Projeto Lâmpada ilumina o futuro do mercado plant-based no Brasil

Líder global na produção de alimentos, o Brasil tem potencial para se tornar referência, também, em proteínas alternativas. As condições são extremamente favoráveis: possuímos ampla biodiversidade e expertise agrícola, capacidade industrial e um ecossistema de pesquisa em expansão. É da busca por incentivar essa indústria que nasce o Projeto Lâmpada, conduzido pelo The Good Food Institute Brasil. O LAMPADA – abreviação para Levantamento e análise de melhorias em proteínas alternativas e desenvolvimento de ações – oferece uma análise detalhada sobre as principais áreas de atenção enfrentadas pelo mercado brasileiro no desenvolvimento de alimentos plant-based. Metodologia robusta: O Lâmpada combinou pesquisas qualitativas e quantitativas. Isso envolveu entrevistas com especialistas, análise de dados secundários e consultas ao setor produtivo, acadêmico e regulatório. Confira alguns dos insights: Diante do fato que os insumos usados no setor ainda são importados, o estudo sugere alternativas como o estímulo à produção nacional de ingredientes estratégicos e o fortalecimento de cooperativas e o apoio a produtores locais. Outra frente importante é o avanço tecnológico. Isso implica na criação de polos de inovação, com laboratórios compartilhados e acesso facilitado a tecnologias de ponta, sobretudo para pequenas e médias empresas. Essas ações culminam, dentre outros aspectos, no fortalecimento do varejo através da nomeação, precificação, posicionamento e ativação dos produtos plant-based de forma adequada. — Nossa sugestão, nesse caso, é que as indústrias priorizem formatos mais simples e economicamente viáveis, alinhados ao perfil do consumidor e às exigências do varejo, a fim de reduzir o impacto da embalagem no custo final do produto (Bruno Filgueira, analista do GFI Brasil e responsável pelo estudo). Junte-se ao Lâmpada! A partir de articulação multissetorial, visão de longo prazo e decisões coordenadas, é possível elevar o Brasil à condição de potência em proteínas alternativas! Diante disso, o GFI convida todos os setores da sociedade, especialmente empresas e empreendedores, a utilizarem este estudo como um guia estratégico para transformar desafios em oportunidades concretas. Acesse o Projeto Lâmpada, e conecte-se com o nosso time para entender como o estudo pode beneficiar o seu negócio ou a sua pesquisa.
HISTÓRICO: Carne cultivada chega a Hong Kong

Até recentemente, a carne cultivada era comercializada apenas em dois mercados: Singapura e Estados Unidos. Agora, um terceiro mercado entrou em cena: Hong Kong. A Vow, startup de foodtech australiana, após o sucesso de seu lançamento em Singapura, estreou seu produto feito de codorna japonesa, tornando-se a primeira empresa a vender carne cultivada no maior centro financeiro da Ásia. Um toque gourmet com inovaçãoA codorna cultivada da Vow integra a marca premium da empresa, Forged, que se dedica a alimentos inovadores e refinados. O primeiro produto lançado foi o Forged Parfait, uma combinação de codorna japonesa com alho, cebola, conhaque e manteiga, resultando em um patê leve e cremoso. Após a aprovação regulatória em Singapura, em março de 2024, o prato chegou a Hong Kong e já está disponível no restaurante The Aubrey, um izakaya de alto padrão localizado no Mandarin Oriental. Além disso, outro produto da Vow fará sua estreia em Hong Kong: o Forged Gras, inspirado no foie gras. Segundo a empresa, este prato oferece “uma experiência rica e satisfatória”, consolidando o apelo sofisticado de sua linha de produtos. A aprovação inicial pela Singapore Food Agency foi crucial para a entrada da Vow em Hong Kong, conforme destacou o CEO George Peppou. Ele explicou que a validação em Singapura serviu como um “ponto de partida estratégico” para atender aos rigorosos padrões do Departamento de Higiene Alimentar e Ambiental de Hong Kong. Como a primeira empresa a comercializar carne cultivada em múltiplos mercados asiáticos, a expansão rápida da Vow ressalta os benefícios de um alinhamento regulatório entre países — um objetivo que o GFI APAC tem trabalhado para promover. Regulamentações harmonizadas ajudam a reduzir barreiras comerciais, simplificar a entrada em novos mercados e diminuir custos, permitindo que startups tenham prazos mais ágeis para aprovações. E o restante da China? Embora o lançamento em Hong Kong seja um marco, o acesso ao mercado continental chinês ainda depende de aprovação regulatória em Pequim. Atualmente, não existe um processo específico para aprovação de carne cultivada na China continental. No entanto, o China National Center for Food Safety Risk Assessment indicou que está acompanhando os avanços internacionais e desenvolvendo um marco regulatório robusto para a avaliação de segurança desses produtos. Enquanto isso, o desenvolvimento de carne cultivada segue em ritmo acelerado no restante do país. Em abril de 2024, Pequim anunciou a criação do primeiro centro de inovação científica da China dedicado à carne cultivada e outras tecnologias de proteínas alternativas, respaldado por um investimento de 80 milhões de yuans (cerca de 11 milhões de dólares). Avanços estratégicos no continenteDurante o World Agrifood Innovation Conference, Qiang Fu, vice-chefe do distrito de Pinggu em Pequim, reafirmou o compromisso de sua região em acelerar o desenvolvimento de proteínas alternativas. O evento marcou ainda o lançamento da Aliança da Indústria de Alimentos de Proteína Alternativa de Pequim e contou com um discurso do Bruce Friedrich, fundador do GFI. Em agosto, o GFI APAC coorganizou o primeiro simpósio científico China-Singapura, reunindo acadêmicos, representantes da indústria e autoridades governamentais. Durante o evento, foram compartilhados avanços em técnicas como a criação de produtos híbridos que combinam células cultivadas com proteínas vegetais e o desenvolvimento de biorreatores inovadores que reduzem custos de produção por meio de simulações computacionais. Também em agosto, a startup Joes Future Food, de Nanjing, apresentou carne suína cultivada a autoridades locais após receber financiamento público para o desenvolvimento de métodos de fabricação em escala industrial. Apoios semelhantes estão sendo disponibilizados em várias províncias por meio de iniciativas governamentais. Mais recentemente, Samuel Goh, gerente de políticas do GFI APAC, participou da Conferência Internacional de Segurança e Qualidade Alimentar da China, em Xangai, onde destacou o marco regulatório inovador de Singapura e explorou oportunidades para fortalecer a colaboração pan-asiática. Samuel Goh, do GFI APAC, destacou a liderança regulatória de Singapura em Xangai enquanto defendia uma maior colaboração regional. Um olhar voltado para PequimEspecialistas do GFI APAC destacaram em uma coluna recente na Nature que a carne cultivada pode seguir uma trajetória de crescimento semelhante à da energia solar e das baterias de veículos elétricos. No entanto, isso dependerá de investimentos governamentais significativos para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento, além de aumentar a capacidade de fabricação. A China já lidera o mundo em financiamento público para pesquisa agrícola, investindo o dobro do que os Estados Unidos e publicando o maior número de artigos acadêmicos sobre o tema. Entre 2003 e 2013, investimentos governamentais ajudaram a elevar a produção de grãos, leite, carne e aquicultura entre 20% e 50%. Um esforço semelhante no setor de carne cultivada poderia catalisar uma revolução na indústria alimentar global. O futuro da carne cultivada na ÁsiaO lançamento da carne cultivada em Hong Kong é um marco histórico, oferecendo a líderes governamentais, empresários e representantes da mídia uma amostra tangível dos “alimentos do futuro”. A grande questão é se esse passo será o ponto de inflexão para atrair novos investimentos em um setor em ascensão. Se o histórico da China com tecnologias emergentes servir como exemplo, uma vez que a carne cultivada ganhar espaço no maior mercado da Ásia, mudanças transformadoras podem acontecer, ganhando força de maneira exponencial.
Reino Unido investe £15 milhões para acelerar a comercialização de proteínas alternativas; varejistas europeus impulsionam acessibilidade através da paridade de preços

O Reino Unido deu mais um passo em direção à inovação e sustentabilidade alimentar com o anúncio de um investimento de £15 milhões para acelerar a comercialização de proteínas alternativas. Este aporte financeiro, destinado ao novo Centro Nacional de Inovação em Proteínas Alternativas (NAPIC), reflete o compromisso do governo britânico com a transformação do sistema alimentar, promovendo práticas mais sustentáveis e inovadoras. O NAPIC será liderado por um consórcio de instituições de prestígio, incluindo a Universidade de Leeds, Universidade de Sheffield, Instituto James Hutton e Imperial College London. Além do aporte inicial do governo, o centro receberá £23 milhões adicionais de parceiros públicos e privados, elevando o investimento total para £38 milhões. Com esse financiamento, o NAPIC terá a missão de impulsionar o desenvolvimento de novos produtos e ingredientes à base de proteínas alternativas, desde a fase de inovação até a comercialização. O centro também se dedicará a estudar a aceitação desses alimentos pelos consumidores, analisando como essas novas opções podem ser incorporadas de forma eficaz na dieta da população. Além disso, o NAPIC explorará técnicas para desenvolver ração animal e aquicultura mais sustentáveis. Esse avanço é resultado do trabalho consistente que o The Good Food Institute Europa realizou nos últimos dois anos em colaboração com a agência nacional de fomento à pesquisa e inovação, UK Research and Innovation (UKRI). A UKRI incluiu as proteínas alternativas em seus planos estratégicos como uma área prioritária, reconhecendo o potencial desse setor para contribuir com a sustentabilidade e segurança alimentar. O novo financiamento eleva o investimento total do governo britânico em proteínas alternativas para mais de £91 milhões (aproximadamente US$119 milhões), demonstrando o compromisso contínuo do país com a inovação no setor alimentar e com a criação de empregos verdes. No ano passado, o Reino Unido também anunciou, entre outros investimentos, um aporte de £13 milhões para um centro de pesquisa para produzir carne cultivada: o Cellular Agriculture Manufacturing Hub (CARMA), liderado pela Universidade de Bath, está investigando como produzir carne cultivada em escala. Além disso, os pesquisadores também vão estudar o desenvolvimento de alimentos (como o óleo de palma sustentável) por meio da fermentação de precisão. Europa na vanguarda da transformação alimentar O impacto dessas ações não se limita ao Reino Unido. Em toda a Europa, existe um movimento crescente para tornar as proteínas alternativas mais acessíveis e competitivas, impulsionando uma transformação estrutural no setor alimentar e nos hábitos dos consumidores. Redes de supermercados como Lidl e Aldi têm reduzido os preços de produtos plant-based, igualando ou até mesmo baixando os valores em comparação aos seus equivalentes de origem animal em países como Holanda, Alemanha, Dinamarca, e Áustria. Em abril deste ano, o diretor de compras da Lidl Alemanha, Jan Bock, anunciou que a paridade de preços levou a um aumento de 30% nas vendas de carnes vegetais nos últimos seis meses. Essas iniciativas seguem um estudo da ProVeg que mostrou que, quando o preço não é mais uma barreira, os consumidores estão mais inclinados a escolher opções sustentáveis. Além disso, grandes marcas de fast food, como Burger King e McDonald’s, estão ajustando seus preços e expandindo seus menus plant-based para ampliar o acesso ao público europeu. O Burger King da Alemanha, por exemplo, lançou uma campanha chamada “Plant-Based for Everyone” (À base de Plantas para Todos), reduzindo os preços de itens como o Whopper sem carne para torná-los mais baratos que os de carne animal. O McDonald’s, por sua vez, expandiu o McPlant, hambúrguer à base de plantas desenvolvido em parceria com a Beyond Meat, para mais países europeus, com um ajuste nos preços para torná-los mais competitivos. Empresas como IKEA e Tesco também estão investindo na paridade de preços: a IKEA, famosa por suas almôndegas plant-based, está oferecendo seus produtos à base de plantas nos mercados europeus a preços iguais ou menores que as versões de carne. As vendas do cachorro-quente vegetal da marca, por exemplo, quase dobraram em 2022 em comparação a 2019, principalmente devido a uma redução significativa de preço no mercado alemão. A Lidl também passou a exibir os produtos plant-based ao lado dos de origem animal nas prateleiras: a estratégia já foi adotada em algumas regiões e busca reduzir barreiras ao consumo de proteínas alternativas, tornando-as mais visíveis para os consumidores. Ao eliminar a necessidade de sessões separadas, a rede pretende encorajar a experimentação e aceitação desses produtos, integrando-os ao mercado mainstream e mostrando que as alternativas vegetais são uma opção viável e acessível para todos. A Lidl Holanda declarou que as vendas de produtos à base de plantas aumentaram sete por cento desde que foram movidos para a seção de carnes. Além disso, a rede também afirmou que, até 2025, 50% das refeições oferecidas em seus restaurantes serão à base de plantas. Já a Tesco, uma das maiores redes de supermercados do Reino Unido, anunciou uma meta ambiciosa de aumentar em 300% as vendas de produtos plant-based até 2025. Essa estratégia faz parte de um compromisso mais amplo de sustentabilidade em parceria com o World Wide Fund for Nature (WWF), com o objetivo de reduzir pela metade o impacto ambiental da produção de alimentos. A rede tem promovido suas marcas de alimentos plant-based a preços competitivos e investido em campanhas publicitárias para aumentar a conscientização sobre os benefícios das dietas à base de plantas.
Estudo da UNIFESP aponta que 80% das carnes vegetais disponíveis no mercado brasileiro têm boa qualidade nutricional

O estudo publicado na Current Research in Food Science, uma revista de alto fator de impacto na área de Ciência e Tecnologia de alimentos, analisou a qualidade nutricional de produtos vegetais análogos à carne e os comparou com seus correspondentes de origem animal. De acordo com a pesquisa, 80% dos produtos disponíveis no mercado brasileiro possuem boa qualidade nutricional de acordo com o indicador Nutri-Score. Conduzido pelo time da Profa. Dra Veridiana de Rosso da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e financiado pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), a pesquisa avaliou as informações nutricionais declaradas nos rótulos de 349 alimentos vegetais análogos à carne e 351 produtos cárneos, como hambúrgueres, almôndegas, empanados, embutidos, quibe, kaftas, salsicha, linguiça, mortadela, bacon, entre outros, no período de julho de 2022 a junho de 2023. Para analisar a qualidade nutricional desses produtos, além das informações de rotulagem, foram utilizados diferentes indicadores, entre eles o Nutri-Score (utilizado em países europeus, como Bélgica, França, Espanha, Holanda, Suíça e Alemanha), a classificação NOVA e o Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA (chamado de Lupa). A NOVA classifica os alimentos pelo grau de processamento e quantidade de ingredientes; o Nutri-Score avalia a presença de nutrientes desejáveis (como proteínas e fibras) e menos desejáveis (como teores de gordura saturada, açúcar, sal e alto valor energético) e a rotulagem nutricional frontal estabelecida pela RDC 429/2020 da ANVISA identifica os produtos com alto teores de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. Principais Resultados: Os resultados do estudo demonstraram que a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne foi melhor representada por indicadores como Nutri-Score e Perfil Nutricional estabelecido pela RDC 429/2020 da ANVISA do que pela NOVA, uma vez que os dois primeiros são os perfis que atuam de forma mais eficiente para definir se um alimento tem boa qualidade nutricional. De acordo com a Dra. Graziele Bovi Karatay, especialista do GFI Brasil, o fato de ambos os produtos de origem animal e vegetal serem classificados como ultraprocessados, mas terem resultados diferentes nos outros indicadores de qualidade nutricional, demonstra que o conceito de ultraprocessado não representa adequadamente os atributos de qualidade nutricionais dos alimentos vegetais análogos à carne. “Mesmo sendo classificados como ultraprocessados, em função do grau de processamento e quantidade de ingredientes, os alimentos vegetais análogos à carne se diferem nutricionalmente dos demais alimentos ultraprocessados, sejam de base vegetal ou animal. Portanto, não é adequado classificar e avaliar a qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne da mesma forma que são classificados e avaliados os demais produtos ultraprocessados.” explica a especialista do GFI. O estudo avaliou ainda outros dois indicadores de qualidade: (1) o modelo de perfil nutricional da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que define quando os produtos são ricos em açúcares, gorduras, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio e é baseado nas metas de ingestão de nutrientes para a população e (2) uma classificação desenvolvida especificamente para o estudo considerando a classificação pelo Nutri-Score e NOVA. O estudo também trouxe informações sobre os nutrientes presentes nos alimentos analisados, quanto à: Gordura saturada, ácidos graxos e sódio: Proteínas: Segundo a Dra Veridiana, essa variação reforça o quanto seria oportuna a definição de uma regulamentação específica para os alimentos vegetais análogos à carne no Brasil, principalmente em relação à qualidade nutricional e ao perfil de identidade. O mercado de produtos cárneos é bem regulamentado, e o perfil de identidade e qualidade foi recentemente revisado, principalmente no que diz respeito aos níveis mínimos de proteína exigidos para hambúrgueres de carne (15%), quibe (11%), almôndegas (12%) e presunto (16%). A definição desta regulamentação para os alimentos vegetais análogos faz parte da Agenda Regulatória 2024-25 da Anvisa e a indústria aguarda essa definição para poder balizar seus produtos. Ainda de acordo com a pesquisadora, uma recente atualização da legislação brasileira, incluiu a exigência de um perfil específico de aminoácidos indispensáveis para o uso de alegações nutricionais proteicas (histidina: 15 mg /g de proteína; isoleucina: 30 mg/g; leucina: 59 mg/mg: lisina: 45 mg/g; metionina + cisteína: 22 mg/g, fenilalanina + tirosina: 38 mg/g, ; triptofano: 6 mg/g e valina: 39 mg/g). Em geral, leguminosas como soja, ervilha, grão-de-bico, feijão e cereais como trigo e quinoa, que normalmente são empregados como fontes de proteína em análogos de carne no Brasil, apresentam diferentes escores de aminoácidos indispensáveis digestíveis (DIAASs). As proteínas de batata e soja são classificadas como proteínas de alta qualidade com valores médios de DIASS equivalentes a 100 e 91, respectivamente. Além disso, uma estratégia interessante para o desenvolvimento de alimentos cárneos plant-based é que as proteínas da soja e da batata possam complementar uma ampla gama de proteínas vegetais para compensar as limitações indispensáveis dos aminoácidos. A combinação de proteína de arroz:feijão (2:1), por exemplo, tem potencial para alcançar eficiência nutricional ideal quando combinada apenas com proteínas vegetais ou quando suplementada com metionina e cisteína + lisina. Fibras: Conclusões: Segundo a Dra. Veridiana, o estudo permite recomendar que os consumidores escolham o indicador representado pela rotulagem nutricional frontal brasileira (lupa) para escolherem os alimentos vegetais análogos à carne. “Essa recomendação se justifica especialmente devido à excelente concordância entre este indicador e o Nutri-Score, por terem sido capazes de diferenciar efetivamente produtos com baixa qualidade nutricional. Já a NOVA, ou a denominação de ultraprocessados, não teve este mesmo desempenho, portanto não é um indicador adequado para representar os atributos de qualidade nutricional dos alimentos vegetais análogos à carne.”, conclui. Dra Veridiana reforça que, embora os indicadores de Qualidade Nutricional utilizados neste estudo sejam importantes para avaliar a qualidade nutricional dos produtos cárneos vegetais, eles não cobrem todos os aspectos nutricionais importantes quando se pretende substituir produtos cárneos, o que deve envolver uma abordagem multifacetada, incluindo análise de macronutrientes, avaliação sensorial e estudos de digestibilidade. Além disso, a presença de nutrientes positivos, como vitaminas B, ferro, zinco e fibras solúveis e insolúveis, e a boa qualidade proteica devem ser considerados como diferenciais de produtos cárneos vegetais nutricionalmente adequados. “Assim, esse estudo fornece insights valiosos
Com linha premium de alimentos cultivados, a francesa Gourmey busca aprovação em cinco mercados globais

● Em estreia mundial, a Gourmey, empresa especializada em alimentos cultivados premium, com sede em Paris, solicita aprovação para entrar em cinco mercados globais iniciais: Singapura, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça e União Europeia. ● A notícia marca a Gourmey como a primeira empresa a solicitar aprovação de mercado para alimentos cultivados na União Europeia. ● A empresa se dedica a proporcionar experiências culinárias inovadoras: seu produto principal, feito a partir de células de pato cultivadas, oferece uma nova opção para aficionados por foie gras, chefs e restaurantes em todo o mundo. A Gourmey, empresa pioneira em alimentos cultivados na França, apresentou pedidos de autorização de mercado à Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, à Singapore Food Agency (SFA), à Food Standards Agency (FSA) do Reino Unido, ao Swiss Federal Food Safety and Veterinary Office (FSVO), à Comissão Europeia (CE) e à European Food Safety Authority (EFSA). Esses pedidos têm como objetivo permitir a venda do produto principal da marca, o foie gras cultivado, para entusiastas da gastronomia, chefs e restaurantes globalmente. Segurança do consumidor no centro do pedido de autorização Reguladores em todo o mundo estabeleceram estruturas regulatórias robustas para avaliar a segurança de novos alimentos, como os cultivados. Os EUA, Singapura e Israel já autorizaram a venda desses produtos, mas esta é a primeira vez que uma empresa busca aprovação pré-mercado para alimentos cultivados na União Europeia. Para isso, a Gourmey preparou um dossiê de novos alimentos de acordo com a orientação da EFSA, que é considerada padrão ouro em segurança de novos alimentos e avaliação de risco. “Estamos ansiosos para continuar trabalhando de perto com as autoridades reguladoras para garantir total conformidade com os requisitos de segurança durante esses procedimentos e estamos confiantes de que nossos produtos vão atender a esses padrões altamente exigentes, para que todos possam desfrutar de novas experiências em todo o mundo”, relatou o CEO da Gourmey, Nicolas Morin-Forest. Segmento premium impulsiona tendências alimentares globais “O segmento premium sempre esteve na vanguarda das tendências alimentares, onde ocorrem as inovações mais empolgantes. Estamos testemunhando uma tração comercial muito emocionante para o nosso primeiro produto em muitas regiões onde os chefs querem continuar servindo foie gras de alta qualidade. Começar com a alta gastronomia atua como um catalisador para nossos futuros lançamentos: os chefs servem como os melhores embaixadores para introduzir novas categorias de produtos aos consumidores e ajudam a impulsionar a sustentabilidade”, acrescenta o CEO. A Gourmey conta com uma rede global de parceiros para facilitar a entrada da empresa no mercado, incluindo distribuidores de alimentos finos, chefs embaixadores e parceiros na cadeia de suprimentos e na pesquisa. Essa inovação chega em um momento decisivo em que os consumidores estão cada vez mais buscando novas maneiras de desfrutar de experiências culinárias deliciosas, ao mesmo tempo em que contribuem para a sustentabilidade. Com as ambições globais da Gourmey e o consumo de carne na Ásia projetado para aumentar em 80% até 2050, a empresa está ativamente engajada nessas regiões, particularmente em mercados como Singapura, Japão e Coreia do Sul, onde há um impulso significativo em torno dos alimentos cultivados. Produtos com impacto positivo Um estudo encomendado pela Gourmey, antecipando a produção em escala, mostra que a tecnologia inovadora da empresa reduz significativamente a pegada ambiental (principalmente emissões de gases de efeito estufa e uso da terra) em comparação com a produção convencional na mesma categoria de produtos. O estudo é conduzido sob a liderança científica da Professora Hanna Tuomisto, da Universidade de Helsinque, na Finlândia, e do Instituto de Recursos Naturais da Finlândia, uma acadêmica europeia líder no campo de avaliações de ciclo de vida de novos alimentos, incluindo os cultivados. “Diversificar a produção de proteínas é crucial para a segurança alimentar e contribuir para objetivos de sustentabilidade, como a descarbonização e a biodiversidade. Integrar a produção de alimentos cultivados na cadeia de valor agroalimentar existente proporciona uma fonte de proteína complementar que contribui para sistemas alimentares mais resilientes. Este marco importante para nosso ecossistema foi alcançado graças a um trabalho em equipe muito dedicado. Agora, um novo capítulo para a Gourmey começa – o de levar a inovação alimentar francesa ao cenário global”, conclui o CEO. Sobre a Gourmey Fundada em 2019, a Gourmey cria produtos gourmet sustentáveis diretamente a partir de células animais reais, combinando inovação alimentar com artes culinárias. A empresa se dedica a proporcionar experiências culinárias inovadoras e seu produto principal, o foie gras cultivado, oferece uma nova opção para fãs do alimento, chefs e restaurantes globalmente. A empresa agora conta com uma equipe internacional de 60 pessoas em seu centro de inovação alimentar em Paris, França. Desde sua criação, a Gourmey garantiu mais de €65 milhões em investimentos públicos e privados e está atualmente se preparando para a entrada no mercado, aguardando aprovações regulatórias. Sobre alimentos cultivados Alimentos e proteínas cultivados são baseados em tecnologias de cultura celular que têm sido usadas em produtos alimentares há décadas, por exemplo, para o cultivo de leveduras para panificação ou para a produção de coalho em queijos. Começando com uma pequena amostra de células animais e nutrindo-as em um meio de crescimento rico em nutrientes, as células crescem em músculo, gordura ou outros tecidos. O meio de crescimento contém os mesmos ingredientes (como açúcares, proteínas, vitaminas e minerais) necessários na nutrição animal. No processo de cultivo da Gourmey, não são utilizados componentes derivados de animais, como soro fetal bovino, garantindo que o produto final esteja livre desses elementos. Além disso, antibióticos não são usados durante a produção e não estão presentes no produto final.
Naturaltech 2024: confira alguns dos principais lançamentos da feira!
O GFI Brasil marcou presença na 18º edição da BIO BRAZIL FAIR/Naturaltech, a maior feira de negócios do mercado de Produtos Naturais da América Latina, que aconteceu do dia 12 ao 15 de junho, em São Paulo. O evento foi palco de lançamentos de inúmeros produtos das principais marcas do setor, que trouxeram mais inovação, saudabilidade e sabor para seus portfólios. Confira alguns dos que em breve estarão no mercado: A Nude fez o pré-lançamento dos Cereal Balls de aveia nos sabores chocolate e baunilha. Com 9g de proteínas e 5g de fibras, o produto é upcycled, já que é feito com os resíduos da aveia do processo de filtragem dos leites vegetais da marca. O produto estará disponível em breve. A Inédito Foods, nova marca da Lowçucar, apresentou uma linha de carnes vegetais em pó, para serem preparadas em casa, misturando água e óleo. O portfólio conta com carne moída, quibe, almôndegas, hambúrguer e escondidinho plant-based. Confira os produtos aqui. Já a Plant Pro Foods inovou trazendo uma linha de carnes vegetais em lata prontas para consumo. Com 15g de proteína e 2,4g de creatina, os produtos vêm nos sabores frango teriyaki, pulled pork barbecue, atum com batata doce e carne ao molho acebolado. Veja mais sobre os produtos aqui. A A Tal da Castanha adicionou um condensado de castanha de caju à linha “Cremeria”. Além disso, a marca também levou para a feira o Choconuts Zero, achocolatado com apenas 7 ingredientes e sem adição de açúcares e as famosas pastas de castanha de caju no sabor original e cacau. Confira mais aqui. A Vateli lançou 3 novas versões da “Planteiga”, manteiga vegetal que foi eleita o melhor produto do ano pela Naturaltech 2023. Feita de palmito de pupunha e castanha de caju, a linha agora conta com os sabores mostarda e mel, beterraba com camu-camu e limão com ervas finas. Saiba mais aqui. A Naveia apresentou uma linha de bebidas protéicas: com o slogan “mude o mundo na força do movimento”, os shakes têm 16g de proteína e vêm nos sabores banana com amendoim, jabuticaba, vitamina de frutas e chocolate. Outra novidade da marca é o novo leite vegetal “extra”, parecido com a versão barista, denso e cremoso, mas sem a funcionalidade de espumar. Os produtos estarão disponíveis em breve. A Beba Possible aproveitou a feira para apresentar seu novo posicionamento de marca e o novo sabor do seu leite vegetal à base de castanha de caju. Agora, a linha conta com o sabor morango, além do original e cacau. Veja mais aqui. A Queijos da Terra lançou uma linha de queijos vegetais cremosos. À base de castanha de caju, os queijos de potinho vêm nos sabores tomate seco e orégano, goiabada, castanha de caju defumada, macadâmia trufada e azeitona preta. Confira os produtos aqui. Já a Sora Alimentos adicionou vários itens ao portfólio da marca, que já conta com mais de 20 opções de proteínas plant-based. Entre eles estão o atum e a bolonhesa vegetal, que não precisam de refrigeração, as novas fórmulas dos queijos ralados,, a manteiga com sal, a, a maionese e os snacks “crispy protein”, com 6g de proteína por pacote. Veja mais sobre os lançamentos aqui. A Yorgus apresentou seus leites vegetais “Aveya”: de textura aveludada, cremoso e fonte de fibras e cálcio, os produtos estão disponíveis na versão original e leve. Compre aqui.
Participe dos Meetups da Trilha de Capacitação e Formação de Rede para Inovação em Proteínas Alternativas do GFI Brasil

Estamos entusiasmados em anunciar os primeiros eventos da Trilha de Capacitação e Formação de Rede para Inovação em Proteínas Alternativas, promovida pelo GFI Brasil! Esta série de eventos estratégicos é dedicada a impulsionar a inovação e o empreendedorismo no setor de proteínas alternativas, fortalecendo as conexões entre ambientes de inovação, pesquisadores, empreendedores, startups e indústrias. Nossa programação inclui webinários e encontros presenciais que oferecem oportunidades únicas para a troca de conhecimentos e experiências. Participando da Trilha, você se conecta com os principais agentes de inovação dos ecossistemas locais, ajudando a construir um futuro mais sustentável e inovador. Confira os detalhes dos nossos próximos meetups e inscreva-se para garantir sua participação! 1º Meetup – Belo Horizonte – 20/06 O primeiro evento da nossa Trilha será realizado em Belo Horizonte, em parceria com o Alt Protein Project UFMG, CTIT/UFMG, Inova UFMG e Biominas. O encontro vai contar também com a participação especial das startups Moondo e Vida Veg. Programação: Abertura GFI Brasil: Guilherme Vilela (GFI Brasil) – 15 min A Universidade e os Caminhos da Inovação: Frank Gomes, Coordenador do Setor de Alianças Estratégicas (CTIT/UFMG) – 20 min Alt Prot. Project – Nosso Trabalho e a Interação com a Indústria: Jorge Guadalupe (APP UFMG) – 20 min Mesa Redonda: Programas de Apoio à Inovação: Marilia Faria (InovaUFMG) e Gabriela Metzker (Biominas) – 40 min Mesa Redonda: Os Desafios das Startups e a Interação com Universidade: Lorena Viana (CEO MOONDO) e Arlindo (CEO Vida Veg) – 40 min Espaço para Networking – 1 hora Detalhes do Evento: Data: 20 de junho de 2024 Horário: 13:30h – 17:00h Local: Auditório BHTech, Rua Professor José Vieira de Mendonça, 770 – Engenho Nogueira, Belo Horizonte – MG, 31310-260 INSCREVA-SE! 2º Meetup – Campinas – 25/06 Nosso segundo meetup será realizado em Campinas, em parceria com o Grupo APP Unicamp e Inova Unicamp. O evento também vai reunir especialistas da Proverde, FutureCow e Typical. Programação: Abertura GFI Brasil: Guilherme Vilela (GFI Brasil) – 10 min A Universidade e os Caminhos da Inovação: Vital Yasumaru (Inova Unicamp) – 15 min Alt Prot. Project e a Interação com a Indústria: Letícia Silva (APP UNICAMP) – 15 min Mesa Redonda: Os Desafios das Startups e a Interação com a Universidade: Paula Speranza (Pesquisadora e Fundadora da Proverde), Rosana Goldbeck (Professora FEA-Unicamp e Co-Founder da Future Cow) e Paulo Ibri (Fundador e CEO da Typical) – 40 min Espaço para Networking – 1 hora Detalhes do Evento: Data: 25 de junho de 2024 Horário: 13:00h – 15:30h Local: Prédio Lib da Inova Unicamp, Rua Daniel Hogan, 434 – Cidade Universitária, Campinas – SP, 13083-836 Mapa do local: Clique aqui INSCREVA-SE! Não perca essas oportunidades para fortalecer as conexões entre os agentes de inovação dos ecossistemas locais. Estamos ansiosos para contar com sua presença e colaboração para juntos impulsionarmos a inovação no setor de proteínas alternativas!
Nova pesquisa do GFI Brasil aponta os principais comportamentos e perfis do consumidor de alternativas plant-based no Brasil

Realizada com mais de 2.000 indivíduos de classe ABC de todas as regiões do país, a pesquisa revelou que 1 em cada 4 brasileiros consome carnes vegetais pelo menos uma vez por mês e quase metade dos respondentes consome alternativas vegetais ao leite e derivados. A pesquisa “Olhar 360° sobre o Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-based 2023/2024” busca aprofundar o conhecimento sobre o consumo dos produtos vegetais análogos aos produtos cárneos de origem animal no Brasil, compreender as nuances do comportamento alimentar que influenciam a população a aderir ou rejeitar esse tipo de produto e obter uma visão geral de como o consumo de alimentos inovadores tem sido tratado nos ambientes digitais. A pesquisa só foi realizada graças ao apoio dos nossos parceiros: AAK, Incrível!, MrVeggy, NotCo, N.OVO e PlantPlus Foods. Diferente dos anos anteriores, em que desenvolvemos pesquisas exclusivamente quantitativas, desta vez o estudo consistiu em três etapas: social listening com análises de redes sociais; pesquisa qualitativa com grupos focais; e pesquisa quantitativa com amostra estatisticamente representativa. Aqui, destacamos alguns dos principais resultados da pesquisa: – 26% dos brasileiros consomem carnes vegetais pelo menos uma vez por mês. Quando se trata de alternativas vegetais ao leite e derivados, esse número salta para 48%. – 66% se definem como onívoros, enquanto 34% estabelecem alguma restrição aos produtos de origem animal. Dentre esses, 21% estão reduzindo, sem eliminar, o consmo de carne (flexitarianos), 8% são pescetarianos (dieta vegetal que inclui pescados) e 5% se declaram veganos (dieta 100% vegetal) ou vegetarianos (dieta vegetal que inclui ovos e leite). – 36% dos brasileiros reduziram o consumo de carne vermelha nos últimos 12 meses. A saúde (38%) e custo elevado (35%) foram citadas como as principais motivações. – O papel das mulheres nas decisões alimentares é predominante: 81% das mulheres afirmam ser as responsáveis pela escolha do cardápio, 82% pela cozinha e 81% pelas compras. Entre os homens, esses números são significativamente menores: 56%, 50% e 69%, respectivamente. – 52% consideram a ideia de carnes vegetais análogas boa ou muito boa, mas apenas 18% já experimentaram esses produtos. Oportunidades e Desafios Camila Lupetti, Especialista de Dados do GFI Brasil e uma das autoras da pesquisa, destaca que o consumo de carnes vegetais ainda é nichado, mas possui grande potencial de crescimento. “Ainda há muito a ser feito em termos de pesquisa e desenvolvimento para entregar produtos que ofereçam sabor, preço e conveniência competitivos, e nós entendemos que o momento de investir é agora,” afirma Lupetti. Ela também ressalta a importância de melhorar a disponibilidade e comunicação dos produtos plant-based. “É crucial estreitar a comunicação com o perfil mais aderente, fornecendo informações claras e esclarecendo controvérsias, para que esses consumidores possam se tornar embaixadores da categoria em seus círculos sociais,” comenta a especialista. BAIXE A PESQUISA! Webinar de Lançamento Para discutir esses e outros insights, o GFI Brasil convida todos a participarem do webinar de lançamento da pesquisa. O evento acontecerá no dia 29/05, às 11h, no canal do YouTube do GFI Brasil. A especialista em dados Camila Lupetti apresentará os principais resultados e análises, oferecendo uma oportunidade única para entender as tendências do mercado plant-based. Não perca esta chance de se aprofundar nas transformações do setor! Assista à transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=R3ONnbCO8aM
Opinião: Por que não apostamos em insetos como fonte de proteína alternativa

Insetos são animais e, além de carregarem os mesmos desafios éticos da criação de outros seres vivos para consumo, também apresentam ineficiência de produção, risco de doenças infecciosas e riscos ambientais. Por Gustavo Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil Recentemente, o programa Globo Repórter da TV Globo exibiu uma reportagem muito interessante sobre tecnologias alimentares já conhecidas e outras que estão em pleno desenvolvimento, com potencial de criar um sistema alimentar mais sustentável. Passando por iniciativas relacionadas à redução do desperdício, PANCS e proteínas alternativas obtidas por fermentação, cultivo celular e feitas de plantas, um dos quadros também trouxe a utilização de insetos para alimentação humana. Como presidente do The Good Food Institute Brasil, uma organização que apoia o desenvolvimento de proteínas alternativas, quero esclarecer porque nossa organização não endossa o desenvolvimento da cadeia de alimentos a partir de insetos e como ela se compara às tecnologias do nosso setor. Insetos: animais, não alternativas A inclusão de insetos como uma opção de proteína não está alinhada com a nossa missão de buscar alternativas aos produtos de origem animal, devido aos desafios éticos similares aos enfrentados na criação de animais para abate, como a questão do bem-estar animal e da moralidade de utilizar seres vivos para consumo. Aceitação do consumidor O nosso setor trabalha para entregar alimentos que já façam parte da cultura e dos hábitos alimentares das pessoas, produzidos com tecnologias mais adequadas socioambientalmente. Os alimentos com os quais trabalhamos têm uma alta aceitação pelos consumidores, que estão cada vez mais interessados em experimentá-los e incorporá-los em suas dietas. Já a aceitação do consumo de insetos é notoriamente baixa. Apesar de serem consumidos em algumas regiões da Ásia, África e América do Sul, na Europa, por exemplo, apenas 10% da população estaria disposta a experimentar insetos, de acordo com uma pesquisa da Organização Europeia de Consumidores. Isso porque boa parte da população não associa insetos com comida, mas com algo grotesco ou que pode fazer mal à saúde. Além disso, uma pesquisa da universidade Imperial College London, no Reino Unido, indica que o desenvolvimento dessa indústria visa atender, majoritariamente, o mercado de países em desenvolvimento. A alegação é de que em países mais ricos, como os europeus, raramente há falta de nutrientes na dieta. O impacto global de qualquer fonte alimentar depende diretamente da sua aceitação pelo consumidor: se as pessoas não aceitarem o inseto como alimento, seu impacto no mundo será sempre limitado.1 Substituição da carne Sempre que vemos apresentações sobre os benefícios socioambientais do consumo de proteínas alternativas e de insetos, há comparação com a carne. Ambas podem, sim, ser fruto de uma produção mais eficiente do que a carne animal, mas essa comparação só é verdadeira se uma estiver substituindo a outra. Se o consumidor deixar de comer carne animal para comer carne vegetal, haverá um benefício para a sustentabilidade. A questão é que os alimentos vindos de insetos não possuem essa proposta, uma vez que são snacks, barrinhas de proteína e suplementos, por exemplo. A melhor proposta comercial para insetos é moê-los para transformá-los em pó e incluir em alimentos processados. Não existem bons produtos feitos de insetos que realmente se comparam ao sabor, textura, aroma e aparência da carne. Se não há troca, a comparação com a carne deixa de fazer sentido – e os benefícios para a sustentabilidade não se realizam. Eficiência na produção Hoje, nós cultivamos grãos para alimentar animais para consumo em uma taxa extremamente ineficiente. Os dados mostram que 83% das terras aráveis do planeta produzem menos de 20% das calorias consumidas2. São grandes áreas de soja, milho e outros grãos que alimentam os animais e não a população diretamente. Para cada caloria que alguém consome da carne de vaca, cerca de 34 calorias foram dadas ao animal ao longo da vida, o que representa um desperdício desproporcional das calorias produzidas pelo sistema de alimentação3: a produção mais eficiente, de frango, tem taxa de conversão de 8:1, por exemplo. Enquanto isso, as proteínas alternativas permitem que você coma o vegetal diretamente, sem ser processado anteriormente por um animal. Não é o mesmo para insetos, que também se alimentam para gerar calorias depois. Estudos indicam que os insetos produzidos para a alimentação humana podem ter conversão tão ineficiente quanto a carne de frango4, variando de 4:1 a 9:1 na proporção de alimento consumido versus peso no abate. Vale destacar também que os insetos que se alimentam de resíduos não podem ser utilizados para consumo humano, como muitas vezes somos levados a crer5. Riscos ambientais A eficiência de produção está diretamente ligada à emissão de gases, uso de água e de terras. Por isso, todas as tecnologias de proteínas alternativas são mais sustentáveis do que os alimentos que substituem. Como demonstrado acima, o caso dos insetos não é tão claro. Ao mesmo tempo, a produção de insetos agrega novos riscos ambientais: se uma construção que abriga quantidades massivas desses animais for danificada por um acidente ou um evento climático, por exemplo, milhares de insetos exóticos, com um alto potencial de destruição e desequilíbrio, poderiam ser liberados na natureza. Recentemente, problemas causados por nuvens de gafanhotos foram manchetes globalmente6. Além disso, ainda não existem regulamentações sobre o manuseio de insetos e eles costumam ser transportados de forma manual, seja para fins de pesquisa ou produção de alimentos. Em geral, insetos vivos são transportados em carros comuns, dentro de bandejas ou caixas. No caso de um acidente automobilístico, eles seriam liberados no meio ambiente, com um potencial imensurável de gerar um desastre ecológico. Riscos de saúde global Muitas das produções de insetos ainda utilizam grandes quantidades de antibióticos, assim como qualquer outra produção animal. Esse fato colabora para a formação de bactérias resistentes, com potencial de afetar a saúde humana. Ao mesmo tempo, os insetos também são vetores dos vírus, trazendo um risco adicional. Sabemos que os animais em produção são um grande risco de saúde para a humanidade: a OMS alerta que 60% das novas doenças infecciosas são de origem zoonótica,
Mercado brasileiro de carnes vegetais ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão em 2023

Em 2023, o consumo de substitutos vegetais de carnes e frutos do mar atingiu novos patamares no Brasil, com as vendas no varejo alcançando R$1,1 bilhão, um aumento de 38% em relação ao ano anterior. O volume de produtos vendidos (toneladas) também cresceu substancialmente, com um aumento de 22%. Já o mercado de leites vegetais apresentou um crescimento de 9,5%, com vendas totalizando R$673 milhões.¹ Em 2022, os substitutos vegetais para carne e frutos do mar já haviam demonstrado um crescimento significativo de 42%, alcançando R$821 milhões em vendas. Os leites vegetais também cresceram 15%, atingindo R$612 milhões. Voltando a 2021, o crescimento foi igualmente promissor, com um aumento de 30% nas vendas desses substitutos comparado a 2020. Nessa época, a Euromonitor já previa que o setor poderia ultrapassar os US$425,3 milhões em vendas até 2026 (aproximadamente 2,2 bilhões de reais na cotação atual) – e os dados mais recentes indicam que estamos no caminho certo para superar essas expectativas. Para saber mais sobre os mercados globais de carne cultivada e de alimentos vegetais análogos e obtidos por fermentação, acesse os novos relatórios do GFI “State of The Industry Reports 2023”. Veja uma prévia das principais análises que você vai encontrar nos relatórios: Acesse os relatórios na íntegra para se aprofundar nas análises e estar atualizado sobre tudo que vem acontecendo no setor globalmente! 1.”Euromonitor International Limited, Fresh Food 2024, retail value RSP incl sales tax, US$, fixed 2023 exchange rate, constant terms. © 2023 The Good Food Institute, Inc.