Um breve contexto
Desde o lançamento no mercado brasileiro, em 2019, os produtos vegetais análogos demonstram um crescimento significativo no cenário nacional, refletindo uma transformação nas preferências alimentares dos consumidores, principalmente olhando para aspectos como saúde, sabor, preço e conveniência. Em 2023, o mercado brasileiro de substitutos vegetais de carnes e frutos do mar atingiu 1,1 bilhão de reais em vendas no varejo, 38% a mais que em 2022, mantendo o patamar de crescimento anual que já havia sido registrado nos anos anteriores (42% em 2022 e 36% em 2021, sempre em relação ao ano anterior). Esse movimento é impulsionado por uma mudança no comportamento do consumidor, com um número crescente de indivíduos optando por reduzir o consumo de produtos de origem animal, adotando dietas flexitarianas, por exemplo. No entanto, apesar desse cenário promissor, o mercado ainda enfrenta desafios substanciais que podem limitar seu potencial de crescimento.
Pesquisas anteriores identificaram diversos gargalos que limitam o desenvolvimento pleno do mercado de carnes vegetais análogas, tanto no Brasil quanto em outros países. Desafios regulatórios e a falta de padronização nos processos de produção são barreiras frequentemente mencionadas, além da infraestrutura inadequada para a produção e distribuição dos produtos vegetais análogos e a dificuldade em acessar matérias-primas de qualidade a preços competitivos. Outro gargalo é a aceitação do consumidor. Mesmo com o aumento do interesse por alternativas à base de plantas, muitos consumidores ainda destacam desafios importantes relacionados a sabor, preço, composição do produto e questões nutricionais. A mais recente pesquisa realizada pelo GFI Brasil sobre o tema apontou que 41% dos respondentes que nunca consumiram carnes vegetais citou como principal motivo o preço elevado. Em seguida, aparecem motivos como ter ingredientes artificiais (22%), não conhecer os ingredientes ou processos de fabricação (21%) e sabor que não agrada (21%).
A compreensão desses gargalos é fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes que fomentem a expansão sustentável deste mercado, por isso, o GFI conduziu o projeto Lâmpada: Levantamento e Análise de Melhorias em Proteínas Alternativas e Desenvolvimento de Ações. O objetivo foi analisar os obstáculos enfrentados por diferentes atores do mercado, incluindo questões relacionadas à produção, distribuição e regulamentação, por exemplo. Ao fornecer uma visão aprofundada desses desafios, este estudo pretende enriquecer o entendimento sobre o mercado de maneira a auxiliar empresas, formuladores de políticas públicas e pesquisadores em iniciativas capazes de mitigar as principais barreiras do setor e impulsionar o mercado de proteínas alternativas.