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Será a indústria de carnes vegetais uma moda passageira?

Gustavo Guadagnini (*) Recentemente, a indústria de carnes vegetais foi questionada por uma parte da mídia, especialmente nos Estados Unidos, após  um desempenho abaixo do esperado na empresa Beyond Meat e em outras iniciativas menores. Essas reportagens se utilizaram de exemplos específicos para projetar um cenário desastroso sobre toda a indústria, e questionaram: será que essa tecnologia é uma moda passageira? Na opinião dos especialistas desse setor, não. Para entendermos o contraponto, dois argumentos têm sido bastante utilizados. Em primeiro lugar, a teoria de mudança das proteínas alternativas prevê que os produtos vão conquistar uma grande parcela do mercado quando estiverem competindo em condição de igualdade nos aspectos de preço e sensorialidade (sabor, textura, aroma e suculência). No entanto, é evidente que esse ponto ainda não chegou, pois as tecnologias são muito novas e ainda têm muito o que se desenvolver. Curiosamente, o mesmo termo mencionado pela mídia estadunidense (“fad”, ou moda passageira) já foi utilizado antes para descrever diversas outras tecnologias, como o os videogames, o rádio, os automóveis e até a internet. Não é preciso desenvolver um argumento para mostrar que nenhuma dessas tecnologias acabou sendo uma moda passageira. Da mesma forma, a indústria de proteínas alternativas está ainda em seus primeiros passos. Precisa ganhar escala e receber investimento em pesquisa e desenvolvimento para então competir de forma mais ampla.  Além disso, o segundo argumento está ligado à necessidade que fez com que essas indústrias surgissem. Aqui, não se trata apenas de mais uma oferta alimentar, mas sim de uma solução imprescindível para o futuro do planeta. Isso porque há um consenso científico de que, se não lidarmos com a contribuição da pecuária para a crise climática, não alcançaremos nossos objetivos do Acordo de Paris, ou seja, não conseguiremos conter o aquecimento global e todas suas consequências. O Brasil, inclusive, é signatário do acordo e tem metas para reduzir sua emissão de gases, que é a quarta maior do mundo, exatamente pela imensa atividade pecuária do país.  Em janeiro de 2023, um estudo conduzido pela Universidade de Exeter, Systemiq e pelo Bezos Earth Fund mapeou três tecnologias que têm potencial para reduzir 70% das emissões de gases do efeito estufa. Uma delas, sem surpresas, é a indústria de proteínas alternativas. Esse estudo se soma a diversos outros que apontam essas novas tecnologias de alimentos como a única solução em larga escala para redução do metano emitido por animais. Para termos uma ideia do que pode ser esse impacto, a consultoria Kearney prevê que em 2040 o mercado total de carnes valerá US$ 1,8 trilhão, sendo que apenas 40% dessa carne será produzida a partir do abate animal, e 60% do mercado será tomado por  proteínas alternativas (carnes vegetais, obtidas pela fermentação ou cultivadas a partir de células). Se essa previsão se realizar, as novas tecnologias de alimentos terão eliminado mais de metade do impacto causado pela pecuária.  Essa previsão não é a única, mas independente do número específico, está claro que essa indústria terá um papel essencial para  o futuro da cadeia de produção de alimentos ser mais sustentável. Ainda assim, o ditado já disse que “Roma não foi construída em um dia” –  e nem será o futuro da alimentação. A construção dessa indústria ainda vai levar décadas e exigir muito investimento, assim como foi com o rádio, videogames, internet, automóveis e qualquer outra grande evolução tecnológica.  Apesar das dúvidas trazidas pela mídia no passado, as tais modas passageiras transformaram completamente a vida de todos nós. Assim será no futuro: a indústria de carnes vegetais está apenas começando e em breve será acompanhada de suas “irmãs”ainda mais novas, que trazem proteínas produzidas a partir de fermentação e do cultivo celular.  No final, o que todos queremos é a mesma coisa: uma cadeia de produção de alimentos que consiga eliminar a fome ao  mesmo tempo em que preserva o planeta. R. Buckminster Fuller disse “Somos chamados a ser arquitetos do futuro, não suas vítimas”. Agora cabe escolher: você vive ao lado dos que constroem o futuro, ou dos que preferem acreditar que a tecnologia será uma moda passageira? (*) Gustavo Guadagnini – Administrador de empresas formado pela PUC-SP, seu objetivo é criar uma cadeia de produção de alimentos mais saudável, segura, justa e sustentável por meio de apoio às indústrias que visam criar alternativas ao uso de ingredientes com origem animal, seja em tecnologias de base vegetal ou de tecidos cultivados. É um dos mais ativos promotores do setor, sendo listado em 2020 pela revista GQ como um dos brasileiros na lista dos “25 nomes que podem salvar o mundo”.

GFI Brasil na COP27: confira a programação do Pavilhão dos Sistemas Alimentares

Começa hoje (6/11), no Egito, a COP27, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). O The Good Food Institute estará presente como uma das 15 organizações responsáveis pelo primeiro espaço dedicado a discutir o papel do sistema de produção de alimentos no enfrentamento da crise climática, o Food System Pavilion. O GFI Brasil vai liderar dois dias temáticos, repletos de sessões informativas, plenárias e apresentações de estudos de caso. O primeiro, no dia 6 de novembro, será voltado para discussões em torno da construção de sistemas alimentares climaticamente resilientes e apresentação das mais diversas soluções, considerando a multiplicidade de atores envolvidos nos sistemas alimentares globais. No dia 16 de novembro, o foco será nas estratégias para proteger e restaurar a natureza por meio de soluções trazidas especialmente pela biodiversidade e com envolvimento ativo de comunidades locais. Neste dia, o GFI vai apresentar o trabalho que tem desenvolvido na Amazônia e no Cerrado, promovendo pesquisas para o desenvolvimento de ingredientes da a partir de espécies nativas destes biomas. O GFI também é parceiro em outras datas temáticas no Pavilhão, como o dia da Adaptação Climática e o dia da Água. Confira abaixo nossa participação no evento: Designing food systems resilience in a warming world for global securityHow both global and regional solutions can lessen risks, increase supply chain stability, and improve livelihoods6 de novembro, das 11h30 às 13h30 GMT | Participação do Presidente do GFI Brasil, Gus Guadagnini Zero-conversion foodFeeding a growing world in ways that enable recovery of biodiverse lands and waters16 das 14h15 às 15h45 | Participação do Presidente do GFI Brasil, Gus Guadagnini. Food system careers of the futureInsights and aspirations from youth leaders16 de novembro, das 18h10 às 19h | mediação: Analista de Políticas Públicas do GFI Brasil, Mariana Bernal. Acompanhe as nossas redes pra saber os principais destaques do evento.

GFI lança carta de compromissos às eleições em 2022

Candidaturas devem subscrever a carta, por meio de e-mail, até o dia 30 de setembro; documento tem como principal preocupação a segurança alimentar e o meio ambiente O mundo vive uma das maiores crises alimentares em décadas. De acordo com a FAO (Agência da ONU Alimentação e a Agricultura), 690 milhões de pessoas passam fome no mundo diariamente. Em 2021, 116,8 milhões de brasileiros conviviam com algum grau de Insegurança Alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões passavam fome.  O Good Food Institute Brasil (GFI Brasil) acredita que a Segurança Alimentar da população conversa diretamente com a busca por novos alimentos e métodos produtivos, mais sustentáveis e universalizados. Nesse sentido, as proteínas alternativas são a grande aposta não apenas para o futuro, mas também para o presente. Diante desses desafios e com o objetivo de incentivar uma agenda política propositiva para o mercado de proteínas alternativas nos próximos anos, o GFI Brasil está convidando candidaturas às eleições de 2022 a fazer um compromisso público, caso seja eleito, defendendo as seguintes propostas: “Se o candidato se identificar com esses compromissos, ele terá responsabilidade de levar essas propostas adiante nos anos seguintes. São compromissos importantes que irão impactar não só a questão alimentar, mas também o meio ambiente e a renovação de recursos naturais. Esperamos uma grande adesão”, afirma o vice-presidente Políticas Públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral.  A subscrição vai até o dia 30 de setembro. Qualquer candidatura pode participar da subscrição dos compromissos. Para isso, basta enviar um e-mail com as informações abaixo para o e-mail politicas@gfi.org. As candidaturas subscritas serão divulgadas semanalmente no site, blog e mídias sociais do GFI Brasil. Leia aqui a carta na íntegra.

Transição no sistema alimentar é necessária para garantir a vida na Terra

Texto: Victória Gadelha Revisão: Vinícius Gallon A meta estabelecida pelo Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura terrestre a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais demanda uma redução drástica das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Nos últimos anos, muitos avanços tornaram os setores de transportes, indústrias e energia mais limpos. No entanto, por mais fundamentais que sejam todos esses esforços, eles ainda são insuficientes para limitarmos o aquecimento do planeta. Isso porque o sistema alimentar global é também um dos principais emissores de GEE mas, diferente dos outros setores, seus impactos foram historicamente mal compreendidos e, só agora, começaram a ser expostos com clareza – e com a seriedade que a situação demanda. Estudos mostram que, mesmo se todas as emissões de combustíveis fósseis fossem imediatamente zeradas, as emissões do sistema alimentar global por si só tornariam impossível limitar o aquecimento a 1,5°C e ameaçariam, inclusive, um aumento acima de 2°C.  Por isso, para cumprir os objetivos do Acordo de Paris e garantir um futuro seguro, é urgente mudar a forma como nós produzimos alimentos e, principalmente, a forma como nós consumimos proteínas. O sistema alimentar é responsável por 34% das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. A produção de proteína animal, sozinha, gera metade desse valor, que é maior do que as emissões totais (de todos os setores combinados) dos EUA. Essas emissões vêm de várias fontes, principalmente do desmatamento (para abrir pastagens e plantar os grãos que viram ração dos animais de abate), da produção e do uso de fertilizantes e agroquímicos, da fermentação entérica e do esterco dos ruminantes (que, juntos, são responsáveis por 30% das emissões de metano) e da queima de combustíveis fósseis na cadeia de produção e abastecimento de alimentos. A pecuária (pastagem e produção de grãos para ração) ocupa mais de 70% de todas as terras agrícolas do mundo e 30% da superfície terrestre. Mesmo assim, fornece apenas 17% do suprimento alimentar da humanidade. Com a população mundial prevista para alcançar 10 bilhões de pessoas em 2050, é esperado que o consumo de carne aumente a ponto de dobrar nos países de renda média. E dobrar a produção desse setor, sem mudar seus métodos, significa dobrar todos os impactos que ele gera – em um mundo com recursos naturais já esgotados.  É por isso que as proteínas alternativas se apresentam como uma solução potente e escalável para uma transição eficaz no sistema alimentar. Novo estudo do The Good Food Institute com o Climate Advisers indica que uma mudança no consumo de proteínas é capaz de fornecer de 14 a 20% da mitigação de emissões que o mundo precisa até 2050 para não ultrapassar o aquecimento de 1,5°C. Além disso, é capaz de acelerar outras soluções naturais ao, por exemplo, liberar milhões de hectares de terras que podem ser destinada para estratégias de conservação, gestão com foco no clima, segurança alimentar, proteção da biodiversidade, etc. As proteínas alternativas podem ser divididas em dois tipos principais: feitas de plantas (plant-based), que são produtos feitos de vegetais que imitam o sabor, formato e textura das carnes (bovina, suína, de frango, peixe, frutos do mar…), laticínios e derivados; e carne cultivada, fabricada diretamente a partir de células animais, resultando num produto igual ao convencional. A alta eficiência de ambas no uso da terra em relação à carne bovina é, sem dúvidas, uma das suas maiores vantagens, já que precisam de até 99% e 95% menos solo para serem produzidas, respectivamente.  Ao invés de usar terras para cultivar os grãos que alimentam os animais que, por sua vez, são abatidos para nos alimentar – e ocupar mais terras para criar todos esses animais – as colheitas podem ser usadas diretamente para produzir carne à base de plantas. Dessa forma, deixamos de “terceirizar” a ingestão de proteínas através do animal e podemos tirar esse intermediário da equação. Com isso, todo o metano e o óxido nitroso gerados pela digestão e decomposição do estrume dos ruminantes deixa de ser emitido e, como dito anteriormente, as vastas terras poupadas podem ser destinadas para práticas regenerativas e de preservação.  Tanto a carne vegetal quanto a cultivada concentram seu gasto de energia em instalações que podem ter uma pegada de carbono mínima se alimentadas com energia renovável, emitindo pouco ou nenhum GEE. Assim como painéis solares e carros elétricos, as proteínas alternativas precisam ser amplamente consumidas para passarem a assumir um papel de protagonismo na redução global de gases de efeito estufa. Apesar desse momento ainda não ter chegado, as inovações do setor seguem em ritmo impressionante e indicam que, logo, as proteínas alternativas poderão competir em sabor e preço com todo tipo de carne animal.  Os produtos substitutos para carne bovina, suína e de frango já se popularizaram e estão sempre presentes em mercados e hamburguerias como uma opção para vegetarianos e veganos, mas os avanços em relação a alternativas para peixes e frutos do mar também surpreendem e, em termos de impactos ambientais, têm uma relevância importantíssima – que muitas vezes é menosprezada. Além da pesca predatória agredir os ecossistemas marinhos ao retirar do mar trilhões de animais todos os anos, muitos peixes selvagens (como atum, bacalhau e salmão) já são pescados acima da capacidade máxima e passam a integrar a lista de espécies em extinção. O desenvolvimento de peixes e frutos do mar alternativos pode aliviar a pressão sobre a pesca industrial e os sistemas de aquicultura, que não vão conseguir suprir a lacuna entre oferta e demanda que deve se formar nos próximos anos. Ao mesmo tempo, as proteínas alternativas reduzem em até 91% a poluição dos oceanos (Causada pelo escoamento agrícola) e também poupam todos os outros recursos aquáticos, uma vez que precisam de até 99% menos água para serem produzidas do que a carne animal). Os ganhos ambientais proporcionados por essa transição no sistema alimentar são inegáveis, mas ela também oferece benefícios cruciais à saúde global: relatório da FAO (braço da ONU para alimentação e agricultura) de 2013 já indicava

2017: Um “Sinal de Alerta” para a Indústria de Carne

Este ano foi um “alerta para o setor de proteína animal” – e isso de acordo com a própria indústria de carne. Agora que a indústria está desperta, não está perdendo tempo de embarcar no futuro da proteína de origem não animal. Apoiada pelas maiores empresas produtoras de carnes do mundo, pela demanda do consumidor e pela inovação tecnológica, a carne limpa e à base de vegetais está passando por um momento “zeitgeist”. Livros inteiros poderiam ser escritos sobre os desenvolvimentos e implicações dessas inovações sustentáveis (psiu! e psiu!), mas nós condensamos os maiores sucessos para o seu deleite de ler. Junte-se a nós em uma viagem pelos maiores momentos em inovação de alimentos deste ano, culminando em nossas principais escolhas das últimas notícias do setor!   Esse é o fim da indústria da carne e o começo da indústria de proteínas. Não posso começar essa discussão sem antes mencionar e se maravilhar com a seguinte manchete da Fox News: [CEO da Tyson Foods: O Futuro da Alimentação Pode ser Sem Carne.] Isso mesmo, uau!  Para adicionar algumas nuances, o CEO da Tyson, Tom Hayes, achava que haveria produção de carne no futuro da Tyson – não necessariamente de origem animal. Hayes prevê que em 25 anos, cerca de 20% da produção de carne será limpa ou à base de vegetais, o que outros líderes do setor – incluindo um porta-voz da General Mills – consideram uma estimativa baixa! Para confirmar sua confiança neste quesito, a Tyson aumentou seu investimento na empresa de proteína vegetal Beyond Meat. Ao mesmo tempo, a Maple Leaf, maior produtora de carne do Canadá, movimentou-se para se estabelecer como a empresa de proteína mais sustentável do mundo adquirindo a Lightlife e a Field Roast. Para não ficar para trás, a Nestlé, líder do setor, adquiriu a Sweet Earth Foods. Depois de vender o último de seus confinamentos de gado, a Cargill se tornou a primeira grande empresa de carnes a investir em uma startup de carne limpa. E de acordo com a Global Meat News, nada menos que 10 processadores globais de carne estão em negociações com a Hampton Creek para licenciar sua tecnologia de carne limpa. A mensagem é óbvia: a indústria de carne sabe que precisa se adaptar o mais rápido possível ao futuro da proteína de origem não animal ou ficarão para trás. Como resumo de outras atividades de fusões e aquisições no setor, e uma análise do que isso significa para o futuro das empresas de carnes de origem vegetal, especificamente, clique aqui.   O Novo Movimento de Carne Ganhou Status de Celebridade O Google pode ter lançado um programa para tornar os vegetais mais populares que a carne, mas, ao contrário de mim no ensino fundamental, as proteínas alternativas não precisavam de muita ajuda para ser a “criança” mais legal do mundo. Juntamente com um influxo de investimentos, lançamentos de produtos e com a atenção do consumidor, tanto as startups de carne limpa quanto as de carne à base vegetais adicionaram um número de amigos célebres à suas equipes este ano. Leonardo DiCaprio fez uma parceria oficial de longa data com a Beyond Meat com um investimento (para o qual dissemos “uau”). Falando em Titanic, o diretor vencedor do Oscar, James Cameron, e sua esposa Suzy Amis Cameron, inauguraram a maior fábrica de proteína de ervilha da América do Norte, que será usada para desenvolver alimentos à base de vegetais e engajar jovens empreendedores e agricultores no crescente mercado de proteínas alternativas. E não podemos nos esquecer do Richard Branson, que – ao lado de Bill Gates – investiu na pioneira Memphis Meats, empresa inovadora de produção de carne livre de abate animal, e se tornou um defensor de alimentos saudáveis, humanos e sustentáveis: Esses endossos da lista de celebridades são mais do que uma isca divertida de manchete; Eles apontam para a onda de demanda por proteínas alternativas do consumidor comum que está impulsionando o sucesso desse segmento de mercado. Até agora, um novo estudo do Sentience Institute descobriu um nível significativo de consenso contra os atuais métodos de produção de carne entre os consumidores dos EUA, a maioria dos quais disse que escolheriam carne limpa em vez de alternativas convencionais quando atingisse a paridade de preços. Ao mesmo tempo, as vendas de alternativas à base de vegetais para produtos de origem animal têm aumentado de forma generalizada. Verifique os dados que a GFI coletou da Nielsen: Essa convergência na conscientização sobre os danos da pecuária industrial e a disponibilidade de melhores alternativas fez de 2017 o ano em que os consumidores abraçaram o futuro da alimentação livre de animais.   Ganhando o Mundo Todo Os mercados internacionais endossaram bastante as proteínas alternativas este ano, sendo que a carne à base de vegetais ganhou o título de “Megatendência n.o 1″ no mundo todo! [Mais a respeito no The Guardian, com a participação da Diretora de Engajamento Corporativo da GFI, Alison Rabschnuk] Enquanto os EUA permaneciam como um foco de inovação, produtos foram lançados e empresas inauguradas em todo o mundo para construir um suprimento de alimentos mais sustentável. Com o apoio da GFI, a Good Dot foi inaugurada na Índia para reverter a tendência do país em relação ao consumo de carne e interromper o trajeto da industrialização da pecuária. E na Nova Zelândia, o frango à base de vegetais da Sunfed chegou às prateleiras dos mercados, onde está sendo vendido e ganhando força desde então!     Parece delicioso, Good Dot! Empresas sediadas nos EUA também expandiram suas fronteiras, com a Beyond Meat estreando em Hong Kong e a Impossible Foods anunciando planos de expansão para a Ásia o mais rápido possível. Isso é tudo apenas no reino da produção de carne à base de vegetais. Este ano também foi um marco para a indústria de carne limpa. No início de 2017, havia apenas quatro empresas explorando publicamente a carne limpa. Agora, há onze empresas em todo o mundo trabalhando para substituir a carne da pecuária pelo cultivo direto de carne [em laboratório], em vez de dentro de animais de fazenda.

O guru plant-based estará pela primeira vez em São Paulo

No dia 16 de junho, Matthew Kenney, o guru da alimentação “plant-based”, virá pela primeira vez em São Paulo. O evento acontecerá  das 15h às 17h, no auditório da Universidade Anhembi Morumbi. Mathhew Kenney é empresário de sucesso, autor de 13 livros, proprietário de 22 restaurantes e idealizador da renomada escola de culinária PLANTLAB. Matthew virá pela primeira vez a São Paulo para falar sobre o futuro da alimentação e o empreendedorismo “plant-based”, abrangendo temas importantes como a ruptura do mercado global de alimentos, prevista para os próximos 10 anos. O evento, que contará com tradução simultânea, começará com uma palestra e bate-papo com o Matthew e culminará com uma degustação plant-based, preparada apenas com ingredientes orgânicos. Para abrir a palestra, contaremos com a participação da Renata Scarellis, Coordenadora de Políticas Alimentares do programa Alimentação Consciente Brasil. O sucesso de Matthew Kenney nasceu da união da alta-gastronomia com a nutrição da culinária vegana. Seus pratos proporcionam uma experiência de “nirvana”, segundo o guia Michelin, e se destacam pela criatividade, apelo aos sentidos e alquimia dos sabores. Hoje, mais do que nunca, o mundo está discutindo o papel da alimentação e sua relação com o meio ambiente, a saúde, beleza, produtividade e longevidade. Diante de tantas informações, a alimentação “plant-based”, baseada nos vegetais em sua forma mais natural, destaca-se com uma proposta simples e eficaz que não só garante todos os nutrientes necessários, mas também promove o bem-estar pessoal, animal e ambiental. O evento foi produzido pela  Cooltivar, empresa brasileira que nasceu com o propósito de promover o bem-estar pessoal, animal, social e ambiental através da alimentação plant-based. Nós estamos oferecendo cupons de desconto de 10% no valor do ingresso! É só inserir o código ‘gfi’. Para garantir seu ingresso, acesse aqui. Mais informações: (11) 94337-9004

Por que Richard Branson apoia carnes limpas?

Eu acredito que em mais ou menos 30 anos nós não vamos mais precisar matar animais e que todas as carnes serão ou limpas ou à base de vegetais, possuírem o mesmo sabor e serem também muito mais saudáveis para todos. -Richard Branson no blog Virgin. Recentemente, a startup Memphis Meats de carnes limpas inspirou manchetes com o anúncio que já havia levantado vários milhões em fundos de grandes nomes como Bill Gates, Richard Branson, Jack & Suzy Welch, uma das melhores fundações de capital de risco DFJ, e o aglomerado de alimentos global Cargill.   Desde então, Richard Branson tem sido uma das maiores vozes da inovadora abordagem da Memphis Meat na produção de carnes – e não é difícil de enxergar o porquê. Existe a razão óbvia que a Memphis Meats está reimaginando uma indústria de trilhões de dólares. Qualquer um ficaria entusiasmado em apoiar a empresa. E também existem razões mais pessoais: Eu gosto de pensar que para Richard Branson, o jogo reconhece o jogo quando o assunto são visões inovadoras.     Dois inovadoras: Dr. Uma Valeti da Memphis Meats e Richard Branson do Virgin Group   Pense sobre um pouco:   Há trinta anos atrás, Richard Branson estava preso em um aeroporto depois que seu vôo para as Ilhas Virgens Britânicas tinha sido cancelado por um planejamento ruim da empresa de aviação quando ele teve a ideia: Por que isso não pode ser feito de um jeito melhor? Por que não podemos fazer a experiência do consumidor durante viagens aéreas algo positivo e emponderadora? Por que ninguém ainda tentou fazer com que a indústria tivesse essa abordagem com uma nova visão?   Logo, Branson já foi conhecido como o líder da linhas aéreas Virgin Atlantic assim como a fama da magnata indústria de música Virgin Records.   Alguém já deve pensar que Brandon reconhece o espírito gentil em Dr. Uma Valeti: um cardiologista que deixou o campo em seu auge (como o presidente da Twin Cities American Heart Association e um professor associado de medicina na Universidade de Minnesota) para co-fundar a empresa que está aplicando a nova visão na indústria das carnes. No processo, Valeti e seu time estão reescrevendo nosso relacionamento com o planeta e os animais que habitam nele.   Claramente, essa visão ressoa com Branson. Assim como ele disse um recente podcast com Tim Ferris:   “De forma esperançosa, um dia nós não vamos ter que acabar com florestas tropicais e nunca matar animais para conseguir consumir carne. E eu acho que quando isso acontecer, nós vamos na verdade olhar para trás de forma grossa para todos os abates de animais que fizemos e na forma que fizemos, e ficarmos um pouco envergonhados por isso.”   Memphis Meats está trabalhando para que esse “um dia” aconteça o quanto antes.   Escrito por Emily Byrd. Traduzido por Felipe Krelling. Vídeo traduzido por Fernanda Onça. Texto original pode ser visto aqui.

Impactos da produção de alimentos no Brasil

Em 2017, o IBGE divulgou uma pesquisa afirmando que há mais de 7 milhões de pessoas no Brasil passando fome(1). Porém, é fácil afirmar que o país teria suficiência na produção de alimentos, se a estivesse destinando ao consumo direto da população. A realidade é que, no Brasil,  o rebanho de gado é maior que a população humana(2) (são 220 milhões de bois contra 208,8 milhões de pessoas) e grande parte dos grãos produzidos são destinados à alimentação de animais criados para abate. Assim, cada caloria obtida pelo consumo de carne representa 10 calorias de fontes vegetais que foram dadas ao animal durante sua vida, num sistema ineficiente do ponto de vista do uso dos recursos naturais. No mundo inteiro, mais de 70 bilhões de animais são abatidos por ano, sendo que temos uma população de 7 bilhões de pessoas. Além desses desafios sobre a eficiência na produção, existe uma série de consequências ambientais, que incluem: Desmatamento A Amazônia, que é a maior floresta tropical do mundo, está quase chegando em seu ponto crítico(4), no qual os efeitos do desmatamento podem não ter mais volta. Se isso acontecer, a floresta passará a ter uma vegetação mais rasa e depredada, e com menos biodiverdade. De acordo com os relatórios do Banco Mundial(5), 91% das causas do desmatamento são causadas pela pecuária, sendo 20% deste número é a produção de grãos para alimentar os animais.  O Cerrado, segundo maior bioma do Brasil que compõe quase 25% da área do país, já teve mais de 50% de sua área devastada, como mostra o mapa do IBGE. O maior pântano do mundo se encontra ali, que é o Pantanal, e segundo relatórios de 2017, ele também passou a encolher(6). Assim como no casa da Amazônia, a exploração se divide em pasto e cultivo de soja para alimentação do gado. A grande maioria do uso de terras no Brasil se dá pela produção de alimentos com origem animal, seja em pastagens ou em produção de ração. 79% da soja processada no país se torna farelo para alimentar animais(7) e 44% da soja é exportado in natura, em sua maioria para se tornar ração. O maior consumo está na criação de porcos e galinhas, principalmente na China (nossa maior importadora). Gases de efeito estufa: Mais de 18% dos envios de gases de efeito estufa tem origem na pecuária(8). Isso é 30% a mais do que todos os meios de transportes somados (carros, motos, navios, aviões etc). No Brasil, o impacto da pecuária é ainda muito mais visível devido ao desmatamento e do uso de suas terras. No gráfico abaixo, vemos o total de emissão de gases no Brasil, sendo que quase metade dos gases são causados pelo desmatamento e uso de terras (sendo a pecuária o principal fator que influencia negativamente esse ponto). 22% estão ligados diretamente à produção agropecuária, 19% à produção de energia e o restante dividido entre indústria e consumo da população. Fonte: SEEG   Outro fato negativo para nosso país é que somos o terceiro maior emissor de metano do mundo(9), gás emitido pelo gado e muito mais danoso que o CO2. Desperdício de água: De acordo com a WaterFootPrint, para cada 1kg de carne bovina, são necessárias mais de 15 toneladas de água(10). No cenário global, há dados da USDA mostrando que a pecuária utiliza 90% de toda a água consumida do mundo(11). Metade de todo o abastecimento de água do Brasil, por exemplo, se encontra no Cerrado, que está se tornando campos de pasto e de soja para alimentar o gado. Geração de lixo: Existe uma alerta da ONU mostrando que a pecuária é o setor que mais polui as águas no mundo. Um exemplo dos efeitos catastróficos dessa poluição é a acidificação das águas, que causa zonas mortas no oceano. Devido a essa acidificação, há previsões de que até dois terços dos corais do mundo serão degradados nas próximas décadas(12). Zonas desertas nos oceanos também já podem ser vistas, como o trágico exemplo do Golfo do México, que existe pelo uso excessivo de fertilizantes e pelo hábito de jogar os resíduos da pecuária no mar. Está claro que a produção de alimentos com origem animal é uma conta absolutamente ineficiente. Dessa forma, indústria, investidores e pesquisadores buscam soluções tecnológicas que possam modernizar essa produção, como opções de alimentos feitos a base de vegetais ou por tecnologias de reprodução de tecidos. Acompanhe nosso blog para mais informações sobre esse setor!   Escrito por: Felipe Krelling   Referências https://istoe.com.br/397357_MAIS+DE+7+MILHOES+DE+PESSOAS+AINDA+PASSAM+FOME+NO+BRASIL+MOSTRA+IBGE/ http://www.farmnews.com.br/mercado/produtores-de-carne-bovina/ https://www.nature.com/articles/nature10452 http://advances.sciencemag.org/content/4/2/eaat2340?utm_source=meio&utm_medium=email http://documents.worldbank.org/curated/en/758171468768828889/pdf/277150PAPER0wbwp0no1022.pdf http://www.midianews.com.br/cotidiano/brasil-vacila-sobre-ambiente-e-pantanal-comeca-a-encolher/314579 http://aprosojabrasil.com.br/2014/sobre-a-soja/uso-da-soja/ http://www.fao.org/docrep/010/a0701e/a0701e00.HTM https://data.worldbank.org/indicator/EN.ATM.METH.AG.KT.CE http://waterfootprint.org/en/water-footprint/product-water-footprint/water-footprint-crop-and-animal-products/ http://waterfootprint.org/media/downloads/Hoekstra-Mekonnen-2012-WaterFootprint-of-Humanity.pdf https://www.nature.com/articles/nclimate1674