GFI Brasil anuncia assinatura do Memorando de Entendimento sobre proteínas alternativas com a Fundação Araucária

No dia 10 de julho de 2024, o The Good Food Institute Brasil e a Fundação Araucária, agência paranaense de fomento à pesquisa científica, tecnológica e inovação, assinaram um Memorando de Entendimento, um documento formal que expressa a intenção de ambas as partes de cooperar em um projeto ou alcançar um objetivo comum. O Memorando assinado pelas duas instituições formaliza o reconhecimento da importância da transformação dos sistemas alimentares para enfrentar os desafios de segurança alimentar, destacando o papel das proteínas alternativas neste contexto. O Paraná é protagonista nesse campo, sendo o berço do NAPI – Proteínas Alternativas (Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação). Através deste programa, que visa fortalecer o estado como produtor de alimentos utilizando sistemas produtivos inovadores, foram investidos R$ 5,7 milhões para o avanço de estudos em carne cultivada. A maior parte desse investimento será destinada à UFPR, para a instalação do Laboratório de Zootecnia Celular (Zoocel), que já é uma unidade permanente na universidade, além do Laboratório de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, para aquisição de equipamentos necessários e para o fortalecimento de outras equipes e laboratórios parceiros da PUCPR e da UEM. A parceria, viabilizada pela Prof. Carla Molento (UFPR), teve seu processo de criação iniciado em janeiro, após uma reunião inicial onde foi servido um almoço típico da região, desenvolvido com o frango de micélio da Typcal, startup previamente apoiada pelo programa Centelha através da Fundação Araucária. O Memorando, agora oficialmente assinado, marca o início de uma colaboração promissora entre a Fundação Araucária e o GFI Brasil. Nosso objetivo é fomentar o desenvolvimento do ecossistema de proteínas alternativas no Estado do Paraná, aproveitando seus ativos institucionais, acadêmicos e intelectuais. Vamos colaborar mutuamente para criar um ambiente favorável à pesquisa e inovação, ao empreendedorismo, à pesquisa aplicada e ao desenvolvimento econômico e social neste setor, através de programas e ações conjuntas.
Paraná vai investir R$ 5.7 milhões no desenvolvimento de carne cultivada

A Fundação Araucária, agência paranaense de fomento à pesquisa científica, tecnológica e inovação, acaba de anunciar um investimento de R$5.7 milhões em carne cultivada. O projeto, intitulado “Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Proteínas Alternativas” (NAPI-PA), será executado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). A verba destinada pela Fundação Araucária vem do governo estadual do Paraná. A maior parte do recurso será destinada à UFPR, para a instalação do Laboratório de Zootecnia Celular (Zoocel), que já é uma unidade permanente da Universidade, para o Laboratório de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, para a aquisição dos equipamentos necessários, como por exemplo dois biorreatores, um para produção de cultivo celular de bancada e outro para escalonamento, e para o fortalecimento de outras equipes e laboratórios parceiros da PUCPR e da UEM. A outra parte da verba irá para bolsas de pesquisa destinadas às equipes participantes da proposta, que abrirão editais de processos seletivos. Qualquer pesquisador do Brasil que atenda os requisitos dos editais pode concorrer às bolsas, que são de mestrado, doutorado e pós-doutorado. Os NAPIs (Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação) da Fundação Araucária são grupos multidisciplinares de pesquisa sobre diferentes tecnologias e inovações, que vão desde nanotecnologia, genômica e biogás até inteligência artificial no agro. A estrutura de financiamento de P&D desses arranjos se dá através da visão estratégica do estado: com o NAPI de proteínas alternativas, o foco é o fortalecimento da agropecuária do Paraná para que, com uma maior diversidade de produtos, a competitividade do estado aumente e ele se posicione bem no espaço dos novos alimentos. Os pesquisadores do Zoocel vão trabalhar com células primárias de raças bovinas e suínas paranaenses, contribuindo para as novas cadeias produtivas e para a geração de novos empregos no Paraná. “É importantíssimo frisar que o governo de um estado pecuarista está tratando a zootecnia celular e a produção de carne cultivada como parte do agro e como peça essencial para o fortalecimento da pecuária. Se as proteínas alternativas forem encaradas dessa forma, como parte da indústria agrícola – e não concorrente, as chances dos profissionais que trabalham com proteína animal apresentarem resistência se tornam muito menores e a área tem tudo para avançar e dar certo”, afirma Carla Molento, professora e Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFPR e coordenadora do Zoocel e do Laboratório de Bem-estar Animal (LABEA/UFPR). Foco em ensino Além do foco em pesquisa, o projeto também nasceu com uma proposta muito forte de ensino: segundo Molento, “a intenção é garantir que os profissionais (de produção de alimentos de origem animal, veterinários, zootecnistas, engenheiros de alimentos, etc…) superem o medo inicial de entrar nessa área, os amparando com uma boa formação, composta por aulas laboratoriais práticas e teóricas. Afinal, se uma nova indústria está sendo construída, precisaremos de pessoas com boa formação para atuar nela”. A primeira disciplina de zootecnia celular da América do Sul nasceu em 2020 na UFPR, numa parceria entre a Universidade e o The Good Food Institute Brasil. Ela é oferecida anualmente como optativa no programa de pós-graduação em Ciências Veterinárias e já formou 111 alunos nas suas três edições. Agora, comemora-se o fato de que essa disciplina passa, neste ano, a integrar também a grade curricular dos cursos de graduação em Medicina Veterinária e em Zootecnia na UFPR, possibilitando que estudantes ainda mais jovens conheçam e se interessem por essa área. A primeira turma está em andamento e conta com 40 alunos de graduação em Medicina Veterinária e 14 alunos de graduação em Zootecnia. “O GFI possui uma área inteiramente dedicada ao desenvolvimento da ciência e tecnologia das proteínas alternativas. Nosso principal objetivo é apoiar pesquisas de acesso aberto e promover a formação de profissionais para atuarem nesse mercado. Por isso, ajudamos a criar a disciplina de Introdução à Zootecnia Celular, ofertada pela UFPR, e a de Proteínas Alternativas, ofertada pela Unicamp. Além disso, captamos e direcionamos recursos para projetos de pesquisa, dispomos de um curso online introdutório e gratuito sobre o tema, desenvolvemos um modelo conceitual orientativo que pode ser utilizado pelas universidades criarem seus planos de ensino para disciplinas de proteínas alternativas, produzimos publicações que orientam a tomada de decisão de empresas e governos e coordenamos um Diretório de Pesquisa Colaborativa que reúne pesquisadores do mundo todo interessados em colaborações e trocas de experiência”, conta a gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, Cristiana Ambiel. Próximas etapas do NAPI Proteínas Alternativas Os próximos passos do NAPI-PA consistem na aquisição e instalação de todos os equipamentos do Zoocel e dos outros laboratórios para que eles sejam plenamente funcionais até o segundo semestre deste ano. A partir disso, os pesquisadores possuem metas definidas por semestre em relação ao avanço na produção de protótipos de carne celular de uma raça bovina paranaense (gado Purunã) e de uma raça suína (suínos Moura), também do Paraná. Apesar do NAPI-PA não ter bolsas de extensão, um dos efeitos de um projeto deste montante é atrair mais recursos: “hoje, nós já temos no Laboratório de Zootecnia Celular duas bolsas de iniciação científica em andamento e mais uma em coorientação com o professor Rodrigo Morais da Silva, da Escola de Administração da UFPR. Também estamos com inscrições abertas para duas bolsas no primeiro projeto de extensão cadastrado em zootecnia celular, que se chama Bife Sem Bicho e que vai ser realizado nos próximos meses. Ficamos muito felizes de ver o envolvimento público e de tantas instituições no setor de proteínas alternativas. Temos certeza de que o Brasil pode se tornar referência mundial na área, aproveitando todo o conhecimento que já tem na produção de proteína animal para desenvolver esses novos alimentos”, conclui Dra. Carla Molento. Outros investimentos públicos em carne cultivada no Brasil O investimento paranaense se soma ao recém anunciado investimento federal de R $2,48 milhões para um projeto de linguiça híbrida (vegetal + cultivada) da Embrapa. Os recursos foram ofertados através do edital de Foodtechs da Finep,