Indústria de proteínas alternativas (2021)

O desenvolvimento do setor de proteínas alternativas se deu de forma semelhante tanto no Brasil quanto em outros países onde hoje ele também é bem estabelecido. A inovação se deu de forma incipiente através da primeira geração de produtos, que buscavam oferecer alternativas aos produtos de origem animal sem mimetizá-los, como hambúrgueres de soja, proteína texturizada de soja (PTS) e leites vegetais. O mercado internacional contava com empresas como a Tofurky, fundada em 1980 e a MorningStar Farms, estabelecida em 1975. Elas eram as principais responsáveis por abastecer o mercado norte-americano com produtos vegetarianos e eram conhecidas como produtoras de alternativas à carne nas gôndolas de varejo nos Estados Unidos. No mercado brasileiro existiam atores estabelecidos há tempo significativo, como a Superbom que iniciou suas atividades em 1944.

 

Alcançar grupos de consumidores com perfis diferentes foi o divisor de águas na evolução do setor. Para conquistar essa nova parcela de consumidores, o mercado apostou no desenvolvimento de análogos vegetais com gosto, sabor e textura semelhantes aos da carne. Os novos produtos foram muito bem recebidos pelo público e o mercado internacional recebeu uma avalanche de lançamentos em 2017, quando a norte-americana Beyond Meat lançou a Beyond Sausage, aumentando seu portfólio de produtos que já contava com o Beyond Chicken e o Beyond Burger. A Impossible Foods havia lançado o seu Impossible Burger pouco antes disso, em meados de 2016. Essa onda de lançamentos conseguiu atenção considerável da mídia e também de investidores renomados como Bill Gates. Percebendo essa movimentação, diversas empresas direcionaram recursos para pesquisa e produção de produtos vegetais análogos a ovos, leite, laticínios e pescados.

 

Focar na experiência final de um grupo maior de consumidores, somado à consequente abundância de investimentos que isso gerou, possibilitou um grande avanço nas tecnologias envolvidas na produção de proteínas alternativas. Ao mesmo tempo, startups de carne cultivada como a Memphis Meats, lançavam os protótipos iniciais da primeira carne produzida em laboratório, sem necessidade de abater nenhum animal.

 

No contexto nacional, o processo de desenvolvimento do mercado e aceitação do consumidor foi similar. Inicialmente, havia uma indústria estabelecida atendendo o público vegetariano com produtos que não se propunham a simular as características da carne. Já era possível sentir um crescimento em demanda por esse tipo de alimento, porém quase todos os atores nesse momento eram pequenas empresas com pouca distribuição. Devido à globalização cultural, notícias sobre novas soluções tecnológicas para a categoria vindas de empresas estrangeiras chegaram ao país. Rapidamente, a indústria local começou a se mover para o desenvolvimento desse novo tipo de produto. Esse momento marcou o início da experimentação de produtos análogos, uma vez que tais alternativas ainda não existiam por aqui.

 

Para o Brasil, 2019 foi o ano em que ocorreram as grandes mudanças. A Fazenda Futuro iniciou suas atividades em maio e apenas três meses depois, já era avaliada em 100 milhões de dólares pela Monashees, um dos fundos de investimento mais respeitados do Brasil. Um investimento desse porte deixa claro o gigantesco potencial desse mercado que ainda é pouco explorado no país, além de agregar valor ao setor como um todo. Quase ao mesmo tempo, a startup Behind The Foods iniciou suas atividades no setor. A Superbom, que já operava no mercado, aumentou seu portfólio de produtos e passou a oferecer uma linha de produtos vegetais análogos aos tradicionais. Dando continuidade a esse movimento de expansão, pouco depois foi lançado o Incrível Burger da Seara Alimentos – que logo se tornou uma linha inteira de produtos, a linha Incrível. Também em 2019, a Marfrig lançou um hambúrguer vegetal em parceria com a rede de _ fast food Burger King e depois anunciou o aumento da sua oferta de produtos vegetais através da marca Revolution. Essa sequência de lançamentos prova que o Brasil é capaz de oferecer soluções no setor de forma rápida e diversificada.  

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