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Todos os planos climáticos devem considerar o setor de alimentos. Saiba o que diferentes setores podem fazer para contribuir 

30 de setembro de 2025

Quando pensamos em mudanças climáticas, a atenção costuma recair sobre energia, transportes e desmatamento. No entanto, o sistema agroalimentar, especialmente a produção de carne, é igualmente determinante e muitas vezes permanece à margem das grandes estratégias. Hoje, ele responde por ⅓ das emissões globais de gases de efeito estufa, pela perda de biodiversidade e pela pressão sobre recursos hídricos e terras cultiváveis.

A boa notícia é que já existe um caminho capaz de transformar esse cenário: as proteínas alternativas. Desenvolvidas a partir de plantas, por fermentação ou por cultivo celular, essas tecnologias oferecem não apenas uma forma mais sustentável de produzir proteína, mas também um poderoso instrumento para alinhar metas de segurança alimentar, saúde pública e clima.

Relatórios do Banco Mundial e da Universidade de Chicago mostram que as proteínas alternativas podem evitar até 6,1 gigatoneladas de CO₂ equivalente por ano — o mesmo que reflorestar seis vezes a área do estado do Amazonas — além de contribuir para o combate à desnutrição e para a redução do preço dos alimentos. Em outras palavras, nenhum plano climático estará completo sem considerar esse setor. Para que isso aconteça, é fundamental que diferentes atores estratégicos incorporem as proteínas alternativas em seus planos, investimentos e políticas públicas.

A seguir, exploramos o papel de cinco setores-chave nesse processo: Academia, Setor Privado, Governos, Filantropia, Bancos e Instituições Multilaterais.

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Academia: ciência e inovação a serviço do clima

O papel das universidades e dos centros de pesquisa é insubstituível. São eles que produzem conhecimento, formam profissionais e oferecem a base científica para políticas públicas eficazes.

Ao investir em proteínas alternativas, a Academia fortalece a liderança científica em ciências da vida, engenharia e tecnologia, ciências sociais e políticas. Isso significa formar pesquisadores e profissionais capazes de sustentar o crescimento desse novo setor, além de gerar evidências sobre segurança alimentar, nutrição, consumo e impacto socioambiental.

Integrar a diversificação de proteínas às agendas de pesquisa e ensino — seja em linhas de pesquisa, cursos de pós-graduação ou hubs de inovação — é essencial para transformar potencial em impacto real.

Setor Privado: inovação, escala e novos mercados

Empresas de alimentos e tecnologia são as grandes alavancas para levar essas inovações ao mercado. Ao investir em proteínas alternativas, a indústria não apenas diversifica seu portfólio, mas também responde a uma demanda crescente por produtos mais sustentáveis e alinhados às preocupações climáticas e de saúde.

Para os líderes empresariais, trata-se de uma oportunidade estratégica: reduzir riscos relacionados à dependência de cadeias de suprimentos vulneráveis, inovar em produtos de alto valor agregado e conquistar consumidores cada vez mais atentos ao impacto ambiental de suas escolhas.

Bancos e Instituições Multilaterais: canalizando capital para soluções climáticas

Nenhuma transição acontece sem financiamento. Bancos de desenvolvimento, fundos de investimento e instituições multilaterais têm um papel crucial em incluir proteínas alternativas em seus portfólios de financiamento climático.

Hoje, bilhões de dólares são direcionados para energias renováveis e mobilidade sustentável. Mas se o setor de alimentos representa quase um terço das emissões globais, por que não direcionar recursos também para inovações que podem transformar radicalmente essa equação? Incorporar proteínas alternativas aos planos de financiamento verde significa alinhar investimento ao impacto real, acelerando a descarbonização do setor.

Governos: políticas públicas e planos climáticos nacionais (NDCs)

Sem políticas públicas, a inovação não escala e não beneficia toda a sociedade igualmente. Os governos precisam reconhecer oficialmente as proteínas alternativas como soluções climáticas e incluí-las em seus Planos Nacionais de Ação Climática (NDCs).

Isso envolve desde criar regulamentações claras e baseadas em ciência até oferecer incentivos fiscais, apoio à pesquisa e programas de fomento à indústria. Ao adotar medidas assim, os países não apenas reduzem suas emissões, mas também geram empregos de qualidade, fortalecem a segurança alimentar e se posicionam como líderes em inovação sustentável.

Filantropia: catalisando impacto e reduzindo riscos

O capital filantrópico tem o poder de abrir caminho onde o risco ainda afasta investidores privados. Ao financiar pesquisa, campanhas de conscientização e programas-piloto, a filantropia reduz incertezas e acelera a entrada de novas tecnologias no mercado.

Mais do que nunca, é hora de fundações e doadores estratégicos apoiarem o desenvolvimento das proteínas alternativas como parte de sua agenda climática. O retorno é múltiplo: além de reduzir emissões, essas iniciativas contribuem para sistemas alimentares mais justos, acessíveis e resilientes.

Da promessa à ação

O desafio climático é tão grande que nenhuma solução isolada será suficiente. Precisamos de um conjunto robusto de estratégias — e as proteínas alternativas devem estar no centro dessa agenda.

Integrá-las a planos e financiamentos climáticos não é apenas uma opção visionária: é uma necessidade urgente.

A próxima década será decisiva para o clima e a segurança alimentar global. Cabe a todos nós — governos, empresas, universidades, bancos, organismos multilaterais e sociedade civil — garantir que a transição alimentar esteja plenamente incluída na transição climática.

Se você compõe um desses setores e quer saber como pode contribuir, entre em contato conosco.





Veja em detalhes o que cada um dos atores citados no artigo pode fazer para contribuir e para se beneficiar com a inclusão das proteínas alternativas em seus planos climáticos

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