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Novo estudo do GFI Brasil explora o potencial da aplicação de algas em produtos de proteínas alternativas

O GFI Brasil acaba de lançar a publicação técnica “Potencial de Aplicação de Algas em Produtos de Proteínas Alternativas”, trazendo uma contribuição inédita ao cenário nacional. Por ser a primeira publicação do Brasil sobre o tema, ela oferece uma revisão abrangente e detalhada da literatura disponível, contextualizando o leitor sobre a relevância e o potencial das algas no setor alimentar e como ingredientes inovadores na produção de produtos de proteínas alternativas.   Desenvolvido para leitores que estão se familiarizando com o tema e para aqueles que buscam um conhecimento mais aprofundado, o estudo é dividido em duas partes principais: a primeira é dedicada a fornecer uma base sólida sobre o tema, abordando a classificação das algas, métodos de cultivo e coleta, além dos usos alimentares convencionais e questões de segurança alimentar, destacando como as algas podem ser integradas na narrativa das proteínas alternativas.   A segunda parte do estudo explora o potencial nutricional e tecnológico das algas, ressaltando suas propriedades funcionais que as tornam uma fonte promissora de ingredientes para produtos plant-based. Além disso, são discutidos os aspectos de sustentabilidade associados ao uso de algas.   A publicação também identifica diversas oportunidades de pesquisa, incentivando a exploração das algas como ingredientes-chave para a criação de novos produtos no mercado de proteínas alternativas. Ela foi elaborada não apenas para cientistas e pesquisadores, mas também para profissionais do mercado, oferecendo uma visão completa das vantagens tecnológicas, nutricionais e sustentáveis que as algas podem proporcionar. Resultados:   Os resultados apresentados revelam que as algas têm um grande potencial como fonte de proteínas alternativas, com capacidade de contribuir significativamente para a sustentabilidade e diversificação da produção alimentar. Além de seus benefícios à saúde humana, as algas possuem propriedades funcionais e tecnológicas que as tornam uma fonte promissora e versátil para a produção de alimentos mais saudáveis e sustentáveis.   As proteínas são essenciais na formulação de alimentos vegetais análogos à carne, não só pelo valor nutricional, mas também pelas suas funcionalidades tecnológicas. As algas são uma fonte viável de proteínas, com uma composição de aminoácidos essenciais que atende aos requisitos da FAO, comparável a outras fontes como soja e ovo. As microalgas, em particular, podem conter entre 40-60% de proteína (base seca), oferecendo aminoácidos essenciais e propriedades nutricionais e funcionais, como baixa alergenicidade e boa digestibilidade.   Além disso, possuem propriedades físico-químicas ideais para várias aplicações, incluindo solubilidade, emulsificação, geleificação e formação de espuma. Algumas macroalgas podem ser usadas como substitutos do sal em alimentos, ajudando a reduzir o teor de sódio, e seus pigmentos, como carotenos e xantofilas, são amplamente utilizados como corantes na indústria alimentícia.   A produção de algas como fonte de proteínas apresenta várias vantagens em relação a outras fontes vegetais. As algas têm crescimento e produção mais rápidos, maior eficiência fotossintética, baixo consumo de água e não competem por terras aráveis. Além disso, possuem baixo teor de lignina, facilitando a extração, e podem armazenar carbono, contribuindo para uma produção sustentável. Com oceanos e mares cobrindo mais de 70% da superfície terrestre, há um vasto potencial para o cultivo sustentável e a colheita em grande escala de algas. Acesse a publicação

Opinião: Por que não apostamos em insetos como fonte de proteína alternativa

Insetos são animais e, além de carregarem os mesmos desafios éticos da criação de outros seres vivos para consumo, também apresentam ineficiência de produção, risco de doenças infecciosas e riscos ambientais. Por Gustavo Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil Recentemente, o programa Globo Repórter da TV Globo exibiu uma reportagem muito interessante sobre tecnologias alimentares já conhecidas e outras que estão em pleno desenvolvimento, com potencial de criar um sistema alimentar mais sustentável. Passando por iniciativas relacionadas à redução do desperdício, PANCS e proteínas alternativas obtidas por fermentação, cultivo celular e feitas de plantas, um dos quadros também trouxe a utilização de insetos para alimentação humana.  Como presidente do The Good Food Institute Brasil, uma organização que apoia o desenvolvimento de proteínas alternativas, quero esclarecer porque nossa organização não endossa o desenvolvimento da cadeia de alimentos a partir de insetos e como ela se compara às tecnologias do nosso setor.  Insetos: animais, não alternativas A inclusão de insetos como uma opção de proteína não está alinhada com a nossa missão de buscar alternativas aos produtos de origem animal, devido aos desafios éticos similares aos enfrentados na criação de animais para abate, como a questão do bem-estar animal e da moralidade de utilizar seres vivos para consumo. Aceitação do consumidor O nosso setor trabalha para entregar alimentos que já façam parte da cultura e dos hábitos alimentares das pessoas, produzidos com tecnologias mais adequadas socioambientalmente. Os alimentos com os quais trabalhamos têm uma alta aceitação pelos consumidores, que estão cada vez mais interessados em experimentá-los e incorporá-los em suas dietas. Já a aceitação do consumo de insetos é notoriamente baixa. Apesar de serem consumidos em algumas regiões da Ásia, África e América do Sul, na Europa, por exemplo, apenas 10% da população estaria disposta a experimentar insetos, de acordo com uma pesquisa da Organização Europeia de Consumidores. Isso porque boa parte da população não associa insetos com comida, mas com algo grotesco ou que pode fazer mal à saúde. Além disso, uma pesquisa da universidade Imperial College London, no Reino Unido, indica que o desenvolvimento dessa indústria visa atender, majoritariamente, o mercado de países em desenvolvimento. A alegação é de que em países mais ricos, como os europeus, raramente há falta de nutrientes na dieta. O impacto global de qualquer fonte alimentar depende diretamente da sua aceitação pelo consumidor: se as pessoas não aceitarem o inseto como alimento, seu impacto no mundo será sempre limitado.1 Substituição da carne  Sempre que vemos apresentações sobre os benefícios socioambientais do consumo de proteínas alternativas e de insetos, há comparação com a carne. Ambas podem, sim, ser fruto de uma produção mais eficiente do que a carne animal, mas essa comparação só é verdadeira se uma estiver substituindo a outra. Se o consumidor deixar de comer carne animal para comer carne vegetal, haverá um benefício para a sustentabilidade. A questão é que os alimentos vindos de insetos não possuem essa proposta, uma vez que são snacks, barrinhas de proteína e suplementos, por exemplo. A melhor proposta comercial para insetos é moê-los para transformá-los em pó e incluir em alimentos processados. Não existem bons produtos feitos de insetos que realmente se comparam ao sabor, textura, aroma e aparência da carne. Se não há troca, a comparação com a carne deixa de fazer sentido – e os benefícios para a sustentabilidade não se realizam. Eficiência na produção Hoje, nós cultivamos grãos para alimentar animais para consumo em uma taxa extremamente ineficiente. Os dados mostram que 83% das terras aráveis do planeta produzem menos de 20% das calorias consumidas2. São grandes áreas de soja, milho e outros grãos que alimentam os animais e não a população diretamente. Para cada caloria que alguém consome da carne de vaca, cerca de 34 calorias foram dadas ao animal ao longo da vida, o que representa um desperdício desproporcional das calorias produzidas pelo sistema de alimentação3: a produção mais eficiente, de frango, tem taxa de conversão de 8:1, por exemplo.  Enquanto isso, as proteínas alternativas permitem que você coma o vegetal diretamente, sem ser processado anteriormente por um animal. Não é o mesmo para insetos, que também se alimentam para gerar calorias depois. Estudos indicam que os insetos produzidos para a alimentação humana podem ter conversão tão ineficiente quanto a carne de frango4, variando de 4:1 a 9:1 na proporção de alimento consumido versus peso no abate. Vale destacar também que os insetos que se alimentam de resíduos não podem ser utilizados para consumo humano, como muitas vezes somos levados a crer5. Riscos ambientais A eficiência de produção está diretamente ligada à emissão de gases, uso de água e de terras. Por isso, todas as tecnologias de proteínas alternativas são mais sustentáveis do que os alimentos que substituem. Como demonstrado acima, o caso dos insetos não é tão claro. Ao mesmo tempo, a produção de insetos agrega novos riscos ambientais: se uma construção que abriga quantidades massivas desses animais for danificada por um acidente ou um evento climático, por exemplo, milhares de insetos exóticos, com um alto potencial de destruição e desequilíbrio, poderiam ser liberados na natureza. Recentemente, problemas causados por nuvens de gafanhotos foram manchetes globalmente6. Além disso, ainda não existem regulamentações sobre o manuseio de insetos e eles costumam ser transportados de forma manual, seja para fins de pesquisa ou produção de alimentos. Em geral, insetos vivos são transportados em carros comuns, dentro de bandejas ou caixas. No caso de um acidente automobilístico, eles seriam liberados no meio ambiente, com um potencial imensurável de gerar um desastre ecológico. Riscos de saúde global Muitas das produções de insetos ainda utilizam grandes quantidades de antibióticos, assim como qualquer outra produção animal. Esse fato colabora para a formação de bactérias resistentes, com potencial de afetar a saúde humana. Ao mesmo tempo, os insetos também são vetores dos vírus, trazendo um risco adicional. Sabemos que os animais em produção são um grande risco de saúde para a humanidade: a OMS alerta que 60% das novas doenças infecciosas são de origem zoonótica,

Quem não come carne, come o quê?

Em 2017 os brasileiros puderam acompanhar uma série de escândalos envolvendo a indústria da carne. Operação carne fraca, delação da JBS, produtos brasileiros sendo banidos no exterior…. Muitos ficaram surpresos em saber que a qualidade daquilo que comem pode não ser tão rigorosa quanto imaginavam e agora pensam em mudar alguns hábitos, mas ainda se fazem uma pergunta: quem não come carne, come o quê? No passado, de fato era mais difícil encontrar opções vegetarianas para compor a alimentação, mas felizmente a situação hoje em dia é outra. Em primeiro lugar, porque temos muito mais conhecimento sobre como ter uma dieta balanceada sem a necessidade de carne. Ou seja, ninguém precisa substituir a carne por algo parecido, pode-se apenas compor um prato balanceado com vegetais para conseguir todos os nutrientes que o corpo precisa.   A nutricionista  especialista em vegetarianismo, Ale Luglio, afirma: “Todos os nutrientes essenciais para a saúde humana estão disponíveis nos alimentos de origem vegetal e os animais são apenas acumuladores dos mesmos”.   A nutricionista e especialista em vegetarianismo Alessandra Luglio afirma que o vegetarianismo é mais simples do que muitos pensam. Todos os nutrientes essenciais para a saúde humana estão disponíveis nos alimentos de origem vegetal e os animais são apenas acumuladores dos mesmos, desta forma, alimentar-se prioritariamente de alimentos vegetais é seguro e saudável uma vez que, dificilmente ocorrerão carências e também excessos, comuns no modelo alimentar atual que prioriza alimentos de origem animal, evitando-se assim os malefícios dos excessos de gorduras saturadas, colesterol, proteínas e alguns minerais como ferro e cálcio. Uma dieta variada e equilibrada a base de vegetais combina leguminosas, cereais, raízes, frutas, verduras, legumes, sementes, castanhas e cogumelos de forma nutritiva e estimulante. A dieta vegetariana propõe uma mudança de padrão alimentar e a desconstrução de premissas de essencialidade, ou seja, propõe novas e seguras fontes de nutrientes específicos normalmente relacionados às carnes, ovos e lácteos. A academia de nutrição e dietética americana, um dos maiores órgãos de nutrição e saúde do mundo, em suas diretrizes nutricionais classifica a dieta vegetariana estrita como saudável, equilibrada para todas as faixas etárias além de preventivas das principais doenças crônicas não transmissíveis como a obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e o câncer. Mesmo sabendo que é possível se alimentar sem carne, nem sempre é fácil abandonar os velhos hábitos e muitas pessoas sentem que fica faltando alguma coisa no prato quando vão comer. Para essas pessoas, boas notícias também! A indústria tem se desenvolvido muito e novas opções com origem vegetal surgem a cada dia. A pesquisa já avançou tanto, que é possível comer hambúrgueres vegetais com a mesma aparência de um hambúrguer animal, inclusive com uma cor que simula a carne mal passada. Ao mesmo tempo, em alguns lugares já encontra-se produtos muito parecidos com o frango, linguiças, peixe, atum enlatado, camarão e outros frutos do mar. Tudo completamente feito de vegetais, com valor nutricional melhor do que seus exemplos do mundo animal, sem antibióticos, hormônios e sem risco de contaminação por doenças como febre aftosa e salmonela, mas com um sabor muito próximo do original. Consumir esses produtos, além de ser um hábito muito mais saudável, tem grande impacto no meio ambiente. Isso porque a pecuária é  uma vilã ambiental em muitos aspectos, sendo considerada como uma das principais causas do efeito estufa, perda de biodiversidade e desertificação do solo, esgotamento da água, dentre outros problemas. A pecuária é, inclusive, apontada como a causa de 90% da destruição da Floresta Amazônica brasileira. Quando o consumo de carne diminui, aumenta também a disponibilidade de alimentos, pois um animal precisa ser alimentado durante anos antes do abate. Cerca de 80% da soja, 70% do milho e 70% da aveia produzidos no mundo são destinados a alimentação do gado ao invés de alimentaram seres humanos mais necessitados. Isso tudo sem falar no sofrimento animal, que é um problema muito extenso. Os animais que abatemos tem sentimentos tão complexos como os que domesticamos, sendo capazes de sentir medo, dor, afeição por suas crias e todos os sentimentos que vemos em um gatinho ou cachorro. Milhões de animais sofrem os mais graves abusos antes de serem mortos pela indústria da carne, mesmo nos frigoríficos mais profissionais. Os fatos apresentados pela operação “Carne fraca” são apenas na última parte da cadeia de alimentos, antes disso muitas outras atrocidades aconteceram. Nos supermercados brasileiros ainda não temos todas essas opções que surgiram em outros países, mas a indústria por aqui também se desenvolveu. Enquanto o mercado de produtos veganos cresce 40% ao ano, o de carnes vem caindo consistentemente. As empresas daqui também melhoram suas receitas a cada ano e muitas pessoas começam a consumir esse tipo de produto como mais uma opção, que é saudável e gostosa, mesmo que não parem completamente de comer carne. Para que esse mercado se desenvolva mais e ofereça opções cada vez mais saborosas, é preciso ter demanda pelo consumo, ou seja, quanto mais as pessoas se dispuserem a experimentar, mais produtos bons surgirão. Todo mundo pode fazer parte disso, comprando marcas vegetarianas, experimentando produtos, procurando receitas e cobrando dos supermercados em que compram para trazerem mais opções a preços acessíveis. Além disso, é fácil de encontrar receitas, comunidades e guias para quem deseja opções vegetarianas. Faça um busca, por exemplo, pelo “Guia Vegetariano para Começar” e veja o material gratuito que envolve até dicas do que comprar em supermercados comuns. Outra opção legal é o “Desafio 21 dias sem carne”, no qual a pessoa inscrita recebe emails com dicas interessantes todos os dias do desafio. O mercado vegetariano tem recebido investimentos de peso, como dos bilionário Bill Gates e Richard Branson, do ator Leonardo DiCaprio e das maiores indústrias do setor alimentício, como da gigante da carne Tyson Foods, da Unilever, Kraft Foods, Cargill, dentre outras. Isso não só mostra o gigantesco potencial de crescimento e retorno financeiro contido nesse tipo de produto, mas também quer dizer que é uma opção muito interessante para as indústrias brasileiras que foram acusadas pela