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Será a indústria de carnes vegetais uma moda passageira?

Gustavo Guadagnini (*) Recentemente, a indústria de carnes vegetais foi questionada por uma parte da mídia, especialmente nos Estados Unidos, após  um desempenho abaixo do esperado na empresa Beyond Meat e em outras iniciativas menores. Essas reportagens se utilizaram de exemplos específicos para projetar um cenário desastroso sobre toda a indústria, e questionaram: será que essa tecnologia é uma moda passageira? Na opinião dos especialistas desse setor, não. Para entendermos o contraponto, dois argumentos têm sido bastante utilizados. Em primeiro lugar, a teoria de mudança das proteínas alternativas prevê que os produtos vão conquistar uma grande parcela do mercado quando estiverem competindo em condição de igualdade nos aspectos de preço e sensorialidade (sabor, textura, aroma e suculência). No entanto, é evidente que esse ponto ainda não chegou, pois as tecnologias são muito novas e ainda têm muito o que se desenvolver. Curiosamente, o mesmo termo mencionado pela mídia estadunidense (“fad”, ou moda passageira) já foi utilizado antes para descrever diversas outras tecnologias, como o os videogames, o rádio, os automóveis e até a internet. Não é preciso desenvolver um argumento para mostrar que nenhuma dessas tecnologias acabou sendo uma moda passageira. Da mesma forma, a indústria de proteínas alternativas está ainda em seus primeiros passos. Precisa ganhar escala e receber investimento em pesquisa e desenvolvimento para então competir de forma mais ampla.  Além disso, o segundo argumento está ligado à necessidade que fez com que essas indústrias surgissem. Aqui, não se trata apenas de mais uma oferta alimentar, mas sim de uma solução imprescindível para o futuro do planeta. Isso porque há um consenso científico de que, se não lidarmos com a contribuição da pecuária para a crise climática, não alcançaremos nossos objetivos do Acordo de Paris, ou seja, não conseguiremos conter o aquecimento global e todas suas consequências. O Brasil, inclusive, é signatário do acordo e tem metas para reduzir sua emissão de gases, que é a quarta maior do mundo, exatamente pela imensa atividade pecuária do país.  Em janeiro de 2023, um estudo conduzido pela Universidade de Exeter, Systemiq e pelo Bezos Earth Fund mapeou três tecnologias que têm potencial para reduzir 70% das emissões de gases do efeito estufa. Uma delas, sem surpresas, é a indústria de proteínas alternativas. Esse estudo se soma a diversos outros que apontam essas novas tecnologias de alimentos como a única solução em larga escala para redução do metano emitido por animais. Para termos uma ideia do que pode ser esse impacto, a consultoria Kearney prevê que em 2040 o mercado total de carnes valerá US$ 1,8 trilhão, sendo que apenas 40% dessa carne será produzida a partir do abate animal, e 60% do mercado será tomado por  proteínas alternativas (carnes vegetais, obtidas pela fermentação ou cultivadas a partir de células). Se essa previsão se realizar, as novas tecnologias de alimentos terão eliminado mais de metade do impacto causado pela pecuária.  Essa previsão não é a única, mas independente do número específico, está claro que essa indústria terá um papel essencial para  o futuro da cadeia de produção de alimentos ser mais sustentável. Ainda assim, o ditado já disse que “Roma não foi construída em um dia” –  e nem será o futuro da alimentação. A construção dessa indústria ainda vai levar décadas e exigir muito investimento, assim como foi com o rádio, videogames, internet, automóveis e qualquer outra grande evolução tecnológica.  Apesar das dúvidas trazidas pela mídia no passado, as tais modas passageiras transformaram completamente a vida de todos nós. Assim será no futuro: a indústria de carnes vegetais está apenas começando e em breve será acompanhada de suas “irmãs”ainda mais novas, que trazem proteínas produzidas a partir de fermentação e do cultivo celular.  No final, o que todos queremos é a mesma coisa: uma cadeia de produção de alimentos que consiga eliminar a fome ao  mesmo tempo em que preserva o planeta. R. Buckminster Fuller disse “Somos chamados a ser arquitetos do futuro, não suas vítimas”. Agora cabe escolher: você vive ao lado dos que constroem o futuro, ou dos que preferem acreditar que a tecnologia será uma moda passageira? (*) Gustavo Guadagnini – Administrador de empresas formado pela PUC-SP, seu objetivo é criar uma cadeia de produção de alimentos mais saudável, segura, justa e sustentável por meio de apoio às indústrias que visam criar alternativas ao uso de ingredientes com origem animal, seja em tecnologias de base vegetal ou de tecidos cultivados. É um dos mais ativos promotores do setor, sendo listado em 2020 pela revista GQ como um dos brasileiros na lista dos “25 nomes que podem salvar o mundo”.

67% dos brasileiros reduziram o consumo de carne no último ano

Motivações levam em conta questões relacionadas a saúde e preço e 47% pretendem reduzir ainda mais no próximo ano. Brasileiros que já se consideram flexitarianos somam 28%. A pesquisa “O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based 2022”, realizada pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), mostra que 67% dos brasileiros diminuíram o seu consumo de carne (bovina, suína, aves e peixes) nos últimos 12 meses, um aumento expressivo de 17 pontos percentuais em relação a 2020. Desse total, 47% pretendem reduzir ainda mais seu consumo no próximo ano. A pesquisa de 2022 reforça muitos dos resultados encontrados na pesquisa anterior, publicada em 2020: a percepção de que os brasileiros estão mais preocupados com a saúde e que buscam incorporar opções mais saudáveis no seu dia a dia; a predominância de uma alimentação focada na redução, e não na eliminação completa dos produtos de origem animal; e a utilização, cada vez mais frequente, de proteínas alternativas vegetais em substituição aos produtos de origem animal.  Preço e saúde O aumento do preço da carne foi o que motivou 45% dos brasileiros que reduziram seu consumo, mas, para outros 36%, essa redução foi motivada por questões relacionadas à saúde, como melhorar a digestão, reduzir o colesterol ou perder peso. Quando somadas à preocupação com os animais, o meio ambiente, influência de familiares, motivos religiosos e espirituais, vemos que essas questões motivaram mais da metade (52%) dos brasileiros a reduzirem o consumo de carne nos últimos 12 meses por escolha própria. Os dados mostram que o propósito de diminuir a ingestão de carne não é algo estático ou um hábito ao qual o consumidor se propõe a seguir apenas temporariamente. Pelo contrário: os consumidores que já passaram por uma redução no consumo de carne, independente do motivo inicial, tendem a querer manter esse nível mais baixo ou reduzir ainda mais. Mesmo entre os brasileiros que passaram a comer menos carne por causa da alta do preço, 33% afirmam que querem diminuir ainda mais a ingestão no próximo ano, o que indica que, boa parte dos consumidores, não têm interesse em voltar a consumir carne no mesmo ritmo de antes. Flexitarianismo e alternativas vegetais O flexitarianismo é o estilo de alimentação que busca reduzir, sem excluir por completo, o consumo de produtos de origem animal. Esse grupo de consumidores vem crescendo ano a ano no Brasil e, hoje, 28% dos brasileiros já se definem como flexitarianos. Desses, 60% afirmam querer reduzir ainda mais o consumo de carne nos próximos 12 meses. Isso indica que já existe uma parcela importante de consumidores que enxerga essa redução como uma parte definidora do seu comportamento alimentar atual e que esse grupo – mais do que os veganos e vegetarianos, que representam apenas 4% dos consumidores – é o principal público-alvo da indústria de proteínas alternativas vegetais. “Esses dados revelam o potencial do mercado em atender não apenas os 28% que já se declaram como flexitarianos, mas também os 67% de brasileiros que reduziram o seu consumo de carne no último ano”, comenta Raquel Casselli, diretora de engajamento corporativo do GFI Brasil. Consumo de Proteínas Alternativas Vegetais (plant-based) As alternativas vegetais estão se tornando mais frequentes na mesa do brasileiro: hoje, praticamente dois em cada três consumidores (65%) consomem alguma alternativa vegetal (legumes, grãos, frutas) em substituição aos produtos de origem animal pelo menos uma vez por semana, enquanto em 2020 esse percentual era de 59%. Entre os consumidores que reduziram o consumo de carne animal nos últimos 12 meses, 34% substituíram somente ou principalmente por carnes vegetais, em 2020 este percentual era de 25%. Entre os que diminuíram o consumo de carne procurando melhorar a saúde, 57% utilizam com frequência a carne vegetal como substituto. Se levarmos em conta que a primeira alternativa análoga surgiu no Brasil em 2019 e considerarmos todos os desafios do setor, a penetração desses produtos na rotina dos brasileiros se tornou muito expressiva. Porém, a pesquisa mostrou que há desafios de distribuição na categoria. O levantamento constatou que 61% dos consumidores procuraram alguma alternativa vegetal análoga nos últimos seis meses, no entanto, 53% não encontraram algum item que procuraram e apenas 8% encontraram todos os produtos análogos que buscavam, tanto em lojas físicas de mercado quanto em sites ou aplicativos de delivery, indicando que existe uma demanda reprimida por proteínas alternativas vegetais no país, tanto no varejo, quanto no food service. Para 1 em cada 4 entrevistados nada impede de consumir alternativas vegetais. Entre os que apontam alguma barreira, o preço alto é o maior empecilho para a compra de proteínas vegetais (39%), seguido pela dificuldade de encontrá-las (30%) e pelo sabor (21%). Se forem agrupadas motivações como  sabor,  textura ou o cheiro que não agradam ou outras questões relacionadas a aspectos nutricionais, 32% dos consumidores apontam alguma característica do produto como o principal motivo para não consumir alternativas vegetais. “Por isso, alguns desafios precisam ser superados para que esses produtos alcancem uma parcela ainda maior de consumidores. Quanto mais positiva, prazerosa e prática for a experiência da pessoa que já decidiu reduzir o consumo de carne – tendo alternativas vegetais saborosas, saudáveis e fáceis de encontrar nos locais de compra que frequenta –, maiores as chances de o mercado consumidor se tornar ainda mais amplo e adepto aos alimentos feitos de planta análogos”, afirma Raquel. Proteínas alternativas, novas tecnologias e ultraprocessados A pesquisa também buscou entender o grau de informação e o tipo de percepção que o consumidor brasileiro tem sobre alimentos ultraprocessados. A pesquisa apontou que, quanto maior o grau de informação sobre ultraprocessados, maior tende a ser a percepção de que esses produtos, em geral, fazem mal para a saúde. No entanto, 39% – uma parcela significativa de consumidores – crê que isso depende do processo de fabricação e dos ingredientes utilizados. Entre boa parte dos consumidores brasileiros não existe uma associação direta entre alternativas vegetais análogas e alimentos ultraprocessados e praticamente metade considera que o processo de fabricação e os ingredientes são os fatores que definem se

Naturaltech: empresas plant-based demonstram que estão focadas em qualidade e inovação

A feira foi palco de lançamentos de dezenas de produtos vegetais e provou que o mercado nacional de proteínas alternativas está crescendo e evoluindo à todo vapor A cidade de São Paulo recebeu, entre os dias 8 a 11 de junho, as feiras Bio Brazil Fair | Biofach América Latina e Naturaltech. Enquanto a Bio Brazil Fair é uma das vitrines do mercado de produtos orgânicos e agroecológicos, a Naturaltech é a maior feira de alimentação saudável, suplementos e produtos naturais da América Latina. Ela é também o maior polo de negócios para os segmentos de produtos veganos e vegetarianos, reunindo centenas de marcas e de conteúdo especializado para esses setores.  As feiras, que aconteceram simultaneamente, contaram com mais de 750 expositores, milhares de visitantes e uma programação de mais de 120 horas com palestras sobre gestão, marketing, tendências e tecnologias. Guilherme Oliveira, especialista de engajamento corporativo do GFI, esteve presente no evento e relatou suas impressões sobre a edição de 2022 da Naturaltech: “A feira estava muito bem representada pela indústria de proteínas alternativas e foi palco de lançamento de vários produtos – e até de marcas – plant-based para o mercado. Ela serviu como um espaço de descobertas para centenas de consumidores interessados nesses produtos, além de um ambiente riquíssimo para networking entre varejistas, fabricantes, empreendedores e profissionais de saúde.” Alguns dos estandes visitados pela equipe do GFI foram os das marcas 100FOODS, Incrível, Yamo, Galpão Cucina, Naveia, Goshen, Lowko, Vida Veg, Natuterra, Basi.co, NotCo, Life Me, Uptaste, Nomoo, WVegan, The New, A Confiteria, Faba, Naturinni, Veggie Hoots, Food Venture e Plant Me. “Tivemos alguns lançamentos de marcas, como foi o caso da Incrível, que agora faz um importante movimento de se desvincular da Seara e se colocar como uma marca própria no mercado. Outras startups aproveitaram o evento para se lançar, como a Uptaste, por exemplo, que apresentou uma linha de proteínas alternativas (como hambúrguer, frango empanado, almôndegas, carne moída e salsicha vegana). Além disso, pudemos ver várias marcas plant-based ampliando seus catálogos de produtos”, conta Guilherme. Alguns exemplos: A Yamo, conhecida por sua linha de sorvetes veganos, lançou na feira uma linha inteira de bebidas vegetais, como Yamo Kids Chocolate e Yamo Inhame & Coco. A Naveia, marca de leite de aveia, adicionou ao seu portfólio dois novos sabores de bebidas vegetais (Manga e Chocolate). Já a Vida Veg lançou mousse de chocolate, queijo de fondue vegetal, parmesão ralado feito de castanha de cajú e húmus. A Nomoo apresentou, além de um iogurte vegetal, sua nova bebida proteica e a Basi.co lançou queijos cottage e minas padrão à base de plantas. A NotCo divulgou na Naturaltech alguns novos produtos cárneos vegetais, como almôndega, quibe e carne moída, e a The New adicionou ao seu portfólio a linguiça de porco plant-based. Já a Faba, startup de foodtech que desenvolve ingredientes para a indústria de alimentos a partir da aquafaba, lançou na feira três produtos 100% vegetais destinados para o consumidor final: o Hommie, um ketchup crocante, a BicOh (um creme de grão-de-bico sabor cacau estilo “Nutella”) e a Manté, primeira manteiga de aquafaba do Brasil.  Para o especialista do GFI, o evento serviu como uma demonstração da evolução e maturidade que o setor de proteínas alternativas atingiu nos últimos anos: “Mesmo com dois anos muitos difíceis por causa da pandemia da COVID-19, as várias marcas plant-based que estavam em estandes de destaque, expondo uma variedade de produtos com uma qualidade incrível e super inovadores, comprovam que o Brasil é uma potência quando se trata de empreendedorismo e que está acelerando para assumir a posição de protagonista no mercado de proteínas alternativas”.

Governo zera por decreto o IPI de bebidas vegetais alternativas ao leite animal 

por Vinícius Gallon O Governo Brasileiro publicou hoje (31/5) no Diário Oficial da União (DOU) o Decreto nº 11.087/2022, que cria uma classificação específica para as bebidas vegetais, antes classificadas apenas como “outras”, e zera a alíquota de bebidas vegetais, que era de 2,6%, na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). A matéria, que já está em vigor, inseriu na TIPI o desdobramento “Ex 05”, dentro da NCM 2202.99.00, que passa a contemplar as bebidas vegetais à base ou elaboradas a partir das seguintes matérias-primas: Entenda como foi o processo para zerar o IPI das bebidas vegetais A redução da tarifa tributária tem sido discutida já há algum tempo pelas empresas que produzem bebidas vegetais que substituem o leite animal. Em 2020, a A Tal da Castanha, que produz bebidas a base de castanha-de-caju, castanha-do-Brasil, amêndoa, coco, aveia e amendoim, começou a criar uma estratégia para apresentar um pleito ao governo solicitando a redução do imposto. “Sempre nos incomodamos com a carga tributária que incidia sobre as bebidas vegetais, diferente do padrão adotado para outras bebidas, especialmente à base de soja, que é uma matéria prima similar às que são usadas pelo mercado. Nos últimos anos, nosso setor mudou e cresceu muito rápido, e, com isso, o texto da lei ficou desatualizado”, explica Rodrigo Carvalho, Co-fundador e diretor da Positive Brands. Na época, a empresa encontrou dificuldades para criar a estratégia em parceria com outras empresas ou associações representantes de categorias, por isso resolveram empreender tempo e recursos sozinhos, a fim de criar a melhor estratégia para apresentar o pleito. “Estamos discutindo esse tema internamente desde o final de 2020. Mas foi só no ano passado que solicitamos apoio ao GFI Brasil, que nos apoiou prontamente.”, conta Rodrigo. “O GFI Brasil representa 33 empresas no GT de Proteínas Alternativas da ABBI – Associação Brasileira de Bioinovação, que dentre outras pautas, tem o papel de endereçar dentro do governo questões regulatórias e tributárias que influenciam os negócios atuais em proteínas alternativas. Ao tomar conhecimento da iniciativa da Positive Brands, que faz parte desse GT, o GFI Brasil apoiou o posicionamento junto ao Governo”, conta o VP de Políticas Públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral. “Essa ação beneficia o consumidor e todo o setor. O Ministério da Economia entendeu desde o início que era um pleito viável, nos apoiando inteiramente.”, completa Rodrigo. No momento, existem outras frentes tributárias sendo discutidas pelo GT a fim de criar, cada vez mais, igualdade de condições para a categoria de proteínas alternativas. Como o decreto impacta o setor de proteínas alternativas? O IPI, como também é chamada a Tabela TIPI, é segmentado de acordo com a importância do produto. Ou seja, quanto mais essencial para a população o produto é considerado pelo Governo, menor é o imposto incidente (alíquota). “O IPI é um valor que a empresa lança na nota, cobra do cliente e repassa pro governo. Com o valor zerado a empresa não lança na nota nem cobra do cliente nem repassa pro governo. O preço final poderia ser reduzido do total do imposto, aumentando a competitividade diante do produto animal. O leite e lacticínios animais, por exemplo, já estão contemplados no Capítulo 4 da TIPI, com alíquota zerada”, afirma Alysson Soares, especialista de Políticas Públicas do GFI Brasil. Mas, como reintera Cabral, IPI zerado não é garantia de redução nos preços das bebidas vegetais. “Estamos reduzindo um custo, não reduzindo o preço final do produto. Quem vende no varejo pode não repassar a redução para o consumidor. É uma decisão do varejo e não das marcas que produzem as bebidas vegetais. Mas, claro, esperamos que a redução tributária aumente a competitividade dos produtos beneficiados”, completa.

Proteínas Alternativas ganham destaque na 2ª edição do NIS_Nutri Ingredients Summit

Evento conta com o apoio do The Good Food Institute Brasil e será realizado em São Paulo nos dias 24 e 25 de maio.  No próximo dia 24 de maio, o universo plant-based e as fontes de proteínas alternativas serão debatidos durante o NIS_Nutri Ingredients Summit, considerado o único evento técnico e de negócios focado em ingredientes. Com apoio do GFI Brasil, o evento contará com quatro painéis, duas mesas redondas, estudos de caso e um pitch focados exclusivamente em produtos feitos de planta e cultivados a partir de células. Se você tem interesse em saber mais sobre esses temas, confira abaixo a programação completa para não perder nada do que será apresentado:  14h30 | Abertura: O universo plant-based e as fontes de proteínas alternativas Gustavo Guadagnini, presidente do GFI Brasil Luis Madi, Diretor de Assuntos Institucionais do ITAL Cassiano Facchinett, sócio proprietário da GMF Painel 1 14h40: Tendências globais para o mercado plant-based – Fabiana Vancetto, Diretora de Contas LATAM da Mintel; Painel 2 15h: Tendências de consumo, oportunidades e desafios na produção de produtos plant-based no Brasil – Raquel Casselli, diretora de Engajamento Corporativo do GFI Brasil; Painel 3 15h20: Programa Biomas: o potencial da biodiversidade brasileira na busca por novos ingredientes para o mercado plant-based – Cristiana Ambiel, gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil. Mesa Redonda 1 15h45: A Carne Cultivada está chegando ao Brasil Amanda Leitolis, especialista em Ciência e Tecnologia do GFI Brasil; Aline Bruna da Silva, professora e pesquisadora do CEFET-MG. Inaldo de Antoni, Diretor Global de Inovação e P&D da JBS; Raíssa Canova, pesquisadora da Ambi Real Food. Pitch Presentation 16h30: Mãe terra Mesa Redonda 2 16h40: Apresentação do status dos marcos regulatórios de plant-based, fermentação e carne cultivada Alexandre Cabral, diretor de Políticas Públicas do  GFI Brasil; Danilo Kamimura, Chefe da Divisão de Defesa Agropecuária da Superintendência Federal da Agricultura em São Paulo Luis Madi, Diretor de Assuntos Institucionais do ITAL Case de Inovação 1 17h10: A força do 1% – soluções em sustentabilidade Maria Constantino, criadora do Maria Virou Eco Case de Inovação 2 17h45: O caminho para o sucesso sensorial – soluções para o Mercado plant-based Renata Martin, Gerente de Serviço Técnico Sensient Food Colors Brasil Painel  4 Plant-based? É inevitável! Mônica Buava, Diretora Executiva da SVB Alessandra Luglio, Diretora de Campanhas da SVB Manu Matias, Relações internacionais da SVB Durante toda a feira, a equipe do GFI Brasil também estará presente em um estande para conversar com o público, tirar dúvidas e realizar conexões. Além disso, quem quiser contribuir com o trabalho que a instituição realiza para acelerar transformações no sistema de produção de alimentos, poderá realizar doações diretamente para a equipe presente. Veja aqui o mapa da feira para saber onde nos encontrar. Saiba mais sobre o evento: O NIS apresentará um congresso técnico de altíssimo nível, elaborado em parceria com os principais nomes da indústria, em paralelo a uma feira de negócios B2B, com a presença dos maiores fabricantes e distribuidores de ingredientes para a indústria. Na sua segunda edição, o NIS traz para o centro do debate “o papel do ingrediente para uma alimentação mais saudável, segura e acessível”, reforçando esse contexto em que o consumidor busca na sua alimentação uma fonte de saúde e bem-estar, além de indulgência e prazer.  Sob essa ótica, os maiores experts irão compor o NIS Congress desse ano, que foi dividido em quatro módulos, pautado nos principais desafios e oportunidades da indústria:  – A nova rotulagem frontal na prática – O universo “plant based” e as fontes de proteínas alternativas – Ingredientes inovadores e as próximas tendências de consumo – Os avanços no mercado de suplementos alimentares Além do congresso, que tem vagas limitadas, os visitantes poderão ter acesso ao NIS Free Content, uma área de conteúdo gratuita, preparada pelo time de patrocinadores, que apresentarão seus lançamentos em ingredientes e suas aplicações na indústria.  Logo na entrada do NIS, os visitantes já poderão visitar o NIS Innovation Zone, uma exposição dos principais protótipos e ingredientes dos patrocinadores, com suas aplicações na indústria, para dar um teaser do que os visitantes encontrarão nos stands.  As grandes novidades deste ano serão o NIS Taste Live – cozinha experimental onde os patrocinadores irão aplicar seus ingredientes num show ao vivo – e o NIS Label Experience – espaço onde os visitantes poderão entender melhor sobre a nova rotulagem frontal, que entra em vigor no final desse ano no país. O evento é aberto apenas para profissionais do setor e será gratuito para credenciamento antecipado até o dia 20 de maio pelo site. Para mais informações e credenciamento www.nisummit.com.br  Sobre o NIS_Nutri Ingredients Summit: 24 e 25 de maio de 2022 Transamerica Expo Center – São Paulo  https://www.transamericaexpo.com.br/localizacao/ Organização: GMF e Ânggulo www.nisummit.com.br 

GFI Brasil participa da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Feijões, Pulses e Colheitas Especiais

Evento acontece entre os dias 11 e 14 de abril, em Cuiabá. GFI participa da mesa “Plant-based, estamos só começando” no dia 13, das 15h40 às 17h De 11 a 14 de abril, a cidade de Cuiabá (Mato Grosso) vai receber o maior evento do setor de Pulses do Brasil. A 8a edição do Fórum Brasileiro de Feijões, Pulses e Colheitas Especiais, promovida pelo IBRAFE (Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses), neste ano conta também com o 1º Encontro Latino-americano de Amendoim e Gergelim e, no formato híbrido, espera receber mil participantes presenciais de toda a América Latina e dez mil de todo o mundo online. Com o objetivo de fomentar o mercado e compartilhar informações entre todos os players da cadeia (de pesquisadores, agrônomos e produtores à empacotadores, compradores e exportadores), os quatro dias de palestras e debates vão apresentar as novidades e tratar das melhores propostas e soluções para o setor de Feijões, Pulses e Colheitas Especiais. Os principais debates trazidos para o evento de 2022 incluem a importância da gestão da energia na agricultura irrigada, a revolução dos insumos biológicos, os desafios da logística internacional, a agricultura regenerativa e as oportunidades do mercado plant-based. E, como uma organização que trabalha para tornar a cadeia de produção de alimentos mais sustentável, segura, justa e saudável através do desenvolvimento do setor de proteínas alternativas, o The Good Food Institute Brasil não poderia ficar de fora: no dia 13, das 15:40h às 17h, o GFI participa da mesa “Plant-based, estamos só começando”, junto do IBRAFE, MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e R&S BLUMOS. O que são pulses? Pulses são as sementes secas comestíveis de leguminosas. No Brasil, seus representantes mais consumidos são os feijões, a ervilha, a lentilha e o grão-de-bico. Pulse, do latim “Puls”, significa “sopa grossa”, que é a característica do caldo que esses grãos produzem quando cozidos. Segundo a Embrapa, o Brasil é um dos maiores produtores globais de feijão (Phaseolus vulgaris) e a maior parte dessa produção é destinada ao consumo interno, nos tornando também um dos maiores consumidores mundiais do grão. De acordo com o IBRAFE, sete entre cada dez brasileiros comem feijão todos os dias e, apesar de existirem mais de 40 tipos de feijões no nosso país, o preto, o fradinho, o caupi, o vermelho, o mungo e o carioca dominam o mercado. O carioca, sozinho, ocupa 50% de toda a área de cultivo destinada para feijões no Brasil. Os pulses são ricos em proteínas, fibras, vitaminas e aminoácidos e possuem uma produção que demanda menos água que outros grãos (como a soja), além de melhorarem a absorção de carbono e fixarem nitrogênio no solo. Em um mundo previsto para alcançar 10 bilhões de pessoas em 2050, onde uma transição no sistema alimentar é necessária para garantir a segurança alimentar e a saúde global da população do planeta, os pulses são matérias-primas promissoras para o segmento de proteínas alternativas – no Brasil e no mundo. De acordo com Alysson Soares, Especialista em Políticas Públicas do GFI Brasil, há um grande potencial no uso de feijão como principal ingrediente na composição dos alimentos plant-based, e a ideia é incentivar e organizar a cadeia produtiva para que esteja preparada para atender a essa potencial demanda. “Há anos o Brasil ostenta com orgulho o título de ‘celeiro do mundo’, dado seu vasto território repleto de terras férteis, diferentes zonas climáticas, abundância de recursos naturais e um consequente alto potencial agrícola. Porém, historicamente, tal título está diretamente atrelado à produção de commodities in natura, ou seja, sem valor agregado. Esse foi o caso do ciclo do Pau-Brasil, seguido pelo da cana-de-açúcar, café e, mais recentemente, soja e milho. Mas, desta vez, surge uma oportunidade para que o país de posicione na vanguarda internacional como principal fornecedor de insumos para uma das mais importantes mudanças no sistema alimentar na história da humanidade: o advento das proteínas alternativas” O especialista também afirma que, apesar das primeiras iniciativas para produção de alimentos plant-based análogos à proteína animal terem surgido nos Estados Unidos e no Canadá, onde o cultivo de ervilhas e grão-de-bico é abundante, o Brasil e outros países da América do Sul (como Argentina e Paraguai), têm potencial de transformar os feijões, que são suas pulses predominantes, em fonte primária de uma crescente indústria global de alternativas proteínas. “Eles podem, inclusive, substituir a ervilha, que demanda condições climáticas mais frias do que aquelas tipicamente encontradas no Hemisfério Sul. Além disso, os feijões podem ser processados localmente em compostos proteicos, agregando valor às cadeias produtivas regionais e levando tecnologia e conhecimento mercadológico para o campo, numa via de duas mãos”, completa Alysson.

Alimentação à base de vegetais pode reverter a trajetória das mudanças climáticas

por Victoria Gadelha para o GFI Brasil No final de 2020, uma pesquisa publicada na revista Science mostrou que, mesmo se todas as emissões de combustíveis fósseis fossem imediatamente zeradas, seria impossível cumprir a meta estabelecida pelo Acordo de Paris (de limitar o aumento da temperatura terrestre a 1,5°C ou até 2°C acima dos níveis pré-industriais) por conta das emissões geradas pelo sistema alimentar global sozinho. Um artigo publicado na Nature Food indicou que se as 54 nações mais ricas do planeta (17% da população mundial) adotassem a dieta EAT-Lancet, que é baseada majoritariamente em vegetais, elas poderiam reduzir suas emissões de CO2 em dois terços ou 61%. Em fevereiro de 2022, um novo estudo publicado pela PLOS Climate mostra que, se a produção global de carne e laticínios for gradualmente reduzida até zerar durante os próximos 15 anos, será o mesmo que “cancelar” as emissões de gases de efeito estufa (GEE) geradas por todos os outros setores econômicos por 30 a 50 anos. Ou seja: uma transição progressiva para um sistema alimentar global baseado em vegetais tem a capacidade de, em pouco mais de uma década, zerar a quantidade de GEE que todas as indústrias, transportes e o setor energético, combinados, levariam até mais de meio século para emitir na atmosfera. O sistema alimentar vigente é responsável por 34% de todas as emissões de GEE e a produção de proteína animal, sozinha, gera mais da metade (ou 15%) desse valor. Essas emissões vêm de várias fontes, mas principalmente da fermentação entérica (processo digestivo que ocorre em animais ruminantes) e do esterco dos ruminantes (que, juntos, também são responsáveis por 32% das emissões de metano no mundo), da queima de combustíveis fósseis na cadeia de produção e abastecimento dos alimentos, e do desmatamento intensivo e extensivo (para abrir pastagens e para plantar os grãos que viram ração para os animais de abate). Mais de 70% de todas as terras agrícolas do mundo são focadas na produção de alimentos para animais e 30% da superfície terrestre são ocupadas pela pecuária. Isso significa que um terço de toda a terra existente no planeta é usada para abrigar e/ou alimentar animais que, dentro de muito pouco tempo – e em escala industrial – são abatidos e chegam até nós como hambúrguer, bife, filé, coxa, linguiça e inúmeros outros tipos de formatos e cortes. Segundo o estudo, para sustentar um sistema alimentar baseado em vegetais, seria necessário usar apenas 7% das terras do nosso planeta. Quando se trata da contribuição da pecuária para o aquecimento global, a maioria das análises tende a olhar diretamente para as emissões do setor e deixam de lado a questão do uso da terra, que é extremamente relevante. Isso porque, ao interromper a prática da pecuária e restaurar ou “renaturalizar” (rewild, em inglês) essas terras, todo o carbono que seria emitido passa a ser capturado e armazenado. O estudo publicado no início deste mês na PLOS Climate é uma colaboração entre o professor de biologia molecular e celular da Universidade da Califórnia, Michael Eisen, e o professor de bioquímica da Universidade de Stanford e CEO da Impossible Foods Inc, Patrick Brown. Importante mencionar que a Impossible Foods é uma das grandes fabricantes de produtos vegetais substitutos de carne dos Estados Unidos, avaliada em US$4 bilhões em 2020. Os autores expõem esse conflito de interesse no início do artigo, mas garantem que a ciência é sólida. Mas a diminuição gradual na produção de carnes e laticínios é viável? Para Brown, as mudanças necessárias devem ser orientadas pelo mercado, que segundo ele, é a instituição de ação mais rápida na Terra. “Esse movimento será impulsionado pela escolha do consumidor do lado da demanda. Se existem produtos que fazem um trabalho melhor em entregar o que eles desejam, nada pode impedir isso”. Comprovando o que Brown diz, de acordo com o relatório da Research and Markets, o mercado global de carne e laticínios à base de plantas pode alcançar US$68,7 bilhões até 2025, com um crescimento anual (CAGR) de 17,42%. O mercado de proteína animal também deve crescer, mas numa taxa menor do que 4% ao ano. AT Kearney, empresa líder em consultoria de gestão, projeta que as carnes à base de plantas representarão 10% do mercado de carnes já em 2025. Os desafios já começam a aparecer. Um novo relatório do The Good Food Institute aponta que o setor de alternativas vegetais pode ter problemas para suprir a demanda projetada para 2030. A pesquisa identificou entraves sobre a disponibilidade de volume para o fornecimento global de ingredientes essenciais para a indústria (como óleos, gorduras e proteínas). O estudo concluiu ainda a necessidade de investimento em infraestrutura, modernização das instalações de processamento existentes e colaboração entre os stakeholders do setor para que esse mercado prospere. O CEO da Impossible Foods admite no estudo que uma transição completa para um sistema alimentar à base de plantas enfrentará, sim, vários obstáculos e desafios porque carne, laticínios e ovos são um componente importante da dieta humana e a criação de gado é parte integrante das economias rurais em todo o planeta. Quase 2 bilhões de pessoas, a maioria no Sul Global, criam seus próprios animais para alimentação e renda – embora comam muito menos carne do que os consumidores de nações ricas. Essas pequenas fazendas produzem cerca de 80% dos alimentos consumidos na Ásia e na África Suubsaariana, mas estas regiões apresentam os menores índices de consumo per capita por ano de carne do globo (Ásia: 26.6kg e África (toda): 13kg). Por esses motivos, Brown e Eisel apontam o Ocidente como o principal responsável pelas altas emissões do setor de alimentos e, assim como o estudo da Nature Food, concluem que o foco da transição alimentar deve estar nesses países que, representando 68% do PIB global, é onde a mudança causaria o maior impacto positivo para o clima. Contudo, é importante dividir a responsabilidade dessa transição alimentar globalmente. Essa é uma mudança que, para ser efetiva, precisa acontecer do lado de quem produz e

Setor de proteínas alternativas recebeu investimento recorde de $5 bilhões em 2021, 60% a mais do que em 2020

Interesse de investidores segue crescendo como solução sustentável em meio a crises de saúde pública e ambientais por Bruna Corsato e Vinícius Gallon para o GFI Brasil O The Good Food Institute acaba de divulgar dados comprovando que 2021 foi um ano de investimento recorde no ecossistema de empresas de alternativas aos produtos de origem animal. Neste setor estão incluídas não apenas empresas de proteína vegetal, mas também as de carne cultivada e de fermentação. Desde 2010, foram investidos quase US$11,1 bilhão no setor, sendo US$8 bilhões (73%) após o início da pandemia do coronavírus e a consequente disrupção dos mercados globais. Em um contexto onde o mundo está voltado a buscar soluções para mitigar a crise climática, lidar com questões de uso de terra e água, e prevenir a próxima pandemia, as proteínas alternativas despontam como um investimento que vai além de retornos rápidos, sendo sustentável para o planeta a longo prazo. A análise dos investimentos foi realizada utilizando a plataforma PitchBook Data, e mostrou que 740 empresas globais do setor, incluindo três brasileiras, receberam US$5 bilhões em investimentos em 2021. Este número é 60% maior que os US$3,1 bilhões registrados no ano anterior e cinco vezes mais que o US$1 bilhão investido no setor em 2019. “A metodologia utiliza como base anúncios públicos de investimentos, porém, há muitos outros acordos que figuram ainda em carater privado ou de confidencialidade. Por isso, o estudo não é suficiente para definirmos como os investimentos performaram no Brasil no último ano. No entanto, esses números são uma importante sinalização sobre o otimismo dos investidores sobre esse mercado globalmente que, sem dúvida, está se refletindo por aqui”, afirma Raquel Casselli, gerente de engajamento corporativo do GFI Brasil. As empresas de carne e frutos do mar cultivados garantiram US$ 1,4 bilhão em investimentos em 2021 – o maior capital levantado em qualquer ano na história do setor e mais de três vezes os US$ 400 milhões arrecadados em 2020. As empresas de carne cultivada receberam US$ 1,9 bilhão em investimentos desde a primeira divulgação de investimentos no setor em 2016, e mais de 70% disso foi arrecadado somente em 2021. Esse feito incluiu a Série B de US$ 347 milhões da Future Meat Technology, a Série B de US$ 100 milhões da Aleph Farms e o aumento de dívida conversível de US$ 60 milhões da BlueNalu. Enquanto 2020 viu a primeira empresa de carne cultivada a levantar uma rodada de financiamento da Série B, 2021 trouxe mais oito rodadas de estágio de crescimento – Série B ou superior – à contagem. Em 2021, a base de investidores do setor cresceu 62% em relação ao ano anterior, elevando o número total de investidores únicos para 458. Vale ressaltar que em 2021 a JBS anunciou investimento de US$ 100 milhões nesta nova frente, consolidando um trabalho de análise mercadológica iniciado há três anos, com apoio do GFI Brasil. Com esse recurso, a JBS firmou acordo para aquisição do controle da empresa espanhola BioTech Foods, prevendo o investimento na construção de uma nova unidade fabril na Espanha, além da implantação do primeiro Centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) em Biotecnologia e Proteína Cultivada no Brasil. Por não ter sido registrado no PitchBool Data Inc., esse investimento não foi contabilizado pelo estudo. As empresas de fermentação de proteínas alternativas garantiram US$ 1,7 bilhão em investimentos em 2021, quase três vezes os US$ 600 milhões arrecadados em 2020. As empresas de fermentação levantaram US$ 2,8 bilhões em capital investido desde o primeiro investimento rastreado pelo GFI no setor em 2013, sendo 60% apenas em 2021. Isso inclui a Série C de US$ 350 milhões da Nature Fynd, a Série D de US$ 175 milhões da The EVERY Company, contabilizando 434 investidores únicos. As empresas de carne, frutos do mar, ovos e laticínios vegetais receberam US$ 1,9 bilhão em investimentos em 2021, o que é compatível com os US$ 2,1 bilhões arrecadados em 2020 e quase três vezes os US$ 693 milhões arrecadados em 2019. Estas empresas arrecadaram US$ 6,3 bilhões em investimentos desde 2010, sendo 30% apenas em 2021. Estão incluídas aqui a rodada de financiamento de US$ 500 milhões da Impossible Foods, que aumentou o financiamento recorde de US$ 700 milhões da empresas em 2020; Série D de US$ 235 milhões da NotCo; Série B de US$ 110 milhões da v2food;  a rodada de capital semente (seed money) recorde de US$ 30 milhões da Next Gen Foods, que é quase três vezes maior que a segunda maior rodada de semente levantada por uma empresa de proteína alternativa. Em 2021 a base de investidores do setor cresceu 40% em relação ao ano anterior, trazendo o número total de investidores únicos para 1.903. A confiança dos investidores em empresas de proteínas alternativas é impulsionada por vários fatores de mercado, e as crises de saúde pública e ambientais que dominaram o mundo ao longo de 2020 e 2021 tornaram claros os riscos associados a portfólios e práticas de negócios habituais. Nesse contexto, tem relevância ainda maior a perspectiva de carne produzida sem risco de contribuição para a transmissão de doenças zoonóticas e emissões dramaticamente menores do que a carne convencional. Embora os investimentos em proteínas alternativas tenham crescido a uma taxa impressionante, eles continuam sendo uma fração minúscula dos trilhões de dólares que foram investidos globalmente em empresas de tecnologia climática como um todo. Somente em 2021, o capital privado em empresas de tecnologia climática em estágio inicial totalizou US$ 47 bilhões. ”Com cada vez mais investidores reconhecendo que o risco climático é um risco de investimento, as proteínas alternativas oferecem uma solução escalável que aproxima o mundo de um sistema alimentar mais seguro e neutro em emissões de carbono. Gerenciar os riscos climáticos é impossível sem abordar os alimentos, e a agricultura e as proteínas alternativas nos oferecem uma ferramenta para fazer isso”, explica Sharyn Murray, especialista de engajamento corporativo do GFI-EUA. Apesar do bom momento, o processo de diversificação de tipos e fontes de investimento no setor está

Consumo de carne vegetal vai continuar crescendo nos próximos anos, mas a indústria precisa se preparar para atender a demanda

Estudo do The Good Food Institute revela requisitos globais para atingir as metas de 2030 relativos à colheita, infraestrutura e investimentos para a indústria.  No ano de 2020, as vendas de alternativas vegetais cresceram duas vezes mais rápido do que as vendas gerais de alimentos nos EUA. Em 2019, o mercado de alimentos à base de plantas valia US$ 5 bilhões. Hoje, já vale mais de US$7 bilhões. A categoria de leites vegetais continua como a mais desenvolvida do setor, representando 35% do mercado de alimentos à base de plantas e 15% do mercado de leite em geral. Mas, quando falamos de carnes vegetais, o aumento das vendas dessa categoria supera o de todas as outras: enquanto a procura por leites vegetais cresceu 27% nos últimos dois anos, por exemplo, as vendas de carnes vegetais aumentaram 72% no mesmo período. O boom na procura por essas alternativas está influenciando e remodelando todo o setor alimentício. Dados os aumentos previstos na demanda global por proteína e nas mudanças nos hábitos dos consumidores nas próximas décadas, a indústria de proteínas à base de plantas precisará de grandes investimentos – em todas as áreas – para que a cadeia de suprimentos e a capacidade de fabricação consiga saciar a demanda. Pensando nisso, o The Good Food Institute lançou o relatório “Plant-based Meat: Anticipating 2030 Production Requirements”. A partir de levantamentos de dados e análises da utilização atual de ingredientes, o estudo prevê os requisitos globais de volume de produção para atingir as metas de 2030 relativos à colheita, infraestrutura e investimentos para a indústria. Com estimativas de abrangência global, o estudo traz orientações para investidores, processadores de ingredientes, fornecedores de equipamentos e fabricantes de carne vegetal quanto às urgências, oportunidades, obstáculos e níveis de investimentos necessários para suprir a demanda prevista para 2030. Em relação ao volume global de ingredientes, o relatório calcula que a indústria precisará produzir no mínimo 25 milhões de toneladas métricas (MMT) de carne à base de plantas para conseguir atender ao mercado anual. O estudo também examina outros pontos como, por exemplo, a futura pegada de fabricação do setor. Com base em instalações de produção hipotéticas usadas para produzir proteínas vegetais estruturadas (SPP), o material base da carne vegetal, estima-se que pelo menos 810 fábricas devam entrar em operação até 2030 para suprir a demanda, o que deve custar aproximadamente US $27 bilhões em despesas de capital global (CapEx) e pelo menos US $17 bilhões de custos operacionais por ano. A pesquisa identificou potenciais entraves sobre o fornecimento global de ingredientes fundamentais (como óleo de coco e proteína de ervilha) nos próximos anos. No entanto, demonstrou que a capacidade de fabricação, e não a disponibilidade de volume suficiente de ingredientes, é que provavelmente será o elo limitante da cadeia de suprimentos de carne vegetal a nível global.  A análise do GFI indica que a modernização de instalações de processamento de alimentos existentes, a formação de parcerias, a estreita colaboração entre os stakeholders do setor e, principalmente, o investimento inicial em infraestrutura são as medidas necessárias para evitar um cenário de escassez e conseguir expandir o aporte de produção com mais eficiência na próxima década. Cenário Brasileiro Apesar da previsão ser de abrangência mundial, a nível regional ela também se confirma. Cristiana Ambiel, gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, enxerga que essa questão é também um gargalo no país. “Nós precisamos desenvolver empresas interessadas em processar ingredientes (proteína concentrada, texturizada e isolada) para podermos atender a futura demanda”, afirma. Inclusive, a pesquisa “Oportunidades e Desafios na Produção de Produtos Feitos de Plantas Análogos aos Produtos Animais”, lançada pelo The Good Food Institute Brasil no final de 2021, possui muitos pontos de contato com o relatório “Anticipating 2030 Production Requirements”. Pensando em acelerar a inovação na indústria de proteínas alternativas, o GFI Brasil ouviu profissionais das indústrias de ingredientes e processamento de produtos vegetais no país, identificou os maiores desafios no desenvolvimento de alternativas à base de plantas (com a qualidade, preço e características buscadas pelos consumidores) e definiu sete linhas de pesquisa prioritárias para o avanço desse mercado no Brasil. O desenvolvimento de matérias-primas e ingredientes nacionais foi apontado como a principal demanda por 84% das empresas que participaram da pesquisa. Por causa da pouca oferta de opções nacionais no mercado, onde a soja ainda predomina, a busca por ingredientes importados é alta. Essa dependência na importação (vulnerável à volatilidade da cotação de moedas estrangeiras e ao tempo de espera pela entrega, por exemplo) eleva os custos de produção e, consequentemente, o preço final do produto, que acaba se tornando inacessível para muitos brasileiros. Tal realidade parece incompatível com o Brasil, berço de 20% de toda a biodiversidade do planeta. O país possui, de fato, inúmeras espécies nativas que podem agregar características sensoriais e nutricionais únicas a um produto, além de ser um grande produtor de matérias-primas vegetais (como feijões, arroz, aveia, gergelim, trigo, centeio, milho, cevada, sorgo e amendoim) com potencial de se tornar fonte de proteína para a indústria plant-based. O elo que falta para começar a transformar esse potencial em realidade é a pesquisa científica: tempo e investimentos são necessários para definir os processos de extração mais adequados de cada proteína, caracterizar e melhorar suas funcionalidades proteicas, aprimorar as características sensoriais e reduzir custos finais. O GFI Brasil trabalha para preencher essa lacuna com o Programa Biomas, voltado a universidades, instituições de pesquisa e empresas privadas que financia pesquisas com potencial para transformar produtos nativos da Amazônia e Cerrado em ingredientes alimentícios demandados pela indústria de proteínas alternativas, agregando valor às espécies brasileiras, gerando oportunidades de renda para as comunidades locais e promovendo a preservação da biodiversidade. O relatório “Anticipating 2030 Production Requirements” corrobora que a pesquisa de ingredientes alternativos é uma frente importante – e especialmente interessante –  para o Brasil. Isso por que, apesar da capacidade de fabricação e processamento ter sido identificada pela análise como a principal barreira a ser enfrentada pela indústria, a pressão sobre o fornecimento global de

As 7 tendências globais que vão dominar o setor de proteínas alternativas em 2022

Nossos especialistas globais apontam as tecnologias que devem despontar ou se fortalecer este ano com o amadurecimento da indústria e quais delas já estão acontecendo no Brasil Texto: Bruna Corsato Revisão: Camila Lupetti, Guilherme Vilela, Raquel Casselli e Vinícius Gallon Após anos de crescimento constante, a indústria de proteínas alternativas caminha para uma fase de consolidação, com empresas do setor entrando em estágios mais avançados e aprimorando os produtos que chegam ao mercado. Mas ainda há espaço para crescimento e inovação, além de muitas oportunidades a serem exploradas nesse ambiente. O time de especialistas globais do The Good Food Institute apresenta quais são as tendências que devem dominar o setor em 2022. 1- A fermentação vai abrir novos caminhos para os produtos vegetais A utilização de processos de fermentação na indústria plant-based vem crescendo como um dos pilares da produção de alimentos vegetais e a tendência é que essa posição se consolide através de lançamentos que devem chegar ao mercado em 2022. EM 2021, a norte-americana Perfect Day criou uma proteína de soro de leite (whey protein) a partir de fermentação de precisão, técnica que utiliza microorganismos para produzir ingredientes funcionais específicos, como proteínas, moléculas de sabor, vitaminas e até gorduras. O whey fermentado chegou aos consumidores dos Estados Unidos sob a forma do Brave Robot, o serve de base vegetal da Perfect Day. Mas a lista de lançamentos que aderiram ao novo ingrediente não parou por aí: houve também o cream cheese da Modern Kitchen, mistura para bolo da Climate Hero e até novo leite alternativo no Starbucks. A tendência é que a indústria continue a explorar essa tecnologia, aprimorando características sensoriais de produtos já existentes e criando novidades para conquistar o consumidor. As previsões de lançamentos deste ano incluem:  A primeira proteína de ovo fermentado do mundo. A responsável pela inovação é a Every Company e chegará ao mercado através dos smoothies da Pressed Juicery. A Motif Foodworks vai licenciar sua mioglobina HEMAMI para que produtores possam refinar o saber de carne em produtos vegetais A empresa de carnes Hormel vai passar a incorporar a microproteína, carne feita a partir de fermentação, em sua linha vegetal por meio de uma parceria com a Better Meat Co. Já no ano passado a Nature´s Fynd conseguiu aprovação do FDA para comercializar sua proteína fermentada Fy, e a previsão é de que chegue às gôndolas ainda esse ano. Esse é só o começo, prepare-se para ouvir falar muito de fermentação no mercado plant-based em 2022. 2- Mix de tecnologias para criar produtos híbridos Quando falamos em proteínas alternativas, estamos nos referindo a uma categoria que inclui diversos processos de produção resultando em produtos à base de plantas, de fermentação e de cultivo de células. A tendência é que esse ano vejamos produtos feitos através da combinação dessas tecnologias chegarem ao mercado, que são conhecidos como produtos híbridos: Por exemplo, o Impossible Burguer é feito à base de plantas mas leva em sua composição do heme (molécula de proteínas rica em ferro) derivado de fermentação, o que confere gosto similar a carne.  Muitas empresas de leite e queijo vegetais estão usando técnicas tradicionais de fermentação em nozes e outros ingredientes à base de plantas para obter o sabor lácteo autêntico e cremoso do queijo convencional. Podemos esperar produtos híbridos de carne cultivada e proteínas vegetais, tanto para reduzir custos quanto para atrair consumidores que procuram recursos nutricionais como fibras. Esperamos ver ainda o lançamento de carnes vegetais aprimoradas com gordura cultivada, melhorando as propriedades sensoriais. Além disso, deve se tornar mais comum o uso de machine learning e inteligência artificial no desenvolvimento do perfil de sabor e textura de produtos vegetais para se aproximar mais da experiência sensorial da carne tão desejada pelo consumidor. Empresas como a NotCo, Culture Biosciences e Climax Foods já estão atuando nessa direção. 3- Produtos vegetais se tornarão cada vez mais segmentados e fiéis aos produtos animais 3.1 Frutos do mar: o investimento neste setor bateu recorde em 2021, chegando a $116 milhões de dólares. Já são mais de 87 empresas no setor produzindo frutos do mar a partir de plantas, fermentação ou cultivo de células. A expectativa é de que esses produtos cheguem a lojas e restaurantes já em 2022.  No Brasil: A Fazenda Futuro lançou no ano passado o primeiro atum à base de plantas do mercado brasileiro. Disponível tanto no Brasil quanto na Europa, o produto vem pronto para consumo e é feito com soja, ervilha, grão-de-bico, azeite de oliva, rabanete e óleo de microalgas para garantir 183 gramas de ômega-3 (por 100g). A linha Incrível Seara conta com iscas de peixe. Cada porção tem 12 gramas de proteína vegetal, além de ser fonte de ferro e vitamina B12, e não conter gordura trans. A The New dispõe de análogos vegetais de salmão e bacalhau em sua linha de produtos. A startup Sustinere Piscis, fundada pelo biólogo Marcelo Szpilman, atua para criar a primeira carne de peixe cultivada. 3.2 Cortes inteiros de carne: 2022 deve ser o ano em que vamos ver cortes inteiros de carnes vegetais se tornar realidade, contemplando uma variedade maior de preparos na cozinha. Já está no mercado o filet mignon vegetal da Juicy Marbles e a Umiami está desenvolvendo uma nova tecnologia para produzir cortes inteiros em escala. No Brasil: Incrível Seara já conta com uma linha de cortes inteiros que incluem bife, tiras de carne, cubos e filé de frango. A Sadia Veg & Tal tem uma linha de frango vegetal nas opções em cubos ou em tiras. A linha de produtos da Verdali inclui frango em tiras, costelinha, mignon e steak. Fazenda Futuro tem uma opção de frango em cubos. The New tem filé de frango e salmão. 3.3 Ovos: esta é uma das categorias plant-based que cresce mais rapidamente, com espaço para produtos como ovo cozido, clara de ovos e uma mistura para que sirva para o preparo de diversos pratos. Vemos grande potencial no uso da fermentação para produzir ingredientes de ovo que melhorem