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Amplie seu conhecimento sobre proteínas alternativas com as novas aulas do curso do GFI Brasil

O curso online “A Ciência das Proteínas Alternativas”, ofertado gratuitamente pelo The Good Food Institute Brasil, acaba de ser enriquecido com novos conteúdos para ampliar seu conhecimento sobre esse universo.   O que tem de novo?Nosso programa educacional, já reconhecido por explorar as as tecnologias que estão revolucionando a forma como produzimos alimentos, agora inclui novas aulas focadas em Tópicos Avançados em proteínas alternativas, além de insights sobre Inovação e Mercado. Estas adições são projetadas para aprofundar seu entendimento sobre essas tecnologias emergentes e as tendências de mercado, essenciais para qualquer pessoa interessada em manter-se atualizada sobre a transformação da indústria alimentícia.    Para quem é o curso?O curso é aberto a todos que quiserem aprender sobre ciência, tecnologia e inovação em proteínas alternativas, mas é especialmente direcionado a alunos de graduação, pós-graduação e profissionais da indústria alimentícia, biotecnologia, e áreas correlatas. Cada aula foi meticulosamente planejada para enriquecer seu conhecimento e prepará-lo para os desafios e oportunidades na indústria de alimentos do futuro.     O que esperar do conteúdo?O curso agora é dividido em três módulos:   Aulas Básicas sobre a Ciência das Proteínas AlternativasEste módulo inicial consiste em 9 aulas, cada uma com aproximadamente 15 minutos, abordando os fundamentos das proteínas alternativas. As aulas incluem conteúdos como os desafios e soluções para produzir proteínas suficientes para alimentar 10 bilhões de pessoas, o conceito de carne, as tecnologias das proteínas alternativas e as questões críticas para o desenvolvimento da carne cultivada, assim como biomateriais e bioprocessos aplicados.   Tópicos Avançados em Proteínas AlternativasEste módulo novo avança para tópicos mais específicos com 4 aulas de aproximadamente 20 minutos cada, destinadas a um público com conhecimento prévio ou interesse especializado.   – Biorreatores e Desenvolvimento de Bioprocessos: se aprofunde na tecnologia da fermentação e nos detalhes de bioprocessos aplicados à carne cultivada, desde a seleção e desenvolvimento de cepas, os meios de cultivo ao escalonamento de processos, tipos de biorreatores e processos de downstream.   – Uso de ingredientes à base de algas em proteínas alternativas: descubra o potencial nutricional das algas e como elas podem ser utilizadas na produção de proteínas alternativas.   – Texturização de análogos cárneos feitos de plantas: Entenda mais sobre as tecnologias e os processos empregados para texturizar carnes feitas de plantas, uma característica crucial para satisfazer as preferências sensoriais dos consumidores.   – Análogos cárneos feitos de fungos (Micoproteínas): Explore o processo de fermentação de biomassa para a obtenção de carnes feitas de fungos, uma tecnologia promissora na indústria.   Inovação e Mercado de Proteínas AlternativasCom uma única aula de aproximadamente 20 minutos, este módulo fornece insights sobre o mercado de alimentos plant-based no Brasil.   – Percepção do consumidor brasileiro sobre alimentos plant-based: Entenda como o consumo de alimentos à base de plantas está se desenvolvendo no Brasil, analisando hábitos, tendências comportamentais e outros fatores que influenciam as decisões de compra.   Como participar?A participação é simples: preencha o cadastro e assista às aulas no seu próprio ritmo. Para obter a certificação de conclusão, complete o curso em até seis meses e responda ao quiz final.   CertificadosAo concluir cada módulo do curso, você receberá certificados específicos, validando sua expertise e dedicação ao aprendizado.   Pronto para começar?Não perca esta oportunidade única de ampliar seus conhecimentos em proteínas alternativas e liderar a vanguarda da inovação alimentar! Inscreva-se!

Opinião: Por que não apostamos em insetos como fonte de proteína alternativa

Insetos são animais e, além de carregarem os mesmos desafios éticos da criação de outros seres vivos para consumo, também apresentam ineficiência de produção, risco de doenças infecciosas e riscos ambientais. Por Gustavo Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil Recentemente, o programa Globo Repórter da TV Globo exibiu uma reportagem muito interessante sobre tecnologias alimentares já conhecidas e outras que estão em pleno desenvolvimento, com potencial de criar um sistema alimentar mais sustentável. Passando por iniciativas relacionadas à redução do desperdício, PANCS e proteínas alternativas obtidas por fermentação, cultivo celular e feitas de plantas, um dos quadros também trouxe a utilização de insetos para alimentação humana.  Como presidente do The Good Food Institute Brasil, uma organização que apoia o desenvolvimento de proteínas alternativas, quero esclarecer porque nossa organização não endossa o desenvolvimento da cadeia de alimentos a partir de insetos e como ela se compara às tecnologias do nosso setor.  Insetos: animais, não alternativas A inclusão de insetos como uma opção de proteína não está alinhada com a nossa missão de buscar alternativas aos produtos de origem animal, devido aos desafios éticos similares aos enfrentados na criação de animais para abate, como a questão do bem-estar animal e da moralidade de utilizar seres vivos para consumo. Aceitação do consumidor O nosso setor trabalha para entregar alimentos que já façam parte da cultura e dos hábitos alimentares das pessoas, produzidos com tecnologias mais adequadas socioambientalmente. Os alimentos com os quais trabalhamos têm uma alta aceitação pelos consumidores, que estão cada vez mais interessados em experimentá-los e incorporá-los em suas dietas. Já a aceitação do consumo de insetos é notoriamente baixa. Apesar de serem consumidos em algumas regiões da Ásia, África e América do Sul, na Europa, por exemplo, apenas 10% da população estaria disposta a experimentar insetos, de acordo com uma pesquisa da Organização Europeia de Consumidores. Isso porque boa parte da população não associa insetos com comida, mas com algo grotesco ou que pode fazer mal à saúde. Além disso, uma pesquisa da universidade Imperial College London, no Reino Unido, indica que o desenvolvimento dessa indústria visa atender, majoritariamente, o mercado de países em desenvolvimento. A alegação é de que em países mais ricos, como os europeus, raramente há falta de nutrientes na dieta. O impacto global de qualquer fonte alimentar depende diretamente da sua aceitação pelo consumidor: se as pessoas não aceitarem o inseto como alimento, seu impacto no mundo será sempre limitado.1 Substituição da carne  Sempre que vemos apresentações sobre os benefícios socioambientais do consumo de proteínas alternativas e de insetos, há comparação com a carne. Ambas podem, sim, ser fruto de uma produção mais eficiente do que a carne animal, mas essa comparação só é verdadeira se uma estiver substituindo a outra. Se o consumidor deixar de comer carne animal para comer carne vegetal, haverá um benefício para a sustentabilidade. A questão é que os alimentos vindos de insetos não possuem essa proposta, uma vez que são snacks, barrinhas de proteína e suplementos, por exemplo. A melhor proposta comercial para insetos é moê-los para transformá-los em pó e incluir em alimentos processados. Não existem bons produtos feitos de insetos que realmente se comparam ao sabor, textura, aroma e aparência da carne. Se não há troca, a comparação com a carne deixa de fazer sentido – e os benefícios para a sustentabilidade não se realizam. Eficiência na produção Hoje, nós cultivamos grãos para alimentar animais para consumo em uma taxa extremamente ineficiente. Os dados mostram que 83% das terras aráveis do planeta produzem menos de 20% das calorias consumidas2. São grandes áreas de soja, milho e outros grãos que alimentam os animais e não a população diretamente. Para cada caloria que alguém consome da carne de vaca, cerca de 34 calorias foram dadas ao animal ao longo da vida, o que representa um desperdício desproporcional das calorias produzidas pelo sistema de alimentação3: a produção mais eficiente, de frango, tem taxa de conversão de 8:1, por exemplo.  Enquanto isso, as proteínas alternativas permitem que você coma o vegetal diretamente, sem ser processado anteriormente por um animal. Não é o mesmo para insetos, que também se alimentam para gerar calorias depois. Estudos indicam que os insetos produzidos para a alimentação humana podem ter conversão tão ineficiente quanto a carne de frango4, variando de 4:1 a 9:1 na proporção de alimento consumido versus peso no abate. Vale destacar também que os insetos que se alimentam de resíduos não podem ser utilizados para consumo humano, como muitas vezes somos levados a crer5. Riscos ambientais A eficiência de produção está diretamente ligada à emissão de gases, uso de água e de terras. Por isso, todas as tecnologias de proteínas alternativas são mais sustentáveis do que os alimentos que substituem. Como demonstrado acima, o caso dos insetos não é tão claro. Ao mesmo tempo, a produção de insetos agrega novos riscos ambientais: se uma construção que abriga quantidades massivas desses animais for danificada por um acidente ou um evento climático, por exemplo, milhares de insetos exóticos, com um alto potencial de destruição e desequilíbrio, poderiam ser liberados na natureza. Recentemente, problemas causados por nuvens de gafanhotos foram manchetes globalmente6. Além disso, ainda não existem regulamentações sobre o manuseio de insetos e eles costumam ser transportados de forma manual, seja para fins de pesquisa ou produção de alimentos. Em geral, insetos vivos são transportados em carros comuns, dentro de bandejas ou caixas. No caso de um acidente automobilístico, eles seriam liberados no meio ambiente, com um potencial imensurável de gerar um desastre ecológico. Riscos de saúde global Muitas das produções de insetos ainda utilizam grandes quantidades de antibióticos, assim como qualquer outra produção animal. Esse fato colabora para a formação de bactérias resistentes, com potencial de afetar a saúde humana. Ao mesmo tempo, os insetos também são vetores dos vírus, trazendo um risco adicional. Sabemos que os animais em produção são um grande risco de saúde para a humanidade: a OMS alerta que 60% das novas doenças infecciosas são de origem zoonótica,

Novo estudo do GFI Brasil e UNICAMP mapeia fontes de proteínas vegetais cultivadas no Brasil com potencial para a indústria plant-based

Arroz, aveia, centeio, cevada, milho, sorgo, trigo, canola, amendoim, feijão preto, feijão caupi, feijão mungo, grão-de-bico, lentilha, mandioca, sementes de gergelim e de girassol e batata foram as espécies analisadas, quatro se mostraram mais promissoras Em parceria com pesquisadores da UNICAMP, o The Good Food Institute Brasil apresenta o novo Estudo de Proteínas Vegetais Nacionais Aplicadas à Produtos Plant-Based, que tem como objetivo explorar a capacidade de matérias-primas cultivadas no Brasil para serem aplicadas em alimentos vegetais análogos. O trabalho visa impulsionar o aproveitamento dessas fontes, contribuindo para a diversificação das opções de proteínas vegetais disponíveis no mercado nacional. Além disso, a pesquisa busca identificar as matérias-primas mais promissoras em termos de desempenho tecnológico e econômico, visando a sustentabilidade e a viabilidade desses alimentos. A soja e a ervilha são, atualmente, as principais fontes proteicas utilizadas na produção de produtos cárneos vegetais. No entanto, a biodiversidade brasileira abriga uma vasta gama de matérias-primas vegetais com um potencial ainda inexplorado para a indústria de proteínas alternativas, e essa necessidade de inovação é ecoada pela comunidade empresarial do país: uma pesquisa realizada pelo GFI Brasil em 2021 revelou que 84% das empresas brasileiras consideram prioritário o desenvolvimento de novos ingredientes proteicos de origem nacional.  Considerando este cenário, o estudo identificou 18 espécies vegetais nacionais com potencial para a indústria plant-based, das quais quatro – milho, mandioca, arroz e batata – se destacaram como as fontes mais promissoras para fornecer ingredientes proteicos para o setor, por serem as variedades que movimentam a economia nacional devido ao volume produzido. Além de beneficiar diretamente o setor de proteínas alternativas, novas fontes de proteínas vegetais produzidas nacionalmente podem trazer vários outros benefícios para a economia brasileira, como geração de renda extra para os agricultores, fortalecimento da indústria agrícola e alimentícia, redução de preços para os consumidores e promoção de práticas sustentáveis. Alinhado às tendências globais de consumo e à demanda crescente por alternativas alimentares que sejam mais sustentáveis e respeitem a biodiversidade nacional, este estudo representa um passo na direção de uma indústria brasileira mais sustentável e competitiva no mercado global, beneficiando tanto os consumidores quanto os produtores. “O mercado de proteínas alternativas no Brasil vem crescendo a cada ano e mostrando todo o seu potencial. Nós acreditamos que estudos voltados para a valorização de subprodutos e resíduos nacionais na obtenção de proteínas são uma estratégia chave para o desenvolvimento de novos ingredientes, contribuindo para a diversificação de fontes para além da soja e da ervilha” – Graziele Karatay, especialista de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil. Acesse o resumo executivo e o relatório completo aqui.

Entrevista com Bruce Friedrich: “Construir um sistema alimentar melhor e mais sustentável é um dos desafios mais importantes da nossa época”

Originalmente publicado por Steff Bottinelli no Food Matters Live em 18 de setembro de 2023 Se você se interessa por inovação alimentar e sustentabilidade, Bruce Friedrich é um nome com o qual você deve estar familiarizado. Formado em direito pela Georgetown Law, pela Universidade Johns Hopkins e pela London School of Economics, em 2016 Friedrich fundou o The Good Food Institute (GFI), organização sem fins lucrativos da qual ele é presidente. Hoje, o GFI tem mais de 200 membros em tempo integral em afiliadas nos EUA, Europa, Índia, Israel, Brasil e Singapura. O trabalho do instituto é focado em políticas, ciência e envolvimento corporativo no setor das proteínas alternativas e visa fortalecer o fornecimento global de proteínas ao acelerar a produção de carne à base de plantas e cultivada, promover práticas agrícolas sustentáveis e melhorar a segurança alimentar e a saúde global. Além de supervisionar a estratégia global do GFI, Bruce Friedrich escreve regularmente artigos de opinião para veículos como The Wall Street Journal, USA Today, Los Angeles Times e Wired, é convidado frequente em mesas redondas, podcasts, programas de rádio e é um TED Fellow. A palestra TED de Bruce em 2019 foi vista duas milhões de vezes e traduzida para dezenas de idiomas. Conversei com Bruce para discutir o futuro das proteínas alternativas e o papel dos governos em ajudar a expandir o setor, a recente aprovação da venda de carne cultivada nos Estados Unidos e a posição de países como a Itália em relação à agricultura celular. Hoje, há mais informações do que nunca sobre os efeitos prejudiciais da produção de carne, peixe e laticínios no meio ambiente e mais empresas de alimentos, restaurantes e redes de fast food estão produzindo ou oferecendo alternativas à base de plantas. No entanto, apesar da maior disponibilidade de produtos veganos no mercado e o aumento de pessoas comprando regularmente, o consumo de carne animal continua aumentando globalmente. O que você acha que será necessário para as pessoas perceberem que precisam reduzir ou parar completamente de consumir produtos de origem animal? Por que ainda há essa desconexão, apesar de toda a informação disponível? A resposta é simples: as escolhas alimentares da maioria das pessoas são baseadas em dois fatores simples: sabor e preço. Muitos dos problemas que vimos recentemente no mercado de produtos à base de plantas são devido ao fato de que esses alimentos ainda não atendem a essas métricas – não proporcionam os sabores que os consumidores desejam e ainda são caros demais. Isso me leva à sua última pergunta: a carne à base de plantas ainda está em sua infância e, para que esses alimentos se tornem deliciosos e acessíveis ao maior número possível de pessoas, precisamos que os governos invistam na pesquisa e infraestrutura que o setor precisa – assim como fizeram com a energia renovável. É impossível exagerar a importância disso: a população mundial está prevista para atingir 10 bilhões até 2050, e essas pessoas estão consumindo cada vez mais carne. Será impossível alimentá-las usando um sistema tão ineficiente quanto a agricultura animal industrial, que consome nove calorias de ração para produzir uma caloria de carne de frango. Os alimentos à base de plantas são frequentemente acusados de serem ultraprocessados. No entanto, sabemos que muitos produtos de origem animal muitas vezes mal contêm os ingredientes que deveriam, mas têm uma grande quantidade de aditivos, enquanto muitos produtos à base de plantas são feitos com apenas alguns ingredientes. Como podemos mudar a percepção dos alimentos veganos? Acredito que precisamos de uma conversa mais bem informada sobre o que o termo “ultraprocessado” significa. Praticamente tudo o que comemos, desde molho de massas até pão, é processado. O processamento pode ser usado para tornar os alimentos mais seguros, adicionar vitaminas e minerais e preservá-los por mais tempo para evitar o desperdício. O número de ingredientes não determina, necessariamente, a saúde de um produto. A banha tem um ingrediente e um pão integral tem muitos, mas poucos argumentariam que a banha é mais saudável que o pão integral. Comparado à carne produzida convencionalmente, a carne à base de plantas tem menor teor de gordura saturada, menor densidade calórica, mais fibras e carboidratos complexos e nenhum colesterol. Em resumo, é mais saudável. Muitos gigantes do setor alimentício agora entraram no setor de alimentos à base de plantas, como Nestlé, Unilever… Alguns os acusam de lucrar, outros de normalizar a produção à base de plantas e torná-la mais democrática. Quais são seus pensamentos sobre isso? Essas grandes empresas de alimentos têm a infraestrutura para ampliar a produção e o conhecimento técnico para impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento, então precisamos que elas entrem no jogo se quisermos melhorar a qualidade, reduzir os custos e fazer com que os alimentos à base de plantas se tornem uma opção padrão para todos. No entanto, a carne à base de plantas pode ser produzida por empresas de todos os tamanhos e formas, adaptadas às necessidades e gostos de diferentes culturas. Há espaço para todos neste setor, o que significa que as grandes empresas trabalham de mãos dadas com as startups. Para permitir um ecossistema diversificado de empresas onde os produtores independentes podem prosperar, precisamos que os governos financiem pesquisas de acesso aberto, para democratizar as possibilidades de carne à base de plantas – em vez de deixar a inovação para empresas privadas. Você frequentemente fala sobre a necessidade de subsídios governamentais para ajudar a expandir proteínas alternativas da mesma forma que os governos subsidiaram a energia renovável. No entanto, com algumas exceções, isso ainda não está acontecendo amplamente. O que você acha que será necessário para os governos entenderem a necessidade desse apoio financeiro e assumirem um papel ativo na produção de proteínas sustentáveis? Nosso relatório sobre o Estado da Política Global constatou que estamos começando a ver lentamente uma mudança nessa direção, com governos em todo o mundo percebendo a importância das proteínas alternativas na sustentabilidade. Na Europa, o governo holandês está liderando o caminho ao anunciar 60 milhões de euros para o

COP28: Brasil e mais 133 países assinam declaração inédita se comprometendo a produzir alimentos de forma mais sustentável

A declaração é a primeira do tipo a colocar os sistemas alimentares no centro do debate climático Durante o evento “Transforming Food Systems in the Face of Climate Change” (Transformando os Sistemas Alimentares Face às Mudanças Climáticas, em tradução livre), que aconteceu hoje, dia 1/12, no segundo dia  da COP28, em Dubai, foi lançada a declaração dos Emirados Árabes Unidos sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática, assinada por 134 países, incluindo o Brasil. Segundo Gus Guadagnini, presidente do GFI Brasil que participou do painel, a declaração foi um passo importante para consolidar o tema dos sistemas alimentares como uma das prioridades globais no combate à emergência climática. “Estamos muito satisfeitos em ver que os governantes estão se comprometendo a apoiar mais esse tipo de solução. É nesse sentido que o GFI trabalha: trazer inovações escaláveis para que as pessoas possam manter seus hábitos e tradições alimentares, ao mesmo tempo em que consomem um alimento mais sustentável, que não demanda tantos recursos como água e terra para serem produzidos, nem agridem o meio ambiente com a emissão de gases poluentes.”, comemorou Guadagnini.  Segundo Andy Jarvis, Diretor do Future of Food (Bezos Earth Found), é a primeira vez em uma COP que os sistemas alimentares têm esse nível de visibilidade. “Essa declaração endossa isso e, agora, nós precisamos que as nações não apenas assinem, mas que sejam corajosas e audaciosas nas suas ações daqui para frente.”, afirmou Jarvis.  Em 2023, a Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, elevou os compromissos das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) brasileiras para uma redução de 48% de emissões até 2025 e de 53% até 2030. Os sete setores contemplados pelas NDCs nacionais incluem energia, mobilidade urbana, florestas, biocombustíveis, resíduos sólidos, iluminação pública e transportes, mas não mencionam diretamente a agricultura, ou os sistemas alimentares, por exemplo. “A declaração assinada hoje pelo Brasil na COP28 traz entusiasmo pela possibilidade de que os sistemas alimentares sejam uma pauta priorizada pelo governo brasileiro no caminho até a COP30, que acontece em 2025 em Belém, no Pará”, disse Guadagnini. No evento, Bill Gates anunciou uma parceria junto dos Emirados Árabes para investir USD 200 milhões de dólares em inovações para os sistemas alimentares e anunciou ainda mais investimentos através do AIM for Climate, iniciativa dos governos dos Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos, para financiar soluções escaláveis para o setor. Também participaram lideranças como Mariam Almheiri, Ministra do Meio Ambiente dos Emirados Árabes, Antoine de Saint-Affrique, CEO da Danone, Joko Widodo, Presidente da Indonésia, Giorgia Meloni, Primeira Ministra da Itália, Naomi Mata’afa, Primeira Ministra da Samoa, Anthony John Blinken, Secretário de Estado dos EUA, Dr. Ismahane Elouafi, Diretora Executiva do Consortuim of Internacional Agricultural Research Centers (CGIAR), Roberto S. Waack, Presidente do Instituto Arapyau, Dr. Qu Dongyum, Diretor Geral da FAO (ONU), e Razan Al Mubarak, da UN Climate Change High Level Champion. Durante as discussões, Antoine de Saint-Affrique reforçou a importância do setor privado em favor do desenvolvimento de soluções climáticas para os sistemas alimentares, destacando a necessidade de ganho de escala para novas tecnologias e de aumento de financiamento do setor. Além disso, Roberto S. Waack citou também a filantropia como agente catalisador da mudança e destacou a relevância da liberdade de ação. O Presidente da Indonésia abordou a necessidade de transferência de tecnologia de ponta para os países que mais precisam, enquanto a Primeira Ministra da Itália reforçou os compromissos italianos com o clima e mencionou que o país apoia iniciativas do tipo na África, mas reforçou que o continente não precisa apenas de caridade e, sim, de espaço para competir com igualdade no cenário global. A Primeira Ministra da Samoa mencionou a importância da integração digital no campo e o Secretário de Estado dos EUA endossou que a declaração será um marco histórico, lembrando os desastres ambientais deste ano, destacando que, por trás das estatísicas, estão pessoas reais sofrendo com a emergência climática. Confira a declaração traduzida na íntegra: Nós, Chefes de Estado e de Governo: Reconhecendo que os impactos climáticos adversos e sem precedentes ameaçam cada vez mais a resiliência da agricultura e dos sistemas alimentares, bem como a capacidade de muitos, especialmente os mais vulneráveis, de produzir e ter acesso a alimentos face ao aumento da fome, da subnutrição e das tensões economicas; Reconhecendo o profundo potencial da agricultura e dos sistemas alimentares para impulsionar respostas poderosas e inovadoras às mudanças climáticas e possibilitar a prosperidade partilhada para todos; Sublinhando a necessidade de concretizar progressivamente o direito à alimentação adequada no contexto da segurança alimentar nacional, bem como a necessidade de garantir o acesso a alimentos seguros, suficientes, acessíveis e nutritivos para todos; Observando que a agricultura e os sistemas alimentares são fundamentais para a vida e a subsistência de milhares de milhões de pessoas, incluindo pequenos agricultores, agricultores familiares, pescadores e outros produtores e trabalhadores do setor de alimentos; Observando o papel essencial da cooperação internacional e multilateral, incluindo a cooperação Sul-Sul e Triangular, as instituições financeiras e de financiamento, o comércio e as organizações não-governamentais na resposta às mudanças climáticas; Reafirmando os nossos respectivos compromissos, coletivos e individuais, com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e o Acordo de Paris, a Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica e o Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, a Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação, e o Trabalho Conjunto de Sharm El Sheikh sobre a implementação da ação climática na agricultura e na segurança alimentar; considerando tabém a Cúpula da ONU  para os Sistemas Alimentares; Recordando também a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas e o Acordo de Paris, reconhecendo que são os principais fóruns internacionais e intergovernamentais para a negociação da resposta global às mudanças climáticas; Recordando as conclusões das recentes avaliações do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), considerando o Relatório de Síntese dos diálogos técnicos acerca do Primeiro Balanço Global (GST); Salientamos que qualquer caminho para alcançar plenamente os objetivos a

COP28: Sistemas alimentares devem estar no centro do debate climático

GFI apresentará Coalização Global pelas proteínas alternativas O The Good Food Institute (GFI) vai participar da COP 28, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) que acontece em Dubai, dos dias 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023. O GFI estará presente para debater com lideranças do mundo todo estratégias para diminuir o impacto dos sistemas alimentares no agravamento da crise climática, apresentando as proteínas alternativas como solução viável para esse desafio.  Ao todo, a organização estará presente em pelo menos 40 eventos, seja como palestrante, moderadora, co-organizadora ou ouvinte. Entre os especialistas do GFI que participarão da programação estão o presidente global do GFI, Bruce Friedrich, o presidente do GFI Brasil, Gustavo Guadagnini, além de representantes da organização na Ásia e nos Estados Unidos.  O GFI pretende, ainda, apresentar durante as duas semanas de conferência a proposta de uma Coalizão Global pelas Proteínas Alternativas, a fim de unir esforços de governos, empresas, organizações, academia e outros setores da sociedade na criação de ações para fortalecer as proteínas alternativas como estratégia para mitigar os efeitos da crise ambiental na agricultura e reduzir os atuais impactos dos sistemas alimentares no clima.  Proteínas alternativas devem ser incorporadas ao setor de alimentos como uma das soluções para a crise do clima. Entenda o por quê: Desde a COP21 em 2015, as COPs têm se debruçado sobre como implementar o Acordo de Paris, que possui três objetivos principais: manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C e reunir esforços para limitar o aumento a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais; adaptar-se às mudanças climáticas e criar resiliência; e alinhar os fluxos financeiros com um caminho rumo a baixas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e um desenvolvimento resiliente ao clima. A produção de alimentos é a principal responsável pela emissão de GEE (34%) e a produção de proteína animal, sozinha, gera metade desse valor. Embora a pecuária ocupe 77% das terras agrícolas do mundo, a carne animal fornece apenas 18% do suprimento alimentar da humanidade e 37% das proteínas na dieta humana. Por isso, as proteínas alternativas são uma opção mais sustentável. A sua adoção é capaz de oferecer de 14% a 20% da mitigação de emissões que o planeta precisa até 2050. Além disso, segundo relatório do Boston Consulting Group, se as proteínas à base de plantas (plant-based) e as carnes cultivadas representarem 11% de todo o consumo de proteínas até 2035, é possível reduzir 0,85 gigatoneladas de CO2 equivalente (CO2e) em todo o mundo até 2030, o que equivale à descarbonização de praticamente toda a aviação civil. Apesar da relevância, o papel do setor de alimentos na emergência climática só foi apresentado pela primeira vez na COP 27, que aconteceu ano passado, no Egito. A edição contou com o Food System Pavilion, trabalho articulado de uma coalizão de 9 organizações, entre elas o GFI, com o objetivo de levantar essa pauta no lugar mais importante de negociações internacionais sobre o clima. Boa parte dos eventos em Dubai serão transmitidos online. Para acompanhar, basta acessar a agenda oficial do evento ou o Instagram do GFI Brasil. Confira a nossa programação: Domingo, 3 de dezembro UNFCCC official Side event – Unleashing the Power of Alternative Proteins for Climate Resilience and Food Security Horário: 15:00-16:30 UAE (9:00-9:30 BRT) Local: Room 9 Moderador: Gustavo Guadadnini, presidente do GFI Brasil Palestrantes: Vinod Kumar, diretor administrativo da String Bio; Alessandro Cruvinel, Diretor de Inovação do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil; Tasneem Karodia, Cofundador e COO da Newform Foods; Kafilat Oyebola, Cofundadora da VeggieVictory Link da transmissão do evento: https://www.youtube.com/watch?v=Q3kOrf_PTzw Terça, 5 de dezembro Shining a light on and scaling climate solutions Horário: 10:30-11:15 UAE (3:30-4:15 BRT) Local: Climate Action Innovation Zone Endereço: Madinat Jumeirah – King Salman Bin Abdulaziz Al Saud St – Al Sufouh 1 – Dubai – United Arab Emirates Palestrantes: Mariana Bernal, analista de políticas públicas do GFI Brasil; Joshua Amponsem, codiretor da Youth Climate Justice Fund; Tessa Ferry, Líder da Race to Zero; Johan Falk, CEO da Exponential Roadmap Initiative; Kaya Axelsson, diretora de políticas públicas da Oxford Net Zero; Ragy Ramadan, fundador e CEO da NoorNation Quarta, 6 de dezembro The Food Systems Transition and its Implications for the Environment, Consumption and Public Health (evento em Português) Horário: 9:00-10:15 UAE (2:00-3:15 BRT) Local: Brazil Pavilion, Blue Zone Evento co-organizado pelo GFI: A transição dos sistemas alimentares e suas implicações para o meio ambiente, consumo e saúde pública Moderador: Maurício Alcântara, Cofundador do Instituto Regenera Palestrantes: Juliana Tângari, Diretora do Instituto Comida do Amanhã; Puyr Tembé, Secretária de povos Indígenas do Estado do Pará; Raquel Santiago, Professora Associada da Universidade Federal de Goiás e Coordenadora do Hub Latino-americano de Saúde Planetária; Laura Lamonica, Gerente Executiva na Coalizão Brasil. Link da transmissão do evento: https://apexbrasil.com.br/content/apexcop/br/pt/home/agenda.html Domingo, 10 de dezembro Unlocking the agri-food system transformation: Aligning regenerative farming with sustainable food choices Horário: 11:15-12:00 UAE (4:15-5:00 BRT) Local: Food4Climate Pavilion Palestrante: Presidente do GFI Brasil, Gus Guadagnini; outros ainda a confirmar Domingo, 10 de dezembro Sustainable Snacking for Future Champions Horário: 15:05-15:55 UAE (8:05-8:55 BRT) Local: Children and Youth Pavilion Palestrantes: Mariana Bernal, Analista de Políticas Públicas do GFI Brasil; Sara Merhi, membro do conselho da ProVeg Youth; Perran Harvey, líder de política global da Upfield; Juliette Tronchon, especialista em políticas públicas da ProVeg International; Nanine Wyma, diretora da PAN International (não confirmada); Xananine Calvillo, membro da Stop Financing Factory Farming

Esforço do Sul Global para cumprir metas do Acordo de Paris é maior, mas ciência precisa ser desenvolvida localmente

Gustavo Guadagnini (*) As mudanças que afetam o clima estão acontecendo muito mais rápido do que o previsto e são sentidas em todo o planeta, mas não com a mesma intensidade. Os efeitos do aquecimento global atingem, sobretudo, as economias mais pobres, que possuem menos recursos para responder à crise climática.  Por isso, um dos temas centrais nas negociações para mitigar os seus efeitos é o financiamento climático, mais precisamente o cumprimento do acordo firmado em 2015, durante a COP21, em que os países mais ricos prometeram destinar US$ 100 bilhões por ano para que os países em desenvolvimento criem medidas de enfrentamento e adaptação.  Na prática, isso implica em reconhecer a capacidade que o Sul Global tem de criar inovações e soluções tecnológicas para cumprir com o Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC até 2030.  Segundo o Programa de Desenvolvimento da ONU (PNUD), os países em desenvolvimento, inclusive os mais vulneráveis, são os que mais têm se esforçado na elaboração e aplicação das suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), que são metas de curto a médio prazo para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE). A maioria tem apresentado metas de mitigação e adaptação cada vez mais ambiciosas, com soluções integradas que envolvem economia circular, gestão de recursos hídricos, implementação do mercado de carbono e envolvimento do setor privado.  Os compromissos dos países africanos, por exemplo, são mais robustos do que a média global, com metas mais fortes em relação à resiliência climática, aumento nos esforços de transparência das ações e adoção de tendências emergentes, como os conceitos de “empregos verdes” e “transição justa”.  Já as NDCs apresentadas pelos países da América Latina e do Caribe apresentam níveis mais elevados de envolvimento e inclusão de grupos marginalizados (como mulheres, jovens, povos indígenas e idosos) nas tomadas de decisões, tornando o processo das NDCs mais transparente e garantindo que seus resultados beneficiem os mais vulneráveis. Sul Global será mais afetado pela crise climática mesmo não sendo responsável pela maior parte das emissões de GEE Os países do Sul Global, frequentemente chamados de Maioria Global, somam cerca de 85% da população mundial e concentram apenas 39% do PIB do planeta. Ou seja, por mais que se esforcem, a maioria desses países expressam enormes necessidades de apoio financeiro externo e de transferência de tecnologia para conseguirem alcançar suas metas.  De acordo com a agência de classificação de risco S&P Global, os efeitos da crise climática podem causar a perda de 4% da produção econômica global até 2050, mas os países emergentes deverão ter perdas no Produto Interno Bruto (PIB) 3,6 vezes maior em relação às nações mais ricas. Um cenário que demonstra a importância da justiça climática, uma vez que, embora não sejam os maiores responsáveis pelo agravamento da crise climática, acabam pagando um preço muito maior por seus efeitos. Qual é o papel do Sul Global no setor de proteínas alternativas? Apesar de todas as desvantagens, é enorme o potencial dos países do Sul Global ganharem espaço e protagonizar as mudanças mais relevantes e consistentes em direção a uma economia mais sustentável, especialmente as maiores economias como China, Índia, África do Sul e Brasil, atual líder do G20 e sede da COP30, em 2025.  Essas regiões possuem capacidade produtiva, biodiversidade, massa crítica e todo o potencial para desenvolver essas tecnologias localmente. Importá-las significa que, além de já sofrerem com os efeitos de uma crise global, motivada sobretudo pelo padrão de consumo das grandes potências, essas nações ainda precisam comprar tecnologia, que é exatamente o que tem impossibilitado a aplicação de suas NDCs. Um exemplo disso é a indústria de proteínas alternativas. De acordo com uma pesquisa do The Good Food Institute com a indústria brasileira em 2020, 85% das empresas locais ainda usam a ervilha, que é um ingrediente desenvolvido em países do norte, como principal fonte de proteína para seus produtos plant-based. Essa proteína recebeu muitos investimentos em pesquisa e, por isso, suas funcionalidades são excelentes para a indústria.  Assim, os países do Sul se tornam importadores, pagam mais caro na matéria prima e acabam oferecendo alimentos mais caros nas prateleiras para o consumidor. É por isso que o GFI financia pesquisas em feijões brasileiros e relacionadas à biodiversidade da Amazônia e do Cerrado, com o objetivo de criar ingredientes locais e sustentáveis que, além de serem mais baratos por serem produzidos aqui, vão gerar impacto social positivo para as comunidades produtoras.  O debate sobre o Sul Global envolve protagonismo, e todos os fatores indicam que essa região é altamente relevante no contexto das proteínas alternativas, dado o potencial dessas soluções para superar os desafios enfrentados por essas zonas com necessidades únicas e diversas.  É necessário abordar proteínas alternativas com uma compreensão sensível dos variados contextos locais, promoção da inclusão e fomento da colaboração para uma transformação positiva em direção à segurança alimentar e nutricional, no desenvolvimento econômico, na diversidade alimentar e na sustentabilidade. (*) Gustavo Guadagnini é presidente do The Good Institute Brasil

Conheça a Coalizão Global pelas Proteínas Alternativas!

Na COP 28, que acontece em Dubai entre novembro e dezembro de 2023, o The Good Food Institute quer ampliar a exposição do setor de proteínas alternativas como parte da solução para a crise climática. Para isso, criamos a Coalizão Global pelas Proteínas Alternativas, uma iniciativa voluntária comprometida em mitigar os efeitos da crise ambiental na agricultura e reduzir os atuais impactos dos sistemas alimentares no clima. Nós precisamos reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera até 2030: essa meta é ambiciosa, mas possível, se transformarmos o setor responsável pela maior parte das emissões — o dos sistemas alimentares. Com as proteínas alternativas, podemos produzir alimentos de forma mais eficiente e destinar os recursos disponíveis para alimentar diretamente as pessoas. E, mais que um novo mercado, esse setor propõe um olhar crítico e um senso de urgência sobre a realidade: a agroindústria não deixará de produzir alimentos de origem animal e as pessoas não deixarão de consumi-los no tempo necessário. Ao contrário de dietas que eliminam carne, ovos, leite e seus derivados, as tecnologias envolvidas na produção de alimentos feitos de plantas, de carne cultivada e obtidos por fermentação não lutam contra o desejo e os hábitos culturais e alimentares das pessoas e, ao lado de iniciativas como agricultura regenerativa, agroflorestas e bioeconomia, são a melhor chance de sobrevivência da humanidade. Entenda aqui o que a nossa comida tem a ver com a crise do clima e porque as proteínas alternativas são parte da solução. Faça parte dessa missão Como um movimento não se faz sozinho, convidamos você a se juntar a nós na busca de soluções mais sustentáveis para alimentar 10 bilhões sem consumir o planeta. Apenas o trabalho coletivo e multissetorial é capaz de promover todas as mudanças necessárias e nossa coalizão existe para que o seu esforço e desejo de contribuir para um mundo melhor não sejam isolados, mas catalisem uma ação climática real com impacto global e sistêmico. Ao fazer parte da Coalizão Global pelas Proteínas Alternativas, que será lançada na COP 28, você e sua instituição se comprometem a um ou mais dos seguintes princípios da nossa carta de compromissos: 1 – Reconhecer o potencial das proteínas alternativas em mitigar os impactos da crise climática relacionados à redução das emissões dos gases de efeito estufa, à conservação da terra e dos recursos hídricos e à preservação da biodiversidade. 2 – Apoiar a pesquisa, o desenvolvimento e a comercialização de tecnologias e produtos à base de proteínas alternativas, garantindo que sejam atrativos, seguros, nutritivos e acessíveis a todos. 3 – Facilitar a colaboração entre os setores públicoe privado, instituições de pesquisa e sociedade civil para acelerar o crescimento e a adoção de proteínas alternativas, respeitando os sistemas e práticas agrícolas existentes. 4 – Incentivar políticas e investimentos que fomentem a inovação, impulsionem a demanda do mercado e criem um ambiente propício para o setor de proteínas alternativas. 5 – Participar de fóruns abertos de diálogo e de compartilhamento de conhecimento para enfrentar desafios, identificar oportunidades e promover as melhores práticas no setor de  proteínas alternativas. 6 – Monitorar e relatar o progresso e o impacto de nossos compromissos com a coalizão, contribuindo para um processo transparente e responsável que impulsione mudanças positivas. 7 – Promover ativamente o setor de proteínas alternativas por meio de esforços de comunicação, advocacy e educação, para aumentar a conscientização sobre os benefícios, a compreensão e a aceitação do público. Acesse nosso site para participar da Coalizão Global pelas Proteínas Alternativas e siga nosso Instagram para acompanhar nossos conteúdos!

Projetos com feijão conquistam primeiro e segundo lugar no FI Awards 2023

A Avante Food Systems e a SL Alimentos foram as grandes vencedoras do FI Awards 2023. Consideradao o maior prêmio de inovação da indústria de alimentos, bebidas e ingredientes, o Food and Ingredients Innovation Awards e StartUp Innovation Challenge aconteceu no dia 16 de outubro, em São Paulo, e consagrou dois projetos de feijão, um ingrediente nacional, de baixo custo, plantio sustentável, alto valor nutricional e que tem muito potencial de assumir maior protagonismo no setor de alimentos plant-based, onde a soja e a ervilha ainda predominam como fontes proteicas. A SL Alimentos, empresa referência em alimentação humana e nutrição animal, conquistou o prêmio “Inovação em Sustentabilidade” com sua proteína concentrada de feijão caupi, que pode ser utilizada para a aplicação em alimentos infantis, extrusados, biscoitos, pães, bolos suplementos, análogos de carne e proteína texturizada. Além de conter o dobro de proteínas em relação aos demais cereais utilizados pela indústria, o feijão caupi é altamente nutritivo, rico em fero e zinco, e oferece diversos benefícios à saúde. Para o diretor de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da SL Alimentos, Thomaz Setti, “o feijão é o ingrediente do presente e do futuro, porque é obtido sem a necessidade de explorar os recursos hídricos e sem a utilização de reagentes químicos. Para o consumidor, oferece ainda as vantagens de aumentar o teor de proteína dos alimentos e melhorar o perfil de aminoácidos, além de contribuir para a segurança alimentar. Estamos emocionados e orgulhosos com esse reconhecimento”. Já a paulista Avante Food Systems, antiga R & S BLUMOS, foi finalista em duas categorias e premiada na categoria Sustentabilidade com sua proteína culinária Carnevale® WUT. O alimento é obtido por extrusão úmida e elaborado a partir de proteínas de leguminosas brasileiras combinadas, proporcionando um ingrediente 100% plant-based, de textura proteica única e versátil, com até 23% de proteínas, zero carboidratos, baixa gordura e calorias e livre de conservantes. Um de seus ingredientes principais é um concentrado protéico de feijão carioca de upcycling, iniciativa pioneira no mundo na criação e aplicação de ingredientes do feijão carioca. Hoje as proteínas culinárias Carnevale® são comercializadas para clientes industriais através da BLUMOS e para estabelecimentos como restaurantes, hotéis e cafeterias por meio da Plural Food Solutions. “É uma proteína boa para o planeta e boa para as pessoas que buscam diversificar suas fontes proteicas, por ser versátil para múltiplas receitas e pratos, deliciosa e com textura surpreendente. E, para oferecer pratos proteicos e deliciosos com a Carnevale WUT, estamos nos aproximando de Chefs de cozinha que elevam o potencial da nossa proteína culinária e tornam a experiência sensorial incrível”, afirma Fernando Santana, CEO da Avante Food Systems. A premiação do FI Awards comprova que o feijão é um foco estratégico que está ganhando espaço. Recentemente, o GFI Brasil está financiou uma pesquisa conduzida pela Dra. Caroline Mellinger, pesquisadora da Embrapa, que visa encontrar alternativas para o uso do feijão carioca pela indústria de proteínas alternativas. Além disso, também estamos trabalhando junto a associações de produtores rurais do Mato Grosso e à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado na elaboração de um acordo de cooperação técnica que tem como objetivo testar a viabilidade, tanto tecnológica quanto econômica, do processamento de feijão dentro das cooperativas rurais.

Direto do Chile: Projeto de Lei que proibiria a rotulagem de alternativas vegetais com termos associados à produtos cárneos passa a permití-la

O PL, apresentado na Câmara dos Deputados chilena em 2019, altera o código sanitário do Chile para introduzir o conceito de carne, que é o mesmo utilizado aqui no Brasil. Os deputados incluíram no projeto um artigo que previa que produtos plant-based não poderiam utilizar em seus rótulos termos normalmente atribuídos a produtos cárneos, como hambúrguer, salsicha e presunto, por exemplo. Nesta quarta-feira (13/09), após discussão na Comissão de Agricultura do Senado, esse artigo do PL foi alterado para permitir o uso das nomenclaturas desde que seguidas de termos que deixem claro para o consumidor a origem vegetal do produto. Isso signfica que o Senado chileno entende que, desde que explicitado no rótulo de que se trata de um produto de origem vegetal, não há necessidade para a proibição da nomenclatura para produtos plant-based. O Projeto de Lei agora segue para análise do Plenário do Senado. Caso seja aprovado na forma sugerida pela Comissão de Agricultura, o texto retorna para a Câmara dos Deputados apenas para revisão do ponto alterado. O GFI Brasil participou ativamente das discussões legislativas em torno do PL e, em parceria com a ONG chilena Vegetarianos Hoy, que recebeu em julho deste ano nosso Especialista em Políticas Públicas, Alysson Soares, deselvolveu uma estratégia de atuação conjunta na Câmara, no Senado e também junto a órgãos de Governo como o Ministério da Agricultura chileno.  “Essa é uma importante vitória para a cadeia produtiva de produtos plant-based não apenas no Chile mas também em toda a região da América Latina. Contudo, ainda é necessário seguirmos atentos e atuantes para garantir que as alterações conquistadas não sejam retiradas do texto final nas votações que ainda faltam no Plenário do Senado e possivelmente na Câmara dos Deputados” concluiu Alysson.