Todos os planos climáticos devem considerar o setor de alimentos. Saiba o que diferentes setores podem fazer para contribuir

Quando pensamos em mudanças climáticas, a atenção costuma recair sobre energia, transportes e desmatamento. No entanto, o sistema agroalimentar, especialmente a produção de carne, é igualmente determinante e muitas vezes permanece à margem das grandes estratégias. Hoje, ele responde por ⅓ das emissões globais de gases de efeito estufa, pela perda de biodiversidade e pela pressão sobre recursos hídricos e terras cultiváveis. A boa notícia é que já existe um caminho capaz de transformar esse cenário: as proteínas alternativas. Desenvolvidas a partir de plantas, por fermentação ou por cultivo celular, essas tecnologias oferecem não apenas uma forma mais sustentável de produzir proteína, mas também um poderoso instrumento para alinhar metas de segurança alimentar, saúde pública e clima. Relatórios do Banco Mundial e da Universidade de Chicago mostram que as proteínas alternativas podem evitar até 6,1 gigatoneladas de CO₂ equivalente por ano — o mesmo que reflorestar seis vezes a área do estado do Amazonas — além de contribuir para o combate à desnutrição e para a redução do preço dos alimentos. Em outras palavras, nenhum plano climático estará completo sem considerar esse setor. Para que isso aconteça, é fundamental que diferentes atores estratégicos incorporem as proteínas alternativas em seus planos, investimentos e políticas públicas. A seguir, exploramos o papel de cinco setores-chave nesse processo: Academia, Setor Privado, Governos, Filantropia, Bancos e Instituições Multilaterais. Academia: ciência e inovação a serviço do clima O papel das universidades e dos centros de pesquisa é insubstituível. São eles que produzem conhecimento, formam profissionais e oferecem a base científica para políticas públicas eficazes. Ao investir em proteínas alternativas, a Academia fortalece a liderança científica em ciências da vida, engenharia e tecnologia, ciências sociais e políticas. Isso significa formar pesquisadores e profissionais capazes de sustentar o crescimento desse novo setor, além de gerar evidências sobre segurança alimentar, nutrição, consumo e impacto socioambiental. Integrar a diversificação de proteínas às agendas de pesquisa e ensino — seja em linhas de pesquisa, cursos de pós-graduação ou hubs de inovação — é essencial para transformar potencial em impacto real. Setor Privado: inovação, escala e novos mercados Empresas de alimentos e tecnologia são as grandes alavancas para levar essas inovações ao mercado. Ao investir em proteínas alternativas, a indústria não apenas diversifica seu portfólio, mas também responde a uma demanda crescente por produtos mais sustentáveis e alinhados às preocupações climáticas e de saúde. Para os líderes empresariais, trata-se de uma oportunidade estratégica: reduzir riscos relacionados à dependência de cadeias de suprimentos vulneráveis, inovar em produtos de alto valor agregado e conquistar consumidores cada vez mais atentos ao impacto ambiental de suas escolhas. Bancos e Instituições Multilaterais: canalizando capital para soluções climáticas Nenhuma transição acontece sem financiamento. Bancos de desenvolvimento, fundos de investimento e instituições multilaterais têm um papel crucial em incluir proteínas alternativas em seus portfólios de financiamento climático. Hoje, bilhões de dólares são direcionados para energias renováveis e mobilidade sustentável. Mas se o setor de alimentos representa quase um terço das emissões globais, por que não direcionar recursos também para inovações que podem transformar radicalmente essa equação? Incorporar proteínas alternativas aos planos de financiamento verde significa alinhar investimento ao impacto real, acelerando a descarbonização do setor. Governos: políticas públicas e planos climáticos nacionais (NDCs) Sem políticas públicas, a inovação não escala e não beneficia toda a sociedade igualmente. Os governos precisam reconhecer oficialmente as proteínas alternativas como soluções climáticas e incluí-las em seus Planos Nacionais de Ação Climática (NDCs). Isso envolve desde criar regulamentações claras e baseadas em ciência até oferecer incentivos fiscais, apoio à pesquisa e programas de fomento à indústria. Ao adotar medidas assim, os países não apenas reduzem suas emissões, mas também geram empregos de qualidade, fortalecem a segurança alimentar e se posicionam como líderes em inovação sustentável. Filantropia: catalisando impacto e reduzindo riscos O capital filantrópico tem o poder de abrir caminho onde o risco ainda afasta investidores privados. Ao financiar pesquisa, campanhas de conscientização e programas-piloto, a filantropia reduz incertezas e acelera a entrada de novas tecnologias no mercado. Mais do que nunca, é hora de fundações e doadores estratégicos apoiarem o desenvolvimento das proteínas alternativas como parte de sua agenda climática. O retorno é múltiplo: além de reduzir emissões, essas iniciativas contribuem para sistemas alimentares mais justos, acessíveis e resilientes. Da promessa à ação O desafio climático é tão grande que nenhuma solução isolada será suficiente. Precisamos de um conjunto robusto de estratégias — e as proteínas alternativas devem estar no centro dessa agenda. Integrá-las a planos e financiamentos climáticos não é apenas uma opção visionária: é uma necessidade urgente. A próxima década será decisiva para o clima e a segurança alimentar global. Cabe a todos nós — governos, empresas, universidades, bancos, organismos multilaterais e sociedade civil — garantir que a transição alimentar esteja plenamente incluída na transição climática. Se você compõe um desses setores e quer saber como pode contribuir, entre em contato conosco. Veja em detalhes o que cada um dos atores citados no artigo pode fazer para contribuir e para se beneficiar com a inclusão das proteínas alternativas em seus planos climáticos
Fazendo o melhor que podemos

Concentramos nosso tempo e recursos onde são mais necessários. É por isso que temos a honra de ser reconhecidos como uma das instituições filantrópicas mais bem avaliadas pelos organismos avaliadores independentes Animal Charity Evaluators e Giving Green No GFI, guiamos nosso trabalho por valores criados para garantir que permaneçamos comprometidos com nossa missão com integridade, e um desses valores é fazer sempre o melhor possível. Usamos nosso tempo e recursos em programas de alto impacto que contribuem diretamente para o desenvolvimento de uma nova cadeia alimentar mais segura, justa e sustentável. Os maiores desafios do nosso tempo são também as nossas maiores oportunidades. Ao desenvolver proteínas alternativas vegetais, cultivadas e obtidas por fermentação, podemos criar um sistema alimentar que alimente nossa crescente população de forma sustentável, atenda às metas climáticas, evite a resistência a antibióticos e que respeite os animais. Sabemos que o nosso trabalho beneficia todo o planeta e somos gratos por sermos reconhecidos como uma instituição filantrópica altamente eficaz pela Animal Charity Evaluators (ACE) e pela Giving Green. ACE e Giving Green Tanto a ACE quanto a Giving Green realizam pesquisas e avaliações rigorosas para recomendar organizações sem fins lucrativos altamente eficazes cujo trabalho melhora a vida dos animais e ajuda a combater a crise climática, respectivamente. A avaliação da ACE se concentra em vários pilares, incluindo a eficácia dos programas, custo-efetividade, espaço para financiamento e cultura. A avaliação deles destacou que os programas do GFI resultam no aumento da disponibilidade de produtos sem origem animal. Eles avaliaram a eficácia e o custo-benefício de nossos programas como muito altos e observaram a capacidade do GFI receber mais financiamento. A Giving Green recomendou o GFI com base em nossas realizações, pontos fortes organizacionais, abordagem estratégica e custo-benefício. Eles destacaram nosso sucesso em garantir financiamento público para proteínas alternativas e nosso papel na criação de um ecossistema de suporte para proteínas alternativas. Por fim, a Giving Green concluiu que somos uma das principais organizações sem fins lucrativos no combate às mudanças climáticas e uma das com maiores oportunidades de doação. Essas duas novas recomendações se juntam à recomendação do Founders Pledge, uma iniciativa que realiza análises rigorosas para encontrar oportunidades de doação de impacto excepcional para seus membros em várias causas. A Founders Pledge recomenda o GFI como uma das organizações de defesa animal com melhor custo-benefício do mundo. Alimentado por uma comunidade de doadores Nosso trabalho global para promover o ecossistema de proteínas alternativas é possível graças às milhares de pessoas e instituições filantrópicas que nos apoiam todos os anos! Estimulados por essa generosidade, temos metas ambiciosas para garantir financiamento considerável para o desenvolvimento do setor de proteínas alternativas, caminhos regulatórios claros, e um ecossistema científico robusto. Com o Dia de Doar chegando no dia 29 de novembro, convidamos você a se juntar à nossa comunidade global de doadores ou renovar seu apoio. Nesse dia, o Brasil todo vai se mobilizar para fazer doações e milhares de organizações estarão preparadas para recebê-las. Nossos apoiadores se juntam a nós por vários motivos – contribuir na mitigação da crise climática, alimentar de forma segura e sustentável uma população global crescente, promover o bem-estar animal e proteger a saúde pública – qual é o seu? Doe diretamente para o GFI Brasil Caso prefira, você pode aproveitar a oportunidade do Dia de Doar para fazer uma doação diretamente para o GFI Brasil. Basta acessar nossa sessão “Seja um Doador“, escolher o valor, a forma de pagamento e a frequência de sua contribuição e confirmar. Para saber mais detalhes, entre em contato com a nossa Gerente de Desenvolvimento, Ana Carolina Rossettine anar@gfi.org. Juntos podemos fazer o melhor possível!