Proteínas alternativas
A tecnologia da carne cultivada
O ecossistema de pesquisa em carne cultivada tem se desenvolvido rapidamente nos últimos anos. Diversas empresas e grupos de pesquisa no mundo todo estão em uma corrida para trazer o cultivo de carne à escala industrial e levá-la ao prato do consumidor.
O que é carne cultivada
Em primeiro lugar, é preciso entender que a carne cultivada é carne de verdade, assim como a convencional. Ela é composta pelos mesmos tipos de células dispostas na estrutura tridimensional do tecido muscular animal e, por isso, ela é capaz de replicar o perfil sensorial e nutricional da carne que o consumidor já conhece. A diferença está na produção, que acontece em biorreatores em ambiente fabril, sem a necessidade de criar ou abater animais.
Esta mudança no processo produtivo soluciona diversos problemas da cadeia de produção convencional, como a redução do uso de terra, do consumo de água, das emissões de CO2 e a eliminação do uso de antibióticos e outros produtos veterinários para tratamento dos animais. A carne cultivada é livre de componentes não comestíveis, o que não apenas reduz o tempo de produção, mas também a quantidade de nutrientes necessária para produzir cada quilograma de carne.
Características e processos de produção de carne cultivada
01
Este é o momento do processo onde se isolam células coletadas de tecidos animais – normalmente, células-tronco. Então, elas se multiplicam em sistemas in vitro e posteriormente se diferenciam em células maduras que constituem a carne.
Dois tipos principais de células podem ser usados: células primárias, cujo cultivo é estabelecido diretamente dos tecidos animais, e linhagens celulares, adaptadas para serem mantidas por longos períodos em cultura e, portanto, podem ser subcultivadas diversas vezes. A ideia é que as células sejam selecionadas, validadas e congeladas em pequenos lotes, permitindo o uso gradual ao longo do tempo, sem que novas coletas precisem ser feitas.
02
Após coletadas, as células são isoladas e cultivadas em meio de cultura apropriada. A composição do meio tem papel fundamental no processo de produção de carne cultivada, uma vez que pode influenciar fatores importantes como eficiência do crescimento e características finais do produto. A composição do meio também pode impactar as características finais da carne, como a degeneração de células musculares ou tornar a carne mais opaca.
03
Um dos grandes desafios no sistema de cultura de células é a produção em escala industrial. Para que isso seja possível, o processo de cultivo em escala industrial deve ocorrer em biorreatores. Os biorreatores permitem com que o processo seja automatizado, planejado e adequado para cada tipo celular, reduzindo a manipulação humana e os riscos de contaminação. Essas ferramentas permitem manter um ambiente controlado, de forma a padronizar o processo industrial.
04
Após concluído o processo de cultivo celular, a carne cultivada é coletada para uso como carne fresca – carne moída, bifes, pedaços de frango, filés de peixe, etc. – ou pode ser utilizada como matéria prima na produção de diversos produtos cárneos como hambúrguer, empanados, almôndegas, linguiças, dentre outros. Assim como a carne convencional, os produtos resultantes de cultivo celular devem passar por controle de qualidade, fiscalização e ter sua composição nutricional informada no rótulo.
Quer saber mais?
Leia nosso compilado de perguntas e respostas e atualizações técnicas sobre saúde e segurança de carne cultivada.
Confira em detalhes as etapas da produção de carne cultivada
Aprofunde o seu conhecimento
A importância de uma compilação robusta de dados sobre o estado-da-técnica no desenvolvimento do mercado motivou uma parceria entre o GFI Brasil e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital). Como resultado lançamos três fascículos, um para cada tecnologia utilizada na produção de proteínas alternativas.
Fascículo com uma revisão bibliográfica abrangente sobre a tecnologia de cultura celular para obtenção de proteínas.São apresentadas as principais características técnicas do processo de produção, que incluem linhagens celulares, meios de cultivos, estruturação para cultivo e equipamentos (biorreatores).
Fascículo sobre as diversas fontes de proteínas vegetais, suas características e os processos mais utilizados para extração, concentração e isolamento. Ainda, são destacados os aspectos nutricionais, a presença de compostos antinutricionais e as propriedades funcionais das proteínas vegetais.
Fascículo sobre as principais características técnicas dos processos fermentativos, que englobam a fermentação tradicional, a fermentação para produção de biomassa e a fermentação de precisão, aplicados às proteínas alternativas.
Capacitação
de talentos
Criamos iniciativas educacionais, estimulamos a implementação de cursos e disciplinas e apoiamos carreiras científicas para atrair e reter talentos neste campo inovador.
Faça a diferença, seja um apoiador!
Todo o trabalho desenvolvido pelo GFI é gratuito, por isso as doações da nossa comunidade de apoiadores são fundamentais.