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Fortalecendo o potencial da soja nos análogos à carne: estratégias e oportunidades de pesquisa

25 de julho de 2025

Atualmente, a soja ocupa uma posição central no desenvolvimento de análogos cárneos no mundo. No Brasil, mais da metade dos produtos plant-based disponíveis no mercado utiliza a soja como principal fonte de proteína, segundo um Estudo de Rotulagem realizado em 2023 com 349 produtos. Seu uso consolidado nas formas texturizada, concentrada e isolada a torna um dos ingredientes mais estratégicos para o avanço do setor.

Apesar da ampla utilização da soja na formulação de análogos cárneos e de sua relevância estratégica no setor de proteínas alternativas, a cadeia produtiva da soja ainda enfrenta desafios importantes no contexto da alimentação humana. Embora já existam ingredientes proteicos com desempenho tecnofuncional e sensorial superior, capazes de atender às expectativas de textura, suculência e sabor dos produtos de maior complexidade sensorial, esses ingredientes ainda apresentam barreiras significativas de custo que limitam sua ampla adoção. Essas limitações se refletem diretamente na experiência e percepção do consumidor final. A Pesquisa de Consumidor do GFI Brasil revelou que 41% dos brasileiros que não consomem carnes vegetais análogas apontam o preço como a principal barreira, enquanto 21% mencionam o sabor, 14% a textura e 10% citam preocupações relacionadas ao uso de soja ou de ingredientes transgênicos, de forma geral. Esses dados reforçam a necessidade de investir em melhorias ao longo da cadeia produtiva da soja, desde o desenvolvimento de cultivares e o processamento até a funcionalidade dos ingredientes nas formulações finais.

Os resultados do Projeto Lâmpada, conduzido em 2024 pelo GFI Brasil, reforçaram esse diagnóstico e evidenciaram que a indústria nacional ainda depende da importação de ingredientes com desempenho funcional mais elevado, devido à limitação de alternativas nacionais. Além disso, especialistas ouvidos no estudo destacaram a necessidade de integrar melhor a academia e a indústria, encurtando a distância entre a pesquisa aplicada e as suas aplicações industriais diretas. A soja brasileira, segundo os mesmos especialistas, não somente tem potencial para impulsionar o mercado plant-based nacional, mas também projetá-lo como protagonista global, exportando valor agregado por meio de alimentos plant-based produzidos a partir de ingredientes nacionais de alta performance, desde que os gargalos tecnológicos e estruturais de sua cadeia de valor sejam superados.

Com o objetivo de orientar futuras iniciativas de pesquisa e desenvolvimento para esse ingrediente estratégico e de fomentar uma maior integração entre a pesquisa científica e as necessidades do mercado, o GFI Brasil promoveu um Fórum Técnico sobre a Soja com representantes da academia e do setor produtivo. A partir das contribuições desses especialistas, foram definidas diretrizes estratégicas e oportunidades de pesquisa para fortalecer o potencial  da soja como ingrediente chave na produção de análogos cárneos no Brasil. Essas diretrizes abrangem toda a cadeia produtiva, desde o desenvolvimento de cultivares, com maior teor e qualidade proteica, perfil nutricional mais completo e menor presença de compostos antinutricionais, até o produto final. Outro ponto central é a adoção de uma abordagem centrada no consumidor, com foco em acessibilidade, conveniência, saudabilidade e valorização da imagem da soja.

A partir disso, as diretrizes a seguir refletem ações, que em conjunto, buscam potencializar o uso da soja na formulação de análogos cárneos com maior apelo sensorial, custo competitivo e valor nutricional aprimorado, elementos essenciais para impulsionar a transição para proteínas alternativas de forma inclusiva e sustentável.

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