O The Good Food Institute Brasil celebrou esta semana a parceria firmada entre a multinacional BRF e a foodtech israelense Aleph Farms para o desenvolvimento da carne cultivada brasileira. A colaboração entre as empresas, que conta com o apoio e expertise do GFI Brasil, visa produzir em larga escala, preço acessível e competitividade a carne feita através de células animais para complementar o mercado de proteínas animais. A BRF, que é a segunda maior produtora de aves do mundo, quer oferecer o produto nos supermercados em 2024.
“Esse é um dia importante, não só para o mercado de carnes e de proteínas alternativas, mas também para o agronegócio e o Brasil de maneira mais ampla. É mais um passo que nós damos em direção a uma produção cada vez mais sustentável de carne. A parceria anunciada pela BRF e Aleph Farms para produção e comercialização de carne cultivada no país só reforça o potencial desse setor, que vem crescendo muito nos últimos anos.”, analisa a gerente de engajamento corporativo do GFI Brasil, Raquel Casselli.
Inicialmente, as empresas deverão adaptar a tecnologia de carne cultivada desenvolvida pela Aleph Farms ao gosto dos consumidores brasileiros. Assim que for encontrada uma produção viável, as empresas passarão para a próxima etapa que é construir uma unidade no Brasil. Um dos principais desafios do projeto será criar um produto acessível ao consumidor. O CEO da Aleph, Didier Toubia, disse em entrevista à Bloomberg que espera que a carne cultivada encontre paridade de custo com a carne tradicional mais rapidamente do que a primeira geração de carne feita à base de plantas.
Uma produção comercial a custo competitivo incluiria biorreatores capazes de produzir carne equivalente a 40.000 cabeças de gado em menos de 2 semanas. Isso também permitiria à BRF aumentar a produção rapidamente, caso a demanda cresça depressa.
A parceria com a Aleph Farms faz parte de um plano de expansão mais amplo da BRF que visa melhorar os ganhos da empresa por meio da fabricação de produtos de maior valor agregado. A meta do grupo é mais do que dobrar suas vendas atuais de R$39 bilhões para R$100 bilhões em dez anos.
Como os rivais globais JBS e Tysson Foods, a BRF montou suas próprias marcas de carnes vegetais, enquanto a entrada no mercado de carne cultivada significa um aumento da aposta da empresa em um mercado alternativo promissor. “ A AT Kurney tem uma projeção de que a carne cultivada deve ocupar 35% do mercado global de carnes até 2040, algo em torno de US $630 bilhões, e o Brasil está olhando para essa oportunidade a fim de se tornar líder desse setor. É um dia para celebrar.”, conclui Raquel.