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O mundo precisa de (proteínas) alternativas: transição alimentar como estratégia de mitigação e adaptação climática na COP 30

10 de setembro de 2025

O setor energético tem sido um dos maiores responsáveis por agravar a crise climática no último século .No entanto, com o crescimento da população e a necessidade de se produzir comida em escalas industriais cada vez maiores, os sistemas alimentares tradicionais se tornaram o verdadeiro cerne do problema.

“Mesmo se eliminarmos imediatamente os combustíveis fósseis, as emissões provenientes do sistema alimentar, especialmente da agropecuária, impedirão o alcance das metas do Acordo de Paris”, alerta um estudo de alta repercussão publicado na revista científica Science.

A boa notícia é que já existe uma solução sendo incorporada na agenda de empresas, indústrias e governos no mundo todo: as proteínas alternativas. Produzidos à base de plantas, cultivo celular e rotas de fermentação, esses alimentos têm o potencial de reduzir significativamente as emissões do setor agroalimentar.

Fonte: Boston Consulting Group. Para acessar o estudo, clique na imagem.
Source: Boston Consulting Group. To access the study, click on the image.
Fuente: Boston Consulting Group. Para acceder al estudio, haz clic en la imagen.
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Além disso, também de acordo com o BCG, sua expansão ajudaria a conter as emissões de metano, que embora fique por menos tempo na atmosfera, é mais agressivo que o CO2 por reter mais calor.

Esses dados ganham ainda mais relevância com a aproximação da COP30, onde ações de mitigação e adaptação climáticas serão discutidas e negociadas. Além disso, com a realização do evento em Belém, os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil.

Quanto custa alcançar o potencial máximo de mitigação climática das proteínas alternativas?

Apesar do impacto comprovado, os sistemas alimentares recebem apenas 3% do investimento climático, enquanto contribuem com 33% das emissões de gases. Esse valor é 22 vezes menor do que o recebido pelos setores de energia e transportes, por exemplo.

Ao mesmo tempo, diversas instituições de renome internacional reconhecem as proteínas alternativas como um caminho rápido e viável tanto para reduzir o impacto do setor de alimentos na crise ambiental, quanto para garantir que a indústria alimentícia atue de modo sustentável.

Em outras palavras, financiar as proteínas alternativas é uma estratégia concreta de mitigação climática – termo que define ações destinadas a reduzir ou evitar as causas das mudanças climáticas, principalmente por meio da diminuição das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Segundo o Banco Mundial, as proteínas alternativas são a segunda intervenção agroalimentar mais promissora na redução de GEE, podendo reduzir as emissões em até 6,1 bilhões de toneladas de CO2 por ano, equivalente a reflorestar uma área um pouco maior que a soma dos 5 maiores estados brasileiros (Amazonas, Pará, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia).

Para se ter uma ideia de impacto econômico utilizando o mesmo exemplo de cálculo empregado pela Comissão de Mudanças Climáticas da Universidade de Chicago (2023), liderada pelo vencedor do Prêmio Nobel de economia, Michael Kremer –, o potencial de mitigação no cenário de redução de 1% das emissões da pecuária (estimada em 3,5 bilhões de toneladas de CO2 em 2018) corresponderia aproximadamente a USD 6.65 bilhões, considerando o custo social do carbono a USD 190 em 2020.

Confira os dados: 

De acordo com Gus Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil, com a proximidade da COP30 e a representatividade das emissões dos sistemas alimentares para o Brasil – estimada em 73,7% em 2021 –, esta demanda se torna ainda mais objetiva.

"É um erro estratégico não colocar os sistemas alimentares no centro do debate climático", enfatiza.
Gus Guadagnini
Presidente do GFI Brasil

Para o evento, a instituição defende um plano bem estruturado de financiamento em proteínas alternativas, maior ambição dos países-membros do Acordo de Paris nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) em relação ao tema — por meio de metas, compromissos e incentivos nacionais voltados à transição para sistemas alimentares mais sustentáveis —, e a inclusão explícita desses alimentos como prioridade estratégica nos planos climáticos dos governos.

O impacto das proteínas alternativas na adaptação climática e desenvolvimento econômico

Um plano de adaptação climática pode garantir a resiliência de sistemas sociais e econômicos diante de condições já alteradas ou que ainda estão por vir. Nesse sentido, as proteínas alternativas oferecem um modelo seguro e escalável de diminuir a já existente pressão sobre o uso da terra, água e outros recursos finitos do planeta.

Atualmente, cerca de 41% das calorias produzidas pelas principais culturas agrícolas se perdem nos modelos atuais de produção de alimentos, devido ao processo de alimentação animal e usos industriais. Além disso, sem medidas de adaptação às mudanças climáticas, projeta-se que as colheitas globais possam sofrer uma redução de até 5% até 2050, intensificando a pressão por recursos naturais para atender à demanda por alimentos. O investimento em proteínas alternativas surge, portanto, como uma medida estratégica para fortalecer a segurança alimentar global, uma vez que é possível fornecer a mesma quantidade de proteínas utilizando menos recursos.

FONTE: ADAPTADO DE MANSUKHANI KOGAR ET AL (2024) E SINKE ET AL (2023)
Source: Adapted from ANSUKHANI KOGAR ET AL (2024) and SINKE ET AL (2023)
FUENTE: ADAPTADO DE MANSUKHANI KOGAR ET AL (2024) Y SINKE ET AL (2023)

Adicionalmente, esse investimento é capaz de culminar em retornos significativos: segundo a ClimateWorks, a transição para proteínas alternativas deve ser capaz de criar 83 milhões de novos empregos e alcançar cerca de US$688 bilhões em Valor Agregado Bruto (VAB) para o setor até 2050.

Essas soluções são estratégicas por quatro razões: 1) apontam para um mercado em crescimento, com aumento de fontes de renda à partir de novos postos de trabalho, e favorável a investimentos; 2) aumentam a margem de lucro das empresas, startups e agroindústrias; 3) ajudam a reduzir o preço ao consumidor final; e 4) representam ações concretas para mitigação e adaptação climática.

É necessário apoiar sistemas alimentares mais sustentáveis de forma abrangente, considerando toda a cadeia — desde a produção, passando pela distribuição, até o consumo final — promovendo transformações que conciliem inovação, sustentabilidade, e desenvolvimento. Visando a competitividade e resiliência do setor alimentício e, ao mesmo tempo, a garantia de produtos mais acessíveis e saudáveis aos consumidores, o GFI identifica a necessidade de um plano regulatório e fiscal dedicado às proteínas alternativas. Com isso, é possível diversificar as matrizes de produção do agronegócio e comportar a demanda alimentar de uma população mundial em crescimento.

"Não existe solução climática eficaz sem a transformação dos sistemas alimentares. A COP30 é uma oportunidade histórica para que governos, investidores e sociedade civil reconheçam as proteínas alternativas como um dos principais caminhos para enfrentar o desafio climático mais urgente do nosso tempo"
Bruce Friedrich
CEO Global do The Good Food Institute

Entre os dias 10 e 21 de novembro, líderes terão a oportunidade de garantir mais investimentos no setor de proteínas alternativas, assegurando recursos específicos para pesquisas científicas e ações de impacto industrial. Trata-se de uma iniciativa a curto, médio e longo prazo, que reforça a importância de acelerar a inovação e ampliar o uso das proteínas alternativas como parte crucial do futuro do planeta.

Acesse a página de Soluções em Proteínas Alternativas (GFI-US)

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