Conheça as duas linhas de financiamento e envie a sua proposta até o dia 16 de junho de 2024
O GFI Brasil está lançando a chamada para Estudos Direcionados de 2024, que são publicações técnicas feitas por meio da colaboração do GFI Brasil com uma universidade, empresa ou instituto de pesquisa. Essas publicações são elaboradas para analisar e discutir a ciência das proteínas alternativas com foco na aceleração do desenvolvimento tecnológico, suporte a uma regulação baseada em evidências e para melhorar a textura, sabor, preço ou sustentabilidade dos produtos. Para a execução dos Estudos Direcionados os proponentes devem enviar uma proposta técnico-financeira para elaboração das entregas solicitadas na chamada correspondente.
As duas linhas de financiamento deste ano são oportunidades únicas para instituições e profissionais interessados em contribuir para o futuro da produção de alimentos no Brasil. Veja abaixo os detalhes de cada chamada:
Estudo da Qualidade de Alimentos Produzidos por Cultivo de Células
A proposta do estudo é gerar dados científicos e fornecer insights que possam apoiar a regulação e as aprovações de produtos cultivados, além de contribuir para a garantia de produção e desenvolvimento seguros desses alimentos. Esses dados serão fundamentais para subsidiar futuras ações que impactarão diversos setores, incluindo legisladores, reguladores, empresas, professores e pesquisadores.
Para isso, as propostas de execução do projeto deverão se concentrar em dois objetivos principais:
O estudo terá um prazo de execução de um ano e as propostas podem ser enviadas até o dia 16 de junho de 2024.
Para mais detalhes e orientações sobre a submissão de propostas, consulte o edital completo aqui.
Estudo para Identificar Rotas Tecnológicas para Obtenção de Proteínas de Feijão com Aspectos Sensoriais e Nutricionais Melhorados
Um dos pilares da biodiversidade brasileira, o feijão já é reconhecido por seu valor nutricional e econômico: por isso, agora, queremos levá-lo a novos patamares, aprimorando suas características para melhor atender ao mercado de alimentos plant-based. O principal objetivo deste edital é:
O projeto será dividido em cinco etapas e terá um prazo de execução de até 18 meses. As propostas podem ser submetidas até o dia 16 de junho de 2024.
Para mais informações sobre os requisitos de submissão e detalhes do estudo, consulte o edital completo aqui.
As propostas de ambos os projetos podem ser submetidas até o dia 16 de junho de 2024 e os resultados serão divulgados no dia 24 de junho. As propostas técnico-financeiras devem ser enviadas em formato PDF para ciencia@gfi.org e devem contar com um cronograma detalhado, previsão de custos para cada etapa, a metodologia proposta e o currículo da equipe envolvida. As informações completas estão disponíveis nos links dos respectivos editais acima.
Insetos são animais e, além de carregarem os mesmos desafios éticos da criação de outros seres vivos para consumo, também apresentam ineficiência de produção, risco de doenças infecciosas e riscos ambientais.
Por Gustavo Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil
Recentemente, o programa Globo Repórter da TV Globo exibiu uma reportagem muito interessante sobre tecnologias alimentares já conhecidas e outras que estão em pleno desenvolvimento, com potencial de criar um sistema alimentar mais sustentável. Passando por iniciativas relacionadas à redução do desperdício, PANCS e proteínas alternativas obtidas por fermentação, cultivo celular e feitas de plantas, um dos quadros também trouxe a utilização de insetos para alimentação humana.
Como presidente do The Good Food Institute Brasil, uma organização que apoia o desenvolvimento de proteínas alternativas, quero esclarecer porque nossa organização não endossa o desenvolvimento da cadeia de alimentos a partir de insetos e como ela se compara às tecnologias do nosso setor.
Insetos: animais, não alternativas
A inclusão de insetos como uma opção de proteína não está alinhada com a nossa missão de buscar alternativas aos produtos de origem animal, devido aos desafios éticos similares aos enfrentados na criação de animais para abate, como a questão do bem-estar animal e da moralidade de utilizar seres vivos para consumo.
Aceitação do consumidor
O nosso setor trabalha para entregar alimentos que já façam parte da cultura e dos hábitos alimentares das pessoas, produzidos com tecnologias mais adequadas socioambientalmente. Os alimentos com os quais trabalhamos têm uma alta aceitação pelos consumidores, que estão cada vez mais interessados em experimentá-los e incorporá-los em suas dietas. Já a aceitação do consumo de insetos é notoriamente baixa.
Apesar de serem consumidos em algumas regiões da Ásia, África e América do Sul, na Europa, por exemplo, apenas 10% da população estaria disposta a experimentar insetos, de acordo com uma pesquisa da Organização Europeia de Consumidores. Isso porque boa parte da população não associa insetos com comida, mas com algo grotesco ou que pode fazer mal à saúde. Além disso, uma pesquisa da universidade Imperial College London, no Reino Unido, indica que o desenvolvimento dessa indústria visa atender, majoritariamente, o mercado de países em desenvolvimento. A alegação é de que em países mais ricos, como os europeus, raramente há falta de nutrientes na dieta. O impacto global de qualquer fonte alimentar depende diretamente da sua aceitação pelo consumidor: se as pessoas não aceitarem o inseto como alimento, seu impacto no mundo será sempre limitado.1
Substituição da carne
Sempre que vemos apresentações sobre os benefícios socioambientais do consumo de proteínas alternativas e de insetos, há comparação com a carne. Ambas podem, sim, ser fruto de uma produção mais eficiente do que a carne animal, mas essa comparação só é verdadeira se uma estiver substituindo a outra. Se o consumidor deixar de comer carne animal para comer carne vegetal, haverá um benefício para a sustentabilidade. A questão é que os alimentos vindos de insetos não possuem essa proposta, uma vez que são snacks, barrinhas de proteína e suplementos, por exemplo.
A melhor proposta comercial para insetos é moê-los para transformá-los em pó e incluir em alimentos processados. Não existem bons produtos feitos de insetos que realmente se comparam ao sabor, textura, aroma e aparência da carne. Se não há troca, a comparação com a carne deixa de fazer sentido – e os benefícios para a sustentabilidade não se realizam.
Eficiência na produção
Hoje, nós cultivamos grãos para alimentar animais para consumo em uma taxa extremamente ineficiente. Os dados mostram que 83% das terras aráveis do planeta produzem menos de 20% das calorias consumidas2. São grandes áreas de soja, milho e outros grãos que alimentam os animais e não a população diretamente. Para cada caloria que alguém consome da carne de vaca, cerca de 34 calorias foram dadas ao animal ao longo da vida, o que representa um desperdício desproporcional das calorias produzidas pelo sistema de alimentação3: a produção mais eficiente, de frango, tem taxa de conversão de 8:1, por exemplo.
Enquanto isso, as proteínas alternativas permitem que você coma o vegetal diretamente, sem ser processado anteriormente por um animal. Não é o mesmo para insetos, que também se alimentam para gerar calorias depois. Estudos indicam que os insetos produzidos para a alimentação humana podem ter conversão tão ineficiente quanto a carne de frango4, variando de 4:1 a 9:1 na proporção de alimento consumido versus peso no abate. Vale destacar também que os insetos que se alimentam de resíduos não podem ser utilizados para consumo humano, como muitas vezes somos levados a crer5.
Riscos ambientais
A eficiência de produção está diretamente ligada à emissão de gases, uso de água e de terras. Por isso, todas as tecnologias de proteínas alternativas são mais sustentáveis do que os alimentos que substituem. Como demonstrado acima, o caso dos insetos não é tão claro. Ao mesmo tempo, a produção de insetos agrega novos riscos ambientais: se uma construção que abriga quantidades massivas desses animais for danificada por um acidente ou um evento climático, por exemplo, milhares de insetos exóticos, com um alto potencial de destruição e desequilíbrio, poderiam ser liberados na natureza.
Recentemente, problemas causados por nuvens de gafanhotos foram manchetes globalmente6. Além disso, ainda não existem regulamentações sobre o manuseio de insetos e eles costumam ser transportados de forma manual, seja para fins de pesquisa ou produção de alimentos. Em geral, insetos vivos são transportados em carros comuns, dentro de bandejas ou caixas. No caso de um acidente automobilístico, eles seriam liberados no meio ambiente, com um potencial imensurável de gerar um desastre ecológico.
Riscos de saúde global
Muitas das produções de insetos ainda utilizam grandes quantidades de antibióticos, assim como qualquer outra produção animal. Esse fato colabora para a formação de bactérias resistentes, com potencial de afetar a saúde humana. Ao mesmo tempo, os insetos também são vetores dos vírus, trazendo um risco adicional.
Sabemos que os animais em produção são um grande risco de saúde para a humanidade: a OMS alerta que 60% das novas doenças infecciosas são de origem zoonótica, ou seja, vem dos animais7, como a gripe aviária e a suína, que têm aparecido nos jornais. Isso acontece mesmo considerando que a taxa de transmissão de doenças entre animais de criação e humanos é baixa.
As proteínas alternativas, por sua vez, oferecem zero risco de formação de novas infecções. Já com os insetos, a situação é muito diferente: na verdade, a taxa de transmissão de doenças entre insetos e humanos é muito maior do que entre nós e os animais vertebrados8. Basta pensar em quantas doenças têm insetos como vetores9: esse é o risco adicional que sofreremos com as grandes fazendas de insetos10.
Priorizando alternativas sustentáveis e éticas
Embora o uso de insetos como uma forma de proteína possa ser explorada para outros fins, como alimentação animal, é pouco provável que se estabeleçam como uma opção significativa na dieta humana. Em contraste, as proteínas derivadas de vegetais, fermentação e cultivo celular estão avançando rapidamente, com uma aceitação crescente por parte dos consumidores e impactos socioambientais cada vez mais positivos. Essas tecnologias permitem replicar a experiência sensorial dos produtos de origem animal sem os problemas éticos e ambientais associados à produção de proteína animal e são um movimento plausível e previsto pela maioria das consultorias de mercado.
Nossa missão é clara: promover soluções alimentares que sejam não apenas sustentáveis, seguras e eficientes, mas também éticas e que possam ser adotadas pelo maior número possível de consumidores. É por isso que continuaremos a apostar nas proteínas alternativas como solução para o futuro da alimentação.
Em 2023, o consumo de substitutos vegetais de carnes e frutos do mar atingiu novos patamares no Brasil, com as vendas no varejo alcançando R$1,1 bilhão, um aumento de 38% em relação ao ano anterior. O volume de produtos vendidos (toneladas) também cresceu substancialmente, com um aumento de 22%. Já o mercado de leites vegetais apresentou um crescimento de 9,5%, com vendas totalizando R$673 milhões.¹
Em 2022, os substitutos vegetais para carne e frutos do mar já haviam demonstrado um crescimento significativo de 42%, alcançando R$821 milhões em vendas. Os leites vegetais também cresceram 15%, atingindo R$612 milhões.
Voltando a 2021, o crescimento foi igualmente promissor, com um aumento de 30% nas vendas desses substitutos comparado a 2020. Nessa época, a Euromonitor já previa que o setor poderia ultrapassar os US$425,3 milhões em vendas até 2026 (aproximadamente 2,2 bilhões de reais na cotação atual) – e os dados mais recentes indicam que estamos no caminho certo para superar essas expectativas.
Para saber mais sobre os mercados globais de carne cultivada e de alimentos vegetais análogos e obtidos por fermentação, acesse os novos relatórios do GFI “State of The Industry Reports 2023”.
Veja uma prévia das principais análises que você vai encontrar nos relatórios:
Acesse os relatórios na íntegra para se aprofundar nas análises e estar atualizado sobre tudo que vem acontecendo no setor globalmente!
1.”Euromonitor International Limited, Fresh Food 2024, retail value RSP incl sales tax, US$, fixed 2023 exchange rate, constant terms. © 2023 The Good Food Institute, Inc.
O Nutri Ingredients Summit é o maior e mais completo evento focado em saudabilidade do país e o The Good Food Institute Brasil é um dos parceiros oficiais da iniciativa.
Em sua 4ª edição, que acontece em São Paulo, no Transamérica Expor Center, entre os dias 23 e 24 de abril, o summit promete conectar fornecedores de ingredientes funcionais às indústrias de alimentos, bebidas, suplementos alimentares e farmacêuticos.
Você não pode ficar de fora!
Conecte-se com o GFI Brasil no NIS Application Trends
O NIS Application Trends é uma arena aberta a todos os visitantes, realizada pelos patrocinadores com o objetivo de apresentar lançamentos em ingredientes e demonstrar como podem ser aplicados pela indústria.
Nessa edição, o time de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil vai apresentar cases que visam atribuir ainda mais sustentabilidade aos produtos análogos plant-based.
Confira a nossa programação:
10h30: Proteínas vegetais nacionais com potencial para aplicação em alimentos vegetais análogos
Palestrante: Dra. Ana Carla Sato – Professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos UNICAMP
10h50: Desenvolvimento de ingredientes por fermentação a partir de resíduos (ou subprodutos) de amendoim
Palestrante: Dra. Paula Speranza – Fundadora da ProVerde
11h10: Ingredientes da biodiversidade: perspectivas e desafios
Palestrante: Dra. Luciana Fontinelle – Coordenadora do Programa Biomas do GFI Brasil.
11h30: Mesa Redonda : Ingredientes Vegetais Sustentáveis para Indústria Plant-based.
Mediadora: MSc Cristiana Ambiel – Gerente de Ciência e Tecnologia – GFI Brasil
Participantes: Dra. Ana Carla Sato (UNICAMP), Dra. Paula Speranza (ProVerde) e Dra. Luciana Fontinelle (GFI Brasil).
Serviço:
– GFI Brasil no Nutri Ingredients Summit – NIS 2024
– Dia 23/04, à partir das 10:30 da manhã
– Transamérica Expor Center, na arena Aplications Trends.
End.: Av. Dr. Mário Vilas Boas Rodrigues, 387 – Santo Amaro, São Paulo – SP, 04757-020
Esperamos por vocês!
Se você é um estudante universitário interessado no setor de proteínas alternativas e gostaria de explorar as oportunidades de trabalho únicas que este setor em ascensão oferece, essa oportunidade é pra você!
Lançado em 2020 pelo GFI, o Alt Protein Project é um movimento global, liderado por estudantes visionários como você, que se dedica a promover educação, pesquisa e inovação no campo das proteínas alternativas. Desde a nossa fundação, crescemos de uma rede de cinco universidades para uma comunidade de 53 grupos ativos com mais de 450 membros. Nosso alcance se estende por dezenas de universidades ao redor do mundo – da Suíça ao Japão, passando por Turquia, Portugal, Brasil e Malásia – unindo esforços para gerar impacto significativo e moldar o futuro da alimentação.
Por que participar? A cada ano, mais grupos de estudantes de diversos países unem-se a nós, trazendo uma diversidade de conhecimentos que vão da biologia sintética à ciência da computação e da engenharia mecânica à filosofia. Essa comunidade multidisciplinar possibilita uma vasta troca de ideias com perspectivas culturais variadas, soluções inovadoras e oportunidades únicas de carreira.
Nossos objetivos incluem:
-Educação e Disseminação: Assegurar que o tema das proteínas alternativas seja incluído nos currículos acadêmicos, proporcionando cursos, treinamentos e eventos relevantes.
-Pesquisa Colaborativa: Facilitar a conexão entre pesquisadores e promover estudos colaborativos que ofereçam soluções multidisciplinares.
-Parcerias Estratégicas: Incentivar colaborações entre laboratórios, universidades e o setor privado para acelerar o desenvolvimento de proteínas alternativas.
Se você precisa de mais inspiração para se juntar ao nosso time, o GFI US fez uma reportagem especial com o Alt Protein Project da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que, em seu primeiro ano, já está transformando a educação sobre proteínas alternativas no campus. Graças ao trabalho do grupo, neste ano 24 alunos e docentes começarão a se envolver diretamente com proteínas alternativas, tanto por meio de aulas teóricas quanto técnicas, através do curso “Agricultura Celular com Foco em Carnes Cultivadas”. O curso semestral vai cobrir uma ampla gama de tópicos científicos, palestras sobre o crescente mercado da carne cultivada e componentes interativos como laboratórios sobre cultura de células, impressão 3D, além de um concurso competitivo de pitching, onde os alunos desenvolverão suas ideias de startup e as apresentarão a um painel dos principais interessados da indústria. “Estamos tentando fazer com que os olhos dos alunos brilhem para a carne cultivada” – Jorge Guadalupe, estudante de PhD da UFMG e CEO do Alt Protein Project, ganhador do prêmio “Best Science Slam” na Alemanha pelo seu projeto de carne cultivada apoiado pelo GFI.
Ficou curioso? Dá uma olhada no Instagram dos grupos do APP da UFMG e da UNICAMP para ver tudo que eles estão fazendo!
Não perca esta oportunidade de fazer parte da próxima geração de profissionais que vão transformar o futuro da alimentação!
Como participar? Inscreva-se aqui no Alt Protein Project.
Se você possui alguma dúvida, entre em contato conosco através do e-mail ciencia@gfi.org para mais informações e suporte.
Estamos ansiosos para ter você em nossa comunidade!
Apesar de desafios em todo o cenário macroeconômico, de dinâmica geopolítica, financiamento e infraestrutura, a indústria de proteínas alternativas mostra sinais de resiliência. Especialistas do The Good Food Institute Brasil analisam as previsões do setor que irão impulsionar a próxima onda de desenvolvimento rumo à adoção em massa pelos consumidores.
Em 2024, o mercado de proteínas alternativas vai experimentar transformações significativas, impulsionadas por inovações tecnológicas, mudanças nos padrões de consumo e uma crescente conscientização sobre saúde e meio ambiente. Com base em algumas tendências atuais, podemos antecipar algumas direções que este mercado tomará ao longo do ano.
Aumento na variedade de produtos
A diversidade de produtos à base de plantas disponíveis está prevista para aumentar e passar a atender aos consumidores em todos os momentos de consumo, desde o café da manhã, almoço, jantar e lanches, seja com alimentos com apelo de mais saudabilidade a pratos mais indulgentes. Essa expansão na variedade não só abrange uma gama mais ampla de preferências do consumidor mas também facilita a adoção de alimentos plant-based na dieta diária, tornando-a uma opção viável para um público maior.
Parcerias estratégicas e consolidação do mercado
As parcerias estratégicas entre empresas de alimentos e restaurantes podem contribuir com a expansão da presença de opções plant-based nos cardápios. Esses tipos de parcerias são muito comuns em outros países, onde o mercado está mais maduro, e essas experiências mostram que tais colaborações podem aumentar tanto a acessibilidade quanto a visibilidade dessas alternativas. Além disso, é esperada uma consolidação das marcas, impulsionada por uma demanda do varejo, mantendo nas gondôlas os produtos e marcas que ofereçam a experiência sensorial mais próxima do que o consumidor deseja em termos de sabor, textura e aparência dos alimentos.
Avanço tecnológico
O desenvolvimento tecnológico permanecerá um motor de inovação para o setor, trazendo produtos com melhor desempenho sensorial. Espera-se que as inovações em ingredientes e técnicas de processamento ofereçam experiências de consumo mais satisfatórias ao consumidor. Em particular, ingredientes desenvolvidos através de processos fermentativos podem atrair mais atenção do setor, dada sua capacidade de melhorar o perfil nutricional e sensorial dos produtos.
Maior foco em saudabilidade
Empresas já consolidadas no mercado de proteínas alternativas devem continuar a enfatizar a saudabilidade em seus lançamentos e relançamentos. Formulações que atendam à demandas por menos colesterol, sódio, e gordura, assim como a inclusão de ingredientes naturais e familiares aos consumidores, serão cada vez mais comuns. Este foco na saúde reflete uma resposta direta às preocupações do consumidor e uma tentativa de alinhar produtos plant-based com expectativas de benefícios para a saúde e bem-estar.
Preço
A questão do preço continua sendo central, com a indústria se esforçando para tornar os produtos à base de plantas mais acessíveis. Isso passa por mais investimentos em cadeias locais de suprimentos, desenvolvimento de novos ingredientes e processos, além de esforços contínuos para reduzir os custos de produção e logística. Tais iniciativas são essenciais para igualar ou pelo menos aproximar a faixa de preço dos produtos plant-based com a de seus análogos de origem animal, tornando-os uma opção viável para uma gama mais ampla da população.
Desafios para o setor
Apesar das previsões otimistas, o setor enfrenta desafios significativos relacionados aos pontos citados acima: a) conquista de mais consumidores: a adoção de alimentos à base de plantas na dieta é uma dúvida para muitos, especialmente quando consideramos as preocupações sobre a saudabilidade e a percepção nutricional em torno dos alimentos plant-based; b) comparação do preço desses produtos com os de origem animal: é imprescindível encontrar o equilíbrio entre os custos de produção e o poder de compra da população, que enfrenta os efeitos da inflação – inclusive no setor alimentício. As empresas do setor precisam trabalhar para fechar essa lacuna, mostrando que é possível oferecer opções plant-based que não sejam apenas competitivas em preço e qualidade, mas que também sejam percebidas como nutritivas e benéficas para a saúde.
Avanços regulatórios
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) deve seguir a agenda regulatória sobre produção e rotulagem de produtos plant-based, realizando ao longo do ano audiências públicas para discutir a minuta da Portaria que foi submetida à consulta pública em 2023, e que propõe um marco regulatório para suprir a falta de um regulamento mínimo para produtos análogos de base vegetal.
Além disso, com a inclusão das proteínas obtidas por cultivo celular e fermentação no rol de novos ingredientes e alimentos pela Anvisa no final do ano passado, por meio da Resolução RDC Nº 839, devemos observar também neste ano o início das discussões regulatórias sobre essas duas tecnologias, capitaneadas pelo MAPA e pela própria Anvisa.
Carne Cultivada e Fermentação
Com a Resolução 839 da Anvisa, que orienta empresas sobre a submissão de produtos e ingredientes para comprovação de segurança e a autorização de uso de novos alimentos e novos ingredientes, é esperado que empresas que já estejam desenvolvendo esses novos alimentos apresentem seus produtos e ingredientes para apreciação da Anvisa. Além disso, também devemos ver mais empresas realizando eventos de degustação e de aplicação de produtos para públicos específicos, como investidores e imprensa. Esses são os primeiros passos para a comercialização dessas novas tecnologias em território nacional, resta agora o Ministério da Agricultura regulamentar as questões de registro de produto, rotulagem e inspeção de unidades de produção, um debate que deve começar a ocorrer já este ano.
“O mercado de plant-based em 2024 deve ser caracterizado por uma maior diversidade de produtos, consolidação de marcas, parcerias estratégicas, avanços tecnológicos, um foco renovado na saudabilidade e esforços contínuos para tornar os produtos mais acessíveis. Os avanços regulatórios alcançados no final de 2023 demonstram que o Brasil está se alinhando ao resto do mundo no entendimento de que esse setor vai evoluir rapidamente e que é necessário criar padrões técnicos rígidos para que produtos inovadores possam começar a ser produzidos no país. Este também é o ano que produtos feitos com tecnologias de fermentação e carne cultivada devem chegar ao consumidor. Vamos acompanhar como esses alimentos serão incorporados nos hábitos alimentares do brasileiro”. – Raquel Casselli, diretora de engajamento corporativo do GFI Brasil.