Recentes do Blog

O que podemos esperar para o mercado de proteínas alternativas em 2024?

Apesar de desafios em todo o cenário macroeconômico, de dinâmica geopolítica, financiamento e infraestrutura, a indústria de proteínas alternativas mostra sinais de resiliência. Especialistas do The Good Food Institute Brasil analisam as previsões do setor que irão impulsionar a próxima onda de desenvolvimento rumo à adoção em massa pelos consumidores. Em 2024, o mercado de proteínas alternativas vai experimentar transformações significativas, impulsionadas por inovações tecnológicas, mudanças nos padrões de consumo e uma crescente conscientização sobre saúde e meio ambiente. Com base em algumas tendências atuais, podemos antecipar algumas direções que este mercado tomará ao longo do ano. Aumento na variedade de produtos A diversidade de produtos à base de plantas disponíveis está prevista para aumentar e passar a atender aos consumidores em todos os momentos de consumo, desde o café da manhã, almoço, jantar e lanches, seja com alimentos com apelo de mais saudabilidade a pratos mais indulgentes. Essa expansão na variedade não só abrange uma gama mais ampla de preferências do consumidor mas também facilita a adoção de alimentos plant-based na dieta diária, tornando-a uma opção viável para um público maior. Parcerias estratégicas e consolidação do mercado As parcerias estratégicas entre empresas de alimentos e restaurantes podem contribuir com a expansão da presença de opções plant-based nos cardápios. Esses tipos de parcerias são muito comuns em outros países, onde o mercado está mais maduro, e essas experiências mostram que tais colaborações podem aumentar tanto a acessibilidade quanto a visibilidade dessas alternativas. Além disso, é esperada uma consolidação das marcas, impulsionada por uma demanda do varejo, mantendo nas gondôlas os produtos e marcas que ofereçam a experiência sensorial mais próxima do que o consumidor deseja em termos de sabor, textura e aparência dos alimentos. Avanço tecnológico O desenvolvimento tecnológico permanecerá um motor de inovação para o setor, trazendo produtos com melhor desempenho sensorial. Espera-se que as inovações em ingredientes e técnicas de processamento ofereçam experiências de consumo mais satisfatórias ao consumidor. Em particular, ingredientes desenvolvidos através de processos fermentativos podem atrair mais atenção do setor, dada sua capacidade de melhorar o perfil nutricional e sensorial dos produtos. Maior foco em saudabilidade Empresas já consolidadas no mercado de proteínas alternativas devem continuar a enfatizar a saudabilidade em seus lançamentos e relançamentos. Formulações que atendam à demandas por menos colesterol, sódio, e gordura, assim como a inclusão de ingredientes naturais e familiares aos consumidores, serão cada vez mais comuns. Este foco na saúde reflete uma resposta direta às preocupações do consumidor e uma tentativa de alinhar produtos plant-based com expectativas de benefícios para a saúde e bem-estar. Preço A questão do preço continua sendo central, com a indústria se esforçando para tornar os produtos à base de plantas mais acessíveis. Isso passa por mais investimentos em cadeias locais de suprimentos, desenvolvimento de novos ingredientes e processos, além de esforços contínuos para reduzir os custos de produção e logística. Tais iniciativas são essenciais para igualar ou pelo menos aproximar a faixa de preço dos produtos plant-based com a de seus análogos de origem animal, tornando-os uma opção viável para uma gama mais ampla da população. Desafios para o setor Apesar das previsões otimistas, o setor enfrenta desafios significativos relacionados aos pontos citados acima: a) conquista de mais consumidores: a adoção de alimentos à base de plantas na dieta é uma dúvida para muitos, especialmente quando consideramos as preocupações sobre a saudabilidade e a percepção nutricional em torno dos alimentos plant-based; b) comparação do preço desses produtos com os de origem animal: é imprescindível encontrar o equilíbrio entre os custos de produção e o poder de compra da população, que enfrenta os efeitos da inflação – inclusive no setor alimentício. As empresas do setor precisam trabalhar para fechar essa lacuna, mostrando que é possível oferecer opções plant-based que não sejam apenas competitivas em preço e qualidade, mas que também sejam percebidas como nutritivas e benéficas para a saúde. Avanços regulatórios O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) deve seguir a agenda regulatória sobre produção e rotulagem de produtos plant-based, realizando ao longo do ano audiências públicas para discutir a minuta da Portaria que foi submetida à consulta pública em 2023, e que propõe um marco regulatório para suprir a falta de um regulamento mínimo para produtos análogos de base vegetal.  Além disso, com a inclusão das proteínas obtidas por cultivo celular e fermentação no rol de novos ingredientes e alimentos pela Anvisa no final do ano passado, por meio da Resolução RDC Nº 839, devemos observar também neste ano o início das discussões regulatórias sobre essas duas tecnologias, capitaneadas pelo MAPA e pela própria Anvisa.  Carne Cultivada e Fermentação Com a Resolução 839 da Anvisa, que orienta empresas sobre a submissão de produtos e ingredientes para comprovação de segurança e a autorização de uso de novos alimentos e novos ingredientes, é esperado que empresas que já estejam desenvolvendo esses novos alimentos apresentem seus produtos e ingredientes para apreciação da Anvisa. Além disso, também devemos ver mais empresas realizando eventos de degustação e de aplicação de produtos para públicos específicos, como investidores e imprensa. Esses são os primeiros passos para a comercialização dessas novas tecnologias em território nacional, resta agora o Ministério da Agricultura regulamentar as questões de registro de produto, rotulagem e inspeção de unidades de produção, um debate que deve começar a ocorrer já este ano. “O mercado de plant-based em 2024 deve ser caracterizado por uma maior diversidade de produtos, consolidação de marcas, parcerias estratégicas, avanços tecnológicos, um foco renovado na saudabilidade e esforços contínuos para tornar os produtos mais acessíveis. Os avanços regulatórios alcançados no final de 2023 demonstram que o Brasil está se alinhando ao resto do mundo no entendimento de que esse setor vai evoluir rapidamente e que é necessário criar padrões técnicos rígidos para que produtos inovadores possam começar a ser produzidos no país. Este também é o ano que produtos feitos com tecnologias de fermentação e carne cultivada devem chegar ao consumidor. Vamos acompanhar como esses alimentos serão incorporados nos hábitos alimentares do brasileiro”. – Raquel

As 7 tendências globais que vão dominar o setor de proteínas alternativas em 2022

Nossos especialistas globais apontam as tecnologias que devem despontar ou se fortalecer este ano com o amadurecimento da indústria e quais delas já estão acontecendo no Brasil Texto: Bruna Corsato Revisão: Camila Lupetti, Guilherme Vilela, Raquel Casselli e Vinícius Gallon Após anos de crescimento constante, a indústria de proteínas alternativas caminha para uma fase de consolidação, com empresas do setor entrando em estágios mais avançados e aprimorando os produtos que chegam ao mercado. Mas ainda há espaço para crescimento e inovação, além de muitas oportunidades a serem exploradas nesse ambiente. O time de especialistas globais do The Good Food Institute apresenta quais são as tendências que devem dominar o setor em 2022. 1- A fermentação vai abrir novos caminhos para os produtos vegetais A utilização de processos de fermentação na indústria plant-based vem crescendo como um dos pilares da produção de alimentos vegetais e a tendência é que essa posição se consolide através de lançamentos que devem chegar ao mercado em 2022. EM 2021, a norte-americana Perfect Day criou uma proteína de soro de leite (whey protein) a partir de fermentação de precisão, técnica que utiliza microorganismos para produzir ingredientes funcionais específicos, como proteínas, moléculas de sabor, vitaminas e até gorduras. O whey fermentado chegou aos consumidores dos Estados Unidos sob a forma do Brave Robot, o serve de base vegetal da Perfect Day. Mas a lista de lançamentos que aderiram ao novo ingrediente não parou por aí: houve também o cream cheese da Modern Kitchen, mistura para bolo da Climate Hero e até novo leite alternativo no Starbucks. A tendência é que a indústria continue a explorar essa tecnologia, aprimorando características sensoriais de produtos já existentes e criando novidades para conquistar o consumidor. As previsões de lançamentos deste ano incluem:  A primeira proteína de ovo fermentado do mundo. A responsável pela inovação é a Every Company e chegará ao mercado através dos smoothies da Pressed Juicery. A Motif Foodworks vai licenciar sua mioglobina HEMAMI para que produtores possam refinar o saber de carne em produtos vegetais A empresa de carnes Hormel vai passar a incorporar a microproteína, carne feita a partir de fermentação, em sua linha vegetal por meio de uma parceria com a Better Meat Co. Já no ano passado a Nature´s Fynd conseguiu aprovação do FDA para comercializar sua proteína fermentada Fy, e a previsão é de que chegue às gôndolas ainda esse ano. Esse é só o começo, prepare-se para ouvir falar muito de fermentação no mercado plant-based em 2022. 2- Mix de tecnologias para criar produtos híbridos Quando falamos em proteínas alternativas, estamos nos referindo a uma categoria que inclui diversos processos de produção resultando em produtos à base de plantas, de fermentação e de cultivo de células. A tendência é que esse ano vejamos produtos feitos através da combinação dessas tecnologias chegarem ao mercado, que são conhecidos como produtos híbridos: Por exemplo, o Impossible Burguer é feito à base de plantas mas leva em sua composição do heme (molécula de proteínas rica em ferro) derivado de fermentação, o que confere gosto similar a carne.  Muitas empresas de leite e queijo vegetais estão usando técnicas tradicionais de fermentação em nozes e outros ingredientes à base de plantas para obter o sabor lácteo autêntico e cremoso do queijo convencional. Podemos esperar produtos híbridos de carne cultivada e proteínas vegetais, tanto para reduzir custos quanto para atrair consumidores que procuram recursos nutricionais como fibras. Esperamos ver ainda o lançamento de carnes vegetais aprimoradas com gordura cultivada, melhorando as propriedades sensoriais. Além disso, deve se tornar mais comum o uso de machine learning e inteligência artificial no desenvolvimento do perfil de sabor e textura de produtos vegetais para se aproximar mais da experiência sensorial da carne tão desejada pelo consumidor. Empresas como a NotCo, Culture Biosciences e Climax Foods já estão atuando nessa direção. 3- Produtos vegetais se tornarão cada vez mais segmentados e fiéis aos produtos animais 3.1 Frutos do mar: o investimento neste setor bateu recorde em 2021, chegando a $116 milhões de dólares. Já são mais de 87 empresas no setor produzindo frutos do mar a partir de plantas, fermentação ou cultivo de células. A expectativa é de que esses produtos cheguem a lojas e restaurantes já em 2022.  No Brasil: A Fazenda Futuro lançou no ano passado o primeiro atum à base de plantas do mercado brasileiro. Disponível tanto no Brasil quanto na Europa, o produto vem pronto para consumo e é feito com soja, ervilha, grão-de-bico, azeite de oliva, rabanete e óleo de microalgas para garantir 183 gramas de ômega-3 (por 100g). A linha Incrível Seara conta com iscas de peixe. Cada porção tem 12 gramas de proteína vegetal, além de ser fonte de ferro e vitamina B12, e não conter gordura trans. A The New dispõe de análogos vegetais de salmão e bacalhau em sua linha de produtos. A startup Sustinere Piscis, fundada pelo biólogo Marcelo Szpilman, atua para criar a primeira carne de peixe cultivada. 3.2 Cortes inteiros de carne: 2022 deve ser o ano em que vamos ver cortes inteiros de carnes vegetais se tornar realidade, contemplando uma variedade maior de preparos na cozinha. Já está no mercado o filet mignon vegetal da Juicy Marbles e a Umiami está desenvolvendo uma nova tecnologia para produzir cortes inteiros em escala. No Brasil: Incrível Seara já conta com uma linha de cortes inteiros que incluem bife, tiras de carne, cubos e filé de frango. A Sadia Veg & Tal tem uma linha de frango vegetal nas opções em cubos ou em tiras. A linha de produtos da Verdali inclui frango em tiras, costelinha, mignon e steak. Fazenda Futuro tem uma opção de frango em cubos. The New tem filé de frango e salmão. 3.3 Ovos: esta é uma das categorias plant-based que cresce mais rapidamente, com espaço para produtos como ovo cozido, clara de ovos e uma mistura para que sirva para o preparo de diversos pratos. Vemos grande potencial no uso da fermentação para produzir ingredientes de ovo que melhorem