GFI Brasil no IBITI Vegan Festival 2024

A 2ª edição do IBITI Vegan Festival aconteceu entre os dias 23 e 26 de maio, no Ibiti Projeto. Evento promovido pela Naveia, que teve 4 dias de duração, juntou gastronomia, arte, musica e contou com a presença de pessoas envolvidas com o setor de proteínas alternativas, dentre eles, chefs de cozinha, representantes do setor privado, nutricionistas, organizações, jornalistas, influencers e a Gerente de Desenvolvimento do GFI Brasil, Ana Carolina Rossetini, que foram convidados para conhecer o projeto, refletir sobre como podemos manter nossos hábitos ao mesmo tempo que respeitamos a natureza e o meio ambiente. Com uma programação carinhosa e cuidadosamente planejada para aguçar nossos paladares e sentimentos, contou a realização de meditação, de trilha do circuito das águas, visitando as cachoeiras da região, com refeições feitas por chefs como Gigi Vilela, Thiago Medeiros, Pri Herreira, Dani Rosa, Mari Marola e Leo Kazuya que prepararam cardápios que traduziam a cultura local ao mesmo tempo que imprimiam sua originalidade, saudabilidade e sustentabilidade, com refeições 100% veganas produzidas com muito leite Naveia e ingredientes produzidos pela comunidade, plantadas e colhidas nas áreas reflorestadas. Verdadeiros banquetes, cheios de cores, aromas, sabores, muito amor e respeito às tradições, natureza e meio ambiente. A Ana Carol, do GFI Brasil, participou de um bate-papo com a temática “5 mitos sobre alimentação e seu impacto ambiental”, dividindo a condução da discussão com a nutricionista Ale Luglio, momento em que pôde contribuir apresentando a percepção do GFI. As discussões realizadas durante o evento incluiram as novidades do setor e cases brasileiros do mercado plant-based. Nesse sentido, o maior ganho para o segmento das proteínas alternativas foi a possibilidade de refletir coletivamente sobre as questões relacionadas aos avanços do setor e os principais desafios de levar a discussão alimentar para os grandes foruns mundiais. Por esta oportunidade, o GFI Brasil agradece imensamente a Naveia, ao IBITI projeto, e a Comununiversidade pela oportunidade de poder contribuir neste fórum de discussões. Sobre o IBITI Projeto: Com 42 anos de existência, localizado no Parque Estadual do Ibitipoca, em Minas Gerais, numa região marcada pela produção de leite, encontra-se os esforços de reflorestar e refaunar terras degradadas pelo pasto, em quase sua totalidade, que foram abandonadas por conta das dificuldades em manter o transporte do leite e pela falta de perspectiva da economia de subsistência. Hoje o projeto tem mais de 6 mil hectares, repletos de morros cobertos por espécies de Mata Atlântica, com áreas pontuais de produção agrícola e algumas construções, que viabilizaram o turismo regenerativo e com a realização de ações de retomada da atividade econômicas.
Opinião: Por que não apostamos em insetos como fonte de proteína alternativa

Insetos são animais e, além de carregarem os mesmos desafios éticos da criação de outros seres vivos para consumo, também apresentam ineficiência de produção, risco de doenças infecciosas e riscos ambientais. Por Gustavo Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil Recentemente, o programa Globo Repórter da TV Globo exibiu uma reportagem muito interessante sobre tecnologias alimentares já conhecidas e outras que estão em pleno desenvolvimento, com potencial de criar um sistema alimentar mais sustentável. Passando por iniciativas relacionadas à redução do desperdício, PANCS e proteínas alternativas obtidas por fermentação, cultivo celular e feitas de plantas, um dos quadros também trouxe a utilização de insetos para alimentação humana. Como presidente do The Good Food Institute Brasil, uma organização que apoia o desenvolvimento de proteínas alternativas, quero esclarecer porque nossa organização não endossa o desenvolvimento da cadeia de alimentos a partir de insetos e como ela se compara às tecnologias do nosso setor. Insetos: animais, não alternativas A inclusão de insetos como uma opção de proteína não está alinhada com a nossa missão de buscar alternativas aos produtos de origem animal, devido aos desafios éticos similares aos enfrentados na criação de animais para abate, como a questão do bem-estar animal e da moralidade de utilizar seres vivos para consumo. Aceitação do consumidor O nosso setor trabalha para entregar alimentos que já façam parte da cultura e dos hábitos alimentares das pessoas, produzidos com tecnologias mais adequadas socioambientalmente. Os alimentos com os quais trabalhamos têm uma alta aceitação pelos consumidores, que estão cada vez mais interessados em experimentá-los e incorporá-los em suas dietas. Já a aceitação do consumo de insetos é notoriamente baixa. Apesar de serem consumidos em algumas regiões da Ásia, África e América do Sul, na Europa, por exemplo, apenas 10% da população estaria disposta a experimentar insetos, de acordo com uma pesquisa da Organização Europeia de Consumidores. Isso porque boa parte da população não associa insetos com comida, mas com algo grotesco ou que pode fazer mal à saúde. Além disso, uma pesquisa da universidade Imperial College London, no Reino Unido, indica que o desenvolvimento dessa indústria visa atender, majoritariamente, o mercado de países em desenvolvimento. A alegação é de que em países mais ricos, como os europeus, raramente há falta de nutrientes na dieta. O impacto global de qualquer fonte alimentar depende diretamente da sua aceitação pelo consumidor: se as pessoas não aceitarem o inseto como alimento, seu impacto no mundo será sempre limitado.1 Substituição da carne Sempre que vemos apresentações sobre os benefícios socioambientais do consumo de proteínas alternativas e de insetos, há comparação com a carne. Ambas podem, sim, ser fruto de uma produção mais eficiente do que a carne animal, mas essa comparação só é verdadeira se uma estiver substituindo a outra. Se o consumidor deixar de comer carne animal para comer carne vegetal, haverá um benefício para a sustentabilidade. A questão é que os alimentos vindos de insetos não possuem essa proposta, uma vez que são snacks, barrinhas de proteína e suplementos, por exemplo. A melhor proposta comercial para insetos é moê-los para transformá-los em pó e incluir em alimentos processados. Não existem bons produtos feitos de insetos que realmente se comparam ao sabor, textura, aroma e aparência da carne. Se não há troca, a comparação com a carne deixa de fazer sentido – e os benefícios para a sustentabilidade não se realizam. Eficiência na produção Hoje, nós cultivamos grãos para alimentar animais para consumo em uma taxa extremamente ineficiente. Os dados mostram que 83% das terras aráveis do planeta produzem menos de 20% das calorias consumidas2. São grandes áreas de soja, milho e outros grãos que alimentam os animais e não a população diretamente. Para cada caloria que alguém consome da carne de vaca, cerca de 34 calorias foram dadas ao animal ao longo da vida, o que representa um desperdício desproporcional das calorias produzidas pelo sistema de alimentação3: a produção mais eficiente, de frango, tem taxa de conversão de 8:1, por exemplo. Enquanto isso, as proteínas alternativas permitem que você coma o vegetal diretamente, sem ser processado anteriormente por um animal. Não é o mesmo para insetos, que também se alimentam para gerar calorias depois. Estudos indicam que os insetos produzidos para a alimentação humana podem ter conversão tão ineficiente quanto a carne de frango4, variando de 4:1 a 9:1 na proporção de alimento consumido versus peso no abate. Vale destacar também que os insetos que se alimentam de resíduos não podem ser utilizados para consumo humano, como muitas vezes somos levados a crer5. Riscos ambientais A eficiência de produção está diretamente ligada à emissão de gases, uso de água e de terras. Por isso, todas as tecnologias de proteínas alternativas são mais sustentáveis do que os alimentos que substituem. Como demonstrado acima, o caso dos insetos não é tão claro. Ao mesmo tempo, a produção de insetos agrega novos riscos ambientais: se uma construção que abriga quantidades massivas desses animais for danificada por um acidente ou um evento climático, por exemplo, milhares de insetos exóticos, com um alto potencial de destruição e desequilíbrio, poderiam ser liberados na natureza. Recentemente, problemas causados por nuvens de gafanhotos foram manchetes globalmente6. Além disso, ainda não existem regulamentações sobre o manuseio de insetos e eles costumam ser transportados de forma manual, seja para fins de pesquisa ou produção de alimentos. Em geral, insetos vivos são transportados em carros comuns, dentro de bandejas ou caixas. No caso de um acidente automobilístico, eles seriam liberados no meio ambiente, com um potencial imensurável de gerar um desastre ecológico. Riscos de saúde global Muitas das produções de insetos ainda utilizam grandes quantidades de antibióticos, assim como qualquer outra produção animal. Esse fato colabora para a formação de bactérias resistentes, com potencial de afetar a saúde humana. Ao mesmo tempo, os insetos também são vetores dos vírus, trazendo um risco adicional. Sabemos que os animais em produção são um grande risco de saúde para a humanidade: a OMS alerta que 60% das novas doenças infecciosas são de origem zoonótica,
GFI é reconhecido como uma das 4 ONGs mais eficientes do mundo

Pelo quinto ano consecutivo, o trabalho do The Good Food Institute é reconhecido pelo Animal Charity Evaluaors (ACE). Desde a fundação há cinco anos, a organização tem a honra de estar na lista das “Top Charity”, formada em anos anteriores por três organizações e 4 desde o ano passado. O reconhecimento é dado a fim de validar e incentivar o trabalho filantrópico relacionado aos direitos animais. Para isso, o trabalho promovido pelas ONGs passa por criteriosa avaliação para comprovar a eficiência de suas ações. O GFI está comprometido a continuar a construir uma cadeia de alimentação mais saudável, justa e sustentável. Segundo a análise do ACE, “as ações promovidas pelo GFI são altamente eficientes em aumentar a disponibilidade de produtos livre de origem animal, especialmente no que diz respeito a políticas públicas e legislação e também no engajamento de grandes empresas a aumentar suas opções vegetais. Acreditamos que o trabalho feito para promover pesquisa em alternativas a produtos animais, a fim de estimular a área acadêmica e construir uma comunidade de diferentes atores da indústria é extremamente efetivo. O GFI possui um histórico comprovado na produção de pesquisa, articulação de políticas públicas e legislação e engajamento de empresas para promover alternativas a produtos de origem animal.” Esses resultados foram publicados após criteriosa avaliação que considera impacto dos programas, espaço para mais financiamento, efetividade do uso de fundos, comprovação de histórico de sucesso, habilidade de encarar desafios, força da liderança, cultura e estrutura sustentáveis. O ACE reiterou a eficácia das ações promovidas pelo GFI e destacou o bom uso que é feito do financiamento recebido e também o espaço para expandi-lo. “Estamos especialmente felizes com essa menção, uma vez que 100% do trabalho que realizamos é viabilizado através da generosidade de nossos doadores. Nosso trabalho é utilizar esses fundos filantrópicos para continuar construindo um futuro melhor para as pessoas, os animais e o planeta”, afirma a gerente de desenvolvimento do GFI Brasil, Ana Carolina Rossettini. Os apoiadores são fundamentais para a continuidade do trabalho O trabalho de articular cientistas, investidores, empresários, empreendedores e o governo para avançar o ecossistema de proteínas alternativas e criar soluções de alto impacto a nível global está ligado ao apoio recebido em forma de doações filantrópicas. Terça-feira, dia 1º de Dezembro, é o Dia Mundial de Doar. Toda doação recebida nesse dia será igualada pelos apoiadores do GFI. Cada real doado será assim multiplicado por dois, aumentando ainda mais o alcance do seu apoio. Se você acredita no trabalho do GFI, está convidado a doar para continuar fazendo o que a instituição faz de melhor: construir um mundo mais sustentável por meio da transformação da cadeia de produção de alimentos mundial. Para doar, clique aqui.
Por que Richard Branson apoia carnes limpas?

Eu acredito que em mais ou menos 30 anos nós não vamos mais precisar matar animais e que todas as carnes serão ou limpas ou à base de vegetais, possuírem o mesmo sabor e serem também muito mais saudáveis para todos. -Richard Branson no blog Virgin. Recentemente, a startup Memphis Meats de carnes limpas inspirou manchetes com o anúncio que já havia levantado vários milhões em fundos de grandes nomes como Bill Gates, Richard Branson, Jack & Suzy Welch, uma das melhores fundações de capital de risco DFJ, e o aglomerado de alimentos global Cargill. Desde então, Richard Branson tem sido uma das maiores vozes da inovadora abordagem da Memphis Meat na produção de carnes – e não é difícil de enxergar o porquê. Existe a razão óbvia que a Memphis Meats está reimaginando uma indústria de trilhões de dólares. Qualquer um ficaria entusiasmado em apoiar a empresa. E também existem razões mais pessoais: Eu gosto de pensar que para Richard Branson, o jogo reconhece o jogo quando o assunto são visões inovadoras. Dois inovadoras: Dr. Uma Valeti da Memphis Meats e Richard Branson do Virgin Group Pense sobre um pouco: Há trinta anos atrás, Richard Branson estava preso em um aeroporto depois que seu vôo para as Ilhas Virgens Britânicas tinha sido cancelado por um planejamento ruim da empresa de aviação quando ele teve a ideia: Por que isso não pode ser feito de um jeito melhor? Por que não podemos fazer a experiência do consumidor durante viagens aéreas algo positivo e emponderadora? Por que ninguém ainda tentou fazer com que a indústria tivesse essa abordagem com uma nova visão? Logo, Branson já foi conhecido como o líder da linhas aéreas Virgin Atlantic assim como a fama da magnata indústria de música Virgin Records. Alguém já deve pensar que Brandon reconhece o espírito gentil em Dr. Uma Valeti: um cardiologista que deixou o campo em seu auge (como o presidente da Twin Cities American Heart Association e um professor associado de medicina na Universidade de Minnesota) para co-fundar a empresa que está aplicando a nova visão na indústria das carnes. No processo, Valeti e seu time estão reescrevendo nosso relacionamento com o planeta e os animais que habitam nele. Claramente, essa visão ressoa com Branson. Assim como ele disse um recente podcast com Tim Ferris: “De forma esperançosa, um dia nós não vamos ter que acabar com florestas tropicais e nunca matar animais para conseguir consumir carne. E eu acho que quando isso acontecer, nós vamos na verdade olhar para trás de forma grossa para todos os abates de animais que fizemos e na forma que fizemos, e ficarmos um pouco envergonhados por isso.” Memphis Meats está trabalhando para que esse “um dia” aconteça o quanto antes. Escrito por Emily Byrd. Traduzido por Felipe Krelling. Vídeo traduzido por Fernanda Onça. Texto original pode ser visto aqui.