Licuri, o ouro do sertão, também pode ser a nova aposta do mercado de proteínas alternativas

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) realizou o I Simpósio da Cadeia Produtiva do Licuri para aproximar empresas, universidades e comunidades locais do bioma Caatinga e apresentar aos participantes novas moléculas bioativas com potencial econômico para a indústria cosmética e farmacêutica. Além disso, os painéis e discussões mostraram os avanços científicos por trás dessas descobertas e também as oportunidades de negócio geradas a partir dos novos usos do licuri. O evento foi viabilizado em parceria com o Núcleo de Bioprospeção da Caatinga e a Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (COOPES) e aconteceu em Capim Grosso, cidade do interior da Bahia onde será instalada uma usina de processamento da Coopes com o apoio do projeto Cadeia Produtiva do Licuri. O licuri e seus usos O Licuri é o fruto de uma palmeira nativa da Caatinga, a Syagrus coronata, que já há algum tempo, compõe a economia e a sobrevivência de famílias do sertão da Bahia. Geralmente são as mulheres que coletam o coquinho para serem vendidos em feiras ou consumidos de diversas formas. Da amêndoa, são feitos leite, cocada, farofa, licor e também podem ser consumidas in natura. Estudos comprovaram que o óleo de sua amêndoa possui ação antibacteriana, antifúngica, antiparasitária e anti-inflamatória, sendo utilizado pelas comunidades locais como cicatrizante, para controle da pressão alta e para diabetes. O objetivo agora é continuar a pesquisar o potencial nutricional do resíduo do seu processamento, que pode ser utilizado para produzir farinhas e concentrados proteicos. “Estamos estudando o potencial do licuri para gerar farinhas e ingredientes para a produção de proteínas alternativas”, explicou Bruno Nunes, coordenador-Geral de Ciência para Bioeconomia do MCTI, também à frente do Programa Cadeias Produtivas da Bioeconomia MCTI. Potencial para o setor de proteínas alternativas O GFI Brasil tambpem esteve presente e contribuiu com o painel “Experiências Empresariais”. Gus Guadagnini, diretor executivo do GFI Brasil, falou sobre o potencial dos biomas brasileiros dentro do setor de proteínas alternativas, sendo peça importante na criação da cadeia de produção de alimentos do futuro. Neste contexto, o licuri pode ter grande relevância. “A torta desengordurada que se forma após a extração do óleo do licuri possui um teor interessante de proteínas de ótima qualidade que pode se transformar em ingredientes importantes para o mercado de proteínas alternativas”, explica Luciana Fontinelle, especialista de ciência e tecnologia do GFI Brasil. Iniciativas que apoiam a exploração sustentável da biodiversidade brasileira são de extrema importância em diversos sentidos, uma vez que contribuem para a preservação ambiental, gera fontes de renda para comunidades locais, fortalece a economia nacional e ainda promovem o avanço científico. “Nós do GFI acreditamos que a biodiversidade brasileira pode oferecer diversos ingredientes para o mercado nacional e internacional de proteínas alternativas. O bioma Caatinga, com certeza, é uma parte importante desta construção, contribuindo com a riqueza das suas espécies nativas, principalmente o Licuri, o ouro do sertão”, conclui Luciana. O Simpósio está disponível na íntegra online e você pode assisti-lo clicando aqui.
MAPA vai regular mercado de alimentos feitos de planta e quer que o país seja referência global para o segmento

Afirmação foi feita durante painel sobre inovações na Expomeat, III Feira Internacional da Indústria de Processamento de Proteína Animal e Vegetal, em São Paulo. por Vinícius Gallon O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deu mais um importante passo em direção à consolidação do setor de proteínas alternativas brasileiro. Glauco Bertoldo, diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, anunciou que o órgão vai regular o mercado de produtos feitos de plantas. O objetivo é garantir as condições necessárias para a concorrência justa entre os alimentos de origem vegetal e seus análogos animais. A notícia chega pouco tempo depois da divulgação dos resultados da Tomada Pública de Subsídios, que recebeu entre os meses de junho e setembro do ano passado, contribuições da sociedade sobre diversos aspectos relacionados à regulação desse mercado. No total, foram recebidas 332 respostas, indicando, entre outros pontos, que consumidores e entidades do setor de alimentos enxergam benefícios na medida. “Temos plena convicção da coexistência das duas fontes (vegetal e animal). Ambas vão crescer e há espaço para ordenar esse mercado enquanto ele está crescendo”, disse. Para Alexandre Cabral, diretor de políticas públicas do The Good Food Institute Brasil, um marco regulatório adequado pode representar uma enorme vantagem para o surgimento de novos empreendimentos nacionais e atrair investimentos estrangeiros. “Um grande volume de investimento vem sendo destinado a empresas deste mercado no exterior e também no Brasil. O cenário é promissor e o momento é oportuno para políticas públicas pró-investimento. O Brasil pode sair na frente como um dos primeiros países a regular esses mercados, desenhando instrumentos que integrem suas políticas agrícola, científica, tecnológica e industrial.”, comenta. O GFI Brasil, em parceria com o Ital, desenvolveu um estudo regulatório com orientações sobre como o mercado de produtos feitos de planta pode ser normalizado. O documento ainda é confidencial, mas será lançado ao público ainda no primeiro semestre de 2022.
Faça parte do Projeto Proteínas Alternativas

Estudantes são parte fundamental na construção do ecossistema de proteínas alternativas. Explicamos aqui como você pode começar um grupo de estudos em sua universidade e contribuir para a transição global em direção ao futuro da alimentação. por Bruna Corsato Conheça o projeto O Projeto Proteínas Alternativas é um movimento estudantil global dedicado a tornar universidades em catalisadoras da educação, pesquisa e inovação em proteínas alternativas. Os estudantes são a força motriz neste projeto que está ganhando força em universidades no mundo todo. Com o enorme crescimento do setor na última década, uma onda cada vez maior de estudantes passou a se interessar pela área de proteínas alternativas. Entretando, nem todos se dão conta do enorme potencial transformador que vem junto com essa escolha: influenciar a trajetória do nosso sistema de alimentos a partir de ações dentro das universidades. Estudantes têm nas mãos o poder de definir as prioridades das instituições de ensino; de realizar pesquisas que melhoram as qualidades sensoriais e funcionais de novos produtos proteicos; e de criar programas educacionais para estabelecer uma linha de profissionais capacitados para uma indústria em crescimento. No GFI, acreditamos que as universidades consistem em um elemento fundamental capaz de promover um ecossistema de proteínas alternativas. Por esse motivo, criamos o Projeto Proteína Alternativa, para que estudantes visionários possam liderar instituições de ensino a transformar como produzimos alimentos, criando assim um sistema mais sustentável, seguro e justo. Empoderando estudantes através de conexões O Projeto Proteínas Alternativas visa ser um ponto de articulação para iniciativas acadêmicas fundamentais para a construção do movimento de transição para proteínas alternativas. Nosso objetivo é criar pontes e conectar engenheiros de tecido a cientistas de alimentos, estudantes de administração a inovadores técnicos, pesquisadores à próxima geração de talentos em pesquisa de ponta. Como funcionam os grupos Nossa visão é criar comunidades interdisciplinares que fomentam a exploração de novas aplicações do conhecimento e expertise em proteínas alternativas. Em cada instituição anfitriã, os líderes estudantis trabalham com especialistas do GFI para criar iniciativas que terão o maior impacto no crescimento do ecossistema de proteínas alternativas de sua própria universidade. Alguns grupos optaram por criar materiais de estudo e defender o desenvolvimento de currículos sobre proteínas alternativas, outros por reunir-se com os principais pesquisadores e cientistas para viabilizar pesquisas em tecnologias relevantes para o setor, alguns grupos criaram startups de proteínas alternativas, e muito mais. [leia mais sobre os cinco principais objetivos do projeto] Está interessado? Junte-se ao projeto! Como estudante, você tem um grande poder para impulsionar mudanças dentro de sua universidade. A criação de um capítulo do Projeto Proteínas Alternativas em sua instituição de ensino permite que você construa uma rede interdisciplinar de colegas com visões semelhantes, articulando o grupo em direção às atividades com maior impacto para o avanço de proteínas alternativas. Estamos procurando líderes estudantis em universidades de pesquisa que tenham as bases para um ecossistema de proteínas alternativas duradouro: Onde os alunos acreditam que podem envigorar a comunidade acadêmica em torno da ciência, engenharia e comercialização de proteínas alternativas. Localizadas em regiões com estruturas de agritech e biotecnologia já estabelecidas. Com programas fortes em qualquer uma das muitas ciências que permitem a inovação de proteínas alternativas – engenharia de tecidos, ciência da fermentação, biologia vegetal, entre outras. Novos grupos de alunos devem ter pelo menos dois co-organizadores, onde: Ambos: Demonstram um compromisso com a missão do GFI de construir uma cadeia de proteínas sustentável, segura e justa Estão dispostos a dedicar de 5 a 10 horas por semana durante um ano para administrar um grupo de alunos engajados Pelo menos um indivíduo: Tem experiência em organização de grupos ou comunidades Está engajado dentro de uma disciplina científica chave para proteínas alternativas Tem grande familiaridade com o campo de proteínas alternativas Não vai se formar antes de agosto de 2023 Sente-se à vontade para facilitar discussões em grupo ou receber treinamento para fazê-lo Essa descrição se encaixa no seu perfil? Então se aprofunde em nossos recursos de suporte para orientações sobre as responsabilidades e oportunidades associadas à administração de um grupo de estudantes. Vamos adorar ouvir de você! Quero participar! Características de um time de cofundadores forte Grupos com pelo menos dois fundadores quase sempre são mais bem-sucedidos do que aqueles com apenas um. Comparado a um fundador solo, você e seu(s) parceiro(s) terão mais tempo livre para se reunir com administradores, manter redes acadêmicas maiores para recrutar membros, ter mais energia para sediar reuniões e eventos e trazer perspectivas diversas para as discussões em grupo. Além disso, à medida que o ano acadêmico se desenvolve, os cofundadores podem apoiar uns aos outros em períodos difíceis de exames. Consideramos isso tão importante que tornamos a cofundação um pré-requisito para se inscrever no Projeto Proteínas Alternativas. As responsabilidades dos cofundadores podem incluir: Resolução criativa de problemas com recursos limitados Gerir e inspirar os colegas Lidar com burocracias, especialmente registro de trabalho oficial para a organização Responsabilidade financeira, de administração de recibos a solicitação de financiamento Planejamento logístico, como reservar salas, e delegar tarefas para reuniões e outros eventos Publicidade e recrutamento, incluindo conseguir estande em feiras acadêmicas e a criação de cartazes ou outros materiais de recrutamento Facilitação de discussões com estudantes e pesquisadores sobre os desafios e oportunidades em torno de proteínas alternativas Recomendamos analisar as responsabilidades envolvidas na gestão de um grupo de estudantes e escolher um cofundador que tenha habilidades complementares as suas. O suporte do GFI O GFI conecta cientistas, empreendedores e outros inovadores em proteínas alternativas do todo o mundo. Além de acesso a essa rede de contatos, o GFI trabalha em colaboração próxima com os membros do projeto para fornecer orientação estratégica, mentoria e suporte ad hoc. Membros também têm acesso a um canal do Slack onde a equipe do GFI responde a perguntas e estimula discussões inovadoras. E, claro, os líderes estudantis no espaço de trabalho apoiam uns aos outros e celebram os sucessos conquistados! Uma vez por mês, o GFI organiza uma reunião online com os líderes estudantis que serve
Alimentação à base de vegetais pode reverter a trajetória das mudanças climáticas

por Victoria Gadelha para o GFI Brasil No final de 2020, uma pesquisa publicada na revista Science mostrou que, mesmo se todas as emissões de combustíveis fósseis fossem imediatamente zeradas, seria impossível cumprir a meta estabelecida pelo Acordo de Paris (de limitar o aumento da temperatura terrestre a 1,5°C ou até 2°C acima dos níveis pré-industriais) por conta das emissões geradas pelo sistema alimentar global sozinho. Um artigo publicado na Nature Food indicou que se as 54 nações mais ricas do planeta (17% da população mundial) adotassem a dieta EAT-Lancet, que é baseada majoritariamente em vegetais, elas poderiam reduzir suas emissões de CO2 em dois terços ou 61%. Em fevereiro de 2022, um novo estudo publicado pela PLOS Climate mostra que, se a produção global de carne e laticínios for gradualmente reduzida até zerar durante os próximos 15 anos, será o mesmo que “cancelar” as emissões de gases de efeito estufa (GEE) geradas por todos os outros setores econômicos por 30 a 50 anos. Ou seja: uma transição progressiva para um sistema alimentar global baseado em vegetais tem a capacidade de, em pouco mais de uma década, zerar a quantidade de GEE que todas as indústrias, transportes e o setor energético, combinados, levariam até mais de meio século para emitir na atmosfera. O sistema alimentar vigente é responsável por 34% de todas as emissões de GEE e a produção de proteína animal, sozinha, gera mais da metade (ou 15%) desse valor. Essas emissões vêm de várias fontes, mas principalmente da fermentação entérica (processo digestivo que ocorre em animais ruminantes) e do esterco dos ruminantes (que, juntos, também são responsáveis por 32% das emissões de metano no mundo), da queima de combustíveis fósseis na cadeia de produção e abastecimento dos alimentos, e do desmatamento intensivo e extensivo (para abrir pastagens e para plantar os grãos que viram ração para os animais de abate). Mais de 70% de todas as terras agrícolas do mundo são focadas na produção de alimentos para animais e 30% da superfície terrestre são ocupadas pela pecuária. Isso significa que um terço de toda a terra existente no planeta é usada para abrigar e/ou alimentar animais que, dentro de muito pouco tempo – e em escala industrial – são abatidos e chegam até nós como hambúrguer, bife, filé, coxa, linguiça e inúmeros outros tipos de formatos e cortes. Segundo o estudo, para sustentar um sistema alimentar baseado em vegetais, seria necessário usar apenas 7% das terras do nosso planeta. Quando se trata da contribuição da pecuária para o aquecimento global, a maioria das análises tende a olhar diretamente para as emissões do setor e deixam de lado a questão do uso da terra, que é extremamente relevante. Isso porque, ao interromper a prática da pecuária e restaurar ou “renaturalizar” (rewild, em inglês) essas terras, todo o carbono que seria emitido passa a ser capturado e armazenado. O estudo publicado no início deste mês na PLOS Climate é uma colaboração entre o professor de biologia molecular e celular da Universidade da Califórnia, Michael Eisen, e o professor de bioquímica da Universidade de Stanford e CEO da Impossible Foods Inc, Patrick Brown. Importante mencionar que a Impossible Foods é uma das grandes fabricantes de produtos vegetais substitutos de carne dos Estados Unidos, avaliada em US$4 bilhões em 2020. Os autores expõem esse conflito de interesse no início do artigo, mas garantem que a ciência é sólida. Mas a diminuição gradual na produção de carnes e laticínios é viável? Para Brown, as mudanças necessárias devem ser orientadas pelo mercado, que segundo ele, é a instituição de ação mais rápida na Terra. “Esse movimento será impulsionado pela escolha do consumidor do lado da demanda. Se existem produtos que fazem um trabalho melhor em entregar o que eles desejam, nada pode impedir isso”. Comprovando o que Brown diz, de acordo com o relatório da Research and Markets, o mercado global de carne e laticínios à base de plantas pode alcançar US$68,7 bilhões até 2025, com um crescimento anual (CAGR) de 17,42%. O mercado de proteína animal também deve crescer, mas numa taxa menor do que 4% ao ano. AT Kearney, empresa líder em consultoria de gestão, projeta que as carnes à base de plantas representarão 10% do mercado de carnes já em 2025. Os desafios já começam a aparecer. Um novo relatório do The Good Food Institute aponta que o setor de alternativas vegetais pode ter problemas para suprir a demanda projetada para 2030. A pesquisa identificou entraves sobre a disponibilidade de volume para o fornecimento global de ingredientes essenciais para a indústria (como óleos, gorduras e proteínas). O estudo concluiu ainda a necessidade de investimento em infraestrutura, modernização das instalações de processamento existentes e colaboração entre os stakeholders do setor para que esse mercado prospere. O CEO da Impossible Foods admite no estudo que uma transição completa para um sistema alimentar à base de plantas enfrentará, sim, vários obstáculos e desafios porque carne, laticínios e ovos são um componente importante da dieta humana e a criação de gado é parte integrante das economias rurais em todo o planeta. Quase 2 bilhões de pessoas, a maioria no Sul Global, criam seus próprios animais para alimentação e renda – embora comam muito menos carne do que os consumidores de nações ricas. Essas pequenas fazendas produzem cerca de 80% dos alimentos consumidos na Ásia e na África Suubsaariana, mas estas regiões apresentam os menores índices de consumo per capita por ano de carne do globo (Ásia: 26.6kg e África (toda): 13kg). Por esses motivos, Brown e Eisel apontam o Ocidente como o principal responsável pelas altas emissões do setor de alimentos e, assim como o estudo da Nature Food, concluem que o foco da transição alimentar deve estar nesses países que, representando 68% do PIB global, é onde a mudança causaria o maior impacto positivo para o clima. Contudo, é importante dividir a responsabilidade dessa transição alimentar globalmente. Essa é uma mudança que, para ser efetiva, precisa acontecer do lado de quem produz e
Setor de proteínas alternativas recebeu investimento recorde de $5 bilhões em 2021, 60% a mais do que em 2020

Interesse de investidores segue crescendo como solução sustentável em meio a crises de saúde pública e ambientais por Bruna Corsato e Vinícius Gallon para o GFI Brasil O The Good Food Institute acaba de divulgar dados comprovando que 2021 foi um ano de investimento recorde no ecossistema de empresas de alternativas aos produtos de origem animal. Neste setor estão incluídas não apenas empresas de proteína vegetal, mas também as de carne cultivada e de fermentação. Desde 2010, foram investidos quase US$11,1 bilhão no setor, sendo US$8 bilhões (73%) após o início da pandemia do coronavírus e a consequente disrupção dos mercados globais. Em um contexto onde o mundo está voltado a buscar soluções para mitigar a crise climática, lidar com questões de uso de terra e água, e prevenir a próxima pandemia, as proteínas alternativas despontam como um investimento que vai além de retornos rápidos, sendo sustentável para o planeta a longo prazo. A análise dos investimentos foi realizada utilizando a plataforma PitchBook Data, e mostrou que 740 empresas globais do setor, incluindo três brasileiras, receberam US$5 bilhões em investimentos em 2021. Este número é 60% maior que os US$3,1 bilhões registrados no ano anterior e cinco vezes mais que o US$1 bilhão investido no setor em 2019. “A metodologia utiliza como base anúncios públicos de investimentos, porém, há muitos outros acordos que figuram ainda em carater privado ou de confidencialidade. Por isso, o estudo não é suficiente para definirmos como os investimentos performaram no Brasil no último ano. No entanto, esses números são uma importante sinalização sobre o otimismo dos investidores sobre esse mercado globalmente que, sem dúvida, está se refletindo por aqui”, afirma Raquel Casselli, gerente de engajamento corporativo do GFI Brasil. As empresas de carne e frutos do mar cultivados garantiram US$ 1,4 bilhão em investimentos em 2021 – o maior capital levantado em qualquer ano na história do setor e mais de três vezes os US$ 400 milhões arrecadados em 2020. As empresas de carne cultivada receberam US$ 1,9 bilhão em investimentos desde a primeira divulgação de investimentos no setor em 2016, e mais de 70% disso foi arrecadado somente em 2021. Esse feito incluiu a Série B de US$ 347 milhões da Future Meat Technology, a Série B de US$ 100 milhões da Aleph Farms e o aumento de dívida conversível de US$ 60 milhões da BlueNalu. Enquanto 2020 viu a primeira empresa de carne cultivada a levantar uma rodada de financiamento da Série B, 2021 trouxe mais oito rodadas de estágio de crescimento – Série B ou superior – à contagem. Em 2021, a base de investidores do setor cresceu 62% em relação ao ano anterior, elevando o número total de investidores únicos para 458. Vale ressaltar que em 2021 a JBS anunciou investimento de US$ 100 milhões nesta nova frente, consolidando um trabalho de análise mercadológica iniciado há três anos, com apoio do GFI Brasil. Com esse recurso, a JBS firmou acordo para aquisição do controle da empresa espanhola BioTech Foods, prevendo o investimento na construção de uma nova unidade fabril na Espanha, além da implantação do primeiro Centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) em Biotecnologia e Proteína Cultivada no Brasil. Por não ter sido registrado no PitchBool Data Inc., esse investimento não foi contabilizado pelo estudo. As empresas de fermentação de proteínas alternativas garantiram US$ 1,7 bilhão em investimentos em 2021, quase três vezes os US$ 600 milhões arrecadados em 2020. As empresas de fermentação levantaram US$ 2,8 bilhões em capital investido desde o primeiro investimento rastreado pelo GFI no setor em 2013, sendo 60% apenas em 2021. Isso inclui a Série C de US$ 350 milhões da Nature Fynd, a Série D de US$ 175 milhões da The EVERY Company, contabilizando 434 investidores únicos. As empresas de carne, frutos do mar, ovos e laticínios vegetais receberam US$ 1,9 bilhão em investimentos em 2021, o que é compatível com os US$ 2,1 bilhões arrecadados em 2020 e quase três vezes os US$ 693 milhões arrecadados em 2019. Estas empresas arrecadaram US$ 6,3 bilhões em investimentos desde 2010, sendo 30% apenas em 2021. Estão incluídas aqui a rodada de financiamento de US$ 500 milhões da Impossible Foods, que aumentou o financiamento recorde de US$ 700 milhões da empresas em 2020; Série D de US$ 235 milhões da NotCo; Série B de US$ 110 milhões da v2food; a rodada de capital semente (seed money) recorde de US$ 30 milhões da Next Gen Foods, que é quase três vezes maior que a segunda maior rodada de semente levantada por uma empresa de proteína alternativa. Em 2021 a base de investidores do setor cresceu 40% em relação ao ano anterior, trazendo o número total de investidores únicos para 1.903. A confiança dos investidores em empresas de proteínas alternativas é impulsionada por vários fatores de mercado, e as crises de saúde pública e ambientais que dominaram o mundo ao longo de 2020 e 2021 tornaram claros os riscos associados a portfólios e práticas de negócios habituais. Nesse contexto, tem relevância ainda maior a perspectiva de carne produzida sem risco de contribuição para a transmissão de doenças zoonóticas e emissões dramaticamente menores do que a carne convencional. Embora os investimentos em proteínas alternativas tenham crescido a uma taxa impressionante, eles continuam sendo uma fração minúscula dos trilhões de dólares que foram investidos globalmente em empresas de tecnologia climática como um todo. Somente em 2021, o capital privado em empresas de tecnologia climática em estágio inicial totalizou US$ 47 bilhões. ”Com cada vez mais investidores reconhecendo que o risco climático é um risco de investimento, as proteínas alternativas oferecem uma solução escalável que aproxima o mundo de um sistema alimentar mais seguro e neutro em emissões de carbono. Gerenciar os riscos climáticos é impossível sem abordar os alimentos, e a agricultura e as proteínas alternativas nos oferecem uma ferramenta para fazer isso”, explica Sharyn Murray, especialista de engajamento corporativo do GFI-EUA. Apesar do bom momento, o processo de diversificação de tipos e fontes de investimento no setor está
Neste Dia Internacional das Mulheres, GFI Brasil destaca o protagonismo feminino em iniciativas que devem acelerar inovações no setor de proteínas alternativas

por Vinícius Gallon Em um campo emergente como as proteínas alternativas, o financiamento de pesquisa tem um papel crucial. Estudos sobre carne cultivada, alimentos feitos de plantas e obtidos por fermentação geram avanços na oferta de produtos saborosos, acessíveis e seguros, além de impactar positivamente o clima, a saúde global, a oferta de alimentos para toda a população e o respeito aos animais. Identificar lacunas de conhecimento e articular soluções tecnológicas requer uma compreensão profunda da ciência em proteínas alternativas e em campos relacionados. E no Brasil, quem tem assumido esse desafio, em grande número, são as mulheres. Como uma organização sem fins lucrativo, o GFI se dedica ao avanço da pesquisa de acesso aberto em proteínas alternativas e à criação de um ecossistema de pesquisa e formação. O Programa de Incentivo à Pesquisa distribui recursos para apoiar cientistas a fim de garantir a viabilidade comercial de seu trabalhos. Na chamada de 2021, o objetivo foi o de produzir conhecimento e tecnologia para replicar cortes inteiros de carne, como bife, peito de frango, costeleta de porco, filé de salmão e frutos do mar. Foram selecionados 22 projetos, dos quais 5 são brasileiros e, desses, 3 liderados por mulheres. Conheça as pesquisadoras brasileiras contempladas pelo Programa de Incentivo à Pesquisa No campo de alimentos híbridos, a Dra. Aline Bruna da Silva, professora no departamento de engenharia de materiais do CEFET-MG, lidera uma pesquisa para produzir cortes inteiros de carne de frango através da combinação de tecnologias de cultivo celular e plant-based. O produto final deverá ter textura e sabor de frango convencional, mas com gordura mais saudável do que a de origem animal. Já a pesquisa da Dra. Olga Lúcia Mondragón-Bernal, pesquisadora da Universidade Federal de Lavras, vai desenvolver protótipos de análogos de peixe (semelhantes a salmão, truta e tilápia) utilizando proteína texturizada de cogumelo ostra. A equipe da cientista vai utilizar como matéria-prima cogumelos de agricultura orgânica e familiar da própria região de Lavras (MG) e pretende estabelecer parcerias para transferir parte da tecnologia para esses pequenos produtores. A Dra. Vivian Feddern, pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, lidera uma pesquisa para produzir pedaços inteiros de carne cultivada de frango (similar ao filé de peito desossado) a partir de céulas musculares de frango cultivadas em scaffold, além de estabelecer uma linha de células-tronco de frango que poderão ser expandidas, semeadas e diferenciadas em novos tipos de scaffolds para produção de cortes inteiros de carne. Neste mesmo Programa, mas na edição de 2019, o Brasil foi contemplado com três financiamentos, todas para pesquisadoras mulheres: Dra. Ana Carla Sato, da Unicamp (folha de mandioca), Dra. Ana Paula Dionísio, da Embrapa (fibra de caju), e Dra. Caroline Mellinger, da Embrapa (feijão carioca). As três pesquisas estão avançando para a fase final e já colhem excelentes resultados. Em outra iniciativa, desta vez do GFI Brasil, o fomento visa financiar estudos sobre o uso de espécies nativas que podem ser base para análogos vegetais de produtos de origem animal. A expectativa é que espécies da Amazônia e do Cerrado – babaçu, baru, castanha do Brasil, cupuaçu, guaraná, macaúba e pequi – sejam fonte de proteínas, pigmentos e fibras que integrem outras matrizes já usadas na indústria. Das 14 pesquisas contempladas pelo Programa Biomas, 7 são lideradas por mulheres. Conheça as pesquisadoras contempladas pelo Programa Biomas Focando suas pesquisas no baru, tanto a Dra. Ana Paula Rebellato, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), quanto a Dra. Mariana Egea, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IFGoiano), visam obter ingredientes para a produção de alimentos feitos de planta. Enquanto a primeira pretende obter ingrediente extrusado com elevado teor proteico e rico em fibras a partir do subproduto da extração do óleo da amêndoa do baru, a segunda quer obter ingredientes a partir de resíduos do produto nativo. A Dra. Luiza Helena Meller da Silva, da Universidade Federal do Pará, vai desenvolver ingredientes a partir dos resíduos do processamento do cupuaçu e do guaraná para aplicação em produtos plant-based. Já a Dra. Fabiana Queiroz, da Universidade Federal de Lavras – MG, pretende obter ingredientes a partir da extração integral da polpa, amêndoa e casca do pequi para aplicação em produtos vegetais análogos. Para conhecer as outras três pesquisadoras e seus temas de pesquisa, acesse o site. Proteínas Alternativas: um campo com protagonismo feminino Para além dos programas de incentivo do GFI, que financiam pesquisas em carne cultivada lideradas por mulheres, também há protagonismo feminino em outras iniciativas. A começar por nossa própria equipe de ciência e tecnologia, formada 100% por mulheres. Liderada pela Dra. Katherine de Matos, a equipe conta, ainda, com Ma. Cristiana Ambiel, Dra. Amanda Leitolis, Dra. Luciana Fontinelle, Dra. Lorena Silva Pinho, e a doutoranda Mariana Demarco. Também contribuindo com a produção de conhecimento e formação, a Universidade Federal do Paraná lançou, em 2020, a primeira disciplina brasileira sobre carne cultivada ofertada em um programa de pós-graduação. Coordenado pela professora Dra. Carla Molento, a disciplina Introdução à Zootecnia Celular foi criada com o objetivo de colaborar na formação de novos profissionais para atuarem no mercado de carne cultivada. Graduada em medicina veterinária pela UFPR, a Dra. Carla tem se dedicado especialmente a iniciativas que promovem o bem-estar animal, coordenando, ainda, o LABEA – Laboratório de Bem-Estar Animal da mesma universidade. Outro nome que vem despontando no setor é o da pesquisadora Dra. Bibiana Matte, diretora científica da Núcleo Vitro, que está desenvolvendo a primeira carne cultivada brasileira, com investimento de R$ 5 milhões disponibilizados pelo edital da Fapergs (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul). Dra. Bibiana é, ainda, fundadora da primeira startup de carne cultivada do país, a Ambi Real Food. No final de 2021, a JBS anunciou um investimento recorde de US$ 100 milhões no mercado de carne cultivada. Com o valor, a empresa firmou acordo para aquisição do controle da empresa espanhola BioTech Foods, investimento na construção de uma nova unidade fabril na Espanha, além da implantação do primeiro Centro de Pesquisa & Desenvolvimento
Consumo de carne vegetal vai continuar crescendo nos próximos anos, mas a indústria precisa se preparar para atender a demanda

Estudo do The Good Food Institute revela requisitos globais para atingir as metas de 2030 relativos à colheita, infraestrutura e investimentos para a indústria. No ano de 2020, as vendas de alternativas vegetais cresceram duas vezes mais rápido do que as vendas gerais de alimentos nos EUA. Em 2019, o mercado de alimentos à base de plantas valia US$ 5 bilhões. Hoje, já vale mais de US$7 bilhões. A categoria de leites vegetais continua como a mais desenvolvida do setor, representando 35% do mercado de alimentos à base de plantas e 15% do mercado de leite em geral. Mas, quando falamos de carnes vegetais, o aumento das vendas dessa categoria supera o de todas as outras: enquanto a procura por leites vegetais cresceu 27% nos últimos dois anos, por exemplo, as vendas de carnes vegetais aumentaram 72% no mesmo período. O boom na procura por essas alternativas está influenciando e remodelando todo o setor alimentício. Dados os aumentos previstos na demanda global por proteína e nas mudanças nos hábitos dos consumidores nas próximas décadas, a indústria de proteínas à base de plantas precisará de grandes investimentos – em todas as áreas – para que a cadeia de suprimentos e a capacidade de fabricação consiga saciar a demanda. Pensando nisso, o The Good Food Institute lançou o relatório “Plant-based Meat: Anticipating 2030 Production Requirements”. A partir de levantamentos de dados e análises da utilização atual de ingredientes, o estudo prevê os requisitos globais de volume de produção para atingir as metas de 2030 relativos à colheita, infraestrutura e investimentos para a indústria. Com estimativas de abrangência global, o estudo traz orientações para investidores, processadores de ingredientes, fornecedores de equipamentos e fabricantes de carne vegetal quanto às urgências, oportunidades, obstáculos e níveis de investimentos necessários para suprir a demanda prevista para 2030. Em relação ao volume global de ingredientes, o relatório calcula que a indústria precisará produzir no mínimo 25 milhões de toneladas métricas (MMT) de carne à base de plantas para conseguir atender ao mercado anual. O estudo também examina outros pontos como, por exemplo, a futura pegada de fabricação do setor. Com base em instalações de produção hipotéticas usadas para produzir proteínas vegetais estruturadas (SPP), o material base da carne vegetal, estima-se que pelo menos 810 fábricas devam entrar em operação até 2030 para suprir a demanda, o que deve custar aproximadamente US $27 bilhões em despesas de capital global (CapEx) e pelo menos US $17 bilhões de custos operacionais por ano. A pesquisa identificou potenciais entraves sobre o fornecimento global de ingredientes fundamentais (como óleo de coco e proteína de ervilha) nos próximos anos. No entanto, demonstrou que a capacidade de fabricação, e não a disponibilidade de volume suficiente de ingredientes, é que provavelmente será o elo limitante da cadeia de suprimentos de carne vegetal a nível global. A análise do GFI indica que a modernização de instalações de processamento de alimentos existentes, a formação de parcerias, a estreita colaboração entre os stakeholders do setor e, principalmente, o investimento inicial em infraestrutura são as medidas necessárias para evitar um cenário de escassez e conseguir expandir o aporte de produção com mais eficiência na próxima década. Cenário Brasileiro Apesar da previsão ser de abrangência mundial, a nível regional ela também se confirma. Cristiana Ambiel, gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, enxerga que essa questão é também um gargalo no país. “Nós precisamos desenvolver empresas interessadas em processar ingredientes (proteína concentrada, texturizada e isolada) para podermos atender a futura demanda”, afirma. Inclusive, a pesquisa “Oportunidades e Desafios na Produção de Produtos Feitos de Plantas Análogos aos Produtos Animais”, lançada pelo The Good Food Institute Brasil no final de 2021, possui muitos pontos de contato com o relatório “Anticipating 2030 Production Requirements”. Pensando em acelerar a inovação na indústria de proteínas alternativas, o GFI Brasil ouviu profissionais das indústrias de ingredientes e processamento de produtos vegetais no país, identificou os maiores desafios no desenvolvimento de alternativas à base de plantas (com a qualidade, preço e características buscadas pelos consumidores) e definiu sete linhas de pesquisa prioritárias para o avanço desse mercado no Brasil. O desenvolvimento de matérias-primas e ingredientes nacionais foi apontado como a principal demanda por 84% das empresas que participaram da pesquisa. Por causa da pouca oferta de opções nacionais no mercado, onde a soja ainda predomina, a busca por ingredientes importados é alta. Essa dependência na importação (vulnerável à volatilidade da cotação de moedas estrangeiras e ao tempo de espera pela entrega, por exemplo) eleva os custos de produção e, consequentemente, o preço final do produto, que acaba se tornando inacessível para muitos brasileiros. Tal realidade parece incompatível com o Brasil, berço de 20% de toda a biodiversidade do planeta. O país possui, de fato, inúmeras espécies nativas que podem agregar características sensoriais e nutricionais únicas a um produto, além de ser um grande produtor de matérias-primas vegetais (como feijões, arroz, aveia, gergelim, trigo, centeio, milho, cevada, sorgo e amendoim) com potencial de se tornar fonte de proteína para a indústria plant-based. O elo que falta para começar a transformar esse potencial em realidade é a pesquisa científica: tempo e investimentos são necessários para definir os processos de extração mais adequados de cada proteína, caracterizar e melhorar suas funcionalidades proteicas, aprimorar as características sensoriais e reduzir custos finais. O GFI Brasil trabalha para preencher essa lacuna com o Programa Biomas, voltado a universidades, instituições de pesquisa e empresas privadas que financia pesquisas com potencial para transformar produtos nativos da Amazônia e Cerrado em ingredientes alimentícios demandados pela indústria de proteínas alternativas, agregando valor às espécies brasileiras, gerando oportunidades de renda para as comunidades locais e promovendo a preservação da biodiversidade. O relatório “Anticipating 2030 Production Requirements” corrobora que a pesquisa de ingredientes alternativos é uma frente importante – e especialmente interessante – para o Brasil. Isso por que, apesar da capacidade de fabricação e processamento ter sido identificada pela análise como a principal barreira a ser enfrentada pela indústria, a pressão sobre o fornecimento global de
Israel e Argentina anunciam colaboração em edital de pesquisa científica sobre proteínas alternativas

Edital visa estreitar a colaboração entre os dois países através do financiamento de cinco projetos bilaterais em proteínas alternativas Os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação da Argentina e de Israel se uniram para avançar o desenvolvimento técnico-científico de ambos os países, por meio de um edital de pesquisa em proteínas alternativas. A cooperação visa também estreitar as relações entre os países, em especial entre a comunidade científica. Para tanto, foi estabelecido um edital bilateral com foco em promover a troca de conhecimento e estreitar a rede de conexões entre pesquisadores argentinos e israelenses. Equipes de cientistas são convidadas a enviar propostas de projetos que se encaixem em uma das frentes programáticas designadas para receber apoio financeiro em sua execução. Uma das áreas de interesse é a Pesquisa em Medicina e Saúde, onde proteínas alternativas são contempladas ao lado de bem-estar, envelhecimento saudável e tecnologia médica. O segundo foco é Transição para Energias Renováveis, abarcando mudança climática, energia limpa e pesquisa em desertificação. O acordo prevê o financiamento de até cinco projetos com duração de dois anos, dando suporte a equipes formadas por pesquisadores argentinos e israelenses. Além do suporte financeiro, o edital também prevê visitas mútuas a instituições complementares. As propostas devem ser submetidas até o dia 31 de março para ambos os Ministérios, acessando esse link, no caso de projetos argentinos, e este outro link, no caso de projetos israelenses. Interessados devem acessar o edital para mais informações.
GFI renova acordo de cooperação técnica com o estado do Amazonas

A colaboração visa fortalecer a indústria de proteínas vegetais no bioma Amazônico através de princípios de economia sustentável Texto: Mariana Bernal Revisão: Bruna Corsato Grande parte da biodiversidade de nosso país se encontra no estado do Amazonas. Sua biodiversidade tem papel fundamental no equilíbrio ambiental brasileiro, sendo também fonte de recursos naturais capazes de abastecer e fortalecer diversos setores da nossa economia se explorados de forma sustentável. O The Good Food Institute Brasil acredita que na riqueza do bioma Amazônico esta parte da solução para uma das grandes questões do nosso tempo, o de alimentar de forma segura, sustentável e justa quase 10 bilhões de pessoas até 2050. Diversificando sua matriz econômica para incluir pesquisa e produção de matérias-primas e produtos para a indústria de proteínas alternativas é possível que a região contribua para que o Brasil avance na transição de celeiro a supermercado do mundo. Neste contexto, o GFI Brasil renovou o Acordo de Cooperação Técnica com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEDECTI) do Amazonas. “Pensar em fontes e insumos para a indústria plant-based permite vislumbrar a possibilidade de transformação da matriz econômica do estado do Amazonas em uma onde possamos trazer proteínas alternativas, alta tecnologia e ciência de ponta para dentro do debate da sustentabilidade, da biodiversidade, da conservação do bioma amazônico.”, acredita Tatiana Schor, secretária da SEDECTI. A colaboração teve início em 2020 e, ainda que em meio à pandemia de COVID-19, obteve excelentes resultados. Grande impacto foi gerado sobre o ecossistema de pesquisa e desenvolvimento da região por meio do edital do Programa Biomas, além de contribuir na dinamização do ambiente de empreendedorismo através de contatos e palestras com diferentes atores do circuito estadual de inovação. Ao longo da primeira edição do acordo, o GFI Brasil lançou um edital com apoio institucional da SEDECTI e financiamento da Climate and Land Use Alliance, em busca de projetos de pesquisa para desenvolver produtos e ingredientes a partir de espécies nativas dos biomas Amazônia e Cerrado. Na segunda edição do Acordo, pretende-se que mais projetos do estado do Amazonas sejam contemplados por uma nova fonte de financiamento. Ainda na primeira edição, foram realizadas entrevistas preparatórias com pesquisadores e investidores como parte de um estudo preliminar de fomento a um empreendimento de base tecnológica voltado a produzir linhagens celulares de espécies nativas, tendo o peixe-boi como primeiro estudo de caso. “Temos projetos em desenvolvimento que visam fortalecer a pesquisa em proteínas alternativas e carnes cultivadas, com estratégias que visam trazer novidades desse setor para o Amazonas”, explica Tatiana. Ao longo da segunda edição, as entrevistas para construir uma narrativa que sustente a mobilização necessária do ecossistema de inovação local para este empreendimento serão continuadas. “O desenvolvimento da bioeconomia a partir da biodiversidade e mantendo a floresta em pé é uma atividade mandatória para o futuro sustentável da Amazônia, do Brasil e do mundo. Articular um ambiente integrado de pesquisa e negócios da floresta, na floresta e para a floresta é fundamental nesse sentido. O GFI Brasil, em parceria com a SEDECTI/AM vem trabalhando nesse sentido.”, comentou Alexandre Cabral, diretor de políticas públicas do GFI Brasil.
As 7 tendências globais que vão dominar o setor de proteínas alternativas em 2022

Nossos especialistas globais apontam as tecnologias que devem despontar ou se fortalecer este ano com o amadurecimento da indústria e quais delas já estão acontecendo no Brasil Texto: Bruna Corsato Revisão: Camila Lupetti, Guilherme Vilela, Raquel Casselli e Vinícius Gallon Após anos de crescimento constante, a indústria de proteínas alternativas caminha para uma fase de consolidação, com empresas do setor entrando em estágios mais avançados e aprimorando os produtos que chegam ao mercado. Mas ainda há espaço para crescimento e inovação, além de muitas oportunidades a serem exploradas nesse ambiente. O time de especialistas globais do The Good Food Institute apresenta quais são as tendências que devem dominar o setor em 2022. 1- A fermentação vai abrir novos caminhos para os produtos vegetais A utilização de processos de fermentação na indústria plant-based vem crescendo como um dos pilares da produção de alimentos vegetais e a tendência é que essa posição se consolide através de lançamentos que devem chegar ao mercado em 2022. EM 2021, a norte-americana Perfect Day criou uma proteína de soro de leite (whey protein) a partir de fermentação de precisão, técnica que utiliza microorganismos para produzir ingredientes funcionais específicos, como proteínas, moléculas de sabor, vitaminas e até gorduras. O whey fermentado chegou aos consumidores dos Estados Unidos sob a forma do Brave Robot, o serve de base vegetal da Perfect Day. Mas a lista de lançamentos que aderiram ao novo ingrediente não parou por aí: houve também o cream cheese da Modern Kitchen, mistura para bolo da Climate Hero e até novo leite alternativo no Starbucks. A tendência é que a indústria continue a explorar essa tecnologia, aprimorando características sensoriais de produtos já existentes e criando novidades para conquistar o consumidor. As previsões de lançamentos deste ano incluem: A primeira proteína de ovo fermentado do mundo. A responsável pela inovação é a Every Company e chegará ao mercado através dos smoothies da Pressed Juicery. A Motif Foodworks vai licenciar sua mioglobina HEMAMI para que produtores possam refinar o saber de carne em produtos vegetais A empresa de carnes Hormel vai passar a incorporar a microproteína, carne feita a partir de fermentação, em sua linha vegetal por meio de uma parceria com a Better Meat Co. Já no ano passado a Nature´s Fynd conseguiu aprovação do FDA para comercializar sua proteína fermentada Fy, e a previsão é de que chegue às gôndolas ainda esse ano. Esse é só o começo, prepare-se para ouvir falar muito de fermentação no mercado plant-based em 2022. 2- Mix de tecnologias para criar produtos híbridos Quando falamos em proteínas alternativas, estamos nos referindo a uma categoria que inclui diversos processos de produção resultando em produtos à base de plantas, de fermentação e de cultivo de células. A tendência é que esse ano vejamos produtos feitos através da combinação dessas tecnologias chegarem ao mercado, que são conhecidos como produtos híbridos: Por exemplo, o Impossible Burguer é feito à base de plantas mas leva em sua composição do heme (molécula de proteínas rica em ferro) derivado de fermentação, o que confere gosto similar a carne. Muitas empresas de leite e queijo vegetais estão usando técnicas tradicionais de fermentação em nozes e outros ingredientes à base de plantas para obter o sabor lácteo autêntico e cremoso do queijo convencional. Podemos esperar produtos híbridos de carne cultivada e proteínas vegetais, tanto para reduzir custos quanto para atrair consumidores que procuram recursos nutricionais como fibras. Esperamos ver ainda o lançamento de carnes vegetais aprimoradas com gordura cultivada, melhorando as propriedades sensoriais. Além disso, deve se tornar mais comum o uso de machine learning e inteligência artificial no desenvolvimento do perfil de sabor e textura de produtos vegetais para se aproximar mais da experiência sensorial da carne tão desejada pelo consumidor. Empresas como a NotCo, Culture Biosciences e Climax Foods já estão atuando nessa direção. 3- Produtos vegetais se tornarão cada vez mais segmentados e fiéis aos produtos animais 3.1 Frutos do mar: o investimento neste setor bateu recorde em 2021, chegando a $116 milhões de dólares. Já são mais de 87 empresas no setor produzindo frutos do mar a partir de plantas, fermentação ou cultivo de células. A expectativa é de que esses produtos cheguem a lojas e restaurantes já em 2022. No Brasil: A Fazenda Futuro lançou no ano passado o primeiro atum à base de plantas do mercado brasileiro. Disponível tanto no Brasil quanto na Europa, o produto vem pronto para consumo e é feito com soja, ervilha, grão-de-bico, azeite de oliva, rabanete e óleo de microalgas para garantir 183 gramas de ômega-3 (por 100g). A linha Incrível Seara conta com iscas de peixe. Cada porção tem 12 gramas de proteína vegetal, além de ser fonte de ferro e vitamina B12, e não conter gordura trans. A The New dispõe de análogos vegetais de salmão e bacalhau em sua linha de produtos. A startup Sustinere Piscis, fundada pelo biólogo Marcelo Szpilman, atua para criar a primeira carne de peixe cultivada. 3.2 Cortes inteiros de carne: 2022 deve ser o ano em que vamos ver cortes inteiros de carnes vegetais se tornar realidade, contemplando uma variedade maior de preparos na cozinha. Já está no mercado o filet mignon vegetal da Juicy Marbles e a Umiami está desenvolvendo uma nova tecnologia para produzir cortes inteiros em escala. No Brasil: Incrível Seara já conta com uma linha de cortes inteiros que incluem bife, tiras de carne, cubos e filé de frango. A Sadia Veg & Tal tem uma linha de frango vegetal nas opções em cubos ou em tiras. A linha de produtos da Verdali inclui frango em tiras, costelinha, mignon e steak. Fazenda Futuro tem uma opção de frango em cubos. The New tem filé de frango e salmão. 3.3 Ovos: esta é uma das categorias plant-based que cresce mais rapidamente, com espaço para produtos como ovo cozido, clara de ovos e uma mistura para que sirva para o preparo de diversos pratos. Vemos grande potencial no uso da fermentação para produzir ingredientes de ovo que melhorem