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Semana do Clima de Nova York: impacto dos sistemas alimentares ganha destaque no evento preparatório para a COP

Com foco nas dietas “plant-rich”, a edição de 2024 reforça a urgência de integrar a alimentação nas estratégias climáticas globais A Semana do Clima de Nova York, realizada anualmente em setembro, paralelamente à Assembleia Geral da ONU, reúne líderes de governos, empresas, acadêmicos, ONGs e representantes da sociedade civil para discutir soluções climáticas. A edição de 2024, que aconteceu entre os dias 22 e 29 de setembro, trouxe pela primeira vez um dia inteiramente dedicado às discussões sobre dietas com menos produtos de origem animal, chamado de “Food Day”. Realizado no segundo dia da conferência, o evento reuniu mais de mil participantes para debater a relação entre sistemas alimentares e mudanças climáticas, com painéis conduzidos por representantes de organizações como a Sociedade Vegetariana Brasileira, PAN e Humane Society. A abordagem central do Food Day foi o conceito “plant-rich diet”, que pode ser traduzido como “dieta rica em vegetais”, sugerindo que alimentos de origem vegetal sejam priorizados na composição da dieta. Essa perspectiva busca promover escolhas alimentares sustentáveis de forma inclusiva e abrangente, evitando rótulos restritivos e contemplando uma maior diversidade de dietas. A Semana do Clima se consolidou como um evento preparatório para a COP e funciona como uma plataforma para revisar metas de sustentabilidade e alinhar esforços, preparando o terreno para os compromissos formais que serão discutidos na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Muitos dos temas debatidos nesta semana, como descarbonização, financiamento climático e sistemas alimentares, são os mesmos que guiarão as negociações na COP, o que torna esse encontro uma oportunidade valiosa para avaliar o progresso global e definir o tom para as futuras ações climáticas. O GFI esteve ativamente presente na Semana do Clima, com representantes de todo o mundo participando de painéis e co-organizando eventos para reforçar as proteínas alternativas como a solução climática viável que elas já se provaram ser. Recentemente, o estudo “Recipe for a Livable Planet”, publicado pelo Banco Mundial, posicionou esses alimentos como uma das estratégias mais promissoras para mitigar as mudanças climáticas: ao analisar 26 intervenções no setor agroalimentar, a publicação concluiu que as proteínas alternativas ocupam a segunda posição em termos de potencial de redução de emissões, ficando atrás apenas do reflorestamento, com a capacidade de reduzir até 6,1 bilhões de toneladas de CO2 anualmente – o que equivale a retirar aproximadamente 1,3 bilhão de carros de circulação globalmente durante o mesmo período. No entanto, apesar dos sistemas alimentares contribuírem com 33% das emissões globais, eles ainda recebem apenas 3% do investimento climático, valor 22 vezes menor do que o recebido pelos setores de energia e transportes, por exemplo. Por isso, um dos focos da Semana do Clima foi a inclusão dos sistemas alimentares em estratégias climáticas globais, como as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Elas são os compromissos que cada país estabelece de forma autônoma para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, conforme estipulado no Acordo de Paris. Esses compromissos refletem as metas e estratégias de cada nação para combater as mudanças climáticas e são revisados periodicamente. Na COP 28, um avanço importante foi a inclusão dos sistemas alimentares e da agricultura no Global Stocktake, um relatório revisado a cada cinco anos que avalia o progresso global em relação aos objetivos do Acordo de Paris. Pela primeira vez, foram mencionadas a necessidade de aumentar a produção sustentável de alimentos e fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares. Embora essas menções ainda sejam tímidas, elas abriram caminho para que o tema seja trabalhado de forma mais robusta em futuras COPs e em outros instrumentos internacionais. O time de políticas públicas do GFI Brasil já vem trabalhando para integrar os sistemas alimentares nas NDCs nacionais, promovendo um alinhamento entre o setor agroalimentar e as metas climáticas do país. E, com a COP 30 marcada para acontecer em 2025 em Belém (PA), a expectativa é que o Brasil possa assumir um papel de liderança nesta pauta, incluindo os sistemas alimentares nas NDCs e formando coalizões entre governos, empresas e organizações da sociedade civil para acelerar uma transição alimentar sustentável. O Food Day também foi palco do lançamento do Tilt Collective, uma iniciativa global que trabalha com pesquisa, financiamento de projetos e comunicação estratégica para enfrentar os impactos da agricultura intensiva e acelerar a transição para dietas que priorizem alimentos de origem vegetal. No painel, Zenia Stampe, deputada dinamarquesa líder da comissão de agricultura do parlamento, apresentou a nova legislação em aprovação no país que introduz impostos sobre a produção de carne. Segundo ela, um terço das emissões da Dinamarca vem da agricultura – em consonância com os números globais – e a associação de fazendeiros apoiou o programa governamental de aumentar o foco em produções vegetais em vez da pecuária. Stampe explicou que os produtores rurais recebem financiamento público para produzir mais vegetais e que, nesse processo, eles vêm deixando de sofrer com diversos problemas recorrentes ligados à criação de animais. Gus Guadagnini, presidente do GFI Brasil, esteve presente no debate e ressaltou que essa é uma lição importante para o nosso país: “a modernização das práticas agrícolas pode trazer benefícios diretos para o produtor rural, desde que haja um investimento comprometido com a questão social e uma transição justa para a produção vegetal. Para transformar os sistemas alimentares, é fundamental capacitar e fornecer os recursos necessários aos fazendeiros, permitindo que eles sejam protagonistas dessa mudança. Isso se torna ainda mais crucial no Brasil, onde o rebanho bovino atingiu um recorde histórico, com mais de 238 milhões de cabeças de gado em 2023, mostrando que precisamos urgentemente equilibrar nossas práticas de produção com a crescente demanda global por alimentos mais sustentáveis.” O presidente do GFI Brasil reforça, ainda, que o caminho para um futuro sustentável passa, inevitavelmente, pela transformação de como produzimos e consumimos nossos alimentos: “a pauta dos sistemas alimentares começou a ser debatida apenas em 2022, na COP do Egito. Desde lá, ela vem ganhando mais foco, comprometimento dos países, engajamento da comunidade internacional, fontes de financiamento para o setor e até dias

Novo estudo do GFI Brasil explora o potencial da aplicação de algas em produtos de proteínas alternativas

O GFI Brasil acaba de lançar a publicação técnica “Potencial de Aplicação de Algas em Produtos de Proteínas Alternativas”, trazendo uma contribuição inédita ao cenário nacional. Por ser a primeira publicação do Brasil sobre o tema, ela oferece uma revisão abrangente e detalhada da literatura disponível, contextualizando o leitor sobre a relevância e o potencial das algas no setor alimentar e como ingredientes inovadores na produção de produtos de proteínas alternativas.   Desenvolvido para leitores que estão se familiarizando com o tema e para aqueles que buscam um conhecimento mais aprofundado, o estudo é dividido em duas partes principais: a primeira é dedicada a fornecer uma base sólida sobre o tema, abordando a classificação das algas, métodos de cultivo e coleta, além dos usos alimentares convencionais e questões de segurança alimentar, destacando como as algas podem ser integradas na narrativa das proteínas alternativas.   A segunda parte do estudo explora o potencial nutricional e tecnológico das algas, ressaltando suas propriedades funcionais que as tornam uma fonte promissora de ingredientes para produtos plant-based. Além disso, são discutidos os aspectos de sustentabilidade associados ao uso de algas.   A publicação também identifica diversas oportunidades de pesquisa, incentivando a exploração das algas como ingredientes-chave para a criação de novos produtos no mercado de proteínas alternativas. Ela foi elaborada não apenas para cientistas e pesquisadores, mas também para profissionais do mercado, oferecendo uma visão completa das vantagens tecnológicas, nutricionais e sustentáveis que as algas podem proporcionar. Resultados:   Os resultados apresentados revelam que as algas têm um grande potencial como fonte de proteínas alternativas, com capacidade de contribuir significativamente para a sustentabilidade e diversificação da produção alimentar. Além de seus benefícios à saúde humana, as algas possuem propriedades funcionais e tecnológicas que as tornam uma fonte promissora e versátil para a produção de alimentos mais saudáveis e sustentáveis.   As proteínas são essenciais na formulação de alimentos vegetais análogos à carne, não só pelo valor nutricional, mas também pelas suas funcionalidades tecnológicas. As algas são uma fonte viável de proteínas, com uma composição de aminoácidos essenciais que atende aos requisitos da FAO, comparável a outras fontes como soja e ovo. As microalgas, em particular, podem conter entre 40-60% de proteína (base seca), oferecendo aminoácidos essenciais e propriedades nutricionais e funcionais, como baixa alergenicidade e boa digestibilidade.   Além disso, possuem propriedades físico-químicas ideais para várias aplicações, incluindo solubilidade, emulsificação, geleificação e formação de espuma. Algumas macroalgas podem ser usadas como substitutos do sal em alimentos, ajudando a reduzir o teor de sódio, e seus pigmentos, como carotenos e xantofilas, são amplamente utilizados como corantes na indústria alimentícia.   A produção de algas como fonte de proteínas apresenta várias vantagens em relação a outras fontes vegetais. As algas têm crescimento e produção mais rápidos, maior eficiência fotossintética, baixo consumo de água e não competem por terras aráveis. Além disso, possuem baixo teor de lignina, facilitando a extração, e podem armazenar carbono, contribuindo para uma produção sustentável. Com oceanos e mares cobrindo mais de 70% da superfície terrestre, há um vasto potencial para o cultivo sustentável e a colheita em grande escala de algas. Acesse a publicação

Alt Protein Project continua a crescer na América Latina!

Com orgulho, anunciamos a entrada de novos grupos universitários ao Alt Protein Project, reforçando nossa missão de acelerar o desenvolvimento de proteínas alternativas em todo o mundo. Este ano, quatro novas instituições no Brasil, uma na Argentina e uma no Chile se unem ao movimento: Brasil: Argentina: Chile: Esses novos grupos se juntam aos pioneiros da Unicamp (SP) e UFMG (MG), que já fazem parte do projeto desde o ano passado, ampliando ainda mais a nossa rede de jovens líderes e pesquisadores comprometidos com um futuro alimentar mais sustentável. O que é o Alt Protein Project?  O Alt Protein Project é uma iniciativa global liderada pelo The Good Food Institute que visa capacitar estudantes universitários e pesquisadores a se tornarem líderes no campo das proteínas alternativas. Fundado em 2020, o projeto começou como uma comunidade conectada por cinco universidades e, desde então, cresceu para englobar mais de 50 grupos em diversas instituições de ensino ao redor do mundo, com mais de 450 membros ativos. Objetivos e Missão O principal objetivo do Alt Protein Project é acelerar o desenvolvimento e a adoção de proteínas alternativas — incluindo carnes, laticínios e ovos produzidos a partir de plantas, fermentação ou cultivo celular — como uma solução sustentável para os desafios globais relacionados à segurança alimentar, saúde pública e mudanças climáticas. O projeto busca atingir esses objetivos através de várias frentes: Impacto Global Desde a sua criação, o Alt Protein Project tem sido uma força motriz no avanço das proteínas alternativas, contribuindo significativamente para o aumento da conscientização, pesquisa e inovação nesta área. Com grupos de estudantes em universidades renomadas em países como Estados Unidos, Brasil, Argentina, Chile, Suíça, Turquia, Portugal, Malásia, e Japão, o projeto está ajudando a construir uma nova geração de líderes comprometidos com a criação de um sistema alimentar mais saudável, sustentável e justo. Participação e Expansão O Alt Protein Project está constantemente expandindo sua rede de grupos universitários, e qualquer estudante interessado pode se juntar ao movimento. O projeto oferece suporte para a criação de novos grupos, fornecendo recursos educacionais, treinamento e oportunidades de networking para que os estudantes possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento de proteínas alternativas em suas regiões. Se você é aluno universitário e gostaria de se juntar ao nosso movimento, entre em contato conosco através do e-mail ciencia@gfi.org para dúvidas e apoio! Saiba mais sobre a iniciativa: Vídeo de apresentação Explore mais sobre o impacto do projeto: Impacto do Alt Protein Project

GFI Brasil no I Congresso Brasileiro de Biotecnologia Industrial!

O I Cobbind, que acontece em Florianópolis (SC) entre os dias 25 e 28 de agosto de 2024, une oficialmente os três eventos mais importantes na área de biotecnologia industrial do Brasil: o XXIII Simpósio Nacional de Bioprocessos (SINAFERM), o XIV Seminário de Hidrólise Enzimática de Biomassas (SHEB) e o XIV Seminário Brasileiro de Tecnologia Enzimática (ENZITEC).   E, na manhã do dia 28, o GFI Brasil vai realizar o evento “A Biotecnologia na Construção de um Sistema Alimentar Mais Sustentável”, para promover a ciência das proteínas alternativas, com foco nas tecnologias de fermentação e carne cultivada, e apresentar para os pesquisadores e estudantes do campo da biotecnologia as oportunidades para atuar nessa área. Nossos painéis incluirão discussões sobre o cenário, desafios e perspectivas para jovens pesquisadores e as possibilidades de carreira neste novo setor.   Este é um convite para se conectar e explorar as oportunidades com os maiores especialistas da atualidade! INSCREVA-SE Confira os detalhes do evento do GFI Brasil:   Data: 28 de agosto de 2024 (quarta-feira) Horário: 9h30 às 12h30 Local: Costão do Santinho Resort, Florianópolis/SC   Programação:   9h30 – Abertura: O que são proteínas alternativas e por que precisamos delas Gustavo Guadagnini – Presidente do The Good Food Institute Brasil   9h40 – Painel I:  Perspectivas da Biotecnologia para o Desenvolvimento de Proteínas Alternativas no Brasil (50 min)Painelistas: – Ms. Isabela Pereira – Analista de Ciência e Tecnologia do The Good Food Institute Brasil – Dr. Germano Reis – Professor da Escola de Administração da Universidade Federal do Paraná – Dr. Servio Tulio – Professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP- FGV) – Dra. Amanda Leitolis – – Especialista de Ciência e Tecnologia Sênior do The Good Food Institute BrasilMediadora: Ms. Cristiana Ambiel – Gerente de Ciência e Tecnologia do The Good Food Institute   10h30 – Perguntas da plateia (10 min)   10h40 – Painel II: Mesa Redonda: Potencial e Desafios da Fermentação na Produção de Alimentos Seguros e Sustentáveis (50 min)Painelistas: – Dra. Rosana Goldbeck – Professora do Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP – Dr. Eduardo Bittencourt Sydney – Co-fundador e CTO da Typical – Dra. Anna Rafaela Cavalcante Braga – Professora do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de São Paulo– Dra. Jaciane Lutz Ienczak – Professora adjunta do Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Santa CatarinaMediadora: Ms. Isabela Pereira – Analista de Ciência e Tecnologia do The Good Food Institute Brasil   11h30 – Perguntas da plateia (10 min)   11h40 – Painel III: Prioridades de Pesquisa para que a Carne Cultivada Chegue ao Prato de Todos e Recomendações para Jovens Cientistas que Buscam Construir um Novo Sistema Alimentar (40 min)Painelistas: – Dr. Mark Post – Professor de Sustainable Industrial Tissue Engineering, Maastricht University – Dra. Silvani Verruck – Professora do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina – Ms. Jorge Guadalupe – Doutorando em Biologia Celular pela Universidade Federal de Minas Gerais e Presidente do The UFMG Alt Protein ProjectMediadora: Dra. Amanda Leitolis – Especialista de Ciência e Tecnologia Sênior do The Good Food Institute Brasil   12h20 – Fechamento do evento INSCREVA-SE Venha descobrir as oportunidades e os desafios desta nova cadeia de produção de alimentos. Sua presença é fundamental para construirmos juntos um sistema alimentar mais sustentável!

Brasil corre para tentar reduzir emissão de gases do efeito estufa e diminuir o impacto das mudanças climáticas no país

Relatório do Banco Mundial elege proteínas alternativas com potencial revolucionário na mitigação das mudanças, atrás apenas do reflorestamento. Um documento elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e setores industriais, deverá ser apresentado até novembro de 2024 ao Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima, responsável pelo Plano Nacional de Mudança do Clima. O objetivo é criar diretrizes que servirão para a implementação, com manutenção da competitividade, da produção industrial com redução proporcional de emissão de gases do efeito estufa (GEE). Pelo Acordo de Paris, a meta brasileira é reduzir em 37%, até 2025, as emissões de GEE em relação aos níveis de 2005. Em 2030, a redução terá de ficar 43% abaixo dos níveis de 2005. Para tanto, o País se comprometeu a aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética para cerca de 18% até 2030 e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas. Até agora, o Brasil tem enfrentado desafios significativos em relação ao desmatamento e às políticas ambientais, o que tem impactado negativamente suas metas de redução de emissões. No entanto, o país também possui um grande potencial para fontes de energia renovável, como hidrelétricas, eólicas e solares, que podem contribuir significativamente para a redução das emissões. Além disso, como uma tendência crescente entre os consumidores brasileiros de buscar opções alimentares mais saudáveis e sustentáveis, startups e grandes empresas alimentícias brasileiras estão investindo em pesquisa e desenvolvimento de produtos à base de plantas e carne cultivada. Segundo relatório do Banco Mundial divulgado no ano passado, o setor representa um potencial revolucionário na mitigação das mudanças climáticas. Ao analisar 26 intervenções promissoras no setor agroalimentar, o estudo “Recipe for a livable Planet (Receita para um planeta habitável)” conclui que estes alimentos ocupam a segunda posição em termos de potencial de redução de emissões, ficando atrás apenas do reflorestamento.  A produção de alimentos, especialmente de origem animal, é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa. De acordo com o Banco Mundial, as proteínas alternativas podem reduzir as emissões em até 6,1 bilhões de toneladas de CO2 por ano. “Mover-se das dietas atuais para uma dieta que exclui produtos animais poderia reduzir as emissões de GEE em 49%”, afirma o relatório. Além disso, também  diminuiria o uso da terra em 76%, o que beneficiaria diretamente as estratégias de reflorestamento e redução do desmatamento . Investimento climático deve focar recursos nos sistemas alimentares Para acelerar esse processo de desenvolvimento e adoção de tecnologias inovadoras, diz o presidente do The Good Food Institute Brasil, Gus Guadagnini, são necessários investimentos governamentais. “Os sistemas alimentares recebem apenas 3% do investimento climático, enquanto contribuem com 33% das emissões de gases. Esse valor é 22 vezes menor do que o recebido pelos setores de energia e transportes, por exemplo. Com o apoio adequado, as proteínas alternativas podem se tornar uma ferramenta poderosa na luta contra as mudanças climáticas e na construção de um futuro mais sustentável”, comenta o presidente do GFI. De acordo com o relatório “Global Innovation Needs Assessment: Food System Methane, para que o desenvolvimento do setor de proteínas alternativas ocorra e gere benefícios ambientais e para a saúde global, são necessários $10,1 bilhões em investimentos anuais, com $4,4 bilhões para pesquisa e desenvolvimento e $5,7 bilhões para incentivos ao setor privado. A “Innovation Commission: Climate Change, Food Security, Agriculture”, da Universidade de Chicago, liderada pelo Nobel de economia Michael Kremer, concluiu que asproteínas alternativas podem: 1) contribuir para a segurança alimentar ao reduzir os preços dos alimentos; 2) diminuir as emissões climáticas diretas; 3) Aliviar a desnutrição; e 4) fornecer uma maneira mais adaptável ao clima de produzir proteínas. Para o grupo de trabalho que está elaborando o relatório do MDIC com a CNI, o olhar diferenciado para o setor de proteínas alternativas, com investimentos significativos em ciência e tecnologia, faz-se mais do que necessário, afirma Guadagnini, é urgente. 

Estudo da UNIFESP aponta que 80% das carnes vegetais disponíveis no mercado brasileiro têm boa qualidade nutricional

O estudo publicado na Current Research in Food Science, uma revista de alto fator de impacto  na área de Ciência e Tecnologia de alimentos, analisou a qualidade nutricional de produtos vegetais análogos à carne e os comparou com seus correspondentes de origem animal. De acordo com a pesquisa, 80% dos produtos disponíveis no mercado brasileiro possuem boa qualidade nutricional de acordo com o indicador Nutri-Score. Conduzido pelo time da Profa. Dra Veridiana de Rosso da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e financiado pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), a pesquisa avaliou as informações nutricionais declaradas nos rótulos de 349 alimentos vegetais análogos à carne e 351 produtos cárneos, como hambúrgueres, almôndegas, empanados, embutidos, quibe, kaftas, salsicha, linguiça, mortadela, bacon, entre outros, no período de julho de 2022 a junho de 2023. Para analisar a qualidade nutricional desses produtos, além das informações de rotulagem, foram utilizados diferentes indicadores, entre eles o Nutri-Score (utilizado em países europeus, como Bélgica, França, Espanha, Holanda, Suíça e Alemanha), a classificação NOVA e o Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA (chamado de Lupa). A NOVA classifica os alimentos pelo grau de processamento e quantidade de ingredientes; o Nutri-Score avalia a presença de nutrientes desejáveis (como proteínas e fibras) e menos desejáveis (como teores de gordura saturada, açúcar, sal e alto valor energético) e a rotulagem nutricional frontal estabelecida pela RDC 429/2020 da ANVISA identifica os produtos com alto teores de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. Principais Resultados: Os resultados do estudo demonstraram que a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne foi melhor representada por indicadores como Nutri-Score e Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA do que pela NOVA, uma vez que os dois primeiros são os perfis que atuam de forma mais eficiente para definir se um alimento tem boa qualidade nutricional. De acordo com a Dra. Graziele Bovi Karatay, especialista do GFI Brasil, o fato de ambos os produtos de origem animal e vegetal serem classificados como ultraprocessados, mas terem resultados diferentes nos outros indicadores de qualidade nutricional, demonstra que o conceito de ultraprocessado não representa adequadamente os atributos de qualidade nutricionais dos alimentos vegetais análogos à carne. “Mesmo sendo classificados como ultraprocessados, em função do grau de processamento e quantidade de ingredientes, os alimentos vegetais análogos à carne se diferem nutricionalmente dos demais alimentos ultraprocessados, sejam de base vegetal ou animal. Portanto, não é adequado classificar e avaliar a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne da mesma forma que são classificados e avaliados os demais produtos ultraprocessados.” explica a especialista do GFI. O estudo avaliou ainda outros dois indicadores de qualidade: (1) o modelo de perfil nutricional da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que define quando os produtos são ricos em açúcares, gorduras, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio e é baseado nas metas de ingestão de nutrientes para a população e (2) uma classificação desenvolvida especificamente para o estudo considerando a classificação pelo Nutri-Score e NOVA. O estudo também trouxe informações sobre os nutrientes presentes nos alimentos analisados, quanto à: Gordura saturada, ácidos graxos e sódio: Proteínas: Segundo a Dra Veridiana, essa variação reforça o quanto seria oportuna a definição de uma   regulamentação específica para os alimentos vegetais análogos à carne no Brasil, principalmente em relação à qualidade nutricional e ao perfil de identidade. O  mercado de produtos cárneos é bem regulamentado, e o perfil de identidade e qualidade foi recentemente revisado, principalmente no que diz respeito aos níveis mínimos de proteína exigidos para hambúrgueres de carne (15%), quibe (11%), almôndegas (12%) e presunto (16%). A definição desta regulamentação para os alimentos vegetais análogos faz parte da Agenda Regulatória 2024-25 da Anvisa e a indústria aguarda essa definição para poder balizar seus produtos.  Ainda de acordo com a pesquisadora, uma recente atualização da legislação brasileira, incluiu a exigência de um perfil específico de aminoácidos indispensáveis ​​para o uso de alegações nutricionais proteicas (histidina: 15 mg /g de proteína; isoleucina: 30 mg/g; leucina: 59 mg/mg: lisina: 45 mg/g; metionina + cisteína:  22 mg/g, fenilalanina + tirosina: 38 mg/g, ; triptofano: 6 mg/g e  valina: 39 mg/g). Em geral, leguminosas como soja, ervilha, grão-de-bico, feijão e cereais como trigo e quinoa, que normalmente são empregados como fontes de proteína em análogos de carne no Brasil, apresentam diferentes escores de aminoácidos indispensáveis ​​digestíveis (DIAASs). As proteínas de batata e soja são classificadas como proteínas de alta qualidade com valores médios de DIASS equivalentes a 100 e 91, respectivamente. Além disso, uma estratégia interessante para o desenvolvimento de alimentos cárneos plant-based é que as proteínas da soja e da batata possam complementar uma ampla gama de proteínas vegetais para compensar as limitações indispensáveis ​​dos aminoácidos. A combinação de proteína de arroz:feijão (2:1), por exemplo, tem potencial para alcançar eficiência nutricional ideal quando combinada apenas com proteínas vegetais ou quando suplementada com metionina e cisteína + lisina. Fibras: Conclusões: Segundo a Dra. Veridiana, o estudo permite recomendar que os consumidores escolham o indicador representado pela rotulagem nutricional frontal brasileira (lupa) para escolherem os alimentos vegetais análogos à carne. “Essa recomendação se justifica especialmente devido à excelente concordância entre este indicador e o Nutri-Score, por terem sido capazes de diferenciar efetivamente produtos com baixa qualidade nutricional. Já a NOVA, ou a denominação de ultraprocessados, não teve este mesmo desempenho, portanto não é um indicador adequado para representar os atributos de qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne.”, conclui. Dra Veridiana reforça que, embora os indicadores de Qualidade Nutricional utilizados neste estudo sejam importantes para avaliar a qualidade nutricional dos produtos cárneos vegetais, eles não cobrem todos os aspectos nutricionais importantes quando se pretende substituir produtos cárneos, o que deve envolver uma abordagem multifacetada, incluindo análise de macronutrientes, avaliação sensorial e estudos de digestibilidade. Além disso, a presença de nutrientes positivos, como vitaminas B, ferro, zinco e fibras solúveis e insolúveis, e a boa qualidade proteica devem ser considerados como diferenciais de produtos cárneos vegetais nutricionalmente adequados. “Assim, esse estudo fornece insights valiosos

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Agora você tem mais um canal para se relacionar com o nosso time e não perder nenhuma oportunidade do setor de proteínas alternativas. A Comunidade GFI Brasil no WhatsApp visa facilitar o acesso aos materiais produzidos pelo GFI Brasil e oportunidades, tais como dados, publicações, estudos, notícias, financiamento de pesquisa, eventos, acesso a contatos e redes de relacionamento, além de trilhas focadas em inovação, educação e incidência política. Nossa missão é fomentar um espaço com a presença de pessoas interessadas em proteínas alternativas, tais como pesquisadores, estudantes, membros de empresas e startups, representantes do poder público e de organizações não governamentais, etc. e para iniciar as atividades da comunidade, neste primeiro momento, lançamos o grupo Informes GFI Brasil, dedicado ao envio semanal das informações já mencionadas. Temos o propósito de compartilhar conhecimento para tentar solucionar o gap de informações sobre proteínas alternativas no Brasil, visando alcance ágil de conteúdos que fomentam a colaboração e geram oportunidades aos interessados no segmento. Clique aqui para acessar a Comunidade GFI Brasil e ficar por dentro de tudo o que será compartilhado no grupo Informes GFI Brasil. Sigamos juntos para promover um sistema alimentar mais seguro, justo e sustentável. 

Opinião: não é correto afirmar que proteínas vegetais estão associadas a doenças cardiovasculares

Artigo sobre ultraprocessados que repercutiu na mídia induz ao erro e gera desinformação Nos últimos dias, um estudo publicado pela revista científica The Lancet trouxe à tona discussões sobre o impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde. Feito por pesquisadores do NUPENS (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde) da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com o Imperial College London e a IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer), o estudo tem sido amplamente divulgado por veículos de mídia nacionais e internacionais, inclusive com manchetes em grandes jornais. Como uma organização filantrópica sem fins lucrativos, nós sempre defenderemos a liberdade de imprensa e consideramos imprescindível que os assuntos de utilidade pública sejam abordados com o objetivo de informar e dar subsídios para que os cidadãos e cidadãs tenham condições de fazer escolhas que se adequem aos seus valores e objetivos de vida. É crucial, portanto, que discussões sobre a alimentação e saúde pública sejam baseadas em dados, evidências e estudos científicos robustos para não gerar desinformação, pânico, e, neste caso, descredibilizar uma indústria de alimentos que se propõe a criar um sistema alimentar mais positivo para as pessoas e o planeta. Neste artigo, buscamos contribuir com a discussão, trazendo novos pontos de vista através outros estudos que se contrapõem aos abordados no estudo em questão e fornecendo uma perspectiva mais ampla sobre os alimentos vegetais análogos à carne: O estudo investigou o impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde, e é importante destacar que os alimentos vegetais análogos à carne representaram uma fração extremamente pequena (0,2%) da ingestão total de calorias da dieta dos participantes do estudo. Os principais grupos de alimentos vegetais  ultraprocessados  que contribuíram com a maior parte das calorias foram pães industrializados embalados (9,9%), tortas, pães e bolos (6,9%),  biscoitos (3,9%), margarina e outros spreads (3.3%), salgadinhos industrializados (2.8%), produtos de confeitaria (2.7%), cereais matinais (2.7%) e refrigerantes e bebidas e sucos de frutas (2%). Carnes ultraprocessadas de origem animal representaram 2,8% das calorias consumidas, e somando os produtos lácteos de origem animal, esse número sobe para 8,8%.  É do conhecimento comum que pães, biscoitos, salgadinhos, bolos, doces e refrigerantes devem ser evitados na dieta do dia a dia, então este estudo não trouxe nenhuma surpresa, porém algumas manchetes na mídia nacional e internacional que extrapolaram os resultados para sugerir que a carne vegetal, que representou apenas 0,2% das calorias consumidas pelos participantes do estudo, acarreta no aumento dos riscos para à saúde. Portanto, associar os resultados desse estudo diretamente aos alimentos vegetais análogos à carne é um equívoco que pode levar a conclusões inadequadas. Em resposta ao estudo, especialistas em nutrição e dieta da Science Media Culture fizeram um excelente trabalho ao esclarecer os problemas com a cobertura da mídia, bem como algumas falhas na metodologia do estudo, ambas podendo levar a mais confusão entre os consumidores. Os especialistas expressaram preocupação com a abordagem da imprensa sobre o estudo, observando que ela poderia dar a falsa impressão de que alimentos vegetais análogos à carne estão associados ao risco de doenças cardiovasculares. Segundo o nutricionista Dr. Duane Mellor, “Isso não é o que o artigo mostra”. Os resultados do estudo indicam que uma maior ingestão de alimentos vegetais não ultraprocessados pode reduzir riscos de doenças cardiovasculares. Sugerem também que o grau de processamento dos alimentos deve ser um critério de escolha de alimentos e que a relação entre a contribuição dietética das carnes brancas (todos os alimentos, exceto carne vermelha) e o risco de doenças cardiovasculares depende do grau de processamento dos alimentos. Diante das conclusões do estudo publicado na revista The Lancet  e deixando claro que não há dados suficientes para associar os alimentos vegetais análogos à carne aos riscos de doenças cardiovasculares pela ínfima contribuição desses alimentos na dieta da população avaliada, trazemos mais elementos a essa discussão de ultraprocessados, no qual um estudo inédito, recém publicado na Current Research in Food Science concluiu que a classificação NOVA, que  utiliza o grau de processamento para definir se os alimentos são ultraprocessados ou não, não foi capaz de diferenciar efetivamente os alimentos vegetais análogos à carne com baixa qualidade nutricional (alto teores de sódio,  gordura saturada  e calorias) dos de boa qualidade nutricional (os que contém fibras, proteínas e gordura e sódio dentro dos limites aceitáveis).  O estudo foi realizado a partir da avaliação das informações nutricionais de rotulagem de 349 alimentos vegetais análogos à carne comercializados no Brasil, tais como hambúrgueres, almôndegas, empanados, embutidos, kibe, kaftas, salsicha, linguiça, mortadela, bacon, entre outros. Para avaliar a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne, diferentes indicadores foram utilizados, entre eles o NutriScore, a classificação NOVA e o Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA. Os resultados do estudo demonstraram que a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne foi melhor representada por indicadores como NutriScore e Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA do que pela NOVA. De acordo com os resultados, tem-se que  (i) 80%  dos alimentos vegetais análogos à carne foram consideradas de boa qualidade comparado com apenas 19% das de origem animal pelo NutriScore, (ii) 68% como de boa qualidade nutricional, comparado com 20% dos de origem animal pela RDC 429/2020 (ANVISA) e (iii) 73% como ultraprocessado, comparado 92% dos de origem animal pela NOVA. O fato de ambos os produtos de origem animal e vegetal se classificarem como ultraprocessados, mas terem resultados diferentes nos outros indicadores de qualidade nutricional, demonstra que o conceito de ultraprocessado não representa adequadamente os atributos de qualidade nutricionais dos alimentos vegetais análogos à carne. Assim, mesmo sendo classificado como ultraprocessado, em função do grau de processamento de seus ingredientes, os alimentos vegetais análogos à carne  se diferem nutricionalmente dos demais alimentos ultraprocessados, sejam de base vegetal ou animal (alimentos que foram alvo do estudo mencionado na reportagem publicado na revista The Lancet). Portanto, não é adequado classificar e avaliar a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne da mesma forma que são classificados e avaliados os ultraprocessados.  Colaborando com isso, vários

GFI Brasil defende financiamento para proteínas alternativas na Conferência sobre Mudanças Climáticas em Bonn, na Alemanha

Entre os dias 3 e 13 de Junho, o The Good Food Institute participou da Conferência sobre Mudanças Climáticas em Bonn (SB 60), evento que pauta os principais assuntos que serão foco da COP 29, que acontece no final do ano em Baku, no Azerbaijão. Com foco nas questões científicas e técnicas das negociações climáticas e na implementação de acordos sobre o clima, a SB 60 possibilita que os observadores da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Clima (UNFCCC) – como o The Good Food Institute – participem ativamente das discussões e interajam pessoalmente com delegados de todo o mundo.  “Assim como no ano passado, participamos da Conferência de Bonn para debater os impactos dos sistemas alimentares no clima, demarcar a importância das proteínas alternativas como estratégia de mitigação e adaptação climática, e defender mais financiamento para que o Sul Global desenvolva as suas próprias ações no tema”, explicou Mariana Bernal, analista de Políticas Públicas do GFI Brasil. Para isso, o GFI promoveu um evento paralelo em parceria com a Aliança para a Biodiversidade Internacional e CIAT, Proveg International, Coller Foundation (JCF), Humane Society International (HSI) e Changing Markets Foundation (CMF), a fim de apresentar os desafios e as oportunidades na transformação dos sistemas alimentares globais, a partir da diversificação das fontes de proteínas. O tema foi conduzido por especialistas da Humane Society International Brazil (HSI), Changing Markets Foundation (CMF), Boston Consulting Group (BCG) e YOUNGO. “Pudemos acompanhar as negociações da agricultura e nos informar sobre as propostas de governos e sociedade civil  para que nos mantenhamos dentro da meta do 1.5ºC. Nos eventos que participamos, apresentamos caminhos para a criação de políticas e estratégias de desenvolvimento sustentável, inclusivo e que reduzam o impacto da produção de alimentos sobre o clima”, resume Mariana Bernal. Outras áreas de progresso em Bonn incluem: Nova Meta Quantificada Coletiva sobre Financiamento Climático: Simplificação do conteúdo para a Nova Meta Quantificada Coletiva sobre Financiamento Climático. Opções claras e a estrutura substantiva de um projeto de decisão devem ser finalizadas antes da COP29. Também foi realizado um diálogo de especialistas técnicos para garantir que a Nova Meta seja ambiciosa, bem estruturada, relatada de forma transparente e melhore a qualidade do financiamento climático para os países em desenvolvimento. Indicadores de Adaptação: Partes tomaram medidas para indicadores de adaptação que sejam prospectivos, eficazes e cientificamente sólidos. Mercado Internacional de Carbono: Progresso foi feito em direção a um mercado de carbono internacional com melhor funcionamento, mas ainda há trabalho a ser feito. Transparência e Planos de Ação Climática: Partes trabalharam juntas pela transparência e se apoiaram mutuamente no planejamento de planos de ação climática mais fortes. Progresso na Construção de Resiliência e Adaptação: As Partes concordaram com medidas para o Objetivo Global de Adaptação, que cria metas temáticas que destacam as prioridades globais voltadas para o futuro. Foram feitos progressos nos indicadores para cada uma dessas metas temáticas, que serão inclusivos, transparentes e cientificamente sólidos. A UNFCCC pede que os países desenvolvam Planos de Adaptação Nacional (NAPs) até o final de 2025 e implementem-nos até 2030. Progresso Feito nos Mercados Internacionais de Carbono sob o Artigo 6: Foram feitos avanços importantes em aspectos técnicos do Artigo 6, incluindo autorização de créditos de carbono, escopo de atividade, registro internacional de mercado de carbono e muito mais. Um workshop adicional será realizado para aprofundar o trabalho técnico sobre o Artigo 6 antes de novembro. Aumentando a Transparência: A nova presidência da COP solicitou que as Partes enviem seus Relatórios Bienais de Transparência (BTRs) antes da COP29 em Baku. Novos kits de ferramentas de relatório do Marco de Transparência Aprimorado serão entregues em breve. Serão realizados treinamentos sobre as novas ferramentas de relatório antes da COP29. Aumentando a Ambição nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs): As Partes devem entregar sua próxima rodada de NDCs no início do próximo ano, alinhadas com o limite de 1,5 °C e cobrindo todos os setores e gases de efeito estufa. Foi lançado o NDC 3.0 Navigator para ajudar as Partes a desenvolver novas NDCs com foco na implementação. Outros Assuntos e Eventos: GFI Brasil na SB60 em Bonn: Promovendo a diversificação de proteínas e o financiamento climático O GFI foi representado por dois especialistas em políticas durante o evento em Bonn. Na primeira semana, Sam Lawrence, Vice-Presidente de Políticas Públicas do GFI Ásia, trouxe uma visão global para as discussões. Já na segunda semana, Mariana Bernal, Analista de Políticas Públicas do GFI Brasil, assumiu a liderança, focando em questões cruciais para o Sul Global. A participação em Bonn foi marcada por um evento paralelo oficial e uma coletiva de imprensa que destacaram a importância da diversificação de proteínas e do financiamento climático para um futuro alimentar sustentável.

GFI Brasil no IBITI Vegan Festival 2024

A 2ª edição do IBITI Vegan Festival aconteceu entre os dias 23 e 26 de maio, no Ibiti Projeto. Evento promovido pela Naveia, que teve 4 dias de duração, juntou gastronomia, arte, musica e contou com a presença de pessoas envolvidas com o setor de proteínas alternativas, dentre eles, chefs de cozinha, representantes do setor privado, nutricionistas, organizações, jornalistas, influencers e a Gerente de Desenvolvimento do GFI Brasil, Ana Carolina Rossetini, que foram convidados para conhecer o projeto, refletir sobre como podemos manter nossos hábitos ao mesmo tempo que respeitamos a natureza e o meio ambiente. Com uma programação carinhosa e cuidadosamente planejada para aguçar nossos paladares e sentimentos, contou a realização de meditação, de trilha do circuito das águas, visitando as cachoeiras da região, com refeições feitas por chefs como Gigi Vilela, Thiago Medeiros, Pri Herreira, Dani Rosa, Mari Marola e Leo Kazuya que prepararam cardápios que traduziam a cultura local ao mesmo tempo que imprimiam sua originalidade, saudabilidade e sustentabilidade, com refeições 100% veganas produzidas com muito leite Naveia e ingredientes produzidos pela comunidade, plantadas e colhidas nas áreas reflorestadas. Verdadeiros banquetes, cheios de cores, aromas, sabores, muito amor e respeito às tradições, natureza e meio ambiente.  A Ana Carol, do GFI Brasil, participou de um bate-papo com a temática “5 mitos sobre alimentação e seu impacto ambiental”, dividindo a condução da discussão com a nutricionista Ale Luglio, momento em que pôde contribuir apresentando a percepção do GFI. As discussões realizadas durante o evento incluiram as novidades do setor e cases brasileiros do mercado plant-based. Nesse sentido, o maior ganho para o segmento das proteínas alternativas foi a possibilidade de refletir coletivamente sobre as questões relacionadas aos avanços do setor e os principais desafios de levar a discussão alimentar para os grandes foruns mundiais. Por esta oportunidade, o GFI Brasil agradece imensamente a Naveia, ao IBITI projeto, e a Comununiversidade pela oportunidade de poder contribuir neste fórum de discussões. Sobre o IBITI Projeto: Com 42 anos de existência, localizado no Parque Estadual do Ibitipoca, em Minas Gerais, numa região marcada pela produção de leite, encontra-se os esforços de reflorestar e refaunar terras degradadas pelo pasto, em quase sua totalidade, que foram abandonadas por conta das dificuldades em manter o transporte do leite e pela falta de perspectiva da economia de subsistência. Hoje o projeto tem mais de 6 mil hectares, repletos de morros cobertos por espécies de Mata Atlântica, com áreas pontuais de produção agrícola e algumas construções, que viabilizaram o turismo regenerativo e com a realização de ações de retomada da atividade econômicas.