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Nota à imprensa – Projeto de Lei (PL) 4616/2023

The Good Food Institute Brasil, São Paulo, 21 de setembro de 2023 O que era a pecuária brasileira há 50 anos? E o que mudou de lá pra cá? Muita ciência de qualidade nacional desenvolvida por empresas públicas e privadas, como a própria Embrapa, que foram grandes aliadas para colocar o Brasil no local de protagonista que hoje ele ocupa no cenário global no setor de alimentos. E se essas empresas fossem proibidas de desenvolver suas pesquisas a partir de uma determinação legislativa? E se a inovação fosse tipificada como crime no equivalente em 1973 (ano de criação da Embrapa) à Lei de Biossegurança atual? Onde estaria a pecuária brasileira hoje? Em que nível estaria a nossa balança comercial? A força do agronegócio brasileiro hoje vem em grande parte da sua capacidade de transformar inovação em produtos seguros de classe mundial. Negar isso é negar a história, a ciência e parte importante do que nos define como uma economia livre. É negar o que a Constituição Federal define em seu artigo 218 onde afirma que “O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação.“ Carne cultivada é ciência e também é agro. E as principais economias, como EUA e China já perceberam isso.  O lugar que o agro brasileiro ocupará no futuro dependerá das decisões que tomarmos agora. O maior exportador de carne do mundo hoje é aquele que aplicou ciência por 50 anos. O maior exportador de carne do mundo no futuro, seja animal, vegetal ou cultivada, será aquele que souber pavimentar o caminho para a nova ciência que se desenvolve aqui e em outros lugares e souber transformá-la em produtos seguros e de classe internacional. Carne cultivada é um mercado “e” e não um mercado “ou”, estamos falando em diversificação e não em substituição. Ela não vai acabar com o agro atual. Ao contrário, vai somar-se a ele como outras inovações na agricultura e na pecuária também já o fizeram. Proibir a pesquisa é interromper o caminho para o futuro. Negar o futuro é condenar-se a viver no passado, movimento que nossos parceiros comerciais já demonstraram que não farão. Grandes empresas da nossa economia também entenderam essa oportunidade e já investiram milhões de reais no setor, demonstrando que acreditam no potecial brasileiro de liderar em mais essa frente do nosso agronegócio. Não só isso, elas ouviram seus parceiros de negócio, elas ouviram seus consumidores. O Projeto de Lei 4616 de 2023, apresentado na Câmara dos Deputados e que propõe a proibição da pesquisa e comercialização de carne animal cultivada no território nacional, busca frear a inovação através de argumentos infundados e que contrariam a própria ciência, além de instituições como a Food and Drug Administration (FDA-EUA), que recentemente aprovou consultas pré-mercadológicas das empresas UPSIDE Foods e GOOD Meat, que já vendem frango cultivado em Singapura, e da China, que incluiu em seu plano agrícola até 2027 as carnes cultivadas, chamadas pelos chineses de “alimento do futuro”, como parte do planejamento para lidar com as questões de sustentabilidade e segurança alimentar no país. Atualmente, cerca de 156 empresas se dedicam ao desenvolvimento de carne cultivada, com investimento total de US$ 2,8 bilhões até 2022. Esse valor deve chegar a 20 bilhões em 2030, segundo a consultoria McKinsey. As proteínas alternativas (plant-based, cultivadas e obtidas por fermentação) poderão representar entre 11 a 22% do mercado global de carnes até 2035. Proibir que as empresas desenvolvam pesquisas em solo nacional não impedirá que as mesmas o façam em outro país, apenas inviabilizará o desenvolvimento da cadeia de produção da carne cultivada, a geração de novos empregos no Brasil e o direito dos consumidores terem mais opções no prato.

Quer levar sua startup para se apresentar na Good Food Conference? Inscreva-se no Pitch Slam!

Nós estamos em busca de cinco startups de destaque em todo o mundo para se apresentarem ao público ao vivo na Good Food Conference, que acontece de 18 a 20 de setembro em São Francisco, Califórnia. O Pitch Slam é voltado para startups da Série B ou anteriores focadas em produtos finais, ingredientes ou serviços de upstream de proteínas à base de plantas, cultivadas ou obtidas por fermentação. O evento é um dos favoritos da conferência e uma excelente oportunidade para apresentar sua empresa para investidores e parceiros em potencial! O objetivo é fornecer exposição internacional para as startups, que não irão competir por recursos. As cinco empresas selecionadas para o Pitch Slam receberão dois ingressos gratuitos para a conferência e um estande de 10×10 no sãlão de exposições. Cada uma terá cinco minutos para se apresentar para o público, seguido de uma sessão de perguntas e respostas. O evento será encerrado com um meet-and-greet entre os membros do público e as startups do pitch. Nos anos anteriores, os participantes incluíram ADM Ventures, Obvious Ventures, Tyson Ventures, Clear Current Capital, Stray Dog Capital, CPT Capital, Kelloggs, The New York Times, The Wall Street Journal, Wired, BBC e muitos mais! As inscrições encerram no dia 23 de julho. Inscreva-se já através deste formulário!

Envie sua proposta para o Programa Global de Incentivo à Pesquisa do GFI

O edital do nosso programa global de incentivo à pesquisa (GFI Research Grant Program) acaba de ser lançado! Se você é pesquisador ou pesquisadora e tem interesse em desenvolver um estudo sobre uma das áreas contempladas, não perca essa oportunidade! As propostas serão aceitas até dia 21 de setembro de 2023. Neste ano, vamos aprovar pesquisas através do mecanismo Field Catalyst, que consiste em financiamentos de projetos de até US$250.000 e 24 meses de duração. Os candidatos podem solicitar US$100.000 adicionais para fazer parceria com pesquisadores externos (que não receberam financiamento do GFI antes) e/ou partes interessadas do setor. Aceitaremos inscrições em quatro áreas temáticas: Área prioritária A / Extrusão 2.0: Aprimoramento da extrusão tradicional por meio da inovação de processos e avaliação dos mecanismos de texturização de proteínas; Área prioritária B / Desenvolver ferramentas e conhecimento para promover a proliferação e diferenciação de células de frutos do mar; Área prioritária C / Coleta e curadoria de dados sobre o desenvolvimento de modelos de redes metabólicas em escala genômica para otimizar a formulação de matérias-primas e taxa de conversão alimentar; Área prioritária D / Prospecção de matérias-primas viáveis para produção de alimentos alternativos por meio de fermentação de precisão e fermentação de biomassa. O GFI Brasil realizou um workshop para tirar dúvidas gerais sobre o edital do programa e apresentar as quatro áreas prioritárias dessa edição. Você pode assistir aqui ao trecho do workshop onde explicamos cada uma delas e, neste post, pode ler o detalhamento completo das quatro áreas, com todas as informações que você pode precisar. Fechamento da RFP – 21 de setembro de 2023  As propostas podem ser criadas e submetidas até dia 21 de setembro de 2023 através do nosso portal de candidaturas aqui. Será necessário criar um perfil de usuário para acessar o formulário de inscrição. Os resultados serão divulgados até o final de 2023. O edital completo, com todas as orientações para a submissão da proposta, assim como todas as demais informações sobre o estudo, podem ser acessadas neste link. Dúvidas podem ser enviadas para o e-mail ciencia@gfi.org. Esperamos por vocês!

6 de Julho: Dia Mundial das Zoonoses 

Casos de zoonoses reabrem o debate sobre os impactos da produção de proteína animal para a saúde global: Gripe Aviária, doença da Vaca Louca e Peste Suína Africana têm potencial pandêmico, provocam prejuízo econômico e expõem fragilidade dos sistemas alimentares.   Em fevereiro deste ano, uma menina de 11 anos infelizmente faleceu no Camboja após contrair o vírus da gripe aviária (H5N1). Este e outros relatos da doença na região das Américas e no Sudeste Asiático levaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar, ainda no início do ano, que a situação da H5N1 é preocupante. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico enfatizando a importância do controle da infecção em aves e recomendando que os países reforcem a vigilância da gripe sazonal e zoonótica em animais e humanos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) iniciou uma campanha de conscientização sobre a disseminação do vírus e o estado de Mato Grosso reforçou medidas sanitárias, principalmente nas áreas que fazem fronteira com a Bolívia.  Gripe Aviária (H5N1) no Brasil  Zoonoses são doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas. Em maio, o Brasil registrou oito casos de H5N1, sete no Espírito Santo e um no Rio de Janeiro. Mesmo com todos os casos envolvendo aves silvestres migratórias (sem diagnóstico da doença em humanos ou aves para consumo), no dia 22 de maio, o MAPA declarou emergência zoosanitária por 180 dias. Esse estado é declarado sempre que há risco de uma doença oriunda de um animal se propagar rapidamente e ajuda o governo a agilizar processos para combatê-la. A maior preocupação com essa medida era evitar que a gripe aviária chegasse nas granjas e nas criações de aves porque, como a doença se espalha rapidamente entre os animais, todos eles precisariam ser sacrificados, diminuindo a oferta de carne e ovos. Leia mais no G1 Até final de junho, o Brasil registrava 56 casos de H5N1 em aves silvestres e gaivotas. No entanto, no dia 2 de julho, o Espírito Santo, que já contava com 27 casos, registrou os primeiros casos em um pato e um ganso de criação doméstica. Seguindo o protocolo sanitário nacional, todos os animais da propriedade foram sacrificados. Aves de criação doméstica correm mais risco de contrair a doença porque circulam em ambiente externo, podendo ter contato com as aves silvestres que estavam infecctadas. Como na granja os animais ficam alojados o tempo inteiro, a chance desse contato é bem menor. De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), as notificações em aves silvestres e de subsistência não comprometem o status do Brasil como “livre de H5N1” e nem trazem restrições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros. Mesmo assim, o Japão suspendeu a compra de carne de frango do Espírito Santo, mercado que estava sendo conquistado pelos capixabas. A transmissão para humanos é rara: segundo a OMS, entre 2003 e 2023, 874 pessoas foram infecctadas com a H5N1. No entanto, a taxa de mortalidade é alta, por volta de 52%, principalmente por insuficiência respiratória. O que criou um alerta maior nos órgãos de saúde é que, nos últimos anos, a gripe aviária chegou a países que antes estavam protegidos (Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, Panamá, Peru, Venezuela, Brasil e Chile) e que animais mamíferos começaram a contrair H5N1. Neste ano, mais de 3 mil leões-marinhos morreram por suspeita da doença no Peru e quase 9 mil animais mamíferos marinhos morreram devido à gripe aviária no Chile. Como mamíferos possuem células muito mais parecidas com as nossas, a preocupação dos especialistas é que o vírus consiga se adaptar a ponto de ser transmitido de pessoa para pessoa. A transmissão para humanos se dá quando a pessoa tem contato direto com as secreções e fluídos de um animal infecctado, esteja ele vivo ou morto, porque as aves eliminam o vírus por meio das fezes e secreções respiratórias. Por isso, a doença também pode ser transmitida por água e objetos contaminados com essas secreções. Até agora, não há registros de transmissão entre humanos. Relembre outros casos de zoonoses No final de fevereiro, um caso da doença da vaca louca (Encefalopatia Espongiforme Bovina – EEB) foi identificado no Pará. A doença é gerada pelo príon, uma proteína infecciosa naturalmente presente no cérebro de mamíferos que pode se tornar patogênica ao assumir uma forma anormal. Como afeta progressivamente o sistema nervoso, o príon altera o comportamento e provoca irritabilidade no animal, por isso o apelido “vaca louca”.  A forma mais grave de EEB está nos casos de origem clássica, que acontecem quando um animal doente é abatido e sua carne é consumida por outros animais ou por humanos. Esses casos são altamente trasmissíveis, não têm cura e são letais, inclusive para humanos. O primeiro surto da vaca louca estourou no Reino Unido nos anos 90 e fez com que mais de 4.4 milhões de animais fossem abatidos. Aqui no Brasil é proibido o uso de restos de animais para fabricação de ração para bovinos e, em mais de 20 anos de monitoramento da doença, felizmente nunca foi identificado um caso de origem clássica da EEB no país. Mas, mesmo assim, o Ministério da Agricultura precisou suspender temporariamente a exportação de carne bovina para a China, o maior comprador do Brasil. Esse auto embargo aconteceu por causa do acordo bilateral firmado entre os dois países em 2015, no qual o protocolo sanitário determina que as exportações sejam interrompidas caso a doença, mesmo que da forma atípica (que não apresenta riscos de transmissão para o rebanho ou para os humanos), seja identificada no país. Em seguida, Irã, Jordânia e Tailândia também suspenderam suas importações brasileiras, enquanto a Rússia apresentou embargo apenas à carne do Pará.  As estimativas apontam que o Brasil deixou de faturar cerca de 17 milhões de dólares por dia com a suspensão chinesa. Dessa receita, 42% vem do estado de Mato Grosso, maior produtor de carne bovina do país. Em fevereiro de 2021 o Brasil também registrou casos da EEB atípica. Na época, a

Estudo inédito avalia aspectos de segurança na produção de carne cultivada

Conduzido pelo GFI Brasil e pela Unicamp, o documento identifica perigos e propõe medidas de controle para garantir a produção segura de carne cultivada. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em torno de 420 mil pessoas morrem todos os anos em decorrência da ingestão de alimentos contaminados. A fim de inspirar ações globais que ajudem a prevenir, detectar e gerenciar riscos de origem alimentar, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) instituiu o Dia Mundial da Segurança de Alimentos, celebrado em 7 de Junho.    Para contribuir com a campanha deste ano, cujo tema é “Padrões alimentares salvam vidas”, o The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil) e a Universidade Pública de Campinas (Unicamp), lançam um estudo inédito que mapeia perigos e apresenta medidas de controle para garantir a segurança da carne cultivada, alimento que deve chegar ao mercado brasileiro em 2024.   Motivado a partir de discussões com a Anvisa e o Ministério da Agricultura (MAPA) durante um workshop realizado pelo GFI Brasil em 2021, o objetivo foi desenvolver um Plano APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) para um produto-alvo de carne cultivada.   Entenda como o estudo foi conduzido   O estudo optou por modelar o processo de produção completo e em escala piloto de um hambúrguer de carne cultivada. Os 10 cientistas envolvidos avaliaram os perigos potenciais em todas as fases do processo, desde a escolha do animal doador até o processamento final.   Amanda Leitolis, Especialista Sênior de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil e uma das cientistas responsáveis pelo estudo, explica que muitos dos perigos identificados, como resíduos de drogas veterinárias e auxiliares de processamento que possam permanecer no produto final, microorganismos oriundos dos animais doadores ou de falhas de manipulação durante o processo, já são antigos conhecidos da indústria de alimentos convencionas. “Isso pode nos indicar  que as ferramentas e os sistemas de gestão normalmente empregados na indústria de alimentos, como é o caso do APPCC, também são úteis para  garantir a segurança de alimentos feitos por cultivo celular”, afirma Amanda.   O estudo também apontou algumas lacunas de conhecimento que ainda precisam ser aprofundadas, como a determinação dos fatores que influenciam o prazo de validade dos produtos cultivados e as potenciais diferenças nos eventos bioquímicos que acontecem nas  células da carne cultivada após a coleta.   “Com esse trabalho, nós conseguimos antecipar gargalos para acelerar o desenvolvimento e a comercialização de carne cultivada. Criamos uma primeira estrutura que agora poderá contribuir para que outros profissionais da indústria possam desenvolver seus próprios planos e fazerem toda a gestão de segurança. Nossa intenção é conhecer os perigos antes para que tudo seja feito de forma segura desde o início. É uma iniciativa que certamente contribui com o desenvolvimento da própria indústria como um todo”, completa Amanda.   Bibiana Matte, pesquisadora especializada em engenharia de tecidos e co-fundadora da Cellva Ingredients, explica que, inicialmente, o desafio do estudo foi combinar competências da agricultura celular, como biotecnologia, engenharia de tecidos, bioprocessos e alimentos, para desenvolver o processo e o produto.   “Buscamos trabalhar em equipes interdisciplinares que trazem diferentes vivências e, através dessa combinação, desenvolvemos tecnologias pioneiras no Brasil como o primeiro hambúrguer de carne cultivada bovina e, mais recentemente, as primeiras degustações de alimentos com gordura cultivada suína na Cellva.   Quando a carne cultivada estará no prato do brasileiro? Por enquanto, Singapura permanece como o único país onde produtos de carne cultivada já são comercializados. No entanto, a Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Anvisa dos Estados Unidos, fez consultas pré-comercialização de produtos feitos a partir de cultivo celular das empresas UPSIDE Foods e a GOOD Meat, e os considerou seguros para consumo humano. No Brasil, além da Cellva, JBS, BRF e Sustineri Piscis são outras marcas que estão desenvolvendo carne cultivada, com lançamentos previstos para 2024 e 2025. “Em relação ao futuro, entendo que o Brasil tem um papel essencial na produção e exportação de alimentos para o mundo e que, para a agricultura celular acontecer, o país também precisará ter relevância como parte dessa cadeia de fornecedores. Acreditamos que a nossa  biodiversidade e relevância alimentar propiciam o desenvolvimento dessa tecnologia. A agricultura celular democratiza a produção da cadeia de suprimentos de alimentos, uma vez que substitui o abate animal, utiliza menos recursos naturais e produz em menor tempo. Da mesma forma, preserva o sabor e textura dos alimentos que conhecemos e pode trazer benefícios nutricionais”, completa Bibiana. Gordura de porco cultivada da Cellva

GFI Brasil lança Plano de Ensino para Disciplinas em Proteínas Alternativas

Com o objetivo de nortear o aprendizado sobre proteínas alternativas nas Universidades e Instituições de Ensino em todo o país e de contribuir para a formação de profissionais capacitados para atuarem no setor de alimentos à base de plantas, cultivados ou obtidos por fermentação, o GFI Brasil lançou o Plano de Ensino para Disciplinas em Proteínas Alternativas (Modelo Conceitual) – e ele já está disponível na área de Recursos do nosso site. A temática das proteínas alternativas tem avançado muito na indústria e na mídia, mas continua sendo um campo incipiente na academia: percebemos que ainda existem muitos gargalos técnicos relacionados a novos insumos, tecnologias e escalonamento de processos para a obtenção de produtos à base de proteínas alternativas. E, por isso, entendemos que esse campo se beneficiaria amplamente com mais direcionamento para pesquisas acadêmicas e capacitação de profissionais para atuação na área. Os conteúdos elencados no Modelo Conceitual se aplicam a composição de cursos para graduação e pós-graduação nas áreas de Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Engenharias, como: Ciência de Alimentos, Zootecnia, Agronomia, Gestão Ambiental, Medicina Veterinária, Biologia, Biotecnologia, Farmácia, Engenharia de Alimentos, Engenharia Química, Engenharia de Produção, Engenharia de Bioprocessos e outras relacionadas. Os módulos e temas abordados podem ser implementados em disciplinas de curta ou longa duração, completa ou parcialmente, dependendo do curso de graduação ou de pós-graduação e objetivos da disciplina. Se você é um professor interessado em formar profissionais com compreensão e senso crítico sobre os desafios científicos, sociopolíticos e ambientais dessa nova cadeia de produção de alimentos, esse material é para você!  Baixe o Plano de Ensino para Disciplinas em Proteínas Alternativas (Modelo Conceitual) diretamente na página de Recursos no site do GFI Brasil.

Reino Unido investe mais de £ 13 milhões em novo centro de pesquisa para produzir carne cultivada

O projeto representa o maior investimento já feito pelo governo do Reino Unido em proteínas alternativas e ajudará cientistas e empresas britânicas a produzir carne cultivada em escala O novo Centro de Agricultura Celular (Cellular Agriculture Manufacturing Hub – CARMA) será liderado pela Universidade de Bath e financiado pelo Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências Físicas (EPSRC), que é parte da UK Research and Innovation (UKRI), agência de financiamento nacional que investe em ciência e pesquisa no Reino Unido. O polo, que está programado para funcionar por sete anos, vai investigar como produzir carne cultivada em escala.  Os pesquisadores também vão estudar o desenvolvimento de alimentos (como o óleo de palma sustentável) por meio da fermentação de precisão.  “Essa técnica permite a fabricação em grande escala de ingredientes específicos usando células microbianas como “fábricas” de produção desses compostos. Através de técnicas de engenharia genética, é possível obter microrganismos recombinantes que se tornam capazes de produzir compostos que antes só eram obtidos de outras fontes, sejam animais ou vegetais, como o exemplo do óleo de palma. A utilização dessa técnica para a produção de proteínas e peptídeos, corantes, aromas, gorduras e enzimas destinados ao setor de proteínas alternativas é uma das aplicações da tecnologia de fermentação mais promissoras”, explica a analista de ciência e tecnologia do GFI Brasil, Isabela Pereira. O CARMA será composto por especialistas das universidades de Birmingham, Aberystwyth, College London e da Royal Agriculture, que farão parcerias com a Universidade de Bath. Empresas de carne cultivada sediadas no Reino Unido, como Hoxton Farms e Quest Meat, também vão integrar o centro. Para o gerente de políticas públicas para o Reino Unido do GFI Europa, Linus Pardoe, “esse é um movimento sísmico no desenvolvimento da indústria de proteínas alternativas no Reino Unido. Gostaria de elogiar o governo por investir no potencial extraordinário dessas novas formas de produzir carne”. “Esse investimento histórico é uma forte indicação de que o governo britânico reconhece a importância da agricultura celular e a necessidade de investir em P & D para ajudar as empresas a escalar a produção, reduzir os custos e disponibilizar esses novos alimentos para todos”, conclui Pardoe.

Paraná vai investir R$ 5.7 milhões no desenvolvimento de carne cultivada

A Fundação Araucária, agência paranaense de fomento à pesquisa científica, tecnológica e inovação, acaba de anunciar um investimento de R$5.7 milhões em carne cultivada. O projeto, intitulado “Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Proteínas Alternativas” (NAPI-PA), será executado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). A verba destinada pela Fundação Araucária vem do governo estadual do Paraná. A maior parte do recurso será destinada à UFPR, para a instalação do Laboratório de Zootecnia Celular (Zoocel), que já é uma unidade permanente da Universidade, para o Laboratório de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, para a aquisição dos equipamentos necessários, como por exemplo dois biorreatores, um para produção de cultivo celular de bancada e outro para escalonamento, e para o fortalecimento de outras equipes e laboratórios parceiros  da PUCPR e da UEM. A outra parte da verba irá para bolsas de pesquisa destinadas às equipes participantes da proposta, que abrirão editais de processos seletivos. Qualquer pesquisador do Brasil que atenda os requisitos dos editais pode concorrer às bolsas, que são de mestrado, doutorado e pós-doutorado. Os NAPIs (Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação) da Fundação Araucária são grupos multidisciplinares de pesquisa sobre diferentes tecnologias e inovações, que vão desde nanotecnologia, genômica e biogás até inteligência artificial no agro. A estrutura de financiamento de P&D desses arranjos se dá através da visão estratégica do estado: com o NAPI de proteínas alternativas, o foco é o fortalecimento da agropecuária do Paraná para que, com uma maior diversidade de produtos, a competitividade do estado aumente e ele se posicione bem no espaço dos novos alimentos. Os pesquisadores do Zoocel vão trabalhar com células primárias de raças bovinas e suínas paranaenses, contribuindo para as novas cadeias produtivas e para a geração de novos empregos no Paraná. “É importantíssimo frisar que o governo de um estado pecuarista está tratando a zootecnia celular e a produção de carne cultivada como parte do agro e como peça essencial para o fortalecimento da pecuária. Se as proteínas alternativas forem encaradas dessa forma, como parte da indústria agrícola – e não concorrente, as chances dos profissionais que trabalham com proteína animal apresentarem resistência se tornam muito menores e a área tem tudo para avançar e dar certo”, afirma Carla Molento, professora e Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFPR e coordenadora do Zoocel e do Laboratório de Bem-estar Animal (LABEA/UFPR). Foco em ensino Além do foco em pesquisa, o projeto também nasceu com uma proposta muito forte de ensino: segundo Molento, “a intenção é garantir que os profissionais (de produção de alimentos de origem animal, veterinários, zootecnistas, engenheiros de alimentos, etc…) superem o medo inicial de entrar nessa área, os amparando com uma boa formação, composta por aulas laboratoriais práticas e teóricas. Afinal, se uma nova indústria está sendo construída, precisaremos de pessoas com boa formação para atuar nela”.  A primeira disciplina de zootecnia celular da América do Sul nasceu em 2020 na UFPR, numa parceria entre a Universidade e o The Good Food Institute Brasil. Ela é oferecida anualmente como optativa no programa de pós-graduação em Ciências Veterinárias e já formou 111 alunos nas suas três edições. Agora, comemora-se o fato de que essa disciplina passa, neste ano, a integrar também a grade curricular dos cursos de graduação em Medicina Veterinária e em  Zootecnia na UFPR, possibilitando que estudantes ainda mais jovens conheçam e se interessem por essa área. A primeira turma está em andamento e conta com 40 alunos de graduação em Medicina Veterinária e 14 alunos de graduação em Zootecnia. “O GFI possui uma área inteiramente dedicada ao desenvolvimento da ciência e tecnologia das proteínas alternativas. Nosso principal objetivo  é apoiar pesquisas de acesso aberto e promover a formação de profissionais para atuarem nesse mercado. Por isso, ajudamos a criar a disciplina de Introdução à Zootecnia Celular, ofertada pela UFPR, e a de Proteínas Alternativas, ofertada pela Unicamp. Além disso, captamos e direcionamos recursos para projetos de pesquisa, dispomos de um curso online introdutório e gratuito sobre o tema, desenvolvemos um modelo conceitual orientativo que pode ser utilizado pelas universidades criarem seus planos de ensino para disciplinas de proteínas alternativas, produzimos publicações que orientam a tomada de decisão de empresas e governos e coordenamos um Diretório de Pesquisa Colaborativa que reúne pesquisadores do mundo todo interessados em colaborações e trocas de experiência”, conta a gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, Cristiana Ambiel. Próximas etapas do NAPI Proteínas Alternativas Os próximos passos do NAPI-PA consistem na aquisição e instalação de todos os equipamentos do Zoocel e dos outros laboratórios para que eles sejam plenamente funcionais até o segundo semestre deste ano. A partir disso, os pesquisadores possuem metas definidas por semestre em relação ao avanço na produção de protótipos de carne celular de uma raça bovina paranaense (gado Purunã) e de uma raça suína (suínos Moura), também do Paraná. Apesar do NAPI-PA não ter bolsas de extensão, um dos efeitos de um projeto deste montante é atrair mais recursos: “hoje, nós já temos no Laboratório de Zootecnia Celular duas bolsas de iniciação científica em andamento e mais uma em coorientação com o professor Rodrigo Morais da Silva, da Escola de Administração da UFPR. Também estamos com inscrições abertas para duas bolsas no primeiro projeto de extensão cadastrado em zootecnia celular, que se chama Bife Sem Bicho e que vai ser realizado nos próximos meses. Ficamos muito felizes de ver o envolvimento público e de tantas instituições no setor de proteínas alternativas. Temos certeza de que o Brasil pode se tornar referência mundial na área, aproveitando todo o conhecimento que já tem na produção de proteína animal para desenvolver esses novos alimentos”, conclui Dra. Carla Molento. Outros investimentos públicos em carne cultivada no Brasil O investimento paranaense se soma ao recém anunciado investimento federal de R $2,48 milhões para um projeto de linguiça híbrida (vegetal + cultivada) da Embrapa. Os recursos foram ofertados através do edital de Foodtechs da Finep,