Proteínas alternativas
A tecnologia das proteínas vegetais
Produtos análogos aos de origem animal obtidos a partir de plantas são uma das alternativas concretas para ajudarmos o Brasil na sua transição para uma agricultura segura, justa e sustentável. Conheça um pouco mais sobre a ciência envolvida na produção desses alimentos.
Crédito: Mr. Veggy
Crédito: N.Ovo
O que são proteínas vegetais análogas?
As proteínas vegetais análogas são produzidas a partir de plantas e mimetizam as características de cor, sabor, textura e aparência dos produtos de origem animal os quais visam substituir, como carnes, frutos do mar, leite, ovos e laticínios. Não são incluídos nessa definição os produtos como como tofu e tempeh, nem os alimentos in natura, como leguminosas e grãos. Este mercado é extremamente promissor e apresenta diversas oportunidades de crescimento.
Para substituir a proteína de origem animal são necessárias matérias-primas de origem vegetal com propriedades nutricionais, funcionais e sensoriais equiparáveis às dos produtos convencionais. Para isso, é importante conhecer os processos de produção e os aspectos nutricionais desses alimentos.
Características e processos de produção das proteínas vegetais
Crédito: Plant Plus Foods
Para que a proteína vegetal possa ser utilizada na elaboração de alimentos vegetais análogos aos produtos cárneos, ela precisa passar por um processo de concentração, que aumenta seu teor proteico e melhora suas propriedades funcionais. Grande parte dos produtos à base de plantas encontrados no Brasil atualmente é produzida a partir de soja ou ervilha. Outras fontes vegetais consideradas boas alternativas proteicas incluem as pulses, como feijão, lentilha e grão-de-bico, e as sementes oleaginosas, como castanhas, amêndoas, amendoim, gergelim e girassol.
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O processo de concentração, também conhecido como extração ou fracionamento, está diretamente relacionado às características da matéria-prima. Os métodos mais utilizados para a obtenção de proteínas vegetais são o fracionamento úmido e o fracionamento seco. O fracionamento úmido permite a obtenção de ingredientes com maior teor proteico e grau de pureza, enquanto o fracionamento seco se destaca por ser uma alternativa mais simples e sustentável, com menor uso de recursos e menor complexidade operacional. De modo geral, ambos os métodos envolvem etapas iniciais como secagem, moagem e, em alguns casos, desengorduramento — processos que preparam a matéria-prima para as fases subsequentes de extração e modificação da proteína.
Diversas tecnologias assistivas e processos inovadores vêm sendo incorporados aos processos de extração de proteínas vegetais para melhorar o rendimento, a funcionalidade e o perfil nutricional dos ingredientes. Entre as abordagens exploradas estão o ultrassom, micro-ondas, alta pressão, campo elétrico pulsado, fermentação e tratamentos enzimáticos. Essas tecnologias complementam os métodos convencionais e representam uma fronteira importante de pesquisa e desenvolvimento no setor.
Crédito: Plant Plus Foods
Após a extração, as proteínas vegetais são utilizadas no desenvolvimento de produtos análogos, formulados com combinações específicas de proteínas, gorduras, fibras, amidos e aditivos naturais, conforme o perfil sensorial e nutricional desejado. No caso dos análogos cárneos, é comum a aplicação de processos de texturização, como a extrusão, para conferir uma estrutura fibrosa e mastigabilidade semelhantes às da carne animal. Essa etapa é essencial para aproximar a experiência de consumo dos produtos convencionais e garantir a aceitação sensorial pelo consumidor.
Aspectos nutricionais das proteínas vegetais
Crédito: N.Ovo
As proteínas são nutrientes essenciais para o funcionamento do organismo humano e, por isso, devem estar presentes diariamente na alimentação em quantidades adequadas. Seu valor nutricional depende de diversos fatores, como a composição de aminoácidos, a digestibilidade, a biodisponibilidade dos aminoácidos essenciais e o teor de compostos antinutricionais. Os produtos análogos de carne produzidos com essas proteínas vegetais, além de fornecerem um bom aporte proteico, geralmente se destacam por serem fontes de fibras e isentos de colesterol, contribuindo para uma alimentação saudável.
Quer saber mais?
Leia nosso resumo técnico e compreenda os fundamentos básicos do processamento, nutrição e segurança de alimentos vegetais análogos.
Conheça a técnica de extrusão na produção de carnes vegetais análogas
Aprofunde o seu conhecimento
A importância de uma compilação robusta de dados sobre o estado-da-técnica no desenvolvimento do mercado motivou uma parceria entre o GFI Brasil e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital). Como resultado lançamos três fascículos, um para cada tecnologia utilizada na produção de proteínas alternativas.
Fascículo sobre as diversas fontes de proteínas vegetais, suas características e os processos mais utilizados para extração, concentração e isolamento. Ainda, são destacados os aspectos nutricionais, a presença de compostos antinutricionais e as propriedades funcionais das proteínas vegetais.
Fascículo com uma revisão bibliográfica abrangente sobre a tecnologia de cultura celular para obtenção de proteínas.São apresentadas as principais características técnicas do processo de produção, que incluem linhagens celulares, meios de cultivos, estruturação para cultivo e equipamentos (biorreatores).
Fascículo sobre as principais características técnicas dos processos fermentativos, que englobam a fermentação tradicional, a fermentação para produção de biomassa e a fermentação de precisão, aplicados às proteínas alternativas.
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