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Confira a lista de aprovados na chamada do projeto InovAmazônia

O The Good Food Institute Brasil tem a honra de anunciar a lista de aprovados na chamada do projeto de incentivo à pesquisa InovAmazônia: Ingredientes para o Mercado de Alimentos Vegetais. Com recursos e apoio do Fundo JBS pela Amazônia, serão investidos cerca de R$ 2,7 milhões para a realização das sete pesquisas aprovadas. A seleção levou em conta exigências apresentadas no edital, como a obrigatoriedade de que as propostas fossem  apresentadas por pesquisadores e pesquisadoras residentes na amazônia brasileira ou de outras regiões do país, desde que estabelecessem parcerias com pesquisadores e universidades do bioma foco da chamada. Além desse aspecto, também foram exigidos que as pesquisas envolvessem comunidades, cooperativas, associações, ou agroindústrias localizadas no Bioma Amazônia.  “Ao final do projeto, esperamos identificar fungos comestiveis para produção de ingredientes, proteínas texturizadas para produção de carnes vegetais análogas a partir de espécies como o tucumã, cacau e cupuaçu, além de novas fontes de proteínas, fibras, pigmentos naturais, óleos e gorduras e ingredientes que melhorem o sabor, a textura e o aroma de carnes vegetais análogas, mantendo um apelo clean label, cada vez mais desejado pelos consumidores.”, conta a especialista de ciência e tecnologia e coordenadora do projeto, Luciana Fontinelle. A aprovação definitiva dos projetos depende da assinatura do Acordo de Parceria entre o GFI Brasil e as instituições responsáveis. Desta forma, a lista pode sofrer alterações. As pesquisas contratadas devem iniciar entre os meses de julho e agosto de 2023.

InovAmazônia, projeto de incentivo à pesquisa do GFI Brasil, recebe propostas até 12/12/22

O The Good Food Institute Brasil acaba de lançar seu mais novo projeto do Programa Biomas de incentivo à pesquisa, o InovAmazônia: Ingredientes para o Mercado de Alimentos Vegetais. Com recursos do Fundo JBS pela Amazônia, o objetivo é desenvolver soluções e ingredientes alimentícios para a indústria de proteínas alternativas vegetais, a partir de espécies nativas do bioma amazônico.  Ao todo, serão investidos cerca de R$ 2,7 milhões para a realização das pesquisas. Conheça o edital e inscreva a sua proposta de pesquisa! Pesquisa exploratória: identificação de fontes potenciais de novos ingredientes a partir de fungos oriundos do bioma Amazônia ainda pouco investigados no âmbito de proteínas alternativas.  Pesquisa aplicada: soluções e avanços na produção e aplicação de ingredientes em produtos cárneos vegetais análogos. Busca-se otimizar métodos sustentáveis de obtenção de ingredientes, elaborar protótipos a partir da aplicação destes ingredientes e gerar tecnologias com potencial de aplicação na indústria. As espécies nativas para a modalidade pesquisa aplicada são: Açaí, Babaçu, Cacau, Castanha do Brasil, Cupuaçu, Guaraná e Tucumã. As propostas serão avaliadas considerando critérios de alinhamento científico, impacto esperado do projeto, contribuição para a comunidade científica, contribuição para comunidades produtoras locais, planejamento do projeto e relevância comercial. É obrigatório, ainda: Lançamento da chamada – 03/11/2022 Início do prazo de submissão das propostas de pesquisas – 03/11/2022 Workshop de apresentação da chamada – 16/11/2022 Encerramento do prazo de submissão das propostas de pesquisas – 12/12/2022 Resultado das propostas selecionadas – 23/01/2023 Divulgação do resultado final das propostas com contrato assinado – 01/08/2023 Previsão de início dos projetos – Julho/Agosto de 2023 As propostas devem ser submetidas por meio da plataforma de inscrição do GFI Good Grants. Dúvidas poderão ser enviadas para o e-mail ciencia@gfi.org  Acesse o Edital Assista ao Workshop de apresentação do InovAmazônia Tire suas dúvidas no documento de Perguntas e Respostas Inscreva a sua proposta de pesquisa Seu projeto pode contribuir para um sistema alimentar mais seguro, justo e sustentável hoje e no futuro.

Licuri, o ouro do sertão, também pode ser a nova aposta do mercado de proteínas alternativas

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) realizou o I Simpósio da Cadeia Produtiva do Licuri para aproximar empresas, universidades e comunidades locais do bioma Caatinga e apresentar aos participantes novas moléculas bioativas com potencial econômico para a indústria cosmética e farmacêutica. Além disso, os painéis e discussões mostraram os avanços científicos por trás dessas descobertas e também as oportunidades de negócio geradas a partir dos novos usos do licuri. O evento foi viabilizado em parceria com  o Núcleo de Bioprospeção da Caatinga e a  Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (COOPES) e aconteceu em Capim Grosso, cidade do interior da Bahia onde será instalada uma usina de processamento da Coopes com o apoio do projeto Cadeia Produtiva do Licuri. O licuri e seus usos O Licuri é o fruto de uma palmeira nativa da Caatinga, a Syagrus coronata, que já há algum tempo, compõe a economia e a sobrevivência de famílias do sertão da Bahia. Geralmente são as mulheres que coletam o coquinho para serem vendidos em feiras ou consumidos de diversas formas. Da amêndoa, são feitos leite, cocada, farofa, licor e também podem ser consumidas in natura. Estudos comprovaram que o óleo de sua amêndoa possui ação antibacteriana, antifúngica, antiparasitária e anti-inflamatória, sendo utilizado pelas comunidades locais como cicatrizante, para controle da pressão alta e para diabetes. O objetivo agora é continuar a pesquisar o potencial nutricional do resíduo do seu processamento, que pode ser utilizado para produzir farinhas e concentrados proteicos. “Estamos estudando o potencial do licuri para gerar farinhas e ingredientes para a produção de proteínas alternativas”, explicou Bruno Nunes,  coordenador-Geral de Ciência para Bioeconomia do MCTI, também à frente do Programa Cadeias Produtivas da Bioeconomia MCTI. Potencial para o setor de proteínas alternativas  O GFI Brasil tambpem esteve presente e contribuiu com o painel “Experiências Empresariais”. Gus Guadagnini, diretor executivo do GFI Brasil, falou sobre o potencial dos biomas brasileiros dentro do setor de proteínas alternativas, sendo peça importante na criação da cadeia de produção de alimentos do futuro. Neste contexto, o licuri pode ter grande relevância. “A torta desengordurada que se forma após a extração do óleo do licuri possui um teor interessante de proteínas de ótima qualidade que pode se transformar em ingredientes importantes para o mercado de proteínas alternativas”, explica Luciana Fontinelle, especialista de ciência e tecnologia do GFI Brasil. Iniciativas que apoiam a exploração sustentável da biodiversidade brasileira são de extrema importância em diversos sentidos, uma vez que contribuem para a preservação ambiental, gera fontes de renda para comunidades locais, fortalece a economia nacional e ainda promovem o avanço científico. “Nós do GFI acreditamos que a biodiversidade brasileira pode oferecer diversos ingredientes para o mercado nacional e internacional de proteínas alternativas. O bioma Caatinga, com certeza, é uma parte importante desta construção, contribuindo com a riqueza das suas espécies nativas, principalmente o Licuri, o ouro do sertão”, conclui Luciana. O Simpósio está disponível na íntegra online e você pode assisti-lo clicando aqui.

Cientistas estudam aplicação de espécies nativas do Cerrado e da Amazônia no mercado de proteínas alternativas. Conheça os projetos

Fomentado pelo The Good Food Institute Brasil, Programa Biomas tem início com estudos de sete espécies nativas que podem substituir produtos de origem animal A diversidade dos Biomas brasileiros pode colocar o país no centro da produção sustentável de matérias-primas do setor de proteínas alternativas. Com o crescimento do mercado interno de produtos feitos de plantas, 14 pesquisadores iniciam neste ano estudos sobre o uso de espécies nativas que podem ser base para análogos de produtos de origem  animal. A expectativa é que espécies da Amazônia e do Cerrado – Babaçu, Castanha do Brasil, Cupuaçu, Guaraná, Baru, Macaúba e Pequi – sejam fonte de proteínas, pigmentos e fibras que integrem outras matrizes já usadas na indústria.  As pesquisas ocorrem no âmbito do Programa Biomas, criado pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil). As espécies foram selecionadas a partir de seu potencial econômico e técnico. Mais do que apenas encontrar alternativas às fontes protéicas, o programa selecionou investigações que pensam todo o ciclo econômico da produção do ingrediente, passando pelo uso de resíduos normalmente descartados, aplicação de tecnologias limpas, e fomento às comunidades locais. Nesta edição do programa, mais de 80 propostas de pesquisa foram recebidas de cerca de 34 instituições de 14 estados brasileiros. O número mostra o avanço da pesquisa brasileira na área. Desses, o GFI Brasil selecionou 14 pesquisas. Os resultados das investigações que duram um ano serão divulgados abertamente a fim de tornar possível a aplicação e escalonamento das tecnologias desenvolvidas.  As pesquisas contribuem para consolidar a tendência de consumo de proteínas alternativas à carne, peixes e frutos do mar, leite e laticínios e ovos no Brasil, cuja demanda cresce a cada ano. O objetivo é encontrar o potencial real de aplicação desses ingredientes na indústria, desenvolvendo o mercado nacional, agregando valor às espécies nativas e promovendo o uso sustentável dos recursos naturais – caminho que leva à conservação da floresta.  Além disso, os pesquisadores buscarão identificar as características de sabor, textura, experiência de consumo, custo e nutrição de seus produtos, com foco em criar possibilidades reais de uso e consumo. “Nada melhor para a valorização do produto do que colocá-los no nosso prato e transformá-los em produtos do nosso dia a dia. Que o brasileiro possa se apropriar da riqueza que temos, que poucos têm acesso”, defende a gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, Cristiana Ambiel.   Segundo estudo do GFI Brasil, 84% das empresas querem mais ingredientes nacionais. Na prática, os resultados podem apresentar alternativas às matrizes importadas para produtos à base de plantas, como a ervilha, que assim como a soja, domina a produção plant-based no Brasil. No cerrado, por exemplo, se estuda a possibilidade de produção de um hambúrguer totalmente feito com base no Baru. Na Amazônia, a castanha do Brasil pode ser uma fonte de proteína com maior diversidade de aminoácidos que os concorrentes estrangeiros. “A gente vê o quanto o Brasil pode ser referência em proteínas alternativas para o mundo. Lançando tendências de proteínas. Temos como desenvolver alternativas nacionais, que sejam mais competitivas, levar isso para fora do país e servir como modelo e referência no mercado”, completa a especialista em ciência e tecnologia do GFI Brasil, Luciana Fontinelle. Cristiana Ambiel também destaca que uma diversidade maior de ingredientes pode equilibrar a sustentabilidade de produtos plant-based. “O GFI já tem esse propósito da sustentabilidade, tanto é que fomenta produtos vegetais por serem mais sustentáveis que a produção animal. Mas conseguimos uma sustentabilidade ainda maior quando olhamos para a obtenção de ingredientes da nossa biodiversidade, em especial, quando visamos o aproveitamento completo das espécies nativas agregando valor às partes que são subaproveitadas como cascas, sementes e resíduos de processo”. No contexto brasileiro, desenvolver o setor de proteínas alternativas significa gerar mais empregos com a diversificação da matriz econômica. É também um passo em direção a processos economicamente viáveis ​​de produtos protéicos alternativos inovadores, que podem ser compartilhados com os atuais processos de produção de proteína animal para superar o desafio de alimentar de forma sustentável 10 bilhões de pessoas em 2050. Fabiana Queiroz, pesquisadora da Universidade Federal de Lavras, uma das contempladas pelo edital, ressalta que o Programa é fundamental para o país e que também leva à preservação dos biomas. “A preservação desses frutos depende que a gente tenha a tecnologia de processamento para que seja interessante continuar a produção deles e impedir o desmatamento”, lembra. Em qualquer cenário, é consenso entre os pesquisadores que as pesquisas devem deixar um legado de viabilidade ambiental, técnica, econômica e social para cada ingrediente, produto e processo desenvolvido. Conheça algumas das pesquisas aprovadas: PEQUI Fabiana Queiroz,  Universidade Federal de Lavras – MG Tema da pesquisa: Obtenção de ingredientes a partir da extração integral da polpa, amêndoa e casca do Pequi para aplicação em produtos plant-based Apesar de estar presente em muitos estados do Brasil, o pequi, fruto chamado de “ouro do cerrado”, pode passar despercebido e não ter suas potencialidades aproveitadas se não for resgatado na pesquisa. É o que lembra a pesquisadora Fabiana Queiroz, professora do departamento de ciência de alimentos da Universidade Federal de Lavras, que propõe extrair diferentes compostos do pequi e usá-los na produção de um hambúrguer vegetal.  Considerado carro-chefe do bioma, o pequi é rico nutricionalmente: a casca é fonte de fibras e a polpa é rica em carotenóides, com porcentagem grande de carboidratos. Na amêndoa, a abundância de óleo é acompanhada de um complexo protéico, cuja farinha desengordurada pode ser usada na produção de produtos vegetais.  Essas propriedades tecnológicas serão estudadas pela pesquisadora e avaliadas para a fabricação de produtos alimentícios. “O pequi já é explorado por cooperativas, em termos de conservas e farinhas. Estamos entrando mais na possibilidade de processamento em grande escala”, explica Fabiana. Um dos focos da equipe é também contribuir com uma produção limpa, de aproveitamento integral do fruto e capaz de atingir escala sem afetar o meio ambiente.  “Essa exploração ao máximo de todo o potencial do fruto de uma maneira ambientalmente correta é o diferencial”, afirma Fabiana.  “Não é

84% das empresas brasileiras gostaria de ter mais matérias-primas nacionais para produzir produtos vegetais

Texto: Bruna Corsato Revisão: Camila Lupetti, Cristiana Ambiel, Katherine de Matos e Vinícius Gallon Pensando em acelerar a inovação na indústria de proteínas alternativas, o GFI realizou a pesquisa “Oportunidades e Desafios na Produção de Produtos Feitos de Plantas Análogos aos Produtos Animais”. Através da contribuição de 21 empresas atuantes nas indústrias do mercado de produtos vegetais no Brasil atualmente, foram identificados os maiores desafios no desenvolvimento de produtos à base de plantas análogos aos produtos animais com a qualidade, preço e as características sensoriais buscadas pelos consumidores.  A partir das informações compartilhadas, o GFI Brasil identificou sete linhas de pesquisa prioritárias para o avanço do mercado de produtos vegetais no Brasil, sendo as principais:  O desenvolvimento de matérias-primas e ingredientes nacionais foi apontado como a maior prioridade entre as empresas, com 84% das respostas. A oferta de opções nacionais no mercado brasileiro ainda é limitada, com a soja sendo predominante. A dependência da importação eleva os custos de produção, impactando o preço final do produto na prateleira e o acesso de muitos brasileiros aos produtos análogos vegetais.   Entretanto, a biodiversidade do Brasil possui uma grande variedade de matérias-primas com potencial para se tornar fonte de proteína para a indústria plant-based, como feijões, arroz, aveia, centeio, milho, amendoim e mais. A pesquisa científica é o elo que falta para transformar esse potencial em realidade. Pesquisas adicionais são necessárias para definir os processos de extração adequados para cada uma das proteínas, além de melhorias das funcionalidades proteicas e nutricionais, o que proporcionará um produto final de maior qualidade e menor custo.  Matérias-primas e ingredientes com melhores funcionalidades tecnológicas vieram em segundo lugar, com 72% das empresas apontando essa como uma alta prioridade. O consumidor busca nos produtos vegetais cada vez mais a experiência sensorial do produto tradicional, ou seja, que o queijo derreta e gratine, que o sorvete seja cremoso, que o hambúrguer tenha suculência.   É possível entregar essas características aprimorando as funcionalidades das proteínas, gorduras e carboidratos e também através da ação de certos aditivos. Para chegar na experiência sensorial desejada pelos consumidores, é fundamental ter estudos de desenvolvimento de ingredientes com funcionalidades para dar estrutura aos produtos, uma vez que os agentes de textura disponíveis atualmente possuem desempenho incompatível com as necessidades do mercado.  Diversificar a oferta de ingredientes que mimetizam o sabor característico dos produtos animais em análogos de plantas veio em seguida, com 68% das respostas. Este dado reflete uma demanda vinda diretamente do mercado, que busca sabor, aroma e textura igual ou melhor do que do produto tradicional nos alimentos vegetais.  As proteínas vegetais ainda apresentam forte sabor residual, o que torna mimetizar completamente o produto animal um grande desafio para a indústria. A construção do sabor dos produtos deve ser feita de forma que resulte em maior naturalidade no produto final. Portanto, o desenvolvimento de ingredientes que atendam a essas demandas representa grande oportunidade para as empresas do setor.  Os produtos com apelo clean  label têm sido cada vez mais valorizados e procurados pelos consumidores, como reflexo da alta preocupação com a saúde entre os brasileiros. Somos o quarto país no ranking de consumo de alimentos saudáveis, um setor que tem crescido 25% ao ano desde 2009, segundo a Euromonitor. Como reflexo dessa demanda de consumo, pesquisar novos processos e ingredientes para obter produto final com apelo clean label foi apontado por 64% das empresas como prioridade.  Atualmente, os produtos vegetais ainda possuem formulações complexas e com muitos ingredientes com os quais o consumidor não é familiarizado,  tornando, muitas vezes, os rótulos difíceis de serem compreendidos e criando barreiras para a compra. Por isso, é necessário simplificar as formulações para ir ao encontro dessa vontade do consumidor. Uma possibilidade de viabilizar esse esforço é realizar pesquisas que desenvolvam alternativas para substituir aditivos, aromas e corantes modificados por ingredientes conhecidos pelo brasileiro.  Ampliar soluções para obter produto final com características nutricionais desejadas foi indicada como uma necessidade por 64% dos respondentes.  Dentro do contexto brasileiro, a maioria dos consumidores de produtos feitos de plantas é composta por pessoas que reduzem o consumo de produtos animais, com esse grupo chegando a 49% da população em 2020, de acordo com pesquisa do GFI Brasil..  Por isso, é importante que o produto final atenda à demanda desse grupo e entregue as características de saudabilidade desejadas. Ou seja, produtos que mimetizam o tradicional com valor nutricional equiparado ou superior ao do produto de origem animal. Em um mercado cada vez mais competitivo, a qualidade nutricional pode ser um dos principais diferenciais competitivos. Por isso, é importante que a indústria se dedique a aprimorar características nutricionais como diminuir o teor de gordura e sódio, aumentar o teor de proteína e fibras, etc.  Também com 64%, duas prioridades similares: aumentar a oferta de ingredientes que mimetizam a textura característica e que mimetizam a gordura dos produtos tradicionais. Esses itens reforçam a necessidade de matérias-primas e ingredientes que tenham desempenho compatível com as necessidades do mercado para mimetizar os produtos de origem animal. Replicar o sabor e textura da gordura animal ainda é particularmente desafiador para a indústria, assim como as propriedades nutricionais do ômega-3 encontrado em frutos do mar e peixes. Conforme a demanda por carne e frutos do mar vegetais cresce, novas fontes e métodos de produção serão necessários para garantir o perfil sensorial esperado pelo consumidor.  Desenvolver produtos que vão ao encontro dessa combinação de fatores representa tanto uma grande oportunidade quanto um grande desafio para o futuro da indústria. A partir dessas informações, nossos especialistas identificaram as seguintes áreas de oportunidade para o setor de proteínas alternativas:  Textura – proteínas com texturas diferenciadas e melhores funcionalidades, tecnologias adequadas para formação de fibra, retenção da gordura e umidade (suculência e sensação de preenchimento).  Sabor – reduzir sabor residual de proteínas vegetais, maior naturalidade, aromatização natural.  Experiência de consumo – derreter, gratinar (queijos), cor (mudar durante cozimento), textura, sabor e aparência.  Custo – Paridade, similaridade.  Nutrição – equivalência nutricional, redução de sal e gordura saturada.   Clean label – estabilizantes (substitutos

GFI Brasil financia pesquisas para o desenvolvimento de ingredientes a partir de espécies vegetais da Amazônia e Cerrado

O The Good Food Institute Brasil lança o Projeto Biomas que vai financiar pesquisas exploratórias com potencial para transformar produtos vegetais nativos dos biomas da Amazônia e Cerrado em ingredientes alimentícios demandados pela indústria de proteínas alternativas. Com aporte de até R$135 mil por projeto, os estudos deverão se concentrar na investigação de quatro espécies amazônicas (babaçu, guaraná, cupuaçu e castanha-do-Brasil) e três do Cerrado (baru, macaúba e pequi). Os pesquisadores interessados devem enviar suas candidaturas até o dia 15 de julho de 2021, às 22h de Brasília. Os projetos deverão ter prazo de execução de, no máximo, 12 (doze) meses e desenvolvidos no Brasil. Para se inscrever, basta ler o edital e seguir as instruções. Por meio do programa que conta com aporte de recursos da Fundação CLUA – Climate Land and Use Alliance, o GFI espera criar ferramentas de acesso livre e métodos para o desenvolvimento de alimentos que sejam saborosos e acessíveis. “No Brasil, temos o privilégio de contar com uma vasta biodiversidade, com potencial para transformar espécies nativas de manejos sustentáveis em ingredientes para o mercado de produtos plant-based. As pesquisas deverão estabelecer caminhos para valorização, ampliação das informações tecnológicas das espécies nativas e a ampliação do uso desse enorme potencial natural como ingredientes em produtos vegetais, potencializando o desenvolvimento econômico regional”, explica a Dra. Katherine de Matos, diretora de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil. A seleção dos sete produtos nativos ocorreu após levantamento feito pelo próprio GFI Brasil que levou em consideração o potencial técnico e econômico de cada espécie. Para chegar aos resultados econômicos, a instituição utilizou o número de comunidades produtoras, volume de produção e maturidade da cadeia produtiva. Para a análise de potencial técnico, foram utilizados critérios como a composição química dos produtos, o potencial tecnológico e aspectos nutricionais. “A potencialidade da flora nativa brasileira não está refletida nos supermercados, nas feiras e muito menos na cozinha do brasileiro. Como resultado, a sociedade deixa de aproveitar os benefícios decorrentes dessa riqueza. No caso das espécies de uso alimentício, por exemplo, a sociedade acaba não se beneficiando dos elevados valores nutricionais presentes nas espécies nativas. A natureza é rica, entretanto, essa riqueza precisa e deve ser usada com sabedoria. Essa pode ser a grande saída da humanidade para o futuro”, defende Cristiana Ambiel, gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil. Entre as possibilidades de temas de pesquisa apontadas pelo edital do Projeto Biomas, destacam-se a utilização de resíduos ou subprodutos industriais ou agroindustriais, desenvolvimento e otimização de processos para obtenção de ingredientes por meio de métodos ecológicos, viáveis e simples de serem aplicados na agroindústria e associações extrativistas locais, desenvolvimento de ingredientes para aplicação em produtos feitos de plantas que melhorem as características sensoriais de aparência, cor, sabor e textura, promovam incremento nos aspectos nutricionais e reduzam o custo no produto final, além do desenvolvimento de produtos com apelo clean label, dentre outros. Para contribuir na compreensão do edital, o GFI vai promover, no dia 23 de junho, das 14h às 15h30, o workshop “Entendendo o Programa de Financiamento à Pesquisa Exploratória com foco nos Biomas Amazônia e Cerrado”. Inscreva-se no link. O GFI Brasil incentiva o investimento em pesquisa e desenvolvimento da biodiversidade para encontrar inovações tecnológicas que supram as demandas da indústria de forma sustentável. Desta forma, a instituição promove a conservação da floresta em pé, proporciona o desenvolvimento de novas cadeias produtivas e a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais. Conheça um pouco mais sobre os ingredientes selecionados pelo GFI e suas propriedades: CASTANHA-DO-BRASIL Com significativa produção nacional de cerca de 32.900 toneladas no ano de 2019 segundo o IBGE, a castanha-do-brasil in natura constitui uma favorável fonte proteica (15,60%) e lipídica (61,00%). O seu óleo possui uma boa qualidade nutricional (85% de ácidos graxos insaturados) e apresenta índices de acidez e peróxidos que atendem a legislação brasileira para óleos vegetais comestíveis. BABAÇU A produção nacional de Babaçu atingiu cerca de 48.700 toneladas no ano de 2019 segundo o IBGE, envolvendo cerca de 37 comunidades produtoras segundo a Conexsus. A amêndoa do babaçu possui 7,25 % de proteína e 66% de lipídeos. O seu óleo apresenta características funcionais interessantes por ser constituído de 83% de ácidos graxos saturados. Este produto, destinado à alimentação humana como suplemento alimentar, e, na medicina popular no tratamento de inflamações, já é produzido e comercializado por algumas comunidades. CUPUAÇU Com uma produção de cerca de 787 toneladas no ano de 2017, segundo o IBGE, a polpa do cupuaçu é destinada à produção de diversos alimentos (polpa congelada, sorvete, geleias, etc). Dessa produção, gera-se como resíduo as sementes. A semente do cupuaçu possui 9,4% de proteína e 64,9% de lipídeos. Do óleo extraído dessa semente forma-se uma torta com altos teores de proteína (15,2%), fibras (47,6%) e lipídeos (21,0%). A torta de cupuaçu se mostra como uma alternativa para a elaboração de isolados proteicos devido a sua riqueza de aminoácidos essenciais, tornando-se uma fonte de proteína alternativa. GUARANÁ O Guaraná é normalmente comercializado na forma de xarope (para a produção de refrigerantes e bebidas energéticas) e em pó (para a produção de cápsulas ou vendidos em sachês e frascos). Tanto o xarope quanto o pó são produzidos a partir das sementes torradas do guaraná que possuem cerca de 15% de proteína e 40% de fibras. Deste processo gera-se como subprodutos a casca e a polpa do guaraná. A casca possui cerca de 10% de proteína e 70% de fibra e a polpa possui cerca de 17% de proteína. Faz-se necessário o aprofundamento de estudos a cerca do aproveitamento destes subprodutos pela indústria alimentícia. MACAÚBA Segundo dados do IBGE, a produção nacional de Macaúba atingiu cerca de 1.178 toneladas no ano de 2018. A polpa e amêndoa de macaúba podem ser industrialmente exploradas não só como fonte de óleos vegetais, mas também como fonte de proteínas e carboidratos. Estas propriedades são desejáveis para a formulação de diferentes tipos de alimentos, com destaque para a indústria de panificação e massas e a indústria

Bioeconomia pode levar o Brasil a liderar a produção global de proteínas alternativas

Desde os anos 1970, com a criação do Programa Nacional do Álcool, o Brasil conhece o valor da bioeconomia. Criado como oportunidade de uso da tecnologia diante da crise global do petróleo, cinquenta anos depois o país se tornou o segundo maior produtor de etanol do mundo e o maior exportador. O nome é novo, mas a ciência é antiga e tem potencial para alavancar outras áreas da economia nacional de maneira sustentável. O tema foi amplamente debatido hoje (11/9), durante o 3º Seminário Virtual da Frente Parlamentar da Bioeconomia com o tema “Amazônia: desafios e oportunidades da inovação e do ambiente de negócios.”  O Vice-Presidente Gen. Hamilton Mourão, que coordena o Conselho Nacional da Amazônia Legal, afirmou em seu pronunciamento o país deve centrar esforços no desenvolvimento da bioeconomia. “O Brasil tem que se apresentar para o mundo como potência agroambiental, ligada exatamente à questão da exploração da nossa biodiversidade. A bioeconomia na Amazônia deve mapear todos os produtos que temos lá, como o açaí, castanha, cacau e óleos vegetais, por exemplo.”.   Mourão afirmou, ainda, que o conselho tem três grandes vertentes de trabalho: proteção, preservação e desenvolvimento da Amazônia. ”Considero que o maior desafio está centrado no desenvolvimento, que requer uma ampla gama de medidas e um debate intenso para buscar o melhor caminho para a exploração econômica das riquezas da diversidade da região.”. Dentre as principais pautas da conselho estão o reforço do combate ao desmatamento e às queimadas; Fundo Amazônia, e a avaliação sobre a retomada de projetos ligados ao fundo que estão parados; recomposição da capacidade operacional de órgãos de fiscalização ambiental; e regularização fundiária. Bioeconomia A bioeconomia é um modelo econômico e industrial que utiliza matérias-primas regenerativas em substituição aos recursos fósseis e não renováveis. Dessa forma, não apenas a bioenergia se favorece dela. Com os inúmeros avanços tecnológicos e científicos, atualmente já são produzidos alimentos funcionais e biofortificados, medicamentos, plásticos biodegradáveis e muitos outros produtos e insumos.  Para se ter uma ideia, estudos realizados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico mostram que a bioeconomia movimenta cerca de 2 trilhões de euros e gera 22 milhões de empregos no mundo todo. Até 2030, as expectativas são de que as biotecnologias representarão 80% da produção de fármacos, 50% da produção agrícola e 35% dos produtos químicos. A pesquisa afirma, ainda, que 2,7% do PIB dos seus Estados-membros virão da bioeconomia. Nos Estados Unidos, já representa 5% do PIB, segundo informações das Academias de Ciências, de Engenharia e de Medicina.  Esse percentual tem potencial para ser ainda mais representativo em países como o Brasil, que tem uma grande biodiversidade de fauna e flora. São mais de 100 mil espécies animais e cerca de 45 mil de vegetais, grande parte dela se encontra na Amazônia. “A Amazônia brasileira possui mais de 500 milhões de hectares, 340 milhões ainda intactos; representa 20% da biodiversidade global. É um bioma onde ainda há muito o que descobrir. pois ali uma nova espécie é descoberta ou descrita a cada três dias. A grande questão do debate é: quanto vale a floresta? qual é o valor da floresta em termos de bioativos? Sem dúvida nenhuma é maior do que da floresta deitada, devastada se explorada de forma irracional”, argumentou o presidente executivo da Associação Brasileira de Bioinovação – ABBI, Thiago Falda. Maurício Adade, presidente do Conselho diretor da ABBI, elencou ações fundamentais para o desenvolvimento de um ecossistema estimulante para a bioeconomia avançada na Amazônia. “Devemos mapear as matérias-primas e biorecursos e desenvolver redes de distribuição e coleta envolvendo as comunidades locais; modernizar os marcos regulatórios para desburocratizar o ambiente de inovação de negócios; incentivar a interação entre a academia e o setor público, com especial atenção à pesquisa aplicada para exploração sustentável da biodiversidade local; criar mecanismos para atração de investimentos e empresas de produtos de base biológica; estimular a criação de mecanismos para participação de produtos de base renovável e soluções de baixo carbono no mercado nacional e que permitam a competitividade desses produtos no exterior”.  Diante desse potencial, um plano para implementar medidas de desenvolvimento de bioeconomia na região está em construção. O foco das atividades econômicas atuais ainda são as commodities que, apesar de atrativas por serem produzidas em larga escala, têm valor agregado baixo. Se explorados de forma sustentável, os recursos naturais amazônicos podem ter um impacto positivo transformador na economia do país e na preservação do bioma. Por meio de investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias a partir dos conhecimento acumulados por anos pelas instituições científicas locais, é possível desenvolver novos produtos alimentícios e farmacêuticos que podem tornar o país referência mundial nessas áreas. De acordo com o diretor executivo do The Good Food Institute, Gustavo Guadagnini, a indústria de proteínas alternativas tem muito a ganhar com o desenvolvimento de produtos e novos ingredientes de alto valor agregado na região amazônica que utilizam a biotecnologia. “O Brasil tem uma biodiversidade única, por isso também temos inúmeras possibilidades de gerar ingredientes inovadores com base em todas essas espécies de plantas amazônicas. O GFI acredita que uma agenda de bioinovação focada na região amazônica será um dos ingredientes essenciais para uma receita de sucesso na qual o Brasil poderá liderar globalmente a indústria de proteínas alternativas”, afirmou Gustavo. A ação integrada entre os agentes econômicos, científicos e de governo é outro fator importante para que o país assuma esse papel de liderança. Cada vez mais os produtores, indústria, governos e cientistas se unem para elaborar soluções que permitam o aumento da produção global de proteínas de forma mais sustentável. Dentre as ações possíveis podemos citar melhorias nas práticas de manejo, estudos para aumento sustentável de produtividade no campo e implementação de novas tecnologias agrárias como monitoramento de plantações por drones, agricultura de precisão e fazendas verticais. O desenvolvimento de novas fontes de proteínas é outra solução que surge na construção desse novo panorama da alimentação. Por isso a indústria de proteínas alternativas surge com tanta força: é um dos caminhos necessários para o