11 de fevereiro: Dia das Mulheres na Ciência!

Nesse Dia Mundial das Mulheres na Ciência, o GFI Brasil quer parabenizar todas as cientistas, pesquisadoras, professoras, alunas e acadêmicas que trabalham todos os dias para transformar em realidade a nossa missão de criar um sistema alimentar mais justo, seguro e sustentável! Programa de computação, cromossomos x e y, radioatividade, fissão nuclear, comunicação sem fio, dupla hélice do DNA, trajeto até a lua, matéria escura. O que essas descobertas têm em comum? Todas foram feitas por mulheres cientistas! Em um campo emergente como as proteínas alternativas, é preciso um conhecimento científico profundo pra identificar lacunas e articular soluções tecnológicas que vão não apenas melhorar a oferta de produtos, mas também impactar positivamente o clima, a saúde global, a segurança alimentar e o respeito aos animais. Aqui no Brasil, quem tem assumido esse desafio são, em grande número, as mulheres. E essa realidade se comprova no trabalho do GFI Brasil: Nos programas de incentivo à pesquisa, 68% das pesquisas aprovadas são lideradas por mulheres. Além disso, nosso time de Ciência e Tecnologia é 100% formado por mulheres, todas pós doutoras, doutoras, mestres ou doutorandas! “O time de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil é formado por 8 incríveis mulheres que participam de grupos de discussão e eventos internacionais desbravando um caminho pioneiro para a ciência das proteínas alternativas no Brasil e no mundo. Tenho muito orgulho delas porque todas possuem maestria na condução dos nossos projetos”, Cristiana Ambiel, gerente de ciência e tecnologia e mestre em tecnologia de alimentos. “As mulheres formam uma grande parcela da ciência no Brasil e, na área de alimentos, é ainda maior. Nos laboratórios onde trabalhei e nos cursos que fiz, as mulheres sempre foram maioria. Eu trabalho com algas para uso na alimentação humana e, em muitos momentos, me sentia insegura em relação ao meu tema. Mas, desde que entrei no GFI Brasil, tudo se encaixou e sinto que estou exercendo ao máximo minha profissão: hoje desenvolvo trabalhos e projetos que conectam meu trabalho com meu doutorado e ainda geram impacto um positivo no mundo”, Mariana Demarco, analista de Ciência e Tecnologia, mestre e doutoranda em Ciência de Alimentos. “Hoje, as mulheres cientistas representam a maioria dos doutorandos no Brasil e elas têm atuado em diversas frentes: são professoras e pesquisadoras nas universidades e empresas, têm ganhado destaque divulgando e discutindo ciência nas redes sociais e telejornais, além de muitas outras ações. Apesar dos muitos obstáculos que existem na nossa trajetória enquanto mulheres cientistas, estar em um ambiente cheio de referências femininas, competentes, dedicadas e que são valorizadas é o que nos motiva. É um privilégio dividir o dia-a-dia, compartilhar os desafios e comemorar as conquistas com elas”, Amanda Leitolis, Especialista em Ciência e Tecnologia e Ph.D em Biologia Celular e Molecular. Sem essas mulheres, o setor de proteínas alternativas no Brasil não teria tido tantos avanços nos últimos tempos. Agradecemos à todas as cientistas por estarem sempre inovando e criando soluções de alto impacto para o planeta!
A nova carne vegetal tem mais em comum com o churrasco de domingo do que você imagina

O setor de proteínas alternativas, conhecido por suas inovações, agora aposta em uma técnica milenar para produzir de alimentos e bebidas pro Bruna Corsato O setor de proteínas alternativas é reconhecido por suas tecnologias disruptivas, do cultivo de células para criar músculo e gordura animal a cortes de carne feitos em impressora 3D. Aprimorar as técnicas disponíveis e despontar à frente com a próxima inovação que aprimore a experiência de consumo lançou as empresas de produtos vegetais em uma verdadeira corrida pelo santo graal vegetal. Entretanto, o que vem ganhando cada vez mais espaço nesse cenário não é exatamente uma nova descoberta: é a fermentação. Apesar de ser uma técnica de produção milenar e amplamente utilizada na produção de diversos alimentos e bebidas, de pão à cerveja passando por tempeh e kimchi, sua aplicação na criação de alimentos que mimetizam a carne animal é relativamente recente e ainda tem muitas oportunidades a serem exploradas. A fermentação continua sendo o que se ensina nas escolas: processo no qual os microrganismos realizam a transformação de matéria orgânica em outros produtos e energia. Ou seja, é a forma que esses seres encontram de produzir energia para o desempenho de suas funções biológicas. O que a torna atrativa para as empresas do setor é sua versatilidade, baixo custo e, principalmente, seus resultados. Através da técnica é possível entregar sabor, textura e aparência muito similares ao produto animal, uma exigência cada vez mais presente entre os consumidores flexitarianos. Conheça os diversos processos de fermentação: A fermentação tradicional utiliza bactérias e fungos, grupo que inclui bolores e leveduras, no processamento de ingredientes vegetais para transformá-los em alimentos com sabor e textura realçados. Esse é o caso do tofu e do tempeh, ambos feitos a partir dos grãos de soja fermentados. Queijos e iogurtes também passam pelo mesmo processo, tanto o de origem animal quanto o vegetal. Biomassas vegetais também são excelentes matérias-primas/substratos para fermentação, sendo uma forma rápida e eficiente de produzir grandes quantidades de alimentos ricos em proteínas. No conceito de fermentação de biomassas ocorre o desenvolvimento de fungos filamentosos que produzem a micoproteína ou proteína de micélios, uma biomassa fúngica semelhante a um filamento. Esse filamento tem alto teor de proteína e dará origem a análogos à carne com textura similar à carne. Proteína de micélios O nome soa como novidade, mas o micélio nada mais é do que o leque de estruturas finas, similares a raízes, que fungos e cogumelos formam embaixo da terra enquanto crescem. A proteína micelar está causando grande impacto na indústria de proteínas vegetais devido a sua eficiência, resultando em grandes quantidades de proteína a custos baixos quando comparados com outras formas de produção de carne vegetal. O processo acontece em câmaras giratórias que alimentam o fungo com uma solução nutritiva para o seu desenvolvimento, normalmente levando açúcar e uma matéria-prima vegetal como trigo, soja, ervilha e muitas outras. Após poucos dias, o micélio está pronto para ser colhido em grandes quantidades pelas próximas semanas ou até meses. A micoproteína então é congelada para unir suas raízes longas, que conferem ao produto final a textura similar à carne. Por fim, a proteína de micélios pode ser moldada em diversos tipos de carne vegetal. Outra grande vantagem é sua maleabilidade e versatilidade. O micélio pode ser a solução para mimetizar a textura e entregar cortes inteiros de carne pela formação de suas estruturas, resolvendo assim um dos maiores desafios enfrentados atualmente pela indústria de proteínas alternativas. O cenário internacional Já existem diversas foodtechs se aventurando na fermentação sob diversas formas e também apostando na proteína micelar como a nova revolução plant-based. Conheça algumas marcas: Meati Foods – Produz carne de frango, bife e embutidos vegetais a partir de micélio. A empresa norte-americana está realizando testes de mercado em restaurantes selecionados para alcançar preços silimares ao produto animal e passar a comercializá-los já em 2022. Nourish Ingredients – A empresa australiana faz uso da fermentação de precisão para produzir gorduras livres de origem animal, utilizadas para realçar o sabor e palatabilidade de produtos vegetais. Nature´s Fynd – a foodtech recebeu este ano aportes de 250 milhões de libras, tornando-a a startup de micoproteína mais valiosa do mundo. MycoTechnology – utiliza fermentação como ferramenta para aumentar a saudabilidade dos alimentos, diminuindo a quantidade de sal, gordura e açúcar, transformando fungos em um aprimorador de sabores. Estes bloqueiam os receptores de amargor da língua, minimizando o gosto ruim de adoçantes artificiais como o aspartame. A fermentação de precisão é outro processo onde se aplicam os conceitos de fermentação, porém neste caso, usa-se de hospedeiros microbianos como “fábricas de células” para produção de proteínas e outros ingredientes funcionais como: gorduras, aromas, vitaminas, pigmentos que permitem elaborar produtos análogos de carnes, de ovos, lácteos, frutos do mar e muito mais. Esta tecnologia tem a capacidade de transformar microrganismo numa fábrica de células para a produção de ingredientes funcionais específicos. Esses ingredientes funcionais são importantes na melhoria sensorial e nas características de funcionalidade de produtos plant based. Alguns exemplos são: Perfect Day – produz proteínas lácteas pelo processo de fermentação de precisão, estas proteínas são idênticas às do leite porém uma proteína que não para do animal para ser obtida. São utilizadas na produção de produtos lácteos feitos de plantas conferindo características similares aos produtos lácteos de origem animal Impossible Foods – que produz proteína leghemoglobina que confere aparência de sangue e gosto de carne no hambúrguer feito de plantas. E o Brasil? Por aqui, proteínas alternativas produzidas a partir de fermentação ainda são uma conversa bastante nova. A rica biodiversidade do país pode, mais uma vez, vir a ser uma grande vantagem se utilizada estrategicamente. “Uma das vantagens de se investir em fermentação no Brasil, é justamente o fato do país ser uma grande potência agrícola e possuir diversas fontes de proteínas vegetais nacionais a serem exploradas.”, explica Luciana Fontinelle, especialista de ciência e tecnologia do GFI Brasil. “Muitas vezes estas fontes apresentam barreiras tecnológicas e/ou sensoriais para serem utilizadas na produção de produtos plant
Otimismo Racional sobre Carnes Cultivadas: perspectivas iniciais do começo de uma longa jornada

Texto de Elliot Swartz, lead scientist (GFI) com tradução de Bruna Scorsatto O início cético É o começo de 2016 e eu sou um candidato a Ph.D na UCLA investigando como transformar células-tronco de seres humanos em músculo esquelético e tecidos neuronais para estudar doenças neuromusculares como ALS. Foi aqui que eu li pela primeira vez sobre Memphis Meats (que agora é UPSIDE Foods), a primeira empresa a completar uma rodada de investimento para cultivar carne a partir de células tronco de animais. “Interessante”, pensei comigo mesmo, “mas isso não vai acontecer tão cedo. É muito caro.” Eu sabia do que eu estava falando. Eu gastava mais de $1.000 em meio para cultura de células e reagentes por mês, usando métodos parecidos com aqueles necessários para cultivar carne. Mas a semente estava plantada. E se fosse possível cultivar carne em escala a um custo que a fizesse um substituto viável à carne animal tradicional? Carne sem o animal. Quão difícil seria? À medida que eu acompanhava a nascente indústria de carne cultivada, eu comecei a prestar consultoria para uma startup que queria descobrir soluções para doenças neurodegenerativas que até então não tinham tratamento, como Alzheimer e Parkinson. Descobrir novas drogas é extremamente desafiador. Em muitos casos, nós não sabemos a causa raiz da doença, o que poderia ser um bom alvo terapêutico ou mesmo o melhor método de aplicação da nova droga no alvo hipotético. Normalmente existe uma caixa-preta biológica cheia de incertezas e desconhecidos no meio do caminho. Apesar disso, a sociedade despeja bilhões de dólares nessa e em muitas outras caixas todos os anos, na esperança de fazê-las menos opacas. Mas e a carne cultivada? Décadas de ciência anterior nos deram um entendimento de como transformar células-tronco em músculo, gordura e tecidos conectivos necessários para fazer carne. Claro, pode ser que existam formas mais eficientes de fazer isso, mas a caixa preta não revelou. Aparentemente, metade da batalha já estava ganha. Era apenas o caso de aumentar a escala e diminuir os custos, e esforços para ganhar essa outra metade da batalha já tinha começado. O timing era certo. Então eu mergulhei de cabeça. E não fui só eu. Uma indústria em crescimento Hoje, existem mais de 80 empresas no mundo todo buscando criar produtos de carne cultivada prontos para consumo e dezenas mais surgiram para fornecer linhas de células, meios de cultura, scaffolds, bioreatores e outros componentes necessários para dar suporte ao crescimento da indústria. O ritmo dessa transição está acelerando. Eu e meus colegas no GFI somos contatados quase diariamente por empreendedores em estágio inicial, estudantes universitários, investidores ou representantes da indústria de alimentos buscando entender melhor os desafios da indústria de carne cultivada e como eles podem se envolver na busca por soluções (confira algumas ideias no nosso Banco de Dados de Soluções) Em 2015, se você dissesse a biólogos trabalhando com células-tronco que consumidores estariam comendo carne cultivada aprovada pelo governo em 2021, eles dariam risada de você. Mas em seis anos, carne cultivada foi de ficção científica à realidade – dependendo para quem você pergunta (mais sobre isso depois). Construindo um roteiro No GFI, nós sonhamos com um mundo onde as proteínas alternativas de plantas, cultivo celular ou fermentação não são mais uma alternativa. E nós estamos desenhando um roteiro para chegar lá. Um dos melhores métodos para traçar esse roteiro é através de análises técnico econômicas (TEAs na sigla em inglês). Como dito anteriormente, TEAs são ferramentas fundamentais para exploração e priorização de áreas que justificam pesquisas adicionais, revelando os gargalos técnicos e econômicos dentro de uma determina indústria ou processo. Até o momento, três TEAs foram publicadas sobre a produção hipotética de carne cultivada em escala comercial (Vergeer, 2021; Humbird, 2021; e Risner, 2021) e sabemos de pelo menos mais duas próximas de serem publicadas. Nós encorajamos ativamente a realização de TEAs adicionais para trazer novas perspectivas que podem ser usadas para iluminar caminhos alternativos no mapa tecnológico ao longo do tempo. Embora adotem abordagens diferentes e dependam de diferentes suposições e fontes de dados de entrada, as três TEAs publicados são, na verdade, bastante semelhantes no alto nível de suas descobertas. Coletivamente, elas sugerem que os custos de produção de carne cultivada são altos devido ao custo atual dos meios de cultura de células, o custo atual de biorreatores (stirred-tank) em grande escala que foram usados nos exercícios de modelagem e os custos previstos de infraestrutura adicional necessária para produzir quantidades significativas de carne cultivada. Essas TEAs sugerem que, com base em nosso conhecimento atual, reduzir os custos do meio de cultura e do biorreator, além de melhorar a produtividade do processo são essenciais para obter faixas de custo competitivo com algumas carnes convencionais. A indústria de carne cultivada provavelmente também exigirá abordagens inovadoras tanto do lado comercial quanto do lado tecnológico, incluindo opções de financiamento flexíveis e desenvolvimento de nova tecnologia para se aventurar em faixas de custo verdadeiramente competitivas com a maioria das carnes convencionais (para considerações adicionais, incluindo a importância de produtos híbridos na realização desse objetivo, veja essa thread no Twitter). Para fazer uma analogia, considere o mapa para carnes cultivadas como o mapa da Terra Média no Senhor dos Anéis. A empreitada da carne cultivada é representada por Sam e Frodo deixando o Condado para viajar para Mordor (ou, neste caso, criar carne cultivada que compete em preço, sabor e conveniência). A indústria da carne cultivada acaba de deixar o Condado. O mapa rudimentar da Terra Média que eles estão seguindo, informado pelos TEAs atuais, mostra as maiores montanhas (meios de cultura de células e custos de biorreator), florestas (instalações de qualidade alimentar, incerteza na tecnologia de aumento de escala) e rios (regulamentos, processo de produtividade aumentado) ao longo do caminho, mas não revela os melhores caminhos ou tecnologias para nos guiar sobre, através ou em torno deles. Os detalhes completos da jornada pela Terra Média do início ao fim ainda são obscuros. O mapa revela uma jornada intimidante – e para os pessimistas,
GFI Brasil abre processo seletivo para especialista em carne cultivada

Como uma organização sem fins lucrativos, o The Good Food Institute se dedica ao avanço da pesquisa de acesso aberto em proteínas alternativas e à criação de um ecossistema voltado para o desenvolvimento científico e acadêmico desse setor. Já existem muitas alternativas baseadas em plantas, e uma série de iniciativas para produção de carnes cultivadas, mas no Brasil, temos o grande desafio de estruturar e consolidar a ciência e a tecnologia do cultivo celular para que o país continue sendo um grande player na produção de proteínas no mercado mundial. Por isso, o GFI Brasil acaba de abrir um processo seletivo para especialista em carne cultivada. Como especialista neste setor, o ou a profissional trabalhará para garantir que o plano de desenvolvimento para carne cultivada no Brasil seja exequível; que os melhores cientistas estejam engajados em P&D de carne cultivada; e que fundos significativos sejam direcionados para empreendimentos científicos para criar e consolidar a indústria de carne celular e outros produtos da agricultura celular no país sem depender de tecnologia externa. Para se inscrever, basta ler o edital e preencher este formulário com seus dados pessoais, CV e plano de projeto em Carne Cultivada. Fique de olho nos prazos! Fase 1: Prazo para envio da inscrição, currículo e plano de projeto: 07 de junho de 2021 Divulgação dos selecionados da fase 1: 18 de junho de 2021 Fase 2: Entrevistas: 21 e 30 de junho de 2021 Divulgação do resultado da fase 2: 05 de julho de 2021 Início desejável do trabalho: a partir de 12 de julho de 2021 Queremos as melhores pessoas e não queremos preconceitos nos impedindo. Nós encorajamos pessoas de todas as cores, orientações, idades, gêneros, origens e habilidades para se inscreverem. Como valorizamos um local de trabalho diversificado, promovemos um clima inclusivo, sem discriminação e assédio durante o processo de inscrição e depois que você se juntar à equipe. Contamos com uma rotina saudável de trabalho com liderança respeitosa e com apoio entre os colegas. Trabalhamos de forma autônoma e em uma organização em rápido crescimento, mudança e evolução. Boa sorte!
Mulheres na ciência: conheça as cientistas brasileiras que estão transformando o cenário de proteínas alternativas do país

A História já presenciou e validou a relevância do papel das mulheres nas conquistas científicas. Da descoberta da radioatividade à dupla estrutura do DNA, passando pela matéria escura que sustenta o universo, meninas e mulheres cumprem respeitável e significativo papel na Ciência. Em contrapartida, é notória que a participação feminina nas áreas conhecidas como STEM (expressão que, em tradução literal, significa Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) é significativamente menor do que seus pares homens. Segundo dados do Panorama Mulher 2018 da Talenses em parceria com o Insper, 44% da mão de obra brasileira é feminina e apenas 18% destas mulheres ocupam posições de chefia. Em âmbito acadêmico, dados da ONU confirmam que menos de 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres. No Brasil, 49% dos artigos científicos publicados são de autoria feminina, segundo informações levantadas pela maior editora científica do mundo, a Elsevier. Inspirados pelo 11 de fevereiro, data que as Nações Unidas estipulou como o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, o The Good Food Institute quer trazer luz para essa questão, contribuir para diminuir esse desequilíbrio e refletir sobre potenciais soluções para o futuro. “Incluir um número maior de mulheres não se limita a equiparar o número delas ao de homens, mas também assegurar acesso às mesmas oportunidades e às condições necessárias para que elas se mantenham e prosperem na carreira científica”, afirma a Dra. Katherine de Matos, diretora de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil. A área de pesquisa de proteínas alternativas tem revelado ser uma excelente oportunidade com resultados promissores. Tanto no Brasil quanto em outros países, as mulheres lideram as pesquisas nessa área. O GFI fomenta ainda mais esse avanço com seu Programa Anual de Incentivo à Pesquisa (Annual Competititve Research Grant Program) que financia em até US $ 250 mil estudos pioneiros capazes de elucidar os principais desafios tecnológicos da indústria de proteínas alternativas. Na edição de 2019, 56% dos projetos contemplados pelas bolsas do instituto foram propostos por mulheres, sendo três de pesquisadoras brasileiras. Menos desperdício e em defesa do aproveitamento integral dos alimentos O GFI apoia duas pesquisadoras que têm se destacado em pesquisas que buscam reduzir o efeito do descarte de alimentos e aproveitar a integralidade de ingredientes tipicamente brasileiros como a mandioca e o caju. A engenheira de alimentos, Dra. Ana Carla Kawazoe Sato, desenvolve um estudo na UNICAMP sobre extração e aplicação de proteínas vegetais obtidas principalmente por subprodutos agroindustriais como folhas de mandioca. A pesquisa em questão poderá atender uma crescente demanda de consumidores que querem reduzir ou deixar de consumir produtos de origens animais. Outra cientista contemplada pelo Programa de de Incentivo à Pesquisa do GFI é a Dra. Ana Paula Dionisio. Pesquisadora da EMBRAPA, Ana Paula coordena um estudo sobre o uso da fibra de caju como ingrediente para produtos feitos de plantas. O objetivo é simular a textura e a aparência de produtos de origem animal. Assim como na pesquisa desenvolvida pela Dra. Ana Carla, um dos principais benefícios deste trabalho é a utilização de um subproduto, geralmente descartado pela indústria. “A fibra do caju é um subproduto do processamento de suco, sendo normalmente descartado ou utilizado para ração animal. Através de tratamento adequado, esse material já se mostrou muito interessante para desenvolvimento de diversos alimentos feitos de planta, como hambúrgueres vegetais, por exemplo. Isso abre uma excelente perspectiva de uso desse produto, tanto nacionalmente como fora do país”, conta a pesquisadora. O feijão carioca que promete revolucionar a produção de alimentos Motivado pelo Dia Mundial dos Pulses, data comemorada em 10 de fevereiro que visa destacar a importância das leguminosas secas (pulses) como feijão, ervilha e grão-de-bico, o GFI enfatiza o trabalho da Dra. Caroline Mellinger Silva. A pesquisadora da EMBRAPA foca no desenvolvimento de ingredientes com alta concentração de proteínas a partir do feijão carioca. A finalidade é aproveitar o brasileiríssimo ingrediente e transformá-lo em uma nova opção de fonte proteica para a produção de hambúrgueres, almôndegas e outros produtos vegetais. Atualmente, a soja é um dos ingredientes mais presentes na produção e comercialização de produtos vegetais e o Brasil é o maior produtor do mundo de proteína de soja, com uma produção estimada em 286,7 milhões de toneladas para a primeira safra 2020/21, segundo dados da CONAB. Em busca de uma maior diversidade de fontes proteicas nacionais acessíveia, a pesquisa de Caroline quer explorar a vasta capacidade agrícola nacional em produzir feijão e assegurar um melhor aproveitamento das propriedades desse ingrediente já tão presente na mesa do brasileiro. “Atualmente, o Brasil utiliza a proteína de soja e da ervilha para produzir proteínas vegetais. A ervilha é importada e é um ingrediente caro para a indústria nacional. Ter uma nova opção de fonte proteica plantada nacionalmente é excelente! Gera emprego e renda, além de prover ingredientes de menor custo para a indústria de alimentos, que poderá desenvolver produtos mais acessíveis ao consumidor final”, explica a pesquisadora. Estima-se que as pesquisas financiadas pelo GFI sejam concluídas no fim de 2021, contribuindo com a inovação da cadeia de produção de alimentos nacional e mostrando a importância do envolvimento feminino na produção de conhecimento. “Acredito que os resultados das três pesquisas poderão inspirar outras pesquisadoras a pensarem sobre as possibilidades trazidas pelas proteínas alternativas”, comenta Dra. Katherine de Matos. Nova edição do Programa Anual de Incentivo à Pesquisa aberta O Programa de Incentivo à Pesquisa do GFI que financiou as pesquisas citadas acima está com as inscrições abertas para o edital de 2021 e promete conceder subsídios para as pesquisas selecionadas no valor de até US$250 mil. Este ano, a seleção do GFI terá como foco projetos que desenvolvam novos ingredientes, métodos, ferramentas e tecnologias para viabilizar a produção de cortes de carnes inteiros e frutos do mar feitos de proteínas alternativas. O Programa está na primeira fase de seleção e os interessados devem enviar sua proposta em formato PDF até o dia 10 de março de 2021 para este formulário.
Extrusão de Ingredientes encerra série de webinars organizadas pelo GFI em 2020

O The Good Food Institute realiza no próximo dia 24 de novembro, às 14h, o último webinar da série “Proteínas Alternativas: Ciência e Tecnologia” deste ano. Com o tema “Extrusão de ingredientes para produtos feitos de plantas”, o evento contará com a participação de José Coelho, presidente da Clextral, e de Carlos Carvalho, pesquisador da EMBRAPA. Coelho irá compartilhar sua expertise sobre a tecnologia de extrusão de ingredientes, carro-chefe da empresa norte-americana, enquanto Carvalho apresentará as iniciativas desenvolvidas pela EMBRAPA utilizando a mesma técnica. De acordo com Agência Embrapa de Informação Tecnológica, a extrusão é um processo que combina calor, umidade e trabalho mecânico para “modificar matérias-primas, a fim de criar novos formatos e estruturas com diferentes características funcionais e nutricionais”. Entre as principais aplicações da técnica está a produção de biscoitos, massas alimentícias, cereais e snacks. Recentemente, a tecnologia de extrusão tem sido aplicada também em produtos feitos de plantas análogos ao produtos cárneos. O webinar é gratuito, basta se inscrever neste link. E para quem perdeu as outras edições, agora o GFI Brasil disponibiliza todos em seu canal no Youtube. Esperamos por vocês!
Guia para Startups do GFI lançado no Brasil

O lançamento do novo Guia para Startups do The Good Food Institute promete mostrar o “caminho das pedras” para empreendedores que querem alcançar o sucesso no mercado de proteínas alternativas. O material foi produzido pelo The Good Food Institute (GFI), instituição sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento do mercado de proteínas alternativas, e adaptado para o Brasil em parceria com o Insper. O guia tem como objetivo disseminar conhecimento, ajudando a tornar a visão de empreendedores em realidade e contribuindo para o avanço de toda a indústria. “O GFI acredita que o sucesso do setor está na inovação. Queremos universalizar o acesso à informação de ponta através deste manual, mostrando os passos para criar uma empresa no setor, que pode ser útil tanto para quem quer começar como para quem tem desafios em atividades específicas, como se preparar para levantar capital. Ele foi produzido com contribuição de especialistas renomados e conta com o apoio e participação do Insper no Brasil”, observa Felipe Krelling, coordenador de Inovação do GFI no Brasil. “Como o Brasil possui complexidades bastante únicas, o Insper aportou seu conhecimento e experiência em modelos de negócio, operações e inovação para adaptar os fundamentos do manual à realidade da indústria brasileira”, afirma Vinícius Picanço, professor de operações e sustentabilidade do Insper. “O objetivo é agregar valor imediato às ações de empreendedores que atuam no promissor mercado de proteínas alternativas.” Mercado promissor A enorme capacidade de produção de alimentos do Brasil tornou o país conhecido como celeiro do mundo. Porém, nos últimos tempos, é outro tipo de abundância que tem atraído o olhar de fora para o nosso mercado de alimentos: a inovação. Internacionalmente, existe uma demanda grande por novas fontes de proteína e o Brasil tem o potencial para assumir o protagonismo na alimentação do futuro. Essa nova tendência acelerou o desenvolvimento do setor de proteínas alternativas nos últimos anos. De acordo com o GFI, os primeiros empreendedores neste mercado enfrentaram diversos desafios para ter acesso à informação de qualidade, análises e boas referências. Por isso, o material está sendo oferecido gratuitamente e compartilha experiências de players internacionais, cases de sucesso, pesquisas relevantes e dicas de quem já se estabeleceu no mercado. Todas as informações são adaptadas para a realidade brasileira, o que torna essa ferramenta extremamente relevante para empreender na indústria de proteínas alternativas no Brasil. “Abordamos os principais pontos do começo ao fim da jornada, desde tirar a ideia do papel, passando por promover um produto, colocá-lo em pontos de venda até o crescimento exponencial da empresa. Além de um panorama geral do processo, incluímos também diversas referências para materiais adicionais. Dessa forma, os empreendedores podem pesquisar e se aprofundar nos pontos mais relevantes para o momento atual da empresa”, acrescenta Felipe Krelling. Inédito no mercado brasileiro, o guia já conta com versões adaptadas em circulação nos EUA, Hong Kong e Singapura. “O manual tem se tornado uma referência tanto para empreendedores quanto para empresas estabelecidas que querem inovar e criar produtos, serviços, modelos de negócio e tecnologias no setor de alimentos”, diz Vinícius Picanço. Segundo ele, investidores também podem utilizá-lo para conhecer mais a fundo as potencialidades do setor e criar sua tese de investimento ou para intensificar processos em andamento. DOWNLOAD
2017: Um “Sinal de Alerta” para a Indústria de Carne

Este ano foi um “alerta para o setor de proteína animal” – e isso de acordo com a própria indústria de carne. Agora que a indústria está desperta, não está perdendo tempo de embarcar no futuro da proteína de origem não animal. Apoiada pelas maiores empresas produtoras de carnes do mundo, pela demanda do consumidor e pela inovação tecnológica, a carne limpa e à base de vegetais está passando por um momento “zeitgeist”. Livros inteiros poderiam ser escritos sobre os desenvolvimentos e implicações dessas inovações sustentáveis (psiu! e psiu!), mas nós condensamos os maiores sucessos para o seu deleite de ler. Junte-se a nós em uma viagem pelos maiores momentos em inovação de alimentos deste ano, culminando em nossas principais escolhas das últimas notícias do setor! Esse é o fim da indústria da carne e o começo da indústria de proteínas. Não posso começar essa discussão sem antes mencionar e se maravilhar com a seguinte manchete da Fox News: [CEO da Tyson Foods: O Futuro da Alimentação Pode ser Sem Carne.] Isso mesmo, uau! Para adicionar algumas nuances, o CEO da Tyson, Tom Hayes, achava que haveria produção de carne no futuro da Tyson – não necessariamente de origem animal. Hayes prevê que em 25 anos, cerca de 20% da produção de carne será limpa ou à base de vegetais, o que outros líderes do setor – incluindo um porta-voz da General Mills – consideram uma estimativa baixa! Para confirmar sua confiança neste quesito, a Tyson aumentou seu investimento na empresa de proteína vegetal Beyond Meat. Ao mesmo tempo, a Maple Leaf, maior produtora de carne do Canadá, movimentou-se para se estabelecer como a empresa de proteína mais sustentável do mundo adquirindo a Lightlife e a Field Roast. Para não ficar para trás, a Nestlé, líder do setor, adquiriu a Sweet Earth Foods. Depois de vender o último de seus confinamentos de gado, a Cargill se tornou a primeira grande empresa de carnes a investir em uma startup de carne limpa. E de acordo com a Global Meat News, nada menos que 10 processadores globais de carne estão em negociações com a Hampton Creek para licenciar sua tecnologia de carne limpa. A mensagem é óbvia: a indústria de carne sabe que precisa se adaptar o mais rápido possível ao futuro da proteína de origem não animal ou ficarão para trás. Como resumo de outras atividades de fusões e aquisições no setor, e uma análise do que isso significa para o futuro das empresas de carnes de origem vegetal, especificamente, clique aqui. O Novo Movimento de Carne Ganhou Status de Celebridade O Google pode ter lançado um programa para tornar os vegetais mais populares que a carne, mas, ao contrário de mim no ensino fundamental, as proteínas alternativas não precisavam de muita ajuda para ser a “criança” mais legal do mundo. Juntamente com um influxo de investimentos, lançamentos de produtos e com a atenção do consumidor, tanto as startups de carne limpa quanto as de carne à base vegetais adicionaram um número de amigos célebres à suas equipes este ano. Leonardo DiCaprio fez uma parceria oficial de longa data com a Beyond Meat com um investimento (para o qual dissemos “uau”). Falando em Titanic, o diretor vencedor do Oscar, James Cameron, e sua esposa Suzy Amis Cameron, inauguraram a maior fábrica de proteína de ervilha da América do Norte, que será usada para desenvolver alimentos à base de vegetais e engajar jovens empreendedores e agricultores no crescente mercado de proteínas alternativas. E não podemos nos esquecer do Richard Branson, que – ao lado de Bill Gates – investiu na pioneira Memphis Meats, empresa inovadora de produção de carne livre de abate animal, e se tornou um defensor de alimentos saudáveis, humanos e sustentáveis: Esses endossos da lista de celebridades são mais do que uma isca divertida de manchete; Eles apontam para a onda de demanda por proteínas alternativas do consumidor comum que está impulsionando o sucesso desse segmento de mercado. Até agora, um novo estudo do Sentience Institute descobriu um nível significativo de consenso contra os atuais métodos de produção de carne entre os consumidores dos EUA, a maioria dos quais disse que escolheriam carne limpa em vez de alternativas convencionais quando atingisse a paridade de preços. Ao mesmo tempo, as vendas de alternativas à base de vegetais para produtos de origem animal têm aumentado de forma generalizada. Verifique os dados que a GFI coletou da Nielsen: Essa convergência na conscientização sobre os danos da pecuária industrial e a disponibilidade de melhores alternativas fez de 2017 o ano em que os consumidores abraçaram o futuro da alimentação livre de animais. Ganhando o Mundo Todo Os mercados internacionais endossaram bastante as proteínas alternativas este ano, sendo que a carne à base de vegetais ganhou o título de “Megatendência n.o 1″ no mundo todo! [Mais a respeito no The Guardian, com a participação da Diretora de Engajamento Corporativo da GFI, Alison Rabschnuk] Enquanto os EUA permaneciam como um foco de inovação, produtos foram lançados e empresas inauguradas em todo o mundo para construir um suprimento de alimentos mais sustentável. Com o apoio da GFI, a Good Dot foi inaugurada na Índia para reverter a tendência do país em relação ao consumo de carne e interromper o trajeto da industrialização da pecuária. E na Nova Zelândia, o frango à base de vegetais da Sunfed chegou às prateleiras dos mercados, onde está sendo vendido e ganhando força desde então! Parece delicioso, Good Dot! Empresas sediadas nos EUA também expandiram suas fronteiras, com a Beyond Meat estreando em Hong Kong e a Impossible Foods anunciando planos de expansão para a Ásia o mais rápido possível. Isso é tudo apenas no reino da produção de carne à base de vegetais. Este ano também foi um marco para a indústria de carne limpa. No início de 2017, havia apenas quatro empresas explorando publicamente a carne limpa. Agora, há onze empresas em todo o mundo trabalhando para substituir a carne da pecuária pelo cultivo direto de carne [em laboratório], em vez de dentro de animais de fazenda.
Proteína Limpa (Perguntas e Respostas)

A proteína está passando por um momento “zeitgeist”, e não é difícil entender por quê: os consumidores estão cada vez mais conscientes de que de onde nós obtemos nossa proteína tem implicações enormes para a saúde pessoal, pública e planetária. No The Good Food Institute, somos focados no apoio a cientistas, empreendedores e startups que estão procurando produzir proteína de uma nova maneira. Mas se você está lendo isso e não tem uma ideia de empresa ou diploma em Biologia Vegetal, talvez esteja se perguntando o que pode fazer no seu dia a dia para melhorar nosso sistema alimentar. Clean Protein (Proteína Limpa), o novo livro do diretor executivo da GFI, Bruce Friedrich, e da autora de best-sellers do New York Times, Kathy Freston, é o seu guia prático para se alimentar bem ao fazer o bem. [Você pode encomendar a sua cópia do livro Clean Protein aqui!] Eu me sentei com Bruce e Kathy para trazer a você insights sobre o livro Clean Protein e o que você pode fazer para participar da solução sobre a proteína. Aproveite! Vamos começar pelo começo. O que motivou vocês dois a escrever o livro Clean Protein (Proteína Limpa)? Qual foi a premissa? Kathy: Proteína é um tema polêmico em conversas de consumidores preocupados com a saúde, bem como daqueles que estão preocupados com a segurança alimentar à medida que enfrentamos um aumento sem precedentes na população global. Mais frequentemente, essas conversas partem da premissa de que a proteína e carne animal são sinônimos. Isso não é apenas falso – é uma inverdade que nos impede de responsabilizar as pessoas por suas dietas e criar um suprimento de alimentos que seja igualmente bom para as pessoas e para o planeta. Bruce e eu acreditamos que as inovações que descrevemos no livro são complementos vitais à questão polêmica da produção de proteínas e do futuro dos alimentos. Conte-nos! O que exatamente são essas fontes de proteína novas e aprimoradas? Como vocês definem proteína limpa? Kathy: Quando falamos de proteína limpa, falamos de três coisas: na maioria das vezes nos referimos a alimentos vegetais integrais, como feijões, grãos integrais, nozes e sementes. Mas também estamos falando de carne vegetal, ou seja, carne feita a partir de vegetais, como o que a Tofurky, a Beyond Meat e a Impossible Foods estão fazendo. [Veja que deliciosa a sopa de “frango” na foto lá em cima, à la Tofurky!] E finalmente, nós descrevemos um capítulo sobre a carne limpa. Carne limpa, na verdade, é uma carne animal, mas produzida pelo crescimento de células animais fora de um animal, em vez de dentro de uma fazenda industrial e de um matadouro. A carne pode ser cultivada sem animais, antibióticos ou contaminação bacteriana que vem da pecuária industrial. Bruce: Essas três formas de proteínas são limpas por mais de uma razão. Para começar, elas são literalmente mais limpas do ponto de vista de saneamento básico, em comparação aos produtos produzidos em fazendas industriais sujas e superlotadas. Mas elas também são limpas de forma semelhante à energia limpa: elas reduzem drasticamente a pegada de carbono e o impacto ambiental da produção de proteína em comparação à atividade pecuária. Por fim, é uma fonte de energia mais limpa para abastecer nossos corpos, com as fibras e vitaminas de que nosso intestino precisa, sem o excesso de gordura saturada e colesterol. Qual é uma das suas histórias favoritas do livro Clean Protein que ilustra quão excitantes foram os recentes desenvolvimentos na área? Bruce: Eu nunca vou esquecer quando divulgaram a notícia de que a Tyson, uma das maiores empresas produtoras de carnes do mundo, comprou uma participação da startup de proteína completamente à base de vegetais, Beyond Meat. Em seguida, a Cargill investiu na empresa de carne limpa Memphis Meats. Vendo a velha guarda abraçar o futuro da comida e começar a se transformar de dentro para fora – essas são as histórias que eu adorei contar no livro Clean Protein, e aquelas que eu acho que melhor ilustram o momento crucial da história quando se trata do nosso sistema alimentar. Kathy: Embora o livro Clean Protein tenha chegado às prateleiras no início do ano, as notícias de investimentos e novas histórias de apoio à indústria continuaram desde a publicação, com um grande produtor de aves da UE apoiando a empresa de carne lima israelense SuperMeat, e o maior produtor de carne do Canadá comprando duas empresas de carnes vegetais nos EUA! Passamos muito tempo na GFI trabalhando no lado da oferta de proteína limpa. O que você está vendo em relação à demanda do consumidor que está impulsionando o crescimento de carne limpa e à base de vegetais? Kathy: Empresas de carnes convencionais não estão comprando carne limpa e à base de vegetais como um ato de boa vontade. É o que os consumidores estão pedindo: uma opção mais saudável, deliciosa e familiar. Além disso, as empresas estão vendo a gravidade da situação: a pecuária industrial é um sistema que está em ponto de ruptura. É ineficiente, ambientalmente devastador, perigoso para a saúde pública e um pesadelo para os animais. A proteína limpa é uma solução elegante para todos esses problemas. Até mesmo o CEO da Tyson, Tom Hayes, prevê que em 25 anos, cerca de 20% das carnes serão limpas ou à base de vegetais – uma afirmação que alguns especialistas do setor esperam que seja uma estimativa baixa. Bruce: Os consumidores querem proteína de alta qualidade, de fontes sustentáveis e humanas, e a indústria está tomando nota. Qual é a coisa mais valiosa que alguém poderia fazer para apoiar a transição do nosso suprimento de alimentos da carne da pecuária para a proteína limpa? Kathy: O livro Clean Protein é um guia para ajudar exatamente nisso! Então eu começaria dando uma lida, dando uma chance a uma das receitas, e compartilhando aquela refeição e o livro com um amigo! Na