Recentes do Blog

HISTÓRICO: Carne cultivada chega a Hong Kong

Até recentemente, a carne cultivada era comercializada apenas em dois mercados: Singapura e Estados Unidos. Agora, um terceiro mercado entrou em cena: Hong Kong.   A Vow, startup de foodtech australiana, após o sucesso de seu lançamento em Singapura, estreou seu produto feito de codorna japonesa, tornando-se a primeira empresa a vender carne cultivada no maior centro financeiro da Ásia.   Um toque gourmet com inovaçãoA codorna cultivada da Vow integra a marca premium da empresa, Forged, que se dedica a alimentos inovadores e refinados. O primeiro produto lançado foi o Forged Parfait, uma combinação de codorna japonesa com alho, cebola, conhaque e manteiga, resultando em um patê leve e cremoso. Após a aprovação regulatória em Singapura, em março de 2024, o prato chegou a Hong Kong e já está disponível no restaurante The Aubrey, um izakaya de alto padrão localizado no Mandarin Oriental. Além disso, outro produto da Vow fará sua estreia em Hong Kong: o Forged Gras, inspirado no foie gras. Segundo a empresa, este prato oferece “uma experiência rica e satisfatória”, consolidando o apelo sofisticado de sua linha de produtos.   A aprovação inicial pela Singapore Food Agency foi crucial para a entrada da Vow em Hong Kong, conforme destacou o CEO George Peppou. Ele explicou que a validação em Singapura serviu como um “ponto de partida estratégico” para atender aos rigorosos padrões do Departamento de Higiene Alimentar e Ambiental de Hong Kong.   Como a primeira empresa a comercializar carne cultivada em múltiplos mercados asiáticos, a expansão rápida da Vow ressalta os benefícios de um alinhamento regulatório entre países — um objetivo que o GFI APAC tem trabalhado para promover. Regulamentações harmonizadas ajudam a reduzir barreiras comerciais, simplificar a entrada em novos mercados e diminuir custos, permitindo que startups tenham prazos mais ágeis para aprovações. E o restante da China? Embora o lançamento em Hong Kong seja um marco, o acesso ao mercado continental chinês ainda depende de aprovação regulatória em Pequim. Atualmente, não existe um processo específico para aprovação de carne cultivada na China continental. No entanto, o China National Center for Food Safety Risk Assessment indicou que está acompanhando os avanços internacionais e desenvolvendo um marco regulatório robusto para a avaliação de segurança desses produtos.   Enquanto isso, o desenvolvimento de carne cultivada segue em ritmo acelerado no restante do país. Em abril de 2024, Pequim anunciou a criação do primeiro centro de inovação científica da China dedicado à carne cultivada e outras tecnologias de proteínas alternativas, respaldado por um investimento de 80 milhões de yuans (cerca de 11 milhões de dólares). Avanços estratégicos no continenteDurante o World Agrifood Innovation Conference, Qiang Fu, vice-chefe do distrito de Pinggu em Pequim, reafirmou o compromisso de sua região em acelerar o desenvolvimento de proteínas alternativas. O evento marcou ainda o lançamento da Aliança da Indústria de Alimentos de Proteína Alternativa de Pequim e contou com um discurso do Bruce Friedrich, fundador do GFI.   Em agosto, o GFI APAC coorganizou o primeiro simpósio científico China-Singapura, reunindo acadêmicos, representantes da indústria e autoridades governamentais. Durante o evento, foram compartilhados avanços em técnicas como a criação de produtos híbridos que combinam células cultivadas com proteínas vegetais e o desenvolvimento de biorreatores inovadores que reduzem custos de produção por meio de simulações computacionais.   Também em agosto, a startup Joes Future Food, de Nanjing, apresentou carne suína cultivada a autoridades locais após receber financiamento público para o desenvolvimento de métodos de fabricação em escala industrial. Apoios semelhantes estão sendo disponibilizados em várias províncias por meio de iniciativas governamentais. Mais recentemente, Samuel Goh, gerente de políticas do GFI APAC, participou da Conferência Internacional de Segurança e Qualidade Alimentar da China, em Xangai, onde destacou o marco regulatório inovador de Singapura e explorou oportunidades para fortalecer a colaboração pan-asiática. Samuel Goh, do GFI APAC, destacou a liderança regulatória de Singapura em Xangai enquanto defendia uma maior colaboração regional. Um olhar voltado para PequimEspecialistas do GFI APAC destacaram em uma coluna recente na Nature que a carne cultivada pode seguir uma trajetória de crescimento semelhante à da energia solar e das baterias de veículos elétricos. No entanto, isso dependerá de investimentos governamentais significativos para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento, além de aumentar a capacidade de fabricação.   A China já lidera o mundo em financiamento público para pesquisa agrícola, investindo o dobro do que os Estados Unidos e publicando o maior número de artigos acadêmicos sobre o tema. Entre 2003 e 2013, investimentos governamentais ajudaram a elevar a produção de grãos, leite, carne e aquicultura entre 20% e 50%. Um esforço semelhante no setor de carne cultivada poderia catalisar uma revolução na indústria alimentar global. O futuro da carne cultivada na ÁsiaO lançamento da carne cultivada em Hong Kong é um marco histórico, oferecendo a líderes governamentais, empresários e representantes da mídia uma amostra tangível dos “alimentos do futuro”. A grande questão é se esse passo será o ponto de inflexão para atrair novos investimentos em um setor em ascensão.   Se o histórico da China com tecnologias emergentes servir como exemplo, uma vez que a carne cultivada ganhar espaço no maior mercado da Ásia, mudanças transformadoras podem acontecer, ganhando força de maneira exponencial.  

Novas fontes e sistemas de produção de alimentos: principais resultados do relatório FAO 2023

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgou recentemente o relatório da Reunião Técnica de Prospectiva de Segurança de Alimentos sobre Novas Fontes e Sistemas de Produção de Alimentos de 2023, que aconteceu em novembro do mesmo ano. Este encontro contou com a presença de especialistas globais, incluindo Graziele Karatay, Especialista de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, para discutir os desafios e oportunidades relacionados à segurança dos alimentos plant-based, e das tecnologias de fermentação de precisão e impressão 3D de alimentos.   O documento sintetiza a literatura existente nessas novas fontes e sistemas de produção de alimentos, abordando tanto os riscos à  segurança de alimentos, quanto outros aspectos relevantes, como características nutricionais, impactos ambientais e percepção dos consumidores.   1. Questões de Segurança de Alimentos   Esse tópico emergiu como um dos principais pontos de discussão no desenvolvimento de novos alimentos e sistemas de produção e os principais pontos destacados no relatório nas três áreas são:  Plant-based   Os perigos de segurança de alimentos são semelhantes aos dos alimentos convencionais. Os consumidores podem erroneamente considerar os produtos não cozidos como seguros. Uma gestão adequada da segurança de  alimentos pode reduzir significativamente os riscos, como microrganismos patogênicos e de deterioração, e contaminantes químicos.   Fermentação de precisão   As etapas de produção são geralmente bem conhecidas e controladas. Perigos potenciais: crescimento de microrganismos patogênicos, contaminantes químicos, alergenicidade. A seleção rigorosa de cepas, o monitoramento adequado e o cumprimento das diretrizes de segurança de  alimentos podem reduzir os riscos.   Impressão 3D de alimentos   Fatores-chave para prevenir o crescimento microbiano: Parâmetros para impressão, processamento, armazenamento e condições de formulação dos ingredientes de entrada. O projeto higiênico do equipamento é crítico para evitar a lixiviação  (processo pelo qual substâncias indesejadas, como contaminantes, são transferidas do equipamento, no caso a impressora, para o alimento).   2. Características Nutricionais   Plant-based   Possíveis benefícios para a saúde: melhoria nos marcadores cardiometabólicos e na saúde intestinal. Possíveis deficiências nutricionais: vitamina B12 e certos aminoácidos (como metionina e cisteína, no caso de alimentos à base de leguminosas).   Fermentação de precisão   Pode alterar as propriedades dos produtos nativos (por exemplo, reduzir a alergenicidade e aumentar a biodisponibilidade) ou produzir novos produtos.   Impressão 3D de alimentos   A dosagem precisa de vários ingredientes ou nutrientes pode ajudar a atender às necessidades nutricionais individuais.   3. Aspectos Ambientais   Plant-based   Alimentos à base de plantas podem ter uma pegada ambiental menor do que os alimentos de origem animal, mas comparações diretas são complexas.   Fermentação de precisão   Menor impacto ambiental em comparação com laticínios convencionais (por exemplo, emissões de metano e agroquímicos). A produção de alimentos em ambientes fechados e controlados não é afetada pelas condições climáticas. Alto consumo de eletricidade.   Impressão 3D de alimentos   Os aspectos de sustentabilidade ambiental da impressão 3D de alimentos permanecem inexplorados.   4. Percepção do Consumidor   Plant-based   Interesse do consumidor em experimentar alimentos à base de plantas. Percepção de serem “altamente processados”. Reduzir os custos e aumentar a diversidade de produtos melhorará a adoção pelos consumidores.   Fermentação de precisão   Disposição do consumidor para experimentar produtos com ingredientes feitos por fermentação de precisão. Segurança, nutrição, sabor e impactos ambientais são fundamentais para a aceitação do consumidor.   Impressão 3D de alimentos   As percepções dos consumidores são influenciadas pela falta de conhecimento sobre alimentos impressos em 3D e pela terminologia técnica (por exemplo, vistos como “não naturais” e “sintéticos”).   Conclusão   O relatório da FAO oferece uma visão abrangente dos avanços e desafios na produção de alimentos plant-based, obtidos por fermentação de precisão e impressão 3D, reafirmando a importância de regulamentações robustas, desenvolvimento contínuo e uma comunicação clara com o consumidor. O GFI Brasil segue acompanhando esses avanços para garantir que essas inovações possam ser amplamente implementadas, com segurança e benefícios claros tanto para o meio ambiente quanto para a saúde pública.   Acesse o relatório completo aqui. A FAO também produziu uma série de 4 vídeos a partir de entrevistas feitas com os especialistas durante a reunião técnica. Confira a playlist no Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=1N7KhFl5bD8&list=PLzp5NgJ2-dK7OoCcSAP-tyVzmuiCsEo8G&index=5

Brasil apresenta primeiro projeto de lei ​do mundo fomentando a​​ produção de alimentos por cultivo celular 

Para especialista do GFI​,​ o projeto é um marco legislativo global e pode colocar o país na liderança desse mercado Em um marco histórico para a inovação e sustentabilidade no setor alimentar, o deputado Jorge Goetten (REPUBLIC/SC) apresentou na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei ​(PL) ​3357/2024​,​ que ​“​estabelece ​normas gerais para a pesquisa, produção, reprodução, importação, exportação, transporte, armazenamento, conservação e comercialização de alimentos obtidos por cultivo celular, seus derivados e subprodutos, bem como para o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento produtivo desse setor”​​     ​.   O The Good Food Institute (GFI), uma das principais organizações globais dedicadas ao avanço das proteínas alternativas, celebrou a apresentação do projeto como um passo fundamental para colocar o Brasil como um líder global nesse mercado emergente.   “É um marco legislativo no país e no mundo. É o primeiro PL focado no incentivo a essa tecnologia​,​ e garante o desenvolvimento de pesquisa e de soluções para alimentar a população com impactos ambientais significativamente reduzidos. É um marco ao se basear em evidências científicas que vão além do ´medo do novo’ e​,​ assim​,​ fomentar o desenvolvimento nas nossas universidades e indústrias e, ao mesmo tempo, garantir todos os padrões de segurança necessários para os consumidores”, destacou Gabriela Garcia, ​analista de​ Políticas Públicas ​no GFI Brasil.​  Com potencial para transformar a indústria alimentícia, o cultivo celular permite a produção de carne sem a necessidade de abate, utilizando menos recursos naturais e emitindo menos gases de efeito estufa.​ É uma forma sustentável de complementar a oferta já existente, tornando-se uma ferramenta importante para a segurança alimentar.​ De acordo com a analista do GFI, este “é um setor que, inevitavelmente vai existir e crescer​,​ e o Brasil tem toda a capacidade de liderar esse mercado em nível global”. ​Agora, o PL seguirá seu trâmite na Câmara e o próximo passo será o despacho pelo presidente da Casa, deputado Arhur Lira, para análise nas Comissões, onde um relator será designado para elaborar um parecer sobre o conteúdo da proposta.​​ ​Após ​essa etapa, o projeto ainda deverá ser submetido à apreciação pelo Plenário e, caso aprovado, será revisado pelo Senado Federal antes que possa se tornar Lei.​​     ​  Gabriela Garcia acredita que será um “um longo caminho de debates no Congresso Nacional, mas agora abrindo espaço e formando um “chão comum” de conhecimento​ embasado na ciência​”. Para ela, à medida que o Congresso Nacional avança n​as discussões​, a sociedade brasileira terá a oportunidade de moldar o futuro do sistema alimentar global, com impactos positivos na sustentabilidade, segurança alimentar e proteção ambiental. O GFI, segundo a analista​, acompanhará “com lupa” todos os debates sobre o assunto. 

Com linha premium de alimentos cultivados, a francesa Gourmey busca aprovação em cinco mercados globais

● Em estreia mundial, a Gourmey, empresa especializada em alimentos cultivados premium, com sede em Paris, solicita aprovação para entrar em cinco mercados globais iniciais: Singapura, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça e União Europeia. ● A notícia marca a Gourmey como a primeira empresa a solicitar aprovação de mercado para alimentos cultivados na União Europeia. ● A empresa se dedica a proporcionar experiências culinárias inovadoras: seu produto principal, feito a partir de células de pato cultivadas, oferece uma nova opção para aficionados por foie gras, chefs e restaurantes em todo o mundo. A Gourmey, empresa pioneira em alimentos cultivados na França, apresentou pedidos de autorização de mercado à Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, à Singapore Food Agency (SFA), à Food Standards Agency (FSA) do Reino Unido, ao Swiss Federal Food Safety and Veterinary Office (FSVO), à Comissão Europeia (CE) e à European Food Safety Authority (EFSA). Esses pedidos têm como objetivo permitir a venda do produto principal da marca, o foie gras cultivado, para entusiastas da gastronomia, chefs e restaurantes globalmente. Segurança do consumidor no centro do pedido de autorização Reguladores em todo o mundo estabeleceram estruturas regulatórias robustas para avaliar a segurança de novos alimentos, como os cultivados. Os EUA, Singapura e Israel já autorizaram a venda desses produtos, mas esta é a primeira vez que uma empresa busca aprovação pré-mercado para alimentos cultivados na União Europeia. Para isso, a Gourmey preparou um dossiê de novos alimentos de acordo com a orientação da EFSA, que é considerada padrão ouro em segurança de novos alimentos e avaliação de risco. “Estamos ansiosos para continuar trabalhando de perto com as autoridades reguladoras para garantir total conformidade com os requisitos de segurança durante esses procedimentos e estamos confiantes de que nossos produtos vão atender a esses padrões altamente exigentes, para que todos possam desfrutar de novas experiências em todo o mundo”, relatou o CEO da Gourmey, Nicolas Morin-Forest. Segmento premium impulsiona tendências alimentares globais “O segmento premium sempre esteve na vanguarda das tendências alimentares, onde ocorrem as inovações mais empolgantes. Estamos testemunhando uma tração comercial muito emocionante para o nosso primeiro produto em muitas regiões onde os chefs querem continuar servindo foie gras de alta qualidade. Começar com a alta gastronomia atua como um catalisador para nossos futuros lançamentos: os chefs servem como os melhores embaixadores para introduzir novas categorias de produtos aos consumidores e ajudam a impulsionar a sustentabilidade”, acrescenta o CEO. A Gourmey conta com uma rede global de parceiros para facilitar a entrada da empresa no mercado, incluindo distribuidores de alimentos finos, chefs embaixadores e parceiros na cadeia de suprimentos e na pesquisa. Essa inovação chega em um momento decisivo em que os consumidores estão cada vez mais buscando novas maneiras de desfrutar de experiências culinárias deliciosas, ao mesmo tempo em que contribuem para a sustentabilidade. Com as ambições globais da Gourmey e o consumo de carne na Ásia projetado para aumentar em 80% até 2050, a empresa está ativamente engajada nessas regiões, particularmente em mercados como Singapura, Japão e Coreia do Sul, onde há um impulso significativo em torno dos alimentos cultivados. Produtos com impacto positivo Um estudo encomendado pela Gourmey, antecipando a produção em escala, mostra que a tecnologia inovadora da empresa reduz significativamente a pegada ambiental (principalmente emissões de gases de efeito estufa e uso da terra) em comparação com a produção convencional na mesma categoria de produtos. O estudo é conduzido sob a liderança científica da Professora Hanna Tuomisto, da Universidade de Helsinque, na Finlândia, e do Instituto de Recursos Naturais da Finlândia, uma acadêmica europeia líder no campo de avaliações de ciclo de vida de novos alimentos, incluindo os cultivados. “Diversificar a produção de proteínas é crucial para a segurança alimentar e contribuir para objetivos de sustentabilidade, como a descarbonização e a biodiversidade. Integrar a produção de alimentos cultivados na cadeia de valor agroalimentar existente proporciona uma fonte de proteína complementar que contribui para sistemas alimentares mais resilientes. Este marco importante para nosso ecossistema foi alcançado graças a um trabalho em equipe muito dedicado. Agora, um novo capítulo para a Gourmey começa – o de levar a inovação alimentar francesa ao cenário global”, conclui o CEO. Sobre a Gourmey Fundada em 2019, a Gourmey cria produtos gourmet sustentáveis diretamente a partir de células animais reais, combinando inovação alimentar com artes culinárias. A empresa se dedica a proporcionar experiências culinárias inovadoras e seu produto principal, o foie gras cultivado, oferece uma nova opção para fãs do alimento, chefs e restaurantes globalmente. A empresa agora conta com uma equipe internacional de 60 pessoas em seu centro de inovação alimentar em Paris, França. Desde sua criação, a Gourmey garantiu mais de €65 milhões em investimentos públicos e privados e está atualmente se preparando para a entrada no mercado, aguardando aprovações regulatórias. Sobre alimentos cultivados Alimentos e proteínas cultivados são baseados em tecnologias de cultura celular que têm sido usadas em produtos alimentares há décadas, por exemplo, para o cultivo de leveduras para panificação ou para a produção de coalho em queijos. Começando com uma pequena amostra de células animais e nutrindo-as em um meio de crescimento rico em nutrientes, as células crescem em músculo, gordura ou outros tecidos. O meio de crescimento contém os mesmos ingredientes (como açúcares, proteínas, vitaminas e minerais) necessários na nutrição animal. No processo de cultivo da Gourmey, não são utilizados componentes derivados de animais, como soro fetal bovino, garantindo que o produto final esteja livre desses elementos. Além disso, antibióticos não são usados durante a produção e não estão presentes no produto final.

Amplie seu conhecimento sobre proteínas alternativas com as novas aulas do curso do GFI Brasil

O curso online “A Ciência das Proteínas Alternativas”, ofertado gratuitamente pelo The Good Food Institute Brasil, acaba de ser enriquecido com novos conteúdos para ampliar seu conhecimento sobre esse universo.   O que tem de novo?Nosso programa educacional, já reconhecido por explorar as as tecnologias que estão revolucionando a forma como produzimos alimentos, agora inclui novas aulas focadas em Tópicos Avançados em proteínas alternativas, além de insights sobre Inovação e Mercado. Estas adições são projetadas para aprofundar seu entendimento sobre essas tecnologias emergentes e as tendências de mercado, essenciais para qualquer pessoa interessada em manter-se atualizada sobre a transformação da indústria alimentícia.    Para quem é o curso?O curso é aberto a todos que quiserem aprender sobre ciência, tecnologia e inovação em proteínas alternativas, mas é especialmente direcionado a alunos de graduação, pós-graduação e profissionais da indústria alimentícia, biotecnologia, e áreas correlatas. Cada aula foi meticulosamente planejada para enriquecer seu conhecimento e prepará-lo para os desafios e oportunidades na indústria de alimentos do futuro.     O que esperar do conteúdo?O curso agora é dividido em três módulos:   Aulas Básicas sobre a Ciência das Proteínas AlternativasEste módulo inicial consiste em 9 aulas, cada uma com aproximadamente 15 minutos, abordando os fundamentos das proteínas alternativas. As aulas incluem conteúdos como os desafios e soluções para produzir proteínas suficientes para alimentar 10 bilhões de pessoas, o conceito de carne, as tecnologias das proteínas alternativas e as questões críticas para o desenvolvimento da carne cultivada, assim como biomateriais e bioprocessos aplicados.   Tópicos Avançados em Proteínas AlternativasEste módulo novo avança para tópicos mais específicos com 4 aulas de aproximadamente 20 minutos cada, destinadas a um público com conhecimento prévio ou interesse especializado.   – Biorreatores e Desenvolvimento de Bioprocessos: se aprofunde na tecnologia da fermentação e nos detalhes de bioprocessos aplicados à carne cultivada, desde a seleção e desenvolvimento de cepas, os meios de cultivo ao escalonamento de processos, tipos de biorreatores e processos de downstream.   – Uso de ingredientes à base de algas em proteínas alternativas: descubra o potencial nutricional das algas e como elas podem ser utilizadas na produção de proteínas alternativas.   – Texturização de análogos cárneos feitos de plantas: Entenda mais sobre as tecnologias e os processos empregados para texturizar carnes feitas de plantas, uma característica crucial para satisfazer as preferências sensoriais dos consumidores.   – Análogos cárneos feitos de fungos (Micoproteínas): Explore o processo de fermentação de biomassa para a obtenção de carnes feitas de fungos, uma tecnologia promissora na indústria.   Inovação e Mercado de Proteínas AlternativasCom uma única aula de aproximadamente 20 minutos, este módulo fornece insights sobre o mercado de alimentos plant-based no Brasil.   – Percepção do consumidor brasileiro sobre alimentos plant-based: Entenda como o consumo de alimentos à base de plantas está se desenvolvendo no Brasil, analisando hábitos, tendências comportamentais e outros fatores que influenciam as decisões de compra.   Como participar?A participação é simples: preencha o cadastro e assista às aulas no seu próprio ritmo. Para obter a certificação de conclusão, complete o curso em até seis meses e responda ao quiz final.   CertificadosAo concluir cada módulo do curso, você receberá certificados específicos, validando sua expertise e dedicação ao aprendizado.   Pronto para começar?Não perca esta oportunidade única de ampliar seus conhecimentos em proteínas alternativas e liderar a vanguarda da inovação alimentar! Inscreva-se!

GFI Brasil abre chamada para Estudos Direcionados sobre proteínas alternativas

Conheça as duas linhas de financiamento e envie a sua proposta até o dia 16 de junho de 2024 O GFI Brasil está lançando a chamada para Estudos Direcionados de 2024, que são publicações técnicas feitas por meio da colaboração do GFI Brasil com uma universidade, empresa ou instituto de pesquisa. Essas publicações são elaboradas para analisar e discutir a ciência das proteínas alternativas com foco na aceleração do desenvolvimento tecnológico, suporte a uma regulação baseada em evidências e para melhorar a textura, sabor, preço ou sustentabilidade dos produtos. Para a execução dos Estudos Direcionados os proponentes devem enviar uma proposta técnico-financeira para elaboração das entregas solicitadas na chamada correspondente. As duas linhas de financiamento deste ano são oportunidades únicas para instituições e profissionais interessados em contribuir para o futuro da produção de alimentos no Brasil. Veja abaixo os detalhes de cada chamada: Estudo da Qualidade de Alimentos Produzidos por Cultivo de Células A proposta do estudo é gerar dados científicos e fornecer insights que possam apoiar a regulação e as aprovações de produtos cultivados, além de contribuir para a garantia de produção e desenvolvimento seguros desses alimentos.  Esses dados serão fundamentais para subsidiar futuras ações que impactarão diversos setores, incluindo legisladores, reguladores, empresas, professores e pesquisadores. Para isso, as propostas de execução do projeto deverão se concentrar em dois objetivos principais:  O estudo terá um prazo de execução de um ano e as propostas podem ser enviadas até o dia 16 de junho de 2024. Para mais detalhes e orientações sobre a submissão de propostas, consulte o edital completo aqui. Estudo para Identificar Rotas Tecnológicas para Obtenção de Proteínas de Feijão com Aspectos Sensoriais e Nutricionais Melhorados Um dos pilares da biodiversidade brasileira, o feijão já é reconhecido por seu valor nutricional e econômico: por isso, agora, queremos levá-lo a novos patamares, aprimorando suas características para melhor atender ao mercado de alimentos plant-based. O principal objetivo deste edital é: O projeto será dividido em cinco etapas e terá um prazo de execução de até 18 meses. As propostas podem ser submetidas até o dia 16 de junho de 2024. Para mais informações sobre os requisitos de submissão e detalhes do estudo, consulte o edital completo aqui. As propostas de ambos os projetos podem ser submetidas até o dia 16 de junho de 2024 e os resultados serão divulgados no dia 24 de junho. As propostas técnico-financeiras devem ser enviadas em formato PDF para ciencia@gfi.org e devem contar com um cronograma detalhado, previsão de custos para cada etapa, a metodologia proposta e o currículo da equipe envolvida. As informações completas estão disponíveis nos links dos respectivos editais acima.

Junte-se ao Alt Protein Project e descubra como construir uma carreira promissora na área de proteínas alternativas!

Se você é um estudante universitário interessado no setor de proteínas alternativas e gostaria de explorar as oportunidades de trabalho únicas que este setor em ascensão oferece, essa oportunidade é pra você! Lançado em 2020 pelo GFI, o Alt Protein Project é um movimento global, liderado por estudantes visionários como você, que se dedica a promover educação, pesquisa e inovação no campo das proteínas alternativas. Desde a nossa fundação, crescemos de uma rede de cinco universidades para uma comunidade de 53 grupos ativos com mais de 450 membros. Nosso alcance se estende por dezenas de universidades ao redor do mundo – da Suíça ao Japão, passando por Turquia, Portugal, Brasil e Malásia – unindo esforços para gerar impacto significativo e moldar o futuro da alimentação. Por que participar? A cada ano, mais grupos de estudantes de diversos países unem-se a nós, trazendo uma diversidade de conhecimentos que vão da biologia sintética à ciência da computação e da engenharia mecânica à filosofia. Essa comunidade multidisciplinar possibilita uma vasta troca de ideias com perspectivas culturais variadas, soluções inovadoras e oportunidades únicas de carreira. Nossos objetivos incluem: -Educação e Disseminação: Assegurar que o tema das proteínas alternativas seja incluído nos currículos acadêmicos, proporcionando cursos, treinamentos e eventos relevantes. -Pesquisa Colaborativa: Facilitar a conexão entre pesquisadores e promover estudos colaborativos que ofereçam soluções multidisciplinares. -Parcerias Estratégicas: Incentivar colaborações entre laboratórios, universidades e o setor privado para acelerar o desenvolvimento de proteínas alternativas. Se você precisa de mais inspiração para se juntar ao nosso time, o GFI US fez uma reportagem especial com o Alt Protein Project da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que, em seu primeiro ano, já está transformando a educação sobre proteínas alternativas no campus. Graças ao trabalho do grupo, neste ano 24 alunos e docentes começarão a se envolver diretamente com proteínas alternativas, tanto por meio de aulas teóricas quanto técnicas, através do curso “Agricultura Celular com Foco em Carnes Cultivadas”. O curso semestral vai cobrir uma ampla gama de tópicos científicos, palestras sobre o crescente mercado da carne cultivada e componentes interativos como laboratórios sobre cultura de células, impressão 3D, além de um concurso competitivo de pitching, onde os alunos desenvolverão suas ideias de startup e as apresentarão a um painel dos principais interessados da indústria. “Estamos tentando fazer com que os olhos dos alunos brilhem para a carne cultivada” – Jorge Guadalupe, estudante de PhD da UFMG e CEO do Alt Protein Project, ganhador do prêmio “Best Science Slam” na Alemanha pelo seu projeto de carne cultivada apoiado pelo GFI. Ficou curioso? Dá uma olhada no Instagram dos grupos do APP da UFMG e da UNICAMP para ver tudo que eles estão fazendo! Não perca esta oportunidade de fazer parte da próxima geração de profissionais que vão transformar o futuro da alimentação! Como participar? Inscreva-se aqui no Alt Protein Project. Se você possui alguma dúvida, entre em contato conosco através do e-mail ciencia@gfi.org para mais informações e suporte. Estamos ansiosos para ter você em nossa comunidade!

O que podemos esperar para o mercado de proteínas alternativas em 2024?

Apesar de desafios em todo o cenário macroeconômico, de dinâmica geopolítica, financiamento e infraestrutura, a indústria de proteínas alternativas mostra sinais de resiliência. Especialistas do The Good Food Institute Brasil analisam as previsões do setor que irão impulsionar a próxima onda de desenvolvimento rumo à adoção em massa pelos consumidores. Em 2024, o mercado de proteínas alternativas vai experimentar transformações significativas, impulsionadas por inovações tecnológicas, mudanças nos padrões de consumo e uma crescente conscientização sobre saúde e meio ambiente. Com base em algumas tendências atuais, podemos antecipar algumas direções que este mercado tomará ao longo do ano. Aumento na variedade de produtos A diversidade de produtos à base de plantas disponíveis está prevista para aumentar e passar a atender aos consumidores em todos os momentos de consumo, desde o café da manhã, almoço, jantar e lanches, seja com alimentos com apelo de mais saudabilidade a pratos mais indulgentes. Essa expansão na variedade não só abrange uma gama mais ampla de preferências do consumidor mas também facilita a adoção de alimentos plant-based na dieta diária, tornando-a uma opção viável para um público maior. Parcerias estratégicas e consolidação do mercado As parcerias estratégicas entre empresas de alimentos e restaurantes podem contribuir com a expansão da presença de opções plant-based nos cardápios. Esses tipos de parcerias são muito comuns em outros países, onde o mercado está mais maduro, e essas experiências mostram que tais colaborações podem aumentar tanto a acessibilidade quanto a visibilidade dessas alternativas. Além disso, é esperada uma consolidação das marcas, impulsionada por uma demanda do varejo, mantendo nas gondôlas os produtos e marcas que ofereçam a experiência sensorial mais próxima do que o consumidor deseja em termos de sabor, textura e aparência dos alimentos. Avanço tecnológico O desenvolvimento tecnológico permanecerá um motor de inovação para o setor, trazendo produtos com melhor desempenho sensorial. Espera-se que as inovações em ingredientes e técnicas de processamento ofereçam experiências de consumo mais satisfatórias ao consumidor. Em particular, ingredientes desenvolvidos através de processos fermentativos podem atrair mais atenção do setor, dada sua capacidade de melhorar o perfil nutricional e sensorial dos produtos. Maior foco em saudabilidade Empresas já consolidadas no mercado de proteínas alternativas devem continuar a enfatizar a saudabilidade em seus lançamentos e relançamentos. Formulações que atendam à demandas por menos colesterol, sódio, e gordura, assim como a inclusão de ingredientes naturais e familiares aos consumidores, serão cada vez mais comuns. Este foco na saúde reflete uma resposta direta às preocupações do consumidor e uma tentativa de alinhar produtos plant-based com expectativas de benefícios para a saúde e bem-estar. Preço A questão do preço continua sendo central, com a indústria se esforçando para tornar os produtos à base de plantas mais acessíveis. Isso passa por mais investimentos em cadeias locais de suprimentos, desenvolvimento de novos ingredientes e processos, além de esforços contínuos para reduzir os custos de produção e logística. Tais iniciativas são essenciais para igualar ou pelo menos aproximar a faixa de preço dos produtos plant-based com a de seus análogos de origem animal, tornando-os uma opção viável para uma gama mais ampla da população. Desafios para o setor Apesar das previsões otimistas, o setor enfrenta desafios significativos relacionados aos pontos citados acima: a) conquista de mais consumidores: a adoção de alimentos à base de plantas na dieta é uma dúvida para muitos, especialmente quando consideramos as preocupações sobre a saudabilidade e a percepção nutricional em torno dos alimentos plant-based; b) comparação do preço desses produtos com os de origem animal: é imprescindível encontrar o equilíbrio entre os custos de produção e o poder de compra da população, que enfrenta os efeitos da inflação – inclusive no setor alimentício. As empresas do setor precisam trabalhar para fechar essa lacuna, mostrando que é possível oferecer opções plant-based que não sejam apenas competitivas em preço e qualidade, mas que também sejam percebidas como nutritivas e benéficas para a saúde. Avanços regulatórios O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) deve seguir a agenda regulatória sobre produção e rotulagem de produtos plant-based, realizando ao longo do ano audiências públicas para discutir a minuta da Portaria que foi submetida à consulta pública em 2023, e que propõe um marco regulatório para suprir a falta de um regulamento mínimo para produtos análogos de base vegetal.  Além disso, com a inclusão das proteínas obtidas por cultivo celular e fermentação no rol de novos ingredientes e alimentos pela Anvisa no final do ano passado, por meio da Resolução RDC Nº 839, devemos observar também neste ano o início das discussões regulatórias sobre essas duas tecnologias, capitaneadas pelo MAPA e pela própria Anvisa.  Carne Cultivada e Fermentação Com a Resolução 839 da Anvisa, que orienta empresas sobre a submissão de produtos e ingredientes para comprovação de segurança e a autorização de uso de novos alimentos e novos ingredientes, é esperado que empresas que já estejam desenvolvendo esses novos alimentos apresentem seus produtos e ingredientes para apreciação da Anvisa. Além disso, também devemos ver mais empresas realizando eventos de degustação e de aplicação de produtos para públicos específicos, como investidores e imprensa. Esses são os primeiros passos para a comercialização dessas novas tecnologias em território nacional, resta agora o Ministério da Agricultura regulamentar as questões de registro de produto, rotulagem e inspeção de unidades de produção, um debate que deve começar a ocorrer já este ano. “O mercado de plant-based em 2024 deve ser caracterizado por uma maior diversidade de produtos, consolidação de marcas, parcerias estratégicas, avanços tecnológicos, um foco renovado na saudabilidade e esforços contínuos para tornar os produtos mais acessíveis. Os avanços regulatórios alcançados no final de 2023 demonstram que o Brasil está se alinhando ao resto do mundo no entendimento de que esse setor vai evoluir rapidamente e que é necessário criar padrões técnicos rígidos para que produtos inovadores possam começar a ser produzidos no país. Este também é o ano que produtos feitos com tecnologias de fermentação e carne cultivada devem chegar ao consumidor. Vamos acompanhar como esses alimentos serão incorporados nos hábitos alimentares do brasileiro”. – Raquel

Carne cultivada pode ser considerada halal

O Conselho Religioso Islâmico de Singapura (Majlis Ugama Islam Singapura – MUIS), a única entidade com autorização legal para emitir certificados halal no país, declarou que, sob certas condições, o consumo de carne cultivada é permitido como halal. O anúncio foi feito em 3 de fevereiro na Conferência Fatwa do MUIS, que incluiu um painel com a cientista Ph.D Maanasa Ravikumar, do GFI Ásia Pacífico. A fatwa, que é um pronunciamento legal sobre um ponto da lei islâmica, afirma que a carne cultivada pode ser considerada halal se as células forem provenientes de animais que os muçulmanos podem consumir e se não houver mistura de componentes não halal no processo de produção. A fatwa foi emitida depois de mais de um ano de deliberações ponderadas por parte do conselho, durante as quais os especialistas do GFI Ásia Pacífico fizeram inúmeras apresentações técnicas sobre o processo de cultivo de carne a partir de células animais. Os representantes do MUIS também visitaram uma instalação local de produção de carne cultivada e estudaram profundamente o assunto de todos os ângulos da perspectiva islâmica. Ao apresentarem os resultados do seu estudo na conferência, os acadêmicos deixaram claro que acreditam que as muitas vantagens da carne cultivada, especialmente para o meio ambiente e a segurança alimentar, superam qualquer possível desvantagem teórica. A orientação religiosa sobre  produtos cárneos cultivados passou a ser debatida porque, depois que a Agência Alimentar de Singapura (SFA) aprovou a venda de carne cultivada em 2020, começaram a surgir dúvidas sobre a permissibilidade do consumo para os muçulmanos. Com a comercialização e consolidação desses novos alimentos na região, o MUIS entendeu que seria necessário ter uma posição religiosa sobre se tais produtos poderiam ser consumidos ou não. O GFI Ásia Pacífico fez a primeira apresentação para o MUIS em julho de 2022, e ao longo dos últimos 18 meses, fortaleceu a relação com o conselho por meio de várias imersões profundas e apresentações sobre a regulação e a ciência por trás da carne cultivada. A parceria foi tão bem sucedida que o MIUS adicionou o logotipo do GFI aos seus banners e usou nossa nomenclatura e dados em suas próprias apresentações. O GFI Ásia Pacífico também estabeleceu contato com o correspondente do MUIS na Indonésia, e eles demonstraram intenção em seguir um princípio semelhante.

Carne cultivada no Brasil em 2024? 

Confira análise do GFI Brasil sobre a regulação de alimentos feitos a partir de cultivo celular e fermentação de precisão A Anvisa publicou no dia 18 de dezembro de 2023 a Resolução RDC Nº 839, que regulamenta o registro de alimentos e ingredientes inovadores, incluindo os oriundos de cultivo celular e fermentação. Esse marco regulatório, que entra em vigor a partir do dia 16 de março de 2024, coloca o Brasil em uma posição de destaque internacional, abrindo caminhos para atrair investimentos em inovações alimentares sustentáveis, e nos coloca também cada vez mais próximos de lançar produtos feitos a partir dessas duas tecnologias ainda este ano.  O regulamento tem alcance amplo, envolvendo os critérios para avaliação de segurança para todos os novos alimentos e ingredientes, que são aqueles sem histórico de consumo por pelo menos 25 anos no país. Isso alcança muitas das diversas inovações que a engenharia de alimentos nos apresenta todos os dias e representa um importante passo na direção da regulamentação da carne cultivada no Brasil. No regulamento, a agência define todas as etapas e requisitos necessários para as empresas produtoras de carne cultivada e dos seus ingredientes apresentarem dados que garantam que estes produtos são seguros para o consumidor. O documento técnico a ser apresentado para avaliação da agência deverá conter os métodos para triagem, seleção, preparo e manutenção das linhagens celulares, a descrição do processo de produção e da composição do meio de cultivo e a composição nutricional dos produtos obtidos.   “Este movimento da Anvisa aponta que carne cultivada é segura como alimento se produzida dentro de padrões técnicos rígidos. Para que as empresas possam começar a produzir no Brasil, cabe agora ao Ministério da Agricultura e Pecuária definir os regulamentos complementares, que englobam o registro do produto, suas regras de rotulagem e o regulamento de inspeção das unidades produtivas. Esperamos que isso aconteça ao longo de 2024, porque esse mercado vai avançar rápido no mundo”, diz Alysson Soares, especialista sênior em Políticas Públicas do GFI Brasil. Com a publicação deste regulamento, a Anvisa se coloca ao lado de outros agentes reguladores, como a EFSA na União Europeia, a parceria USDA/FDA nos Estados Unidos, a SFA em Singapura e a NFS em Israel, como pioneiras em perceber a importância de definir um marco regulatório para carne cultivada baseado em ciência e favorável à inovação e aos investimentos. Foi de fundamental importância para esse posicionamento das principais agências reguladoras globais os estudos científicos desenvolvidos pela Organização Mundial de Saúde e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) nos últimos dois anos. Sobre isso, o Vice-Presidente de Políticas Públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral, acrescenta que  “é muito significativo que o Brasil, um dos países mais importantes no cenário global da produção de alimentos, afirme que carne cultivada é segura num momento onde em diversos países aparecem ações legislativas na direção de proibir ou limitar o avanço dessa tecnologia”. O GFI Brasil vem fomentando este debate no Brasil desde 2018, quando promoveu o primeiro seminário dentro do governo brasileiro sobre carne cultivada. De lá pra cá, vem colaborando no tema no Brasil e no exterior, através da participação em grupos especialistas e da publicação de estudos regulatórios e científicos.