a esses padrões altamente exigentes, para que todos possam desfrutar de novas experiências em todo o mundo”, relatou o CEO da Gourmey, Nicolas Morin-Forest.

Segmento premium impulsiona tendências alimentares globais

“O segmento premium sempre esteve na vanguarda das tendências alimentares, onde ocorrem as inovações mais empolgantes. Estamos testemunhando uma tração comercial muito emocionante para o nosso primeiro produto em muitas regiões onde os chefs querem continuar servindo foie gras de alta qualidade. Começar com a alta gastronomia atua como um catalisador para nossos futuros lançamentos: os chefs servem como os melhores embaixadores para introduzir novas categorias de produtos aos consumidores e ajudam a impulsionar a sustentabilidade”, acrescenta o CEO.

A Gourmey conta com uma rede global de parceiros para facilitar a entrada da empresa no mercado, incluindo distribuidores de alimentos finos, chefs embaixadores e parceiros na cadeia de suprimentos e na pesquisa.

Essa inovação chega em um momento decisivo em que os consumidores estão cada vez mais buscando novas maneiras de desfrutar de experiências culinárias deliciosas, ao mesmo tempo em que contribuem para a sustentabilidade.

Com as ambições globais da Gourmey e o consumo de carne na Ásia projetado para aumentar em 80% até 2050, a empresa está ativamente engajada nessas regiões, particularmente em mercados como Singapura, Japão e Coreia do Sul, onde há um impulso significativo em torno dos alimentos cultivados.

Produtos com impacto positivo

Um estudo encomendado pela Gourmey, antecipando a produção em escala, mostra que a tecnologia inovadora da empresa reduz significativamente a pegada ambiental (principalmente emissões de gases de efeito estufa e uso da terra) em comparação com a produção convencional na mesma categoria de produtos. O estudo é conduzido sob a liderança científica da Professora Hanna Tuomisto, da Universidade de Helsinque, na Finlândia, e do Instituto de Recursos Naturais da Finlândia, uma acadêmica europeia líder no campo de avaliações de ciclo de vida de novos alimentos, incluindo os cultivados.

“Diversificar a produção de proteínas é crucial para a segurança alimentar e contribuir para objetivos de sustentabilidade, como a descarbonização e a biodiversidade. Integrar a produção de alimentos cultivados na cadeia de valor agroalimentar existente proporciona uma fonte de proteína complementar que contribui para sistemas alimentares mais resilientes. Este marco importante para nosso ecossistema foi alcançado graças a um trabalho em equipe muito dedicado. Agora, um novo capítulo para a Gourmey começa – o de levar a inovação alimentar francesa ao cenário global”, conclui o CEO.

Sobre a Gourmey

Fundada em 2019, a Gourmey cria produtos gourmet sustentáveis diretamente a partir de células animais reais, combinando inovação alimentar com artes culinárias. A empresa se dedica a proporcionar experiências culinárias inovadoras e seu produto principal, o foie gras cultivado, oferece uma nova opção para fãs do alimento, chefs e restaurantes globalmente. A empresa agora conta com uma equipe internacional de 60 pessoas em seu centro de inovação alimentar em Paris, França. Desde sua criação, a Gourmey garantiu mais de €65 milhões em investimentos públicos e privados e está atualmente se preparando para a entrada no mercado, aguardando aprovações regulatórias.

Sobre alimentos cultivados

Alimentos e proteínas cultivados são baseados em tecnologias de cultura celular que têm sido usadas em produtos alimentares há décadas, por exemplo, para o cultivo de leveduras para panificação ou para a produção de coalho em queijos. Começando com uma pequena amostra de células animais e nutrindo-as em um meio de crescimento rico em nutrientes, as células crescem em músculo, gordura ou outros tecidos. O meio de crescimento contém os mesmos ingredientes (como açúcares, proteínas, vitaminas e minerais) necessários na nutrição animal. No processo de cultivo da Gourmey, não são utilizados componentes derivados de animais, como soro fetal bovino, garantindo que o produto final esteja livre desses elementos. Além disso, antibióticos não são usados durante a produção e não estão presentes no produto final.

GFI Brasil anuncia assinatura do Memorando de Entendimento sobre proteínas alternativas com a Fundação Araucária

No dia 10 de julho de 2024, o The Good Food Institute Brasil e a Fundação Araucária, agência paranaense de fomento à pesquisa científica, tecnológica e inovação, assinaram um Memorando de Entendimento, um documento formal que expressa a intenção de ambas as partes de cooperar em um projeto ou alcançar um objetivo comum.

O Memorando assinado pelas duas instituições formaliza o reconhecimento da importância da transformação dos sistemas alimentares para enfrentar os desafios de segurança alimentar, destacando o papel das proteínas alternativas neste contexto.

O Paraná é protagonista nesse campo, sendo o berço do NAPI – Proteínas Alternativas (Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação). Através deste programa, que visa fortalecer o estado como produtor de alimentos utilizando sistemas produtivos inovadores, foram investidos R$ 5,7 milhões para o avanço de estudos em carne cultivada. A maior parte desse investimento será destinada à UFPR, para a instalação do Laboratório de Zootecnia Celular (Zoocel), que já é uma unidade permanente na universidade, além do Laboratório de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, para aquisição de equipamentos necessários e para o fortalecimento de outras equipes e laboratórios parceiros da PUCPR e da UEM.

A parceria, viabilizada pela Prof. Carla Molento (UFPR), teve seu processo de criação iniciado em janeiro, após uma reunião inicial onde foi servido um almoço típico da região, desenvolvido com o frango de micélio da Typcal, startup previamente apoiada pelo programa Centelha através da Fundação Araucária.

O Memorando, agora oficialmente assinado, marca o início de uma colaboração promissora entre a Fundação Araucária e o GFI Brasil. Nosso objetivo é fomentar o desenvolvimento do ecossistema de proteínas alternativas no Estado do Paraná, aproveitando seus ativos institucionais, acadêmicos e intelectuais. Vamos colaborar mutuamente para criar um ambiente favorável à pesquisa e inovação, ao empreendedorismo, à pesquisa aplicada e ao desenvolvimento econômico e social neste setor, através de programas e ações conjuntas.

Venha fazer parte da Comunidade GFI Brasil no whatsapp!

Agora você tem mais um canal para se relacionar com o nosso time e não perder nenhuma oportunidade do setor de proteínas alternativas. A Comunidade GFI Brasil no WhatsApp visa facilitar o acesso aos materiais produzidos pelo GFI Brasil e oportunidades, tais como dados, publicações, estudos, notícias, financiamento de pesquisa, eventos, acesso a contatos e redes de relacionamento, além de trilhas focadas em inovação, educação e incidência política.

Nossa missão é fomentar um espaço com a presença de pessoas interessadas em proteínas alternativas, tais como pesquisadores, estudantes, membros de empresas e startups, representantes do poder público e de organizações não governamentais, etc. e para iniciar as atividades da comunidade, neste primeiro momento, lançamos o grupo Informes GFI Brasil, dedicado ao envio semanal das informações já mencionadas. Temos o propósito de compartilhar conhecimento para tentar solucionar o gap de informações sobre proteínas alternativas no Brasil, visando alcance ágil de conteúdos que fomentam a colaboração e geram oportunidades aos interessados no segmento.

Clique aqui para acessar a Comunidade GFI Brasil e ficar por dentro de tudo o que será compartilhado no grupo Informes GFI Brasil. Sigamos juntos para promover um sistema alimentar mais seguro, justo e sustentável. 

Naturaltech 2024: confira alguns dos principais lançamentos da feira!

 

O GFI Brasil marcou presença na 18º edição da BIO BRAZIL FAIR/Naturaltech, a maior feira de negócios do mercado de Produtos Naturais da América Latina, que aconteceu do dia 12 ao 15 de junho, em São Paulo. O evento foi palco de lançamentos de inúmeros produtos das principais marcas do setor, que trouxeram mais inovação, saudabilidade e sabor para seus portfólios. Confira alguns dos que em breve estarão no mercado:

 

 

A Nude fez o pré-lançamento dos Cereal Balls de aveia nos sabores chocolate e baunilha. Com 9g de proteínas e 5g de fibras, o produto é upcycled, já que é feito com os resíduos da aveia do processo de filtragem dos leites vegetais da marca.

 

O produto estará disponível em breve.

 

 

A Inédito Foods, nova marca da Lowçucar, apresentou uma linha de carnes vegetais em pó, para serem preparadas em casa, misturando água e óleo. O portfólio conta com carne moída, quibe, almôndegas, hambúrguer e escondidinho plant-based.

 

Confira os produtos aqui.

 

 

 

 

Já a Plant Pro Foods inovou trazendo uma linha de carnes vegetais em lata prontas para consumo. Com 15g de proteína e 2,4g de creatina, os produtos vêm nos sabores frango teriyaki, pulled pork barbecue, atum com batata doce e carne ao molho acebolado.

 

Veja mais sobre os produtos aqui.

 

 

 

A A Tal da Castanha adicionou um condensado de castanha de caju à linha “Cremeria”. Além disso, a marca também levou para a feira o Choconuts Zero, achocolatado com apenas 7 ingredientes e sem adição de açúcares e as famosas pastas de castanha de caju no sabor original e cacau.

 

Confira mais aqui.

 

 

A Vateli lançou 3 novas versões da “Planteiga”, manteiga vegetal que foi eleita o melhor produto do ano pela Naturaltech 2023. Feita de palmito de pupunha e castanha de caju, a linha agora conta com os sabores mostarda e mel, beterraba com camu-camu e limão com ervas finas.

 

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A Naveia apresentou uma linha de bebidas protéicas:  com o slogan “mude o mundo na força do movimento”, os shakes têm 16g de proteína e vêm nos sabores banana com amendoim, jabuticaba, vitamina de frutas e chocolate. Outra novidade da marca é o novo leite vegetal “extra”, parecido com a versão barista, denso e cremoso, mas sem a funcionalidade de espumar.

 

Os produtos estarão disponíveis em breve.

 

 

 

A Beba Possible aproveitou a feira para apresentar seu novo posicionamento de marca e o novo sabor do seu leite vegetal à base de castanha de caju. Agora, a linha conta com o sabor morango, além do original e cacau.

 

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A Queijos da Terra lançou uma linha de queijos vegetais cremosos. À base de castanha de caju, os queijos de potinho vêm nos sabores tomate seco e orégano, goiabada, castanha de caju defumada, macadâmia trufada e azeitona preta.

 

Confira os produtos aqui.

 

 

 

Já a Sora Alimentos adicionou vários itens ao portfólio da marca, que já conta com mais de 20 opções de proteínas plant-based. Entre eles estão o atum e a bolonhesa vegetal, que não precisam de refrigeração, as novas fórmulas dos queijos ralados,, a manteiga com sal, a, a maionese e os snacks “crispy protein”, com 6g de proteína por pacote.

 

Veja mais sobre os lançamentos aqui.

 

 

 

 

 

A Yorgus apresentou seus leites vegetais “Aveya”: de textura aveludada, cremoso e fonte de fibras e cálcio, os produtos estão disponíveis na versão original e leve.

 

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Opinião: não é correto afirmar que proteínas vegetais estão associadas a doenças cardiovasculares

Artigo sobre ultraprocessados que repercutiu na mídia induz ao erro e gera desinformação

Nos últimos dias, um estudo publicado pela revista científica The Lancet trouxe à tona discussões sobre o impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde. Feito por pesquisadores do NUPENS (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde) da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com o Imperial College London e a IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer), o estudo tem sido amplamente divulgado por veículos de mídia nacionais e internacionais, inclusive com manchetes em grandes jornais. Como uma organização filantrópica sem fins lucrativos, nós sempre defenderemos a liberdade de imprensa e consideramos imprescindível que os assuntos de utilidade pública sejam abordados com o objetivo de informar e dar subsídios para que os cidadãos e cidadãs tenham condições de fazer escolhas que se adequem aos seus valores e objetivos de vida. É crucial, portanto, que discussões sobre a alimentação e saúde pública sejam baseadas em dados, evidências e estudos científicos robustos para não gerar desinformação, pânico, e, neste caso, descredibilizar uma indústria de alimentos que se propõe a criar um sistema alimentar mais positivo para as pessoas e o planeta.

Neste artigo, buscamos contribuir com a discussão, trazendo novos pontos de vista através outros estudos que se contrapõem aos abordados no estudo em questão e fornecendo uma perspectiva mais ampla sobre os alimentos vegetais análogos à carne:

O estudo investigou o impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde, e é importante destacar que os alimentos vegetais análogos à carne representaram uma fração extremamente pequena (0,2%) da ingestão total de calorias da dieta dos participantes do estudo. Os principais grupos de alimentos vegetais  ultraprocessados  que contribuíram com a maior parte das calorias foram pães industrializados embalados (9,9%), tortas, pães e bolos (6,9%),  biscoitos (3,9%), margarina e outros spreads (3.3%), salgadinhos industrializados (2.8%), produtos de confeitaria (2.7%), cereais matinais (2.7%) e refrigerantes e bebidas e sucos de frutas (2%). Carnes ultraprocessadas de origem animal representaram 2,8% das calorias consumidas, e somando os produtos lácteos de origem animal, esse número sobe para 8,8%. 

É do conhecimento comum que pães, biscoitos, salgadinhos, bolos, doces e refrigerantes devem ser evitados na dieta do dia a dia, então este estudo não trouxe nenhuma surpresa, porém algumas manchetes na mídia nacional e internacional que extrapolaram os resultados para sugerir que a carne vegetal, que representou apenas 0,2% das calorias consumidas pelos participantes do estudo, acarreta no aumento dos riscos para à saúde.

Portanto, associar os resultados desse estudo diretamente aos alimentos vegetais análogos à carne é um equívoco que pode levar a conclusões inadequadas.

Em resposta ao estudo, especialistas em nutrição e dieta da Science Media Culture fizeram um excelente trabalho ao esclarecer os problemas com a cobertura da mídia, bem como algumas falhas na metodologia do estudo, ambas podendo levar a mais confusão entre os consumidores. Os especialistas expressaram preocupação com a abordagem da imprensa sobre o estudo, observando que ela poderia dar a falsa impressão de que alimentos vegetais análogos à carne estão associados ao risco de doenças cardiovasculares. Segundo o nutricionista Dr. Duane Mellor, “Isso não é o que o artigo mostra”.

Os resultados do estudo indicam que uma maior ingestão de alimentos vegetais não ultraprocessados pode reduzir riscos de doenças cardiovasculares. Sugerem também que o grau de processamento dos alimentos deve ser um critério de escolha de alimentos e que a relação entre a contribuição dietética das carnes brancas (todos os alimentos, exceto carne vermelha) e o risco de doenças cardiovasculares depende do grau de processamento dos alimentos.

Diante das conclusões do estudo publicado na revista The Lancet  e deixando claro que não há dados suficientes para associar os alimentos vegetais análogos à carne aos riscos de doenças cardiovasculares pela ínfima contribuição desses alimentos na dieta da população avaliada, trazemos mais elementos a essa discussão de ultraprocessados, no qual um estudo inédito, recém publicado na Current Research in Food Science concluiu que a classificação NOVA, que  utiliza o grau de processamento para definir se os alimentos são ultraprocessados ou não, não foi capaz de diferenciar efetivamente os alimentos vegetais análogos à carne com baixa qualidade nutricional (alto teores de sódio,  gordura saturada  e calorias) dos de boa qualidade nutricional (os que contém fibras, proteínas e gordura e sódio dentro dos limites aceitáveis). 

O estudo foi realizado a partir da avaliação das informações nutricionais de rotulagem de 349 alimentos vegetais análogos à carne comercializados no Brasil, tais como hambúrgueres, almôndegas, empanados, embutidos, kibe, kaftas, salsicha, linguiça, mortadela, bacon, entre outros. Para avaliar a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne, diferentes indicadores foram utilizados, entre eles o NutriScore, a classificação NOVA e o Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA. Os resultados do estudo demonstraram que a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne foi melhor representada por indicadores como NutriScore e Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA do que pela NOVA. De acordo com os resultados, tem-se que  (i) 80%  dos alimentos vegetais análogos à carne foram consideradas de boa qualidade comparado com apenas 19% das de origem animal pelo NutriScore, (ii) 68% como de boa qualidade nutricional, comparado com 20% dos de origem animal pela RDC 429/2020 (ANVISA) e (iii) 73% como ultraprocessado, comparado 92% dos de origem animal pela NOVA.

O fato de ambos os produtos de origem animal e vegetal se classificarem como ultraprocessados, mas terem resultados diferentes nos outros indicadores de qualidade nutricional, demonstra que o conceito de ultraprocessado não representa adequadamente os atributos de qualidade nutricionais dos alimentos vegetais análogos à carne. Assim, mesmo sendo classificado como ultraprocessado, em função do grau de processamento de seus ingredientes, os alimentos vegetais análogos à carne  se diferem nutricionalmente dos demais alimentos ultraprocessados, sejam de base vegetal ou animal (alimentos que foram alvo do estudo mencionado na reportagem publicado na revista The Lancet). Portanto, não é adequado classificar e avaliar a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne da mesma forma que são classificados e avaliados os ultraprocessados. 

Colaborando com isso, vários outros estudos indicam que substituir carnes de origem animal por alternativas vegetais pode ter benefícios significativos para a saúde: um estudo de Stanford de 2020 observou resultados positivos em termos de saúde cardiovascular quando os participantes substituíram carne bovina por carne à base de plantas; um artigo de revisão publicada na Future Foods em 2022 relatou que a substituição da carne animal por carnes vegetais análogas traz benefícios à saúde.

Assim, pode-se dizer que os alimentos vegetais análogos à carne podem contribuir favoravelmente para uma dieta balanceada e saudável, principalmente quando considerados como substitutos diretos das carnes de origem animal, e somados à uma dieta rica em macro e micronutrientes, além de hábitos de vida mais saudáveis. 

Nosso posicionamento

O The Good Food Institute acredita que é essencial continuar estudando os impactos na saúde dos alimentos vegetais análogos para produtos animais convencionais, e esperamos ver mais pesquisas sobre este assunto que analisem especificamente os alimentos vegetais análogos à carne, em vez de agrupá-los em uma categoria maior de alimentos ultraprocessados.

Incentivamos todos a olhar para a ciência e os dados validados ao considerar suas escolhas alimentares. Sabemos que a inovação tem seus desafios e seus inimigos. É muito comum ao longo da história que novas tecnologias tenham seus impactos, benefícios e resultados distorcidos quando são medidos e analisados por réguas antigas. Essas réguas não estão erradas, apenas não descrevem bem inovações que fogem ao escopo de sua definição original. Os alimentos vegetais análogos não são apenas uma alternativa saudável, mas também uma resposta necessária aos desafios ambientais e de saúde pública que enfrentamos. 

O GFI permanece comprometido em fornecer informações baseadas em evidências e apoiar a mídia na elaboração de notícias que contribuam para o debate público sobre saúde, sustentabilidade e os desejos do consumidor.

GFI Brasil defende financiamento para proteínas alternativas na Conferência sobre Mudanças Climáticas em Bonn, na Alemanha

Entre os dias 3 e 13 de Junho, o The Good Food Institute participou da Conferência sobre Mudanças Climáticas em Bonn (SB 60), evento que pauta os principais assuntos que serão foco da COP 29, que acontece no final do ano em Baku, no Azerbaijão. Com foco nas questões científicas e técnicas das negociações climáticas e na implementação de acordos sobre o clima, a SB 60 possibilita que os observadores da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Clima (UNFCCC) – como o The Good Food Institute – participem ativamente das discussões e interajam pessoalmente com delegados de todo o mundo. 

“Assim como no ano passado, participamos da Conferência de Bonn para debater os impactos dos sistemas alimentares no clima, demarcar a importância das proteínas alternativas como estratégia de mitigação e adaptação climática, e defender mais financiamento para que o Sul Global desenvolva as suas próprias ações no tema”, explicou Mariana Bernal, analista de Políticas Públicas do GFI Brasil.

Para isso, o GFI promoveu um evento paralelo em parceria com a Aliança para a Biodiversidade Internacional e CIAT, Proveg International, Coller Foundation (JCF), Humane Society International (HSI) e Changing Markets Foundation (CMF), a fim de apresentar os desafios e as oportunidades na transformação dos sistemas alimentares globais, a partir da diversificação das fontes de proteínas. O tema foi conduzido por especialistas da Humane Society International Brazil (HSI), Changing Markets Foundation (CMF), Boston Consulting Group (BCG) e YOUNGO.

“Pudemos acompanhar as negociações da agricultura e nos informar sobre as propostas de governos e sociedade civil  para que nos mantenhamos dentro da meta do 1.5ºC. Nos eventos que participamos, apresentamos caminhos para a criação de políticas e estratégias de desenvolvimento sustentável, inclusivo e que reduzam o impacto da produção de alimentos sobre o clima”, resume Mariana Bernal.

Outras áreas de progresso em Bonn incluem:

Nova Meta Quantificada Coletiva sobre Financiamento Climático: Simplificação do conteúdo para a Nova Meta Quantificada Coletiva sobre Financiamento Climático. Opções claras e a estrutura substantiva de um projeto de decisão devem ser finalizadas antes da COP29. Também foi realizado um diálogo de especialistas técnicos para garantir que a Nova Meta seja ambiciosa, bem estruturada, relatada de forma transparente e melhore a qualidade do financiamento climático para os países em desenvolvimento.

Indicadores de Adaptação: Partes tomaram medidas para indicadores de adaptação que sejam prospectivos, eficazes e cientificamente sólidos.

Mercado Internacional de Carbono: Progresso foi feito em direção a um mercado de carbono internacional com melhor funcionamento, mas ainda há trabalho a ser feito.

Transparência e Planos de Ação Climática: Partes trabalharam juntas pela transparência e se apoiaram mutuamente no planejamento de planos de ação climática mais fortes.

Progresso na Construção de Resiliência e Adaptação: As Partes concordaram com medidas para o Objetivo Global de Adaptação, que cria metas temáticas que destacam as prioridades globais voltadas para o futuro.

Foram feitos progressos nos indicadores para cada uma dessas metas temáticas, que serão inclusivos, transparentes e cientificamente sólidos. A UNFCCC pede que os países desenvolvam Planos de Adaptação Nacional (NAPs) até o final de 2025 e implementem-nos até 2030.

Progresso Feito nos Mercados Internacionais de Carbono sob o Artigo 6: Foram feitos avanços importantes em aspectos técnicos do Artigo 6, incluindo autorização de créditos de carbono, escopo de atividade, registro internacional de mercado de carbono e muito mais. Um workshop adicional será realizado para aprofundar o trabalho técnico sobre o Artigo 6 antes de novembro.

Aumentando a Transparência: A nova presidência da COP solicitou que as Partes enviem seus Relatórios Bienais de Transparência (BTRs) antes da COP29 em Baku.

Novos kits de ferramentas de relatório do Marco de Transparência Aprimorado serão entregues em breve.

Serão realizados treinamentos sobre as novas ferramentas de relatório antes da COP29.

Aumentando a Ambição nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs): As Partes devem entregar sua próxima rodada de NDCs no início do próximo ano, alinhadas com o limite de 1,5 °C e cobrindo todos os setores e gases de efeito estufa. Foi lançado o NDC 3.0 Navigator para ajudar as Partes a desenvolver novas NDCs com foco na implementação.

Outros Assuntos e Eventos:

GFI Brasil na SB60 em Bonn: Promovendo a diversificação de proteínas e o financiamento climático

O GFI foi representado por dois especialistas em políticas durante o evento em Bonn. Na primeira semana, Sam Lawrence, Vice-Presidente de Políticas Públicas do GFI Ásia, trouxe uma visão global para as discussões. Já na segunda semana, Mariana Bernal, Analista de Políticas Públicas do GFI Brasil, assumiu a liderança, focando em questões cruciais para o Sul Global. A participação em Bonn foi marcada por um evento paralelo oficial e uma coletiva de imprensa que destacaram a importância da diversificação de proteínas e do financiamento climático para um futuro alimentar sustentável.

GFI Brasil no IBITI Vegan Festival 2024

A 2ª edição do IBITI Vegan Festival aconteceu entre os dias 23 e 26 de maio, no Ibiti Projeto. Evento promovido pela Naveia, que teve 4 dias de duração, juntou gastronomia, arte, musica e contou com a presença de pessoas envolvidas com o setor de proteínas alternativas, dentre eles, chefs de cozinha, representantes do setor privado, nutricionistas, organizações, jornalistas, influencers e a Gerente de Desenvolvimento do GFI Brasil, Ana Carolina Rossetini, que foram convidados para conhecer o projeto, refletir sobre como podemos manter nossos hábitos ao mesmo tempo que respeitamos a natureza e o meio ambiente.

Com uma programação carinhosa e cuidadosamente planejada para aguçar nossos paladares e sentimentos, contou a realização de meditação, de trilha do circuito das águas, visitando as cachoeiras da região, com refeições feitas por chefs como Gigi Vilela, Thiago Medeiros, Pri Herreira, Dani Rosa, Mari Marola e Leo Kazuya que prepararam cardápios que traduziam a cultura local ao mesmo tempo que imprimiam sua originalidade, saudabilidade e sustentabilidade, com refeições 100% veganas produzidas com muito leite Naveia e ingredientes produzidos pela comunidade, plantadas e colhidas nas áreas reflorestadas. Verdadeiros banquetes, cheios de cores, aromas, sabores, muito amor e respeito às tradições, natureza e meio ambiente. 

A Ana Carol, do GFI Brasil, participou de um bate-papo com a temática “5 mitos sobre alimentação e seu impacto ambiental”, dividindo a condução da discussão com a nutricionista Ale Luglio, momento em que pôde contribuir apresentando a percepção do GFI. As discussões realizadas durante o evento incluiram as novidades do setor e cases brasileiros do mercado plant-based. Nesse sentido, o maior ganho para o segmento das proteínas alternativas foi a possibilidade de refletir coletivamente sobre as questões relacionadas aos avanços do setor e os principais desafios de levar a discussão alimentar para os grandes foruns mundiais. Por esta oportunidade, o GFI Brasil agradece imensamente a Naveia, ao IBITI projeto, e a Comununiversidade pela oportunidade de poder contribuir neste fórum de discussões.

Sobre o IBITI Projeto: Com 42 anos de existência, localizado no Parque Estadual do Ibitipoca, em Minas Gerais, numa região marcada pela produção de leite, encontra-se os esforços de reflorestar e refaunar terras degradadas pelo pasto, em quase sua totalidade, que foram abandonadas por conta das dificuldades em manter o transporte do leite e pela falta de perspectiva da economia de subsistência. Hoje o projeto tem mais de 6 mil hectares, repletos de morros cobertos por espécies de Mata Atlântica, com áreas pontuais de produção agrícola e algumas construções, que viabilizaram o turismo regenerativo e com a realização de ações de retomada da atividade econômicas.