Transformando a Indústria de Carne de Dentro para Fora

The Good Food Institute é focado no uso de mercados e inovação de alimentos para afastar nosso sistema alimentar para longe de produtos de origem animal e direcioná-lo para alternativas de carnes limpas e à base de vegetais.

Sabemos que a carnes limpas e à base de vegetais podem e serão amplamente superiores à carne de origem animal em termos de degradação ambiental, impacto na saúde humana, alívio da pobreza global e tratamento humanitário aos animais.

Dada a ineficiência inerente ao uso de animais de fazenda para converter as colheitas em carne, em escala, a carne à base de vegetais e a carne limpa também serão capazes de reduzir o custo da carne de origem animal. Quando isso acontecer, a indústria de carne será totalmente transformada.

 

É questionável se a indústria de carne atual verá essa transformação como uma oportunidade ou uma ameaça. A termodinâmica básica e a economia tornam a transformação inevitável, mas, uma vez fornecidos os recursos disponíveis aos encarregados, eles podem atrasar significativamente a mudança da pecuária industrial, causando muito mais sofrimento e danos ambientais do que o necessário. Ou eles poderiam abraçar o futuro e acelerar a mudança de forma mais rápida que as startups fariam por conta própria.

 

Embora haja alguma resistência da indústria de laticínios, no geral os sinais têm sido encorajadores. Houve uma aceleração acentuada na tendência de empresas estabelecidas reconhecendo a importância crescente da carne à base de vegetais. Em 1999, a Kellogg adquiriu a Morningstar Farms, que atualmente é a maior empresa de carnes à base de vegetais dos EUA. No ano seguinte, a Heinz-Kraft comprou a Boca e seus nuggets de frango “enganadores”. Em 2014, a Gardein foi comprada pela Pinnacle Foods. No início deste ano, a Nestlé comprou a Sweet Earth.

 

Mesmo no Reino Unido, o gigante conglomerado Monde Nissin Corp. é proprietário tanto da Quorn quanto da Cauldron. Na Alemanha, a Nestlé adicionou o Garden Gourmet ao seu portfólio sem carne.

A própria indústria da carne agora vê a seriedade da situação. A Tyson, maior produtora de carne dos EUA, investiu na Beyond Meat, e o gigante conglomerado de carne Cargill investiu na Memphis Meats.

E como mencionado há poucos dias, a Maple Leaf Foods, a maior produtora de carnes do Canadá, deu sequência a aquisição da Lightlife (a fabricante número um de produtos congelados à base de vegetais, assim como a incrível Gimme Lean) com a compra da Field Roast. Este é mais um sinal de que os mercados, embora não se movam tão rapidamente quanto gostaríamos, podem e reconhecerão uma oportunidade de avançar para opções melhores.

Vimos essa dinâmica pagar grandes dividendos no passado. Foi com a compra da Dean Food, e com a subsequente promoção da Silk, que levou o leite vegetal a popularização. Agora, o leite vegetal tem quase 10% de participação no mercado, enquanto a carne à base de vegetais é de apenas um quarto de 1%.

Imagem: Chase Purdy, Quartz.

Paul Shapiro, autor do novo livro Clean Meat, aponta para uma situação paralela: “Assim como gostaríamos que a BP [British Petroleum] se movesse em direção à energia solar e eólica, deveríamos dar as boas-vindas às empresas de carnes que optam por carnes limpas e à base de vegetais”. Como Diretor Executivo da GFI, Bruce Friedrich escreveu na página de Opinião do Wall Street Journal  após a Tyson ter investido na Beyond Meat, “Espero, do fundo do meu coração, que os outros sigam [o exemplo], criando uma mudança perfeita da carne animal para opções mais saudáveis e mais humanas”.

 

Texto escrito por Matt Ball. Traduzido por Fernanda Onça. Texto original pode ser visto aqui.

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