GFI Brasil na COP27: confira a programação do Pavilhão dos Sistemas Alimentares

Começa hoje (6/11), no Egito, a COP27, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). O The Good Food Institute estará presente como uma das 15 organizações responsáveis pelo primeiro espaço dedicado a discutir o papel do sistema de produção de alimentos no enfrentamento da crise climática, o Food System Pavilion. O GFI Brasil vai liderar dois dias temáticos, repletos de sessões informativas, plenárias e apresentações de estudos de caso. O primeiro, no dia 6 de novembro, será voltado para discussões em torno da construção de sistemas alimentares climaticamente resilientes e apresentação das mais diversas soluções, considerando a multiplicidade de atores envolvidos nos sistemas alimentares globais. No dia 16 de novembro, o foco será nas estratégias para proteger e restaurar a natureza por meio de soluções trazidas especialmente pela biodiversidade e com envolvimento ativo de comunidades locais. Neste dia, o GFI vai apresentar o trabalho que tem desenvolvido na Amazônia e no Cerrado, promovendo pesquisas para o desenvolvimento de ingredientes da a partir de espécies nativas destes biomas. O GFI também é parceiro em outras datas temáticas no Pavilhão, como o dia da Adaptação Climática e o dia da Água. Confira abaixo nossa participação no evento: Designing food systems resilience in a warming world for global securityHow both global and regional solutions can lessen risks, increase supply chain stability, and improve livelihoods6 de novembro, das 11h30 às 13h30 GMT | Participação do Presidente do GFI Brasil, Gus Guadagnini Zero-conversion foodFeeding a growing world in ways that enable recovery of biodiverse lands and waters16 das 14h15 às 15h45 | Participação do Presidente do GFI Brasil, Gus Guadagnini. Food system careers of the futureInsights and aspirations from youth leaders16 de novembro, das 18h10 às 19h | mediação: Analista de Políticas Públicas do GFI Brasil, Mariana Bernal. Acompanhe as nossas redes pra saber os principais destaques do evento.
GFI lança carta de compromissos às eleições em 2022

Candidaturas devem subscrever a carta, por meio de e-mail, até o dia 30 de setembro; documento tem como principal preocupação a segurança alimentar e o meio ambiente O mundo vive uma das maiores crises alimentares em décadas. De acordo com a FAO (Agência da ONU Alimentação e a Agricultura), 690 milhões de pessoas passam fome no mundo diariamente. Em 2021, 116,8 milhões de brasileiros conviviam com algum grau de Insegurança Alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões passavam fome. O Good Food Institute Brasil (GFI Brasil) acredita que a Segurança Alimentar da população conversa diretamente com a busca por novos alimentos e métodos produtivos, mais sustentáveis e universalizados. Nesse sentido, as proteínas alternativas são a grande aposta não apenas para o futuro, mas também para o presente. Diante desses desafios e com o objetivo de incentivar uma agenda política propositiva para o mercado de proteínas alternativas nos próximos anos, o GFI Brasil está convidando candidaturas às eleições de 2022 a fazer um compromisso público, caso seja eleito, defendendo as seguintes propostas: “Se o candidato se identificar com esses compromissos, ele terá responsabilidade de levar essas propostas adiante nos anos seguintes. São compromissos importantes que irão impactar não só a questão alimentar, mas também o meio ambiente e a renovação de recursos naturais. Esperamos uma grande adesão”, afirma o vice-presidente Políticas Públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral. A subscrição vai até o dia 30 de setembro. Qualquer candidatura pode participar da subscrição dos compromissos. Para isso, basta enviar um e-mail com as informações abaixo para o e-mail politicas@gfi.org. As candidaturas subscritas serão divulgadas semanalmente no site, blog e mídias sociais do GFI Brasil. Leia aqui a carta na íntegra.
Dia Mundial da Alimentação, celebrado hoje, chama a atenção para os desequilíbrios dos sistemas alimentares

Há quase 4 décadas, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO-ONU) celebra não apenas a sua fundação, ocorrida em 16 de outubro de 1981, mas também o Dia Mundial dos Alimentos. Com o tema “Crescer, nutrir, sustentar. Juntos.”, mais do que uma data festiva, o dia chama a atenção para a necessidade de uma solidariedade global que auxilie os países, especialmente os mais vulneráveis, a se recuperarem da crise de socioeconômica e de saúde provocada pelo Covid-19. Em apoio às ações de mobilização que devem acontecer em 150 países, o The Good Food Institute destaca neste texto alguns números que revelam os desafios e as soluções para garantir um sistema alimentar mais sustentável, saudável e justo para todos. Quais são os desafios? No ano passado (2019), a ONU divulgou um estudo afirmando que mais de 820 milhões de pessoas passam fome no mundo todo. Só na América Latina e Caribe, são 42,5 milhões. Com a previsão de que até 2050 a população global deve chegar a quase 10 bilhões de pessoas, os números são ainda mais preocupantes. Para alimentar a todos será necessário aumentar a produção de alimentos em 70%. Ainda que os progressos tecnológicos tenham melhorado a produtividade agrícola, fazendo com que hoje seja possível produzir comida suficiente para todos, os desequilíbrios nos sistemas alimentares levam a crer que aumentar a produção nesta quantidade, não será tarefa fácil. Os desafios incluem elevar a produtividade de alimentos de maneira sustentável, a fim de diminuir os impactos ambientais, redobrar os cuidados para evitar a contaminação de alimentos que podem propagar doenças em humanos e animais, utilizar os recursos naturais disponíveis sem esgotá-los e ainda assim possibilitar que nenhum ator dessa imensa cadeia produtiva seja prejudicado com as transformações necessárias. A demanda por carnes será especialmente afetada. Isso, porque exigirá a criação e o confinamento de ainda mais animais, aumentando os riscos de transmissão de doenças para seres humanos. O Covid-19 foi provocado pelo consumo e comercialização de animais silvestres, assim como a AIDS, o Ebola e outras pandemias. Ao mesmo tempo, há organismos capazes de gerar doenças que surgem nas produções de animais para consumo, como é o caso da gripe aviária, gripe suína e gripe espanhola. De acordo com a OMS, 60% das novas doenças infecciosas se originaram em animais. A produção de alimentos tem sido uma das mais importantes rotas de transmissão dessas doenças, também pelo uso intensivo de antibióticos na produção animal. Como resultado, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase uma em cada 10 pessoas adoece e 420 mil morrem todos os anos devido à ingestão de água ou alimentos contaminados por bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas. Há, ainda, um grande risco de insegurança alimentar (falta de comida) associado às pandemias animais. No ano passado, a Peste Suína Africana dizimou criações de porcos na China, fazendo com que o país tivesse que comprar alimentos no exterior, gerando um aumento do preço da carne no mundo todo. De acordo com o jornal britânico The Guardian, mesmo abatendo todos os porcos vivos no mundo não seria possível suprir a demanda chinesa. Em maio de 2020, a Índia reportou mais de 11 surtos da mesma doença, considerada o maior impacto na produção de proteína global (maior do que o Covid-19). Além da insegurança, há um grande problema relacionado à perda e o desperdício de alimentos. Segundo a FAO-ONU, 1,3 bilhão de toneladas de comida é desperdiçada ou se perde ao longo das cadeias produtivas de alimentos todos os anos. O volume representa 30% de todo alimento produzido por ano globalmente. O desperdício é responsável por 46% da quantidade de comida que vai parar no lixo. Já as perdas — que ocorrem sobretudo nas fases de produção, armazenamento e transporte — correspondem a 54% do total. Soluções em curso Cada vez mais os produtores, indústria, governos e cientistas se unem para elaborar soluções que possam permitir o aumento da produção global de alimentos de forma mais sustentável. Podemos citar melhorias nas práticas de manejo, estudos para aumento sustentável de produtividade no campo, implementação de novas tecnologias agrárias e, também, o desenvolvimento de novas fontes de proteína. Nesse sentido, o fortalecimento da indústria de proteínas alternativas é um dos caminhos necessários para o futuro da alimentação no mundo. Essa indústria não tem o objetivo de atender apenas uma demanda de nicho do mercado vegetariano. A meta é entregar alimentos que possam ser consumidos por todas as pessoas, com as características de sabor, aroma e textura daqueles que são consumidos em larga escala. “Os substitutos vegetais análogos à carne ou mesmo a tecnologia de carne cultivada a partir de células são bons exemplos desse esforço: o objetivo é permitir que as pessoas continuem comendo o que gostam, mas com uma nova tecnologia.”, explica a diretora de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, Katherine de Matos. Um estudo realizado pela Beyond Meat em parceria com a Universidade de Michigan afirmou que, em comparação com a produção de um bife animal, a carne vegetal emite 90% menos gases de efeito estufa, 99% menos água, 93% menos terra e 46% menos energia. Além disso, pode trazer inúmeros benefícios econômicos, incluindo a geração de renda. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, ainda que a substituição de dietas baseadas em carnes aves, peixes e produtos lácteos possa levar a cerca de 4,3 milhões de perdas de empregos na região até 2030, a adoção de alimentos vegetais cultivados com métodos agrícolas sustentáveis pode gerar 19 milhões de novas oportunidades de trabalho. Nessa lógica, o Brasil pode assumir uma posição de liderança global. “Temos tudo o que é necessário para o bom desenvolvimento do setor: um agronegócio forte, estrutura logística para distribuição global de produtos, clima favorável à produção e um enorme capital intelectual ligado à produção de alimentos”, afirma o diretor executivo do GFI Brasil, Gustavo Guadagnini. Alimentar um mundo super populoso com recursos finitos se mostrou um dos maiores desafios a ser enfrentado no pós-pandemia. Felizmente, a visão