O ecossistema de pesquisa em carne cultivada tem se desenvolvido rapidamente nos últimos anos. Diversas empresas e grupos de pesquisa no mundo todo estão em uma corrida para elevar o cultivo de carne à escala industrial, trazendo mais essa proteína ao prato do consumidor.
Em primeiro lugar, é preciso entender que a carne cultivada é carne de verdade, assim como a convencional. Ela é composta pelos mesmos tipos de células dispostas na estrutura tridimensional do tecido muscular animal e, por isso, é capaz de replicar o perfil sensorial e nutricional da carne que o consumidor já conhece. A diferença está na produção, que acontece em biorreatores em ambiente fabril, sem a necessidade de criar ou abater animais.
Esta mudança no processo produtivo soluciona diversos problemas da cadeia de produção convencional, como a redução do uso de terra, do consumo de água, das emissões de CO2, bem como a eliminação do uso de antibióticos e outros produtos veterinários para tratamento dos animais.
A carne cultivada é, também, livre de componentes não comestíveis. Isso reduz o tempo de produção e a quantidade de nutrientes necessária para produzir cada quilograma de carne.
Este é o momento do processo no qual se isolam células coletadas de tecidos animais – normalmente, células-tronco. Após isso, elas se multiplicam em sistemas in vitro e posteriormente se diferenciam em células maduras que constituem a carne.
Dois tipos principais de células podem ser usados: células primárias, cujo cultivo é estabelecido diretamente dos tecidos animais, e linhagens celulares, adaptadas para serem mantidas por longos períodos em cultura e, portanto, podem ser subcultivadas diversas vezes. A ideia é que as células sejam selecionadas, validadas e congeladas em pequenos lotes, o que permite o uso gradual ao longo do tempo. E detalhe: sem que novas coletas precisem ser feitas.
Após coletadas, as células são isoladas e cultivadas em meio de cultura apropriada. A composição do meio tem papel fundamental no processo de produção de carne cultivada, uma vez que pode influenciar fatores importantes como eficiência do crescimento e características finais do produto. A composição do meio também pode impactar as características finais da carne, como a degeneração de células musculares ou tornar a carne mais opaca.
Um dos grandes desafios no sistema de cultura de células é a produção em escala industrial. Para que isso seja possível, o processo de cultivo em escala industrial deve ocorrer em biorreatores. Os biorreatores permitem que o processo seja automatizado, planejado e adequado para cada tipo celular, reduzindo a manipulação humana e os riscos de contaminação. Essas ferramentas permitem manter um ambiente controlado, algo essencial para padronizar um processo em larga escala.
Respostas para perguntas frequentes e atualizações técnicas.
O GFI Brasil, em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), traz neste fascículo uma revisão bibliográfica abrangente sobre a tecnologia de cultura celular para obtenção de proteínas. Inicialmente, são apresentadas as principais características técnicas do processo de produção, que incluem linhagens celulares, meios de cultivos, estruturação para cultivo e equipamentos (biorreatores).
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