Há seis anos do prazo final para cumprirmos a principal meta do Acordo de Paris – impedir que o planeta aqueça mais do que 1,5ºC – poucas perguntas são tão inquietantes quanto essa: ainda é possível impedir uma catástrofe climática?

Ninguém sabe ao certo, mas a dúvida nos faz querer encontrar respostas mais rápidas e soluções globais e sistêmicas. E, pela primeira vez na história, parece que estamos realmente comprometidos em solucionar o desafio que coloca em risco o cumprimento do Acordo: mitigar a contribuição dos sistemas alimentares no agravamento da crise climática.

A produção de alimentos, sobretudo os de origem animal, são a principal causa das emissões de gases de efeito estufa. Em torno de 34% de todas as emissões são geradas produzindo aquilo que comemos, sendo que 17% desse total vem da produção de animais para consumo humano.
Esse tema só começou a ser discutido seriamente na COP 27, realizada no Egito em 2022, graças aos esforços do GFI e outras organizações da sociedade civil, que organizaram um pavilhão para expor os problemas e apresentar soluções para alimentar a população global sem destruir o planeta.

O movimento não foi em vão e em 2023 muitos avanços puderam ser celebrados na COP 28, realizada em Dubai em 2023. Logo no primeiro dia da Conferência, testemunhamos o compromisso de 134 países, incluindo Brasil, em produzir alimentos de forma mais sustentável, por meio da assinatura da Declaração dos Emirados Árabes Unidos sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática. Nos dias seguintes, participamos do lançamento do relatório “What’s Cooking”, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), que apresenta as proteínas alternativas como uma solução viável e escalável para a crise climática.
COP 28 em Dubai
Nos dias seguintes, participamos do lançamento do relatório “What’s Cooking”, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), que apresenta as proteínas alternativas como uma solução viável e escalável para a crise climática. Além disso, Brasil, Camboja, Noruega, Ruanda e Serra Leoa também formaram a Aliança dos Líderes para a Transformação dos Sistemas Alimentares, com o objetivo de obter resultados mais ambiciosos no âmbito da alimentação, focando na adaptação e resiliência, enfrentamento da crise climática, garantia da segurança alimentar e nutricional e preservação da natureza e biodiversidade.

Outra vitória foi a inclusão dos sistemas alimentares e da agricultura no Global Stocktake, documento que os países utilizam para elaborar as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são as metas que cada nação autodetermina para cumprir os compromissos do Acordo de Paris.

O GFI está comprometido em ajudar o Brasil a liderar as mudanças necessárias para criar um sistema alimentar mais sustentável, por meio da diversificação das nossas fontes de proteína. Produtores rurais, indústrias e startups terão um papel crucial no desenvolvimento dos alimentos à base de plantas, cultivados ou obtidos por fermentação; estudantes, pesquisadores e instituições de ciência e tecnologia serão fundamentais para identificar e solucionar os desafios desses novos alimentos; governos e agências reguladoras irão criar mecanismos para assegurar a segurança desses alimentos, os investimentos para desenvolvê-los e as regras para o seu comércio justo.

Para cada um desses segmentos, tem um time GFI para destravar processos, criar conexões, formar pessoas, investir em pesquisa, produzir e disseminar conhecimento e apoiar novos negócios. Esse relatório fala sobre isso e é uma oportunidade indescritível poder contar para você o que fizemos em nosso sexto ano de vida no Brasil.

Boa leitura e conte sempre conosco.

O impacto do
GFI em números

1
projetos
aprovados em programas de pesquisa (InovAmazônia).
R$ 1
milhões
investidos em pesquisas de acesso aberto (InovAmazônia).
1
publicações
lançadas.
1
alunos
inscritos em nosso curso online “A Ciência das Proteínas Alternativas”.
1
eventos
organizados ou apoiados por nossa equipe.
1
cidades
de todas as regiões do país visitadas para mobilização de ecossistemas de inovação.
1
matérias
publicadas na imprensa:
  • 53,5% em veículos de alta relevância;
  • 95% em tom positivo;
  • R$ 13MM em valor editorial.
1
pessoas
impactadas mensalmente em mídias sociais e newsletters.

1.

Consolidação, lançamentos inéditos e muita inovação no mercado de proteínas alternativas

1.1. Carne cultivada

2023 foi um ano marcado por inúmeros avanços para o mercado de carne cultivada e no Brasil não foi diferente. Além de avanços regulatórios fundamentais, empresas e startups começaram a anunciar projetos e os primeiros investimentos governamentais foram anunciados. 

A Fundação Araucária, agência paranaense de fomento à pesquisa, anunciou investimento de R$5.7 milhões em carne cultivada, que será executado pelas Universidades Federal do Paraná (UFPR), Estadual de Maringá (UEM) e Católica do Paraná (PUC-PR) na construção de um laboratório, na compra de equipamentos e bolsas de pesquisa. O investimento paranaense se soma ao recurso federal de R$2,48 milhões para um projeto de linguiça híbrida (vegetal + cultivada) da Embrapa, ofertados através do edital de Foodtechs da Finep, agência de fomento à inovação ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Enquanto isso, a JBS iniciou a construção da maior fábrica de proteína de carne cultivada do mundo na Espanha. A instalação da BioTech Foods fará da JBS (acionista majoritária da empresa) uma das líderes globais em carne cultivada. Com um investimento de US$ 41 milhões, a primeira instalação industrial em escala comercial está programada para ser inaugurada em 2024. Além disso, a  empresa, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) assinaram um acordo para promover pesquisas sobre carne cultivada no Brasil. O acordo prevê a transferência de instalações no Centro de Inovação em Biotecnologia da JBS para realizar trabalhos científicos.

No campo das startups também tivemos avanços históricos. As startups Cellva e Sustineri Piscis realizaram degustações e aplicações de seus primeiros protótipos, gordura de porco cultivada (Cellva) e bolinho de peixe cultivado (Sustineri).
Frango cultivado – Upside Foods

1.1.1. Principais resultados

Avanço regulatório: Resolução RDC Nº 839

A ANVISA apresentou o seu rascunho de uma nova versão da regulamentação de novos alimentos, atualizando a anterior, de 1999. Entre as propostas regulatórias apresentadas está a definição de que a carne cultivada é um alimento novo (evitando, assim, ser regulamentada sob as regras de carne animal) e a percepção de que pode haver orientações específicas para certas categorias de alimentos, abrindo caminho para a adoção de um protocolo único para a troca de informações entre o regulador e as empresas. Ambos os pontos foram sugeridos no Estudo Regulatório sobre carne cultivada, preparado pelo ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos) ao longo de 2021, sob encomenda do GFI Brasil, e apresentado à Anvisa em 2022.

Segurança de Alimentos

O GFI Brasil, em parceria com a Unicamp, conduziu um estudo inédito que mapeia perigos e apresenta medidas de controle para garantir a segurança da carne cultivada. O objetivo foi desenvolver um Plano APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) para um produto-alvo de carne cultivada. Muitos dos perigos identificados, como resíduos de drogas veterinárias e auxiliares de processamento que possam permanecer no produto final, microorganismos oriundos dos animais doadores ou de falhas de manipulação durante o processo, já são conhecidos da indústria de alimentos convencionas. Ou seja, as ferramentas e os sistemas de gestão normalmente empregados na indústria de alimentos tradicional, como é o caso do APPCC, também são úteis para garantir a segurança de alimentos feitos por cultivo celular.

1.2. Proteínas vegetais (plant-based)

De acordo com dados da plataforma Passport da Euromonitor, em 2022 o mercado de substitutos vegetais para carne e frutos do mar no Brasil alcançou R$821 milhões em vendas no varejo, o que representa um crescimento de 42% comparado a 2021. Já o comércio de leites vegetais alcançou R$612 milhões em vendas no varejo, um aumento de 15% em relação ao ano anterior.

Hoje, o nosso mercado de proteínas alternativas análogas conta com pelo menos 107 empresas e já exporta produtos para cerca de 30 países. Em 2023, segundo a Mintel, foram lançados 22 produtos categorizados como substitutos de carne (excluindo tofú e tempê), praticamente a mesma quantidade de lançamentos do ano anterior.
A diferença se deu na diversificação de formatos dos produtos lançados, diminuindo a proporção de lançamentos no formato de hamburgueres e aumentando a participação de lançamentos na forma de pedaços, cubos, desfiados e outros.

Para criar um mercado que tenha cada vez mais identidade nacional, com ingredientes da nossa cultura alimentar, produzidos pelo nosso próprio agronegócio, desenvolvemos um mapeamento das principais fontes de proteína vegetal do país. Também produzimos um estudo para avaliar a qualidade nutricional dos produtos cárneos plant-based disponíveis nas prateleiras e nos conectamos com produtores rurais, indústrias e pesquisadores para entender como o feijão pode ser incorporado ainda mais ao setor de proteínas alternativas.
Costelinha vegetal – Verdali

1.2.1. Principais resultados

Publicação do “Estudo de proteínas vegetais nacionais com potencial para aplicação em alimentos vegetais análogos”

Desenvolvido em parceria com a Unicamp, o objetivo do estudo foi avaliar 18 matérias-primas vegetais cultivadas do Brasil, como milho, arroz e feijão, para entender quais possuem potencial para serem utilizadas para desenvolver ingredientes para o setor de plant-based. O estudo, realizado por pesquisadores e professores da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), considerou características técnicas e econômicas de espécies vegetais nacionais, assim como os resíduos de sua cadeia de produção.

Desenvolvimento do “Estudo Nutricional dos Produtos Cárneos Vegetais Análogos”

Nesse estudo foram avaliados rótulos de 349 alimentos vegetais análogos de produtos cárneos, tais como hamburgueres, almôndegas, empanados, kibe, kaftas, salsicha, linguiça, mortadela, bacon, entre outros. Para analisar a qualidade nutricional desses alimentos foram utilizados os indicadores NutriScore, a classificação NOVA e o Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA. Os resultados mostraram que, na média, os análagos vegetais de produtos cárneos apresentam menores teores de gordura saturada e sódio e maiores teores de carboidratos e fibras. Com relação aos indicadores de qualidade, descobriu-se que 80% dos produtos cárneos vegetais análogos foram classificados como A, B e C pelo NutriScore e 68 % como de boa qualidade nutricional pela RDC 429/2020 (ANVISA), ou seja, sem advertência de rotulagem frontal para alto em gordura saturada e/ou alto em sódio. Hoje, temos ainda mais argumentos para afirmar que, de fato, os produtos cárneos vegetais brasileiros podem contribuir favoravelmente para uma dieta balanceada e saudável. O estudo completo será lançado em 2024, por meio de um artigo de autoria da Profª Dra Veridiana Vera de Rosso, da Unifesp.

Muito além da soja e da ervilha, o feijão é a nova aposta nacional e pode gerar ótimas oportunidades para o produtor rural

A redução dos preços dos alimentos a base de plantas e a inclusão do produtor rural na indústria de proteínas alternativas são pontos cruciais para que esse mercado cresça e mais pessoas possam consumir seus produtos regularmente. Para isso, temos que diminuir os custos de produção, incluindo, por exemplo, mais ingredientes nacionais na composição desses alimentos, além de desenhar estratégias que facilitem e encoragem a entrada do agricultor neste mercado. Pensando nisso, temos investido em uma série de iniciativas para fazer do feijão brasileiro uma fonte vegetal de proteína viável, barata e culturalmente relevante.

Com o apoio de Cooperativas de feijão que doaram grãos para realização de testes, da empresa de equipamentos Neuman & Esser que disponibilizou seu Centro de Testes para processar os grãos de feijão e da Universidade Federal de Santa Catarina que foi contratada para fazer a análise final dos ingredientes gerados a partir do feijão, iniciamos um projeto-piloto para criar uma farinha amilácea e um concentrado proteico de feijão. Em 2024, algumas empresas de ingredientes e alimentos vão checar a viabilidade de aplicação destes ingredientes em suas formulações. Se os testes forem positivos, uma planta de processamento de feijão poderá ser instalada dentro de uma cooperativa de produtores rurais. O feijão quebrado, que será o insumo do projeto-piloto, é considerado resíduo ou ingrediente pra ração animal pelos produtores rurais, mas poderá resultar em um produto de alto valor agregado.

1.3. Fermentação

O setor de fermentação deu saltos importantes em 2023. A Future Cow recebeu quase R$ 2 milhões em investimentos para produção de seu primeiro lote de “leite” usando tecnologia de fermentação de precisão. E a Typcal desenvolveu um peito de frango a partir da fermentação de micélio e foi aprovada para um dos melhores programas internacionais de aceleração, o MassChallenge. Além disso, a Typcal foi a única startup da América Latina a passar no concurso Hello Tomorrow, e terão a oportunidade de expor seus produtos na França em março de 2024. Por fim, também captaram recurso para o desenvolvimento no programa Centelha, junto a Fundação Araucária.
Frango obtido por fermentação – Quorn

1.3.1. Principais resultados

Frango obtido por fermentação – Typcal

Contratação do estudo de “Mapeamento do Estágio de Desenvolvimento da Tecnologia de Fermentação Aplicadas às Proteínas Alternativas”

A publicação foi encomendada com o objetivo de identificar os potenciais e desafios das tecnologias de fermentação, os gargalos e oportunidades para produção em larga escala, além da elaboração de um plano estratégico para o desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil. O estudo será publicado em 2024.
Retiro anual – GFI Brasil

1.4. Conheça outras iniciativas do GFI Brasil para acelerar o desenvolvimento do setor de proteínas alternativas

Curso online e gratuito

Em 2023, mais de 900 alunos se inscreveram em nosso curso online e gratuito “A Ciência das Proteínas Alternativas”. Dado o sucesso da iniciativa entre estudantes e instituições de ensino brasileiros, produzimos 5 novas aulas, que serão adicionadas à plataforma no primeiro trimestre de 2024, e traduzimos todo o conteúdo já disponível para o espanhol, a fim de ofertar para outros países da América Latina o conteúdo de altíssima qualidade produzido pelo nosso time.

Curadoria e oferta de dados

Em 2023 nos dedicamos ao levantamento, atualização, categorização e ampliação da nossa base de dados. Com essa iniciativa, buscamos contribuir na tomada de decisões de governos, empresas e startups, além de facilitar o acesso de pesquisadores, estudantes e imprensa a informações de qualidade relacionadas a saúde, sustentabilidade e mercado de alimentos à base de plantas, cultivados e obtidos por fermentação. Para compor as informações, utilizamos relatórios e análises publicados por instituições de referência, como IPCC, FAO, OECD, Embrapa, IBGE, entre outros.

Alt. Protein Project Brasil

Com 59 grupos de estudantes em 20 países comprometidos em promover o tema das proteínas alternativas no ambiente acadêmico, o Alt Protein Project conta com dois grupos de estudantes brasileiros nas Universidades Federal de Minas Gerais (Instagram e LinkekIn) e na Universidade Estadual de Campinas (Instagram). Em agosto de 2023, o grupo de estudantes da UFMG implementou um curso focado em proteínas alternativas, promoveu o journal club e uma série de seminários. Na Unicamp, o grupo de estudantes promoveu a mesa redonda “Proteínas alternativas e a sociedade” transmitida no Youtube, e o vídeo já conta com 476 visualizações. Além disso, o grupo realizou eventos junto à comunidade científica do campus, com eventos como por exemplo, a “segunda sem carne” e iniciou o processo de implementação da disciplina sobre proteínas altenativas na pós-graduação. Os dois grupos estão organizando o Congresso Nacional em Proteínas Alternativas, que ocorrerá em julho de 2024.

Plano de ensino para professores

Com o objetivo de orientar professores interessados sobre o conteúdo mínimo sugerido em proteínas alternativas, criamos o Plano Educacional para cursos em Proteínas Alternativas. O plano tem inspirado professores de universidades de todo o país a discutirem em sala de aula sobre a importância das novas tecnologias de produção de alimentos sustentáveis, seguros, saborosos e sem o uso de animais. Neste ano, os cursos de graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) incluíram em suas grades curriculares disciplinas específicas sobre proteínas alternativas a partir do nosso Plano de Ensino. As novas disciplinas ofertadas são “Introdução à zootecnia celular” (UFPR) e “Agricultura celular com foco em carne cultivada” (UFMG). Outras 53 instituições de ensino em todo país também acessaram o recurso.

2.

Viajamos pelo Brasil para conhecer de perto nossa vocação em inovar

Em 2023, o GFI Brasil manteve seu estreito e estratégico relacionamento com o setor de proteínas alternativas. Foram mais de 600 interações com pelo menos 110 empresas em iniciativas de compartilhamento de informações, conexões, apoio em posicionamentos de mercado e lançamento de produtos, assuntos regulatórios entre outras atividades.

2.1. Principais resultados

Visitas aos ecossistemas regionais de inovação

As visitas foram realizadas com o objetivo de ajudar o Brasil a desenvolver um ambiente propício ao empreendedorismo e à inovação em proteínas alternativas, além de articular um ecossistema robusto e bem estruturado que permita ao país produzir tecnologias que sirvam ao mercado nacional. Ao todo, visitamos 8 cidades, em 7 estados de todas as regiões do país: Belo Horizonte-MG, Campinas-SP, Cuiabá-MT, Curitiba-PR, Florianópolis-SC, Manaus-AM, Salvador-BA, São Paulo-SP. Durante o projeto foram engajados 20 Ambientes de inovação (Incubadoras, aceleradoras, hubs e coworkings); 16 Centros de P&D e Núcleos de inovação e tecnologia – NITs; 7 Laboratorios de pesquisa; 12 empresas e associações; 7 parques tecnológicos; 140 pesquisadores.

Produção da nova versão do Guia para Startups

Acreditando na vocação natural do Brasil no campo da inovação e empreendedorismo, estamos atualizando uma das nossas mais importantes ferramentas, o Guia para Startups. O documento funciona como um roteiro para que as startups percorram o caminho certo para criarem um negócio de alimentos de sucesso no mercado de proteínas alternativas. A nova versão irá trazer conteúdos que englobam estratégias de relacionamento entre empresas e universidades, captação de recursos, investimentos, modelagem de novos negócios, design de soluções, além de depoimentos e cases de sucesso de empreendedores brasileiros.
Gordura cultivada de porco – Cellva

Conectando novos negócios a oportunidades do mercado

Após os trabalhos de divulgação e engajamento feitos pelo GFI Brasil sobre os programas argentinos de open innovation Glocal e Kamay Code, startups brasileiras foram selecionadas para desenvolver provas de conceito com suas tecnologias junto a grandes indústrias de alimentos. A Glocal selecionou a startup Cellva, e a Kamay Code selecionou a startup Typcal. Também conseguimos engajar a aceleradora Biominas para incluir as proteínas alternativas como uma das linhas focais do seu programa de pré-aceleração, onde a startup Pas Biotec foi selecionada e concluiu o programa com sucesso.
Hambúrguer de frango obtido por fermentação – Typcal

Apoio à captação de investimentos

Realizamos também a conexão de diversos investidores e venture builders com startups brasileiras. Como um dos resultados públicos, a Venture Building Rook e a startup Pas Biotec, agora chamada Arkbio, receberam investimento. Por fim, também realizamos diversas conexões entre grandes indústrias e startups do setor, muitas delas continuam em negociações, mas podemos destacar a Typcal que foi conectada com a Ambev e está sendo acelerada pela empresa atualmente.

3.

Valorizamos e investimos na biodiversidade brasileira!

O Programa Biomas nasceu em 2021 com o intuito de financiar pesquisas para transformar espécies vegetais nativas dos biomas brasileiros em ingredientes para a indústria de proteínas alternativas. O ano de 2023 foi marcado pelos primeiros resultados dessa iniciativa, com o encerramento da primeira edição, desenvolvido com apoio da Climate and Land Use Aliance, além da continuidade dos projetos de pesquisa da segunda edição e a aprovação de novos estudos do Projeto InovAmazônia, realizado em parceria com o Fundo JBS pela Amazônia.

3.1. Principais resultados

Finalização da primeira edição do Programa Biomas

Os seis primeiros projetos do programa Biomas, foram finalizados, produzindo uma gama de ingredientes inovadores que possuem grande potencial para aplicação em produtos cárneos vegetais análogos. O próximo passo é tirar esses resultados promissores da bancada do laboratório e levá-los para as prateleiras dos supermercados. Conheça os projetos e saiba como apoiar acessando a página do programa.

Contratação dos projetos de pesquisa do Projeto InovAmazônia

Com apoio e aporte financeiro do Fundo JBS pela Amazônia, 7 projetos de pesquisa foram contratados, por meio do Projeto InovAmazônia: Ingredientes para o Mercado de Alimentos Vegetais. Serão investidos RS2.7MM para a realização de pesquisas a partir de espécies vegetais como o açaí, castanha-do-Brasil, cupuaçu, babaçu, tucumã, cacau e guaraná, além de fungos da região amazônica. Entre os resultados esperados estão o desenvolvimento de proteínas, fibras, óleos, pigmentos e aromas que possam melhorar os aspectos sensoriais, tecnológicos e nutricionais dos produtos cárneos vegetais análogos.

4.

Influenciamos a agenda global em prol das proteínas alternativas

Em 2023 intensificamos os nossos esforços para elevar as proteínas alternativas como uma das soluções para enfrentamento da crise climática. Faltando pouco menos de 6 anos para 2030, é cada vez mais urgente que estratégias eficientes de contenção do aquecimento global sejam reconhecidas em espaços privilegiados e midiáticos como a COP, pois isso contribui no desenvolvimento de políticas públicas e atrai investimentos relevantes para o setor. Além disso, também expandimos a nossa influencia para terras chilenas, onde nos conectamos com instituições de pesquisa e contribuímos em pautas regulatórias.

4.1. Principais resultados

Reunião intersetorial em Bonn

Entre uma COP e outra, acontecem reuniões intersessionais para as definições operacionais e diálogos técnicos entre os negociadores. Em junho de 2023 o GFI Brasil acompanhou as negociações interssessionais de Bonn, na Alemanha, e co-organizou em parceria com a Proveg o evento “Unlocking the Potential of Alternative Proteins for Food Systems Transformation”. Após o evento, que atingiu capacidade máxima de lotação do espaço, houve uma grande repercussão entre os interessados no segmento, incluindo jornalistas e representantes de outras organizações, que entraram em contato com o GFI para saber mais sobre as proteínas alternativas.

Participação na COP 28 de Dubai

O GFI Brasil participou da COP28 em Dubai entre os dias 1 e 11 de dezembro, com o objetivo de fortalecer a imagem das proteínas alternativas como um solução climática; construir relações com negociadores latino-americanos e desenvolver a sua familiaridade com proteínas alternativas como solução climática; e influenciar as contribuições dos países para o Global Stocktake – GST e outras resoluções da COP28 para considerarem compromissos centrados nos sistemas alimentares na próxima ronda de Nationally Determined Contributions – NDCs.

Lançamento da Coalizão Global Pelas Proteínas Alternativas

Aproveitamos a nossa participação na COP 28 para lançar a Coalizão Global pelas Proteínas Alternativas (CGPA), criada com o objetivo de unir stakeholders comprometidos em reconhecer e promover as proteínas alternativas como uma solução chave para a crise climática. Além de aumentar a conscientização e promover ações concretas, a CGPA visa estabelecer-se um fórum para diálogo aberto entre os membros e facilitará as discussões para identificar barreiras de entrada, compartilhar melhores práticas e desenvolver colaborativamente soluções para superar esses obstáculos. Para saber mais e aderir à CGPA, acesse o site e se conecte com a Coalizão no Instagram.

Participação no Food and Agriculture Organization (FAO)

À medida em que novas fontes e sistemas de produção de alimentos se desenvolvem, mostra-se fundamental discutir as tendências, os impactos e os desafios, em termos de segurança de alimentos, que poderão ser enfrentados nos próximos 5 até 15 anos. Por isso, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) coordenou reuniões para discussões focadas nas questões de segurança na produção de alimentos à base de plantas, fermentação de precisão e impressão 3D de alimentos. A reunião contou com a presença do GFI Brasil e de outros 25 especialistas do mundo todo. Além disso, foi realizado um mapeamento do cenário global de novas fontes de alimentos no futuro. O resumo das conclusões da reunião destaca algumas lacunas de dados e necessidades de pesquisa sobre as três áreas de foco. As questões de segurança discutidas nesta reunião visam orientar o desenvolvimento de normas e outras medidas de gestão para impulsionar o setor, proteger a saúde do consumidor e garantir o comércio justo entre as nações.

Missão Chile

O GFI foi a Santiago no Chile para conectar-se com os pesquisadores que estão trabalhando na inovação em proteínas alternativas no país. Nosso objetivo foi compreender a maturidade do ambiente científico de proteínas alternativas local, com especial foco nas áreas de fermentação e carne cultivada. A missão envolveu visitas na Universidad de Chile e Universidad Catolica de Chile, além de reuniões com três startups de proteínas alternativas (Sticta Biologicals, Luyef e Done Properly) e com a Agencia Chilena para la Inocuidad y Calidad Alimentaria (ACHIPIA), uma comissão assessora do Ministério da Agricultura. Na ocasião, foram apresentadas as ações do GFI para contribuir com a regulamentação de carne cultivada no Brasil e no mundo.

5.

Somos uma instituição de alto impacto que inspira

O GFI Brasil implementou uma série de ações visando o crescimento e a qualificação da equipe, tais como: realizamos contratações, asseguramos a transparência e eficiência do uso de recursos para realização de nosso trabalho através de auditorias financeira e interna, promoção da diversidade e inclusão, realização de pesquisa de engajamento, adoção de medidas para eficiência e eficácia da comunicação, treinamentos, entre outros. Essas iniciativas demonstram o compromisso do GFI Brasil com a transparência, a responsabilidade corporativa e o bem-estar dos colaboradores. A seguir constam informações mais detalhadas sobre essas iniciativas.
Retiro anual – GFI Brasil

5.1. Principais resultados

Crescimento da equipe

Em 2023, contratamos seis novos colaboradores e colaboradoras para o nosso time. Essas contratações fortalecerão nossa capacidade de atender às demandas crescentes de nossos projetos nas áreas de engajamento corporativo, políticas públicas, comunicação, recursos humanos e assistência executiva.

Auditoria financeira

A avaliação minuciosa de nossas operações financeiras desempenha um papel fundamental em garantir a transparência, a conformidade e a eficiência em nosso trabalho. A auditoria, concluída com sucesso e sem ressalvas, reflete o comprometimento e a colaboração exemplar do nosso time. Mais do que um requisito legal, a auditoria representa um compromisso com nossos doadores, parceiros e a comunidade que servimos. É um reflexo de nossa dedicação e responsabilidade com os recursos confiados a nós, garantindo que cada doação seja utilizada de maneira eficiente e para os fins previstos.

Auditoria interna

A auditoria interna de processos do GFI Brasil visa avaliar a eficácia, eficiência e conformidade de nossos processos internos, analisando detalhadamente políticas, procedimentos, controles, registros, identificando falhas, riscos e ineficiências que podem afetar a produtividade e a conformidade. Além de prevenir problemas, a auditoria contribui para melhorar a tomada de decisões e garantir que a organização esteja em conformidade com regulamentos, evitando possíveis penalidades legais. Esta etapa de 2023 também foi finalizada com sucesso, sem ressalvas.

Treinamentos

O GFI está ciente da obrigatoriedade legal que impõe às empresas a promoção de programas de treinamento voltados para o combate ao assédio no ambiente de trabalho. Como uma organização comprometida com a responsabilidade corporativa e o bem-estar de nossos colaboradores, consideramos essa iniciativa essencial, além de obrigatória. Nosso foco vai além do cumprimento da lei; estamos empenhados em criar um ambiente de trabalho genuinamente seguro, inclusivo e saudável. Para concretizar esse compromisso, em 2023 lançamos dois programas: Treinamento Antiassédio e o Treinamento em Ergonomia para toda a equipe.

O lançamento do nosso programa de treinamento de liderança, que teve início em dezembro de 2023, representa uma iniciativa de grande relevância para o aprimoramento profissional de nossos gestores e o fortalecimento de nossa equipe como um todo. Este programa aborda uma série de temas cruciais para o desenvolvimento de lideranças, explorando o papel dos líderes e a importância da eficaz gestão de equipes e pessoas.

Pesquisa de engajamento

Ao final de todos os anos, o GFI Brasil realiza uma Pesquisa de Engajamento. De formato anônimo, tem como principal objetivo a avaliação da eficácia das nossas práticas internas e a identificação de oportunidades de aprimoramento. Busca-se identificar o que estamos fazendo de forma adequada e o que pode ser aperfeiçoado. No ano de 2023, registramos uma participação de 95% dos nossos funcionários e como resultados identificamos: alto nível de engajamento em todas as áreas avaliadas; e os nossos colaboradores demonstraram satisfação e comprometimento em relação a tópicos essenciais, tais como, gestão, liderança, feedback, carreira, pertencimento, inclusão, saúde emocional e ações do GFI. Recebemos um total de 230 comentários construtivos, incluindo elogios e sugestões de melhoria, que serão fundamentais para continuarmos a aprimorar nossa cultura organizacional. Os resultados dessa pesquisa foram apresentados de forma transparente e abrangente para a equipe do GFI Brasil, como também fundamentaram as ações que planejamos com base nos insights obtidos. Estamos comprometidos em criar um ambiente onde todos se sintam valorizados e ouvidos, contribuindo assim para o sucesso contínuo da nossa organização.

Retiro anual

Em 2023, realizamos dois encontros com todo o time do GFI Brasil. O primeiro ocorreu em agosto, de forma virtual, e o segundo em novembro, em uma fazenda no interior de São Paulo. O encontro presencial incluiu atividades de planejamento, treinamento em comunicação, uma palestra sobre racismo ambiental e sua relação com as mudanças climáticas e a insegurança alimentar, além de muitos momentos livres e dinâmicas de engajamento da equipe.

Diversidade e inclusão

Buscando cultivar um ambiente de trabalho que valoriza a diversidade e a inclusão, em 2023 desenvolvemos uma série de iniciativas para vivenciar práticas e compartilhar reflexões importantes para a nossa equipe e a sociedade. O grupo de diversidade racial Cida Bento, proporcionou, durante as reuniões de equipe semanais, um espaço lúdico valioso para conversarmos sobre racismo ambiental, privilégios, meritocracia, cultura, arte, reparação, cotas, dentre muitos outros. Já o Grupo de Mães, criou um espaço seguro de acolhimento para que as mães pudessem discutir os desafios de equilibrar maternidade, responsabilidades profissionais e conquistas pessoais. Os dois grupos de afinidade seguirão com suas ações em 2024.

Boletim mensal

Em 2023 lançamos o boletim de comunicação interna, “Conectados no GFI Brasil”, com a finalidade de informar sobre novidades, alinhar objetivos e metas organizacionais com a equipe, compartilhar políticas e procedimentos, fomentar a integração, estimular a participação e fortalecer a cultura organizacional. A primeira edição, lançado no dia 14/12/2023, teve um caráter celebrativo, abordando a oportunidade da adoção desta ferramenta de comunicação, bem como as conquistas do público interno durante o ano. Em parceria com o time de Recursos Humanos e Operações, foi possível mapear informações, produzir o conteúdo e categorizá-lo. O boletim é uma das ações previstas no resultado da pesquisa de avaliação da comunicação interna, está redigido em português e possui periodicidade mensal.

Ajude o GFI a transformar o futuro da alimentação!

Todo o trabalho desenvolvido pelo GFI é oferecido gratuitamente à sociedade e só conseguimos realizá-lo pois contamos com o suporte de nossa família de doadores. Maximizamos as doações que recebemos buscando a maior eficiência na utilização dos recursos. Tais reconhecimentos refletem nossos esforços para garantir que nosso trabalho seja feito de maneira estratégica, eficiente e transparente.

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