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GFI Brasil lança chamada para o Mapeamento do Estágio de Desenvolvimento da Tecnologia de Fermentação Aplicada às Proteínas Alternativas no Brasil

Projeto inicia em novembro de 2022 e tem prazo de 6 meses O The Good Food Institute Brasil convida empresas e instituições interessadas em desenvolver o Mapeamento do Estágio de Desenvolvimento da Tecnologia de Fermentação Aplicada às Proteínas Alternativas no Brasil a enviarem suas propostas até o dia 31 de julho.  O objetivo principal do estudo é entender o estágio de desenvolvimento da tecnologia de fermentação aplicada às proteínas alternativas, os potenciais e desafios da tecnologia, gargalos e oportunidades para produção em larga escala. Visando o desenvolvimento da tecnologia de fermentação aplicada às proteínas alternativas no Brasil, o mapeamento deve contribuir para o aprofundamento de um plano estratégico e prover subsídios técnicos e científicos para orientar as futuras ações de legisladores, reguladores, empresas, professores e pesquisadores da área. O estudo será dividido em seis etapas: elaboração de um white paper sobre a tecnologia de fermentação aplicada às proteínas alternativas; de um glossário com termos técnicos usuais dessa tecnologia; identificação da organização da comunidade científica e infraestrutura de pesquisa; elaboração de um plano educacional para formação de pessoas na área de fermentação aplicada às proteínas alternativas; avaliação da geoeconomia da fermentação aplicada às proteínas alternativas; e elaboração de um plano estratégico para o desenvolvimento da tecnologia de fermentação aplicada às proteínas alternativas no Brasil. O projeto é previsto para iniciar em novembro de 2022 e o prazo desejado para a execução é de seis meses. As propostas poderão ser enviadas até dia 31 de julho, em formato PDF, para o email ciencia@gfi.org. O documento deverá conter, obrigatoriamente, um cronograma, os valores previstos para execução de cada etapa, o investimento total, a metodologia a ser utilizada e o currículo dos profissionais que vão desenvolver o trabalho. O edital completo, com todas as orientações para a submissão da proposta, assim como todas as demais informações sobre o estudo, podem ser acessadas neste link. Contextualização A fermentação é utilizada há milênios na produção de alimentos (como pão,  cerveja, vinho, vinagre e outros produtos básicos). No entanto, no último século, a tecnologia moderna possibilitou que a fermentação ganhasse diversas novas aplicações. Na indústria de proteínas alternativas, a fermentação refere-se ao cultivo de microrganismos com a finalidade de processar um alimento ou ingrediente; obter mais do próprio microrganismo como fonte primária de proteína ou ingredientes específicos (como aromatizantes, enzimas, proteínas e gorduras para incorporação em produtos feitos de plantas ou carne cultivada). A indústria plant-based utiliza a fermentação tradicional, a fermentação industrial de biomassa e a fermentação de precisão como três técnicas principais. Os desafios para tornar produtos feitos de plantas com características sensoriais, funcionais e nutricionais similares aos convencionais são vários. Busca-se por tecnologias e ingredientes que contribuam para o incremento dessas características nos produtos vegetais, que proporcionem uma experiência de consumo igual ou melhor do que os produtos de origem animal análogos. A tecnologia de fermentação tem se apresentado como uma grande aliada na resolução desses desafios, viabilizando o aprimoramento das características desejadas e resultando em produtos vegetais mais saborosos, nutritivos e similares aos convencionais. Ela também tem contribuído para o desenvolvimento da tecnologia de carne cultivada, produzindo importantes moléculas específicas do processo (como fatores de crescimento livre de origem animal). Além disso, proteínas como colágeno e fibronectina, produzidas por meio da fermentação, podem servir como componentes de suporte em substituição às suas versões de origem animal. Dessa forma, a fermentação mostra ser uma tecnologia capacitadora e inovadora para o setor de proteínas alternativas, contribuindo para uma nova geração de ingredientes e produtos com atributos sensoriais e funcionais aprimorados. Não à toa, no início de 2022, a fermentação foi citada pelo GFI como uma das sete tendências globais que vão dominar o setor plant-based.

MAPA promove workshop sobre uso de fermentação na produção de alimentos análogos aos de origem animal

GFI Brasil vai apresentar resultados do estudo regulatório sobre fermentação desenvolvido em parceria com o ITAL por Vinícius Gallon O The Good Food Institute Brasil participa no próximo dia 26 de maio, a partir das 8h30, do Workshop “O uso de processos fermentativos para obtenção de alimentos análogos à proteína animal”, promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O evento tem o objetivo de debater questões técnicas e de mercado relevantes para a regulação dos alimentos e ingredientes obtidos a partir de processos fermentativos. A transmissão será realizada no canal do Youtube do Sistema Unificado de Atenção Agropecuária Suasa – Mapa.  O workshop representa mais um importante passo do governo em direção à regulamentação do setor de proteínas alternativas no Brasil. No ano passado, o GFI Brasil promoveu uma série de workshops focados em produtos feitos de planta (plant-based) e o MAPA lançou uma tomada pública de subsídios, consultando a população sobre o tema. Neste ano, o GFI Brasil lançou três estudos regulatórios sobre carne cultivada, proteínas vegetais e fermentação, a fim de subsidiar as tomadas de decisão sobre o assunto.  “O estudo regulatório sobre fermentação, encomendado ao ITAL pelo GFI Brasil, concluiu que para os produtos à base de proteínas alternativas, o atual regulamento de novos alimentos e novos ingredientes é adequado, não sendo necessário desenvolver nenhum novo regulamento específico. Esperamos que a decisão do DIPOV ratifique as conclusões do estudo, apontando que o atual marco regulatório de novos alimentos será o documento utilizado pelas empresas que utilizem as tecnologias de fermentação em seus produtos”, afirmou Alexandre Cabral, vice-presidente de Políticas Públicas do GFI Brasil. O Estudo Regulatório sobre fermentação pode ser lido aqui. Confira a programação e acompanhe as discussões do evento. PROGRAMAÇÃO Abertura Glauco Bertoldo – Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem vegetal – DIPOV/SDA/MAPA Painel 1 –  Visão Conceitual Do laboratório ao biorreator -Visão Geral do estado-da-técnica em fermentação aplicada à área de alimentos Paulo Coutinho – SENAI/CETIQT – ISI Biossintéticos Gustavo Mercaldi – Laboratório Nacional de Biociências (LNBio)/ Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) Mediadora: Karina Leandro DIPOV/SDA/MAPA Painel 2 – Visão de Mercado e Ambiente Regulatório Internacional Elementos para um mercado competitivo Marcos Pupin – Associação Brasileira de Bioinovação – ABBI Neusely da Silva – Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) Mediador: Elton Massarollo DIPOV/SDA/MAPA Painel 3 – Tendências O que vem por aí: produtos e pesquisas em desenvolvimento no Brasil e Marco Regulatório Ana Claudia Peluso – Novozymes Alexandre Cabral – Vice-presidente de Políticas Públicas do GFI Brasil Mediadora: Sibelle de Andrade Silva – SDI/MAPA Encerramento Hugo Caruso – Coordenador-Geral de Qualidade Vegetal – DIPOV/SDA/MAPA

Proteínas alternativas são tema de nova disciplina oferecida pela UNICAMP

A Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) agora oferece a disciplina “Proteínas Alternativas: Feito de Plantas, Fermentação e Carne Cultivada” dentro do programa de Pós Graduação da Faculdade de Engenharia de Alimentos. Por meio desta disciplina, com currículo inédito, os participantes terão um primeiro contato com os três pilares tecnológicos de produção de proteínas alternativas: proteínas vegetais, carne cultivada e fermentação. Além da base teórica introdutória sobre as tecnologias, será explorado também o cenário atual da indústria, com suas oportunidades e desafios. O objetivo é capacitar os alunos apresentando os fundamentos técnico-científicos das proteínas alternativas para que eles possam contribuir tanto para o desenvolvimento da ciência como para o crescimento da indústria. Ao todo, 29  alunos oriundos da indústria e da academia estão acompanhando as aulas. Saiba mais sobre o curso O programa faz um panorama geral das principais tecnologias utilizadas na produção de carnes, leites e laticínios alternativos: à base de plantas, obtidas por cultivo celular e fermentação. Além disso, explora as especificidades dos mercados nacional e internacional, assim como questões de sustentabilidade envolvendo o consumo mundial de proteínas e também os impactos ambientais dos diferentes tipos de produção de proteínas. Os temas são conduzidos por professores da própria UNICAMP, por professores convidados de outras universidades e instituições de pesquisa, além de profissionais da indústria, o que deixa o debate extremamente rico. Esta disciplina reúne os principais especialistas brasileiros no assunto, proporcionando aos alunos o que se tem de mais atual neste campo. Os especialistas do GFI Brasil participam do programa como palestrantes convidados e compartilham sua expertise sobre temas como o mercado nacional, cenário regulatório brasileiro, diferenças e potenciais de cada frente tecnológica no ambiente de proteínas alternativas. As aulas se encerram em julho, quando os alunos devem propor um produto inovador ou uma solução para o mercado de proteínas alternativas.

Setor de proteínas alternativas recebeu investimento recorde de $5 bilhões em 2021, 60% a mais do que em 2020

Interesse de investidores segue crescendo como solução sustentável em meio a crises de saúde pública e ambientais por Bruna Corsato e Vinícius Gallon para o GFI Brasil O The Good Food Institute acaba de divulgar dados comprovando que 2021 foi um ano de investimento recorde no ecossistema de empresas de alternativas aos produtos de origem animal. Neste setor estão incluídas não apenas empresas de proteína vegetal, mas também as de carne cultivada e de fermentação. Desde 2010, foram investidos quase US$11,1 bilhão no setor, sendo US$8 bilhões (73%) após o início da pandemia do coronavírus e a consequente disrupção dos mercados globais. Em um contexto onde o mundo está voltado a buscar soluções para mitigar a crise climática, lidar com questões de uso de terra e água, e prevenir a próxima pandemia, as proteínas alternativas despontam como um investimento que vai além de retornos rápidos, sendo sustentável para o planeta a longo prazo. A análise dos investimentos foi realizada utilizando a plataforma PitchBook Data, e mostrou que 740 empresas globais do setor, incluindo três brasileiras, receberam US$5 bilhões em investimentos em 2021. Este número é 60% maior que os US$3,1 bilhões registrados no ano anterior e cinco vezes mais que o US$1 bilhão investido no setor em 2019. “A metodologia utiliza como base anúncios públicos de investimentos, porém, há muitos outros acordos que figuram ainda em carater privado ou de confidencialidade. Por isso, o estudo não é suficiente para definirmos como os investimentos performaram no Brasil no último ano. No entanto, esses números são uma importante sinalização sobre o otimismo dos investidores sobre esse mercado globalmente que, sem dúvida, está se refletindo por aqui”, afirma Raquel Casselli, gerente de engajamento corporativo do GFI Brasil. As empresas de carne e frutos do mar cultivados garantiram US$ 1,4 bilhão em investimentos em 2021 – o maior capital levantado em qualquer ano na história do setor e mais de três vezes os US$ 400 milhões arrecadados em 2020. As empresas de carne cultivada receberam US$ 1,9 bilhão em investimentos desde a primeira divulgação de investimentos no setor em 2016, e mais de 70% disso foi arrecadado somente em 2021. Esse feito incluiu a Série B de US$ 347 milhões da Future Meat Technology, a Série B de US$ 100 milhões da Aleph Farms e o aumento de dívida conversível de US$ 60 milhões da BlueNalu. Enquanto 2020 viu a primeira empresa de carne cultivada a levantar uma rodada de financiamento da Série B, 2021 trouxe mais oito rodadas de estágio de crescimento – Série B ou superior – à contagem. Em 2021, a base de investidores do setor cresceu 62% em relação ao ano anterior, elevando o número total de investidores únicos para 458. Vale ressaltar que em 2021 a JBS anunciou investimento de US$ 100 milhões nesta nova frente, consolidando um trabalho de análise mercadológica iniciado há três anos, com apoio do GFI Brasil. Com esse recurso, a JBS firmou acordo para aquisição do controle da empresa espanhola BioTech Foods, prevendo o investimento na construção de uma nova unidade fabril na Espanha, além da implantação do primeiro Centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) em Biotecnologia e Proteína Cultivada no Brasil. Por não ter sido registrado no PitchBool Data Inc., esse investimento não foi contabilizado pelo estudo. As empresas de fermentação de proteínas alternativas garantiram US$ 1,7 bilhão em investimentos em 2021, quase três vezes os US$ 600 milhões arrecadados em 2020. As empresas de fermentação levantaram US$ 2,8 bilhões em capital investido desde o primeiro investimento rastreado pelo GFI no setor em 2013, sendo 60% apenas em 2021. Isso inclui a Série C de US$ 350 milhões da Nature Fynd, a Série D de US$ 175 milhões da The EVERY Company, contabilizando 434 investidores únicos. As empresas de carne, frutos do mar, ovos e laticínios vegetais receberam US$ 1,9 bilhão em investimentos em 2021, o que é compatível com os US$ 2,1 bilhões arrecadados em 2020 e quase três vezes os US$ 693 milhões arrecadados em 2019. Estas empresas arrecadaram US$ 6,3 bilhões em investimentos desde 2010, sendo 30% apenas em 2021. Estão incluídas aqui a rodada de financiamento de US$ 500 milhões da Impossible Foods, que aumentou o financiamento recorde de US$ 700 milhões da empresas em 2020; Série D de US$ 235 milhões da NotCo; Série B de US$ 110 milhões da v2food;  a rodada de capital semente (seed money) recorde de US$ 30 milhões da Next Gen Foods, que é quase três vezes maior que a segunda maior rodada de semente levantada por uma empresa de proteína alternativa. Em 2021 a base de investidores do setor cresceu 40% em relação ao ano anterior, trazendo o número total de investidores únicos para 1.903. A confiança dos investidores em empresas de proteínas alternativas é impulsionada por vários fatores de mercado, e as crises de saúde pública e ambientais que dominaram o mundo ao longo de 2020 e 2021 tornaram claros os riscos associados a portfólios e práticas de negócios habituais. Nesse contexto, tem relevância ainda maior a perspectiva de carne produzida sem risco de contribuição para a transmissão de doenças zoonóticas e emissões dramaticamente menores do que a carne convencional. Embora os investimentos em proteínas alternativas tenham crescido a uma taxa impressionante, eles continuam sendo uma fração minúscula dos trilhões de dólares que foram investidos globalmente em empresas de tecnologia climática como um todo. Somente em 2021, o capital privado em empresas de tecnologia climática em estágio inicial totalizou US$ 47 bilhões. ”Com cada vez mais investidores reconhecendo que o risco climático é um risco de investimento, as proteínas alternativas oferecem uma solução escalável que aproxima o mundo de um sistema alimentar mais seguro e neutro em emissões de carbono. Gerenciar os riscos climáticos é impossível sem abordar os alimentos, e a agricultura e as proteínas alternativas nos oferecem uma ferramenta para fazer isso”, explica Sharyn Murray, especialista de engajamento corporativo do GFI-EUA. Apesar do bom momento, o processo de diversificação de tipos e fontes de investimento no setor está

As 7 tendências globais que vão dominar o setor de proteínas alternativas em 2022

Nossos especialistas globais apontam as tecnologias que devem despontar ou se fortalecer este ano com o amadurecimento da indústria e quais delas já estão acontecendo no Brasil Texto: Bruna Corsato Revisão: Camila Lupetti, Guilherme Vilela, Raquel Casselli e Vinícius Gallon Após anos de crescimento constante, a indústria de proteínas alternativas caminha para uma fase de consolidação, com empresas do setor entrando em estágios mais avançados e aprimorando os produtos que chegam ao mercado. Mas ainda há espaço para crescimento e inovação, além de muitas oportunidades a serem exploradas nesse ambiente. O time de especialistas globais do The Good Food Institute apresenta quais são as tendências que devem dominar o setor em 2022. 1- A fermentação vai abrir novos caminhos para os produtos vegetais A utilização de processos de fermentação na indústria plant-based vem crescendo como um dos pilares da produção de alimentos vegetais e a tendência é que essa posição se consolide através de lançamentos que devem chegar ao mercado em 2022. EM 2021, a norte-americana Perfect Day criou uma proteína de soro de leite (whey protein) a partir de fermentação de precisão, técnica que utiliza microorganismos para produzir ingredientes funcionais específicos, como proteínas, moléculas de sabor, vitaminas e até gorduras. O whey fermentado chegou aos consumidores dos Estados Unidos sob a forma do Brave Robot, o serve de base vegetal da Perfect Day. Mas a lista de lançamentos que aderiram ao novo ingrediente não parou por aí: houve também o cream cheese da Modern Kitchen, mistura para bolo da Climate Hero e até novo leite alternativo no Starbucks. A tendência é que a indústria continue a explorar essa tecnologia, aprimorando características sensoriais de produtos já existentes e criando novidades para conquistar o consumidor. As previsões de lançamentos deste ano incluem:  A primeira proteína de ovo fermentado do mundo. A responsável pela inovação é a Every Company e chegará ao mercado através dos smoothies da Pressed Juicery. A Motif Foodworks vai licenciar sua mioglobina HEMAMI para que produtores possam refinar o saber de carne em produtos vegetais A empresa de carnes Hormel vai passar a incorporar a microproteína, carne feita a partir de fermentação, em sua linha vegetal por meio de uma parceria com a Better Meat Co. Já no ano passado a Nature´s Fynd conseguiu aprovação do FDA para comercializar sua proteína fermentada Fy, e a previsão é de que chegue às gôndolas ainda esse ano. Esse é só o começo, prepare-se para ouvir falar muito de fermentação no mercado plant-based em 2022. 2- Mix de tecnologias para criar produtos híbridos Quando falamos em proteínas alternativas, estamos nos referindo a uma categoria que inclui diversos processos de produção resultando em produtos à base de plantas, de fermentação e de cultivo de células. A tendência é que esse ano vejamos produtos feitos através da combinação dessas tecnologias chegarem ao mercado, que são conhecidos como produtos híbridos: Por exemplo, o Impossible Burguer é feito à base de plantas mas leva em sua composição do heme (molécula de proteínas rica em ferro) derivado de fermentação, o que confere gosto similar a carne.  Muitas empresas de leite e queijo vegetais estão usando técnicas tradicionais de fermentação em nozes e outros ingredientes à base de plantas para obter o sabor lácteo autêntico e cremoso do queijo convencional. Podemos esperar produtos híbridos de carne cultivada e proteínas vegetais, tanto para reduzir custos quanto para atrair consumidores que procuram recursos nutricionais como fibras. Esperamos ver ainda o lançamento de carnes vegetais aprimoradas com gordura cultivada, melhorando as propriedades sensoriais. Além disso, deve se tornar mais comum o uso de machine learning e inteligência artificial no desenvolvimento do perfil de sabor e textura de produtos vegetais para se aproximar mais da experiência sensorial da carne tão desejada pelo consumidor. Empresas como a NotCo, Culture Biosciences e Climax Foods já estão atuando nessa direção. 3- Produtos vegetais se tornarão cada vez mais segmentados e fiéis aos produtos animais 3.1 Frutos do mar: o investimento neste setor bateu recorde em 2021, chegando a $116 milhões de dólares. Já são mais de 87 empresas no setor produzindo frutos do mar a partir de plantas, fermentação ou cultivo de células. A expectativa é de que esses produtos cheguem a lojas e restaurantes já em 2022.  No Brasil: A Fazenda Futuro lançou no ano passado o primeiro atum à base de plantas do mercado brasileiro. Disponível tanto no Brasil quanto na Europa, o produto vem pronto para consumo e é feito com soja, ervilha, grão-de-bico, azeite de oliva, rabanete e óleo de microalgas para garantir 183 gramas de ômega-3 (por 100g). A linha Incrível Seara conta com iscas de peixe. Cada porção tem 12 gramas de proteína vegetal, além de ser fonte de ferro e vitamina B12, e não conter gordura trans. A The New dispõe de análogos vegetais de salmão e bacalhau em sua linha de produtos. A startup Sustinere Piscis, fundada pelo biólogo Marcelo Szpilman, atua para criar a primeira carne de peixe cultivada. 3.2 Cortes inteiros de carne: 2022 deve ser o ano em que vamos ver cortes inteiros de carnes vegetais se tornar realidade, contemplando uma variedade maior de preparos na cozinha. Já está no mercado o filet mignon vegetal da Juicy Marbles e a Umiami está desenvolvendo uma nova tecnologia para produzir cortes inteiros em escala. No Brasil: Incrível Seara já conta com uma linha de cortes inteiros que incluem bife, tiras de carne, cubos e filé de frango. A Sadia Veg & Tal tem uma linha de frango vegetal nas opções em cubos ou em tiras. A linha de produtos da Verdali inclui frango em tiras, costelinha, mignon e steak. Fazenda Futuro tem uma opção de frango em cubos. The New tem filé de frango e salmão. 3.3 Ovos: esta é uma das categorias plant-based que cresce mais rapidamente, com espaço para produtos como ovo cozido, clara de ovos e uma mistura para que sirva para o preparo de diversos pratos. Vemos grande potencial no uso da fermentação para produzir ingredientes de ovo que melhorem

A nova carne vegetal tem mais em comum com o churrasco de domingo do que você imagina

O setor de proteínas alternativas, conhecido por suas inovações, agora aposta em uma técnica milenar para produzir de alimentos e bebidas pro Bruna Corsato O setor de proteínas alternativas é reconhecido por suas tecnologias disruptivas, do cultivo de células para criar músculo e gordura animal a cortes de carne feitos em impressora 3D. Aprimorar as técnicas disponíveis e despontar à frente com a próxima inovação que aprimore a experiência de consumo lançou as empresas de produtos vegetais em uma verdadeira corrida pelo santo graal vegetal. Entretanto, o que vem ganhando cada vez mais espaço nesse cenário não é exatamente uma nova descoberta: é a fermentação. Apesar de ser uma técnica de produção milenar e amplamente utilizada na produção de diversos alimentos e bebidas, de pão à cerveja passando por tempeh e kimchi, sua aplicação na criação de alimentos que mimetizam a carne animal é relativamente recente e ainda tem muitas oportunidades a serem exploradas. A fermentação continua sendo o que se ensina nas escolas: processo no qual os microrganismos realizam a transformação de matéria orgânica em outros produtos e energia. Ou seja, é a forma que esses seres encontram de produzir energia para o desempenho de suas funções biológicas. O que a torna atrativa para as empresas do setor é sua versatilidade, baixo custo e, principalmente, seus resultados. Através da técnica é possível entregar sabor, textura e aparência muito similares ao produto animal, uma exigência cada vez mais presente entre os consumidores flexitarianos. Conheça os diversos processos de fermentação: A fermentação tradicional utiliza bactérias e fungos, grupo que inclui bolores e leveduras, no processamento de ingredientes vegetais para transformá-los em alimentos com sabor e textura realçados. Esse é o caso do tofu e do tempeh, ambos feitos a partir dos grãos de soja fermentados. Queijos e iogurtes também passam pelo mesmo processo, tanto o de origem animal quanto o vegetal.  Biomassas vegetais também são excelentes matérias-primas/substratos para fermentação, sendo uma forma rápida e eficiente de produzir grandes quantidades de alimentos ricos em proteínas. No conceito de fermentação de biomassas ocorre o desenvolvimento de fungos filamentosos que produzem a micoproteína ou proteína de micélios, uma biomassa fúngica semelhante a um filamento. Esse filamento tem alto teor de proteína e dará origem a análogos à carne com textura similar à carne. Proteína de micélios O nome soa como novidade, mas o micélio nada mais é do que o leque de estruturas finas, similares a raízes, que fungos e cogumelos formam embaixo da terra enquanto crescem. A proteína micelar está causando grande impacto na indústria de proteínas vegetais devido a sua eficiência, resultando em grandes quantidades de proteína a custos baixos quando comparados com outras formas de produção de carne vegetal.  O processo acontece em câmaras giratórias que alimentam o fungo com uma solução nutritiva para o seu desenvolvimento, normalmente levando açúcar e uma matéria-prima vegetal como trigo, soja, ervilha e muitas outras. Após poucos dias, o micélio está pronto para ser colhido em grandes quantidades pelas próximas semanas ou até meses. A micoproteína então é congelada para unir suas raízes longas, que conferem ao produto final a textura similar à carne. Por fim, a proteína de micélios pode ser moldada em diversos tipos de carne vegetal. Outra grande vantagem é sua maleabilidade e versatilidade. O micélio pode ser a solução para mimetizar a textura e entregar cortes inteiros de carne pela formação de suas estruturas, resolvendo assim um dos  maiores desafios enfrentados atualmente pela indústria de proteínas alternativas. O cenário internacional Já existem diversas foodtechs se aventurando na fermentação sob diversas formas e também apostando na proteína micelar como a nova revolução plant-based. Conheça algumas marcas: Meati Foods – Produz carne de frango, bife e embutidos vegetais a partir de micélio. A empresa norte-americana está realizando testes de mercado em restaurantes selecionados para alcançar preços silimares ao produto animal e passar a comercializá-los já em 2022. Nourish Ingredients – A empresa australiana faz uso da fermentação de precisão para produzir gorduras livres de origem animal, utilizadas para realçar o sabor e palatabilidade de produtos vegetais. Nature´s Fynd – a foodtech recebeu este ano aportes de 250 milhões de libras, tornando-a a startup de micoproteína mais valiosa do mundo. MycoTechnology – utiliza fermentação como ferramenta para aumentar a saudabilidade dos alimentos, diminuindo a quantidade de sal, gordura e açúcar, transformando fungos em um aprimorador de sabores. Estes bloqueiam os receptores de amargor da língua, minimizando o gosto ruim de adoçantes artificiais como o aspartame. A fermentação de precisão é outro processo onde se aplicam os conceitos de fermentação, porém neste caso, usa-se de hospedeiros microbianos como “fábricas de células” para produção de proteínas e outros ingredientes funcionais como: gorduras, aromas, vitaminas, pigmentos que permitem elaborar produtos análogos de carnes, de ovos, lácteos, frutos do mar e muito mais.  Esta tecnologia tem a capacidade de transformar microrganismo numa fábrica de células para a produção de ingredientes funcionais específicos. Esses ingredientes funcionais são importantes na melhoria sensorial e nas características de funcionalidade de produtos plant based. Alguns exemplos são: Perfect Day – produz proteínas lácteas pelo processo de fermentação de precisão, estas proteínas são idênticas às do leite porém uma proteína que não para do animal para ser obtida. São utilizadas na produção de produtos lácteos feitos de plantas conferindo características similares aos produtos lácteos de origem animal Impossible Foods – que produz proteína leghemoglobina que confere aparência de sangue e gosto de carne no hambúrguer feito de plantas. E o Brasil? Por aqui, proteínas alternativas produzidas a partir de fermentação ainda são uma conversa bastante nova. A rica biodiversidade do país pode, mais uma vez, vir a ser uma grande vantagem se utilizada estrategicamente. “Uma das vantagens de se investir em fermentação no Brasil, é justamente o fato do país ser uma grande potência agrícola e possuir diversas fontes de proteínas vegetais nacionais a serem exploradas.”, explica Luciana Fontinelle, especialista de ciência e tecnologia  do GFI Brasil. “Muitas vezes estas fontes apresentam barreiras tecnológicas e/ou sensoriais para serem utilizadas na produção de produtos plant

Proteínas alternativas são aliadas na garantia de um futuro mais sustentável

Na contramão das inovações alimentares, iniciativas tentam barrar o desenvolvimento do setor, mas este é um mercado do “e” e não do “ou”. Há espaço e demanda para toda a indústria. Texto: Alexandre Cabral Revisão: Vinícius Gallon Mais um ano se inicia. Deixamos para trás um ano complexo, onde a vida em geral foi novamente pautada pela pandemia, onde experimentamos o alívio da vacinação de grande parte da população e a incerteza sobre novas variantes do vírus e seus efeitos. Abrimos um ano onde temos a sensação de estarmos na segunda metade da luta contra a Covid-19 e a certeza de que algo de novo precisa ser feito na relação entre o homem e o planeta. Hora de ouvir os ecos das discussões sobre sistemas alimentares (UNFSS) e suas conexões com os desafios da sustentabilidade (COP26). Hora de olhar para os números crescentes da fome no mundo. Hora de convergir as forças em prol de um tema crucial que atravessa diversas dessas questões: a oferta de proteína obtida de forma sustentável para consumo humano, não importa a fonte. A indústria da proteína de origem animal intensificou o debate nessa direção, anunciando diversos programas em busca da neutralidade de suas emissões nas próximas décadas, dentre elas Danone, JBS e BRF. A indústria de proteínas alternativas pode colaborar muito neste debate. Está provado que é possível juntar alguns ingredientes usuais na indústria de alimentos com outros desenvolvidos especificamente para esse mercado e criar um alimento gostoso, sustentável e seguro, que pode ser preparado e consumido da mesma forma que o produto de origem animal,  mas utilizando uma quantidade radicalmente menor de terra e água em seu processo produtivo.  Essa é uma corrida tecnológica que está acontecendo em diversas partes do mundo e tanto as empresas quanto os cientistas brasileiros estão muito bem posicionados. Trata-se de um campo fértil para a inovação e o Brasil sempre se destacou em avançar tecnologias que já dominava antes. Somos uma potência em alimentos e temos tudo para sermos uma potência também em alimentos de alta tecnologia, como os produtos plant-based e as carnes cultivadas. Somos hoje o celeiro do mundo, imbatíveis e fundamentais no fornecimento de commodities agrícolas. Como disse um importante executivo do setor, podemos nos tornar rapidamente o supermercado do mundo, fornecendo produtos de alto valor agregado desenvolvidos e fabricados no Brasil.  Reimaginarmos a forma como obtemos proteína para consumo humano é urgente e fundamental. As proteínas alternativas, como chamamos os produtos análogos aos de origem animal obtidos a partir de plantas, por processos de fermentação ou por cultivo de células, é uma das alternativas concretas para ajudarmos o Brasil na sua transição para uma agricultura de baixo carbono. Lado a lado com as proteínas sustentáveis de origem animal, podemos formar uma resposta consistente do nosso país e da nossa economia agrícola ao novo cenário de médio prazo, onde diferentes fontes de obtenção de proteína para consumo humano conviverão. Esse é um mercado “E”, e não um mercado “OU”: há espaço e demanda para atuação de todos. O papel do GFI é ser um catalisador dessa mudança, estimulando a produção de proteína sustentável para consumo humano através de análogos aos produtos de origem animal. Hora de rever o que foi feito ou deixou de ser feito e alinhar ideias e atitudes para o ano que se inicia. O mercado de produtos análogos aos produtos de origem animal vem crescendo muito. Nascido em 2019 a partir do movimento de algumas poucas empresas, veio tomando corpo em 2020 e se consolidou em 2021. Diversas empresas de diferentes portes passaram a operar no mercado nacional e hoje tanto o consumidor brasileiro tem acesso a produtos saborosos e seguros em qualquer supermercado quanto ele já é exportado para mais de 25 países, incluindo Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Alemanha, Emirados Árabes, África do Sul, México, Colômbia e tantos outros. O principal desafio para as empresas em 2022 é caminhar na direção do aumento ao mesmo tempo da escala de produção e do número de ingredientes nacionais utilizados. Isso poderá permitir a produção a um custo cada vez mais baixo, para um público cada vez maior. E permitirá produtos de alcance global cheios de “brasilidade” na sua composição. É hora de consolidar a tendência de que o Brasil passe a utilizar em seus análogos de base vegetal seus próprios feijões e pulses como fonte principal de proteína e ingredientes naturais extraídos de forma sustentável da biodiversidade brasileira por meio da agregação de valor local. Assim como no mercado de proteína de origem animal para consumo humano, onde o Brasil é indiscutivelmente protagonista no cenário internacional, a tendência ao protagonismo também no mercado de proteínas alternativas parece ser apenas uma questão de tempo. O mapeamento das empresas mostra desde gigantes do mercado de proteína animal que anunciaram ou iniciaram seus negócios em proteínas de origem vegetal até empresas de médio porte que se posicionaram no setor, passando pelas inúmeras startups que já nasceram com foco neste mercado. Sem esquecer de como o Brasil vem se posicionando no promissor território das carnes obtidas por cultivo celular, com os anúncios da JBS e BRF e o surgimento das primeiras startups no segmento, Ambi e Sustineri. E quando a indústria se move, a pesquisa científica precisa ser chamada a caminhar junto, desenvolvendo a tecnologia necessária para as inovações a serem introduzidas no mercado. A ciência é fundamental para encontrar respostas aos desafios do mercado. O mapeamento das instituições de pesquisa envolvidas com o tema mostra também um engajamento em universidades e institutos de pesquisa de todo o país. Assistimos a um crescimento exponencial do número de empresas atuantes no setor de proteínas alternativas no Brasil e a uma mobilização acadêmica que pode sustentar um cenário muito favorável de crescimento. Mas nem tudo são flores nesta cena. E nem esperávamos que fossem. Fechamos 2021 e estamos abrindo 2022 com algumas ações contrárias ao desenvolvimento deste setor no Brasil. Descontentes com o nosso discurso, alguns movimentos e associações se posicionaram na mídia e judicialmente tentando

2020 teve investimento recorde de US$ 3,1 bilhões em proteínas alternativas, mas Brasil ainda tem espaço para crescer

Novos dados divulgados pelo The Good Food Institute (GFI) revelam que, mundialmente, 2020 foi um período recorde de investimentos em empresas que produzem alternativas sustentáveis aos alimentos de origem animal, incluindo empresas de carne, ovo, leite e derivados à base de vegetais; carne cultivada; e fermentação de proteínas alternativas. Esse aumento de investimentos demonstra que o mercado aposta no crescimento do setor de proteínas alternativas, mesmo com os desafios impostos pela pandemia, como diminuição da renda familiar e a falência de restaurantes, por exemplo. Por outro lado, o aumento sinaliza um interesse crescente por investimentos em sustentabilidade e inovação tecnológica. O GFI analisou a atividade de investimento nessas indústrias utilizando a plataforma PitchBook Data e mostrou que as empresas globais de proteínas alternativas receberam US $3,1 bilhões em investimentos divulgados em 2020. Esse valor é mais de três vezes maior do que o USD $1 bilhão levantado em 2019 e quatro vezes e meia maior do que os USD $694 milhões levantados em 2018. As empresas de proteínas alternativas levantaram quase US$ 6 bilhões em capital investido na última década (2010-2020), sendo mais da metade apenas em 2020: As empresas de carne, ovos e laticínios vegetais receberam USD $ 2,1 bilhões em investimentos em 2020 – a maior parte do capital levantado em um único ano na história do setor e mais de três vezes os USD $667 milhões arrecadados em 2019. Empresas de carne, ovo e laticínios vegetais levantaram USD $ 4,4 bilhões em investimentos na última década (2010-2020). Quase a metade, ou USD $ 2,1 bilhões, foi arrecadada somente em 2020. As empresas de carne cultivada receberam mais de US$ 360 milhões em investimentos em 2020, o que é seis vezes o valor arrecadado em 2019 e 72% do valor arrecadado na história do setor (2016–2020). As empresas de fermentação de proteínas alternativas receberam US$ 590 milhões em investimentos em 2020, que é mais do que o dobro do valor arrecadado em 2019. As empresas de fermentação levantaram mais de US$ 1 bilhão em investimentos desde o primeiro investimento monitorado pelo GFI em 2013, 57% dos quais foram levantados somente em 2020. A confiança dos investidores nas empresas de proteínas alternativas é impulsionada por vários fatores de mercado, mas as questões sociais, ambientais e econômicas expostas em 2020 iluminaram ainda mais os riscos associados às práticas de negócios tradicionais. Com mais investidores reconhecendo que risco climático é risco de investimento, as proteínas alternativas oferecem uma solução escalável que deixa o mundo mais próximo de um sistema alimentar mais seguro e neutro em carbono. Realidade Brasileira As únicas empresas brasileiras com dados disponíveis no PitchBook são Fazenda Futuro e The New Butchers. Portanto, não há como considerar apenas este estudo para avaliar a realidade de investimentos no país. Apesar disso, de acordo com Raquel Casselli, gerente de Engajamento Corporativo do GFI Brasil, “o cenário também é promissor por aqui, apesar das incertezas de mercado decorrentes da pandemia. Tivemos bons investimentos no setor, embora a maioria das transações não tenham se tornado públicas e, portanto, não estão representadas fielmente nos números globais.”, afirma. Bruno Franco, sócio da investidora Enfini Ventures, concorda. Para ele, o Brasil tem potencial para se tornar um forte produtor e exportador de proteínas alternativas. “Nós já somos o maior exportador de proteína animal do planeta, com amplo conhecimento em processos produtivos. Temos um bom capital intelectual nacional, dentro de universidades e empresas, focado em desenvolver pesquisas na área que abrange desde desenvolvimento agrícola e de ingredientes até produtos finais ao consumidor. No setor plant-based isso é mais visível e dinâmico.”, argumenta Com relação ao segmento de carnes cultivadas, Bruno acredita que o país vai centrar esforços no desenvolvimento de parcerias com empresas que sejam casos de sucesso no exterior, a fim de trazer a tecnologia para o Brasil para ser usada no desenvolvimento de produtos locais. “Já vemos grandes players do mercado fazerem parcerias com desenvolvedores de tecnologia e produtos. As empresas estão, de certa forma, alavancando a estrutura já existente e todo o know-how da cadeia logística para trazerem soluções tecnológicas inovadoras.”. Desafios para atrair investimentos De acordo com Bruno Franco, o maior desafio para startups brasileiras no setor é ter uma estrutura de pesquisa e desenvolvimento que forneça suporte para o desenvolvimento de projetos. “Os laboratórios e ambientes de pesquisa são poucos em número e pouco acessíveis. No Brasil, os negócios que têm dado mais certo são os que partem de empreendedores com uma base de recursos próprios e/ou rede de relacionamento que suportam um início mais robusto da tese. Apesar dessas iniciativas serem muito bem-vindas, a proliferação de startups no setor dependerá de apoio institucional e empresarial mais enraizado.”, afirma. Além disso, as startups e foodtechs precisam convencer os investidores de que possuem bons projetos, planos de negócios claros, e que estão preparadas para receber recursos. “Os investidores que entram nesse mercado buscam empreendedores com histórias de sucesso, times preparados e alinhados no sucesso do negócio e teses claras. Os tomadores de decisão a cargo de investimentos hoje (sejam family offices, empresas ou fundos) possuem critérios de análise muito elevados e gostariam que um número maior de startups tivesse condição de atender a tais critérios.”, conclui.