Reino Unido investe mais de £ 13 milhões em novo centro de pesquisa para produzir carne cultivada

O projeto representa o maior investimento já feito pelo governo do Reino Unido em proteínas alternativas e ajudará cientistas e empresas britânicas a produzir carne cultivada em escala

O novo Centro de Agricultura Celular (Cellular Agriculture Manufacturing Hub – CARMA) será liderado pela Universidade de Bath e financiado pelo Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências Físicas (EPSRC), que é parte da UK Research and Innovation (UKRI), agência de financiamento nacional que investe em ciência e pesquisa no Reino Unido.

O polo, que está programado para funcionar por sete anos, vai investigar como produzir carne cultivada em escala.  Os pesquisadores também vão estudar o desenvolvimento de alimentos (como o óleo de palma sustentável) por meio da fermentação de precisão.  “Essa técnica permite a fabricação em grande escala de ingredientes específicos usando células microbianas como “fábricas” de produção desses compostos. Através de técnicas de engenharia genética, é possível obter microrganismos recombinantes que se tornam capazes de produzir compostos que antes só eram obtidos de outras fontes, sejam animais ou vegetais, como o exemplo do óleo de palma. A utilização dessa técnica para a produção de proteínas e peptídeos, corantes, aromas, gorduras e enzimas destinados ao setor de proteínas alternativas é uma das aplicações da tecnologia de fermentação mais promissoras”, explica a analista de ciência e tecnologia do GFI Brasil, Isabela Pereira.

O CARMA será composto por especialistas das universidades de Birmingham, Aberystwyth, College London e da Royal Agriculture, que farão parcerias com a Universidade de Bath. Empresas de carne cultivada sediadas no Reino Unido, como Hoxton Farms e Quest Meat, também vão integrar o centro.

Para o gerente de políticas públicas para o Reino Unido do GFI Europa, Linus Pardoe, “esse é um movimento sísmico no desenvolvimento da indústria de proteínas alternativas no Reino Unido. Gostaria de elogiar o governo por investir no potencial extraordinário dessas novas formas de produzir carne”.

“Esse investimento histórico é uma forte indicação de que o governo britânico reconhece a importância da agricultura celular e a necessidade de investir em P & D para ajudar as empresas a escalar a produção, reduzir os custos e disponibilizar esses novos alimentos para todos”, conclui Pardoe.

Estamos contratando! Temos uma oportunidade de Analista de Políticas Públicas em Brasília esperando por você

Em 2023 queremos contar com o seu trabalho para nos ajudar a criar um sistema alimentar cada vez mais seguro, justo e sustentável, por meio da promoção das proteínas alternativas. A pessoa Analista de Políticas Públicas Pleno vai trabalhar mantendo um relacionamento próximo com as áreas regulatórias das empresas, de forma a manter um canal de comunicação efetivo entre os reguladores e os agentes de mercado. O GFI atua remotamente, em regime de teletrabalho, mas essa posição demanda disponibilidade para agendas presenciais em dias úteis em Brasília/DF. Dessa forma, a vaga é exclusiva para Brasília.

Encorajamos profissionais de todas as cores, orientações, idades, gêneros e origens a se inscreverem. Valorizamos um local de trabalho diverso e inclusivo, e garantimos a sua proteção contra qualquer tipo de discriminação ou assédio durante o processo de inscrição e depois que se juntar à equipe.

Se assim como nós você também acredita que um mundo melhor é possível, temos um lugar te esperando aqui no The Good Food Institute Brasil. 

Leia a descrição da vaga e inscreva-se aqui!

Paraná vai investir R$ 5.7 milhões no desenvolvimento de carne cultivada

A Fundação Araucária, agência paranaense de fomento à pesquisa científica, tecnológica e inovação, acaba de anunciar um investimento de R$5.7 milhões em carne cultivada. O projeto, intitulado “Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Proteínas Alternativas” (NAPI-PA), será executado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). A verba destinada pela Fundação Araucária vem do governo estadual do Paraná.

A maior parte do recurso será destinada à UFPR, para a instalação do Laboratório de Zootecnia Celular (Zoocel), que já é uma unidade permanente da Universidade, para o Laboratório de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, para a aquisição dos equipamentos necessários, como por exemplo dois biorreatores, um para produção de cultivo celular de bancada e outro para escalonamento, e para o fortalecimento de outras equipes e laboratórios parceiros  da PUCPR e da UEM.

A outra parte da verba irá para bolsas de pesquisa destinadas às equipes participantes da proposta, que abrirão editais de processos seletivos. Qualquer pesquisador do Brasil que atenda os requisitos dos editais pode concorrer às bolsas, que são de mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Os NAPIs (Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação) da Fundação Araucária são grupos multidisciplinares de pesquisa sobre diferentes tecnologias e inovações, que vão desde nanotecnologia, genômica e biogás até inteligência artificial no agro. A estrutura de financiamento de P&D desses arranjos se dá através da visão estratégica do estado: com o NAPI de proteínas alternativas, o foco é o fortalecimento da agropecuária do Paraná para que, com uma maior diversidade de produtos, a competitividade do estado aumente e ele se posicione bem no espaço dos novos alimentos. Os pesquisadores do Zoocel vão trabalhar com células primárias de raças bovinas e suínas paranaenses, contribuindo para as novas cadeias produtivas e para a geração de novos empregos no Paraná.

“É importantíssimo frisar que o governo de um estado pecuarista está tratando a zootecnia celular e a produção de carne cultivada como parte do agro e como peça essencial para o fortalecimento da pecuária. Se as proteínas alternativas forem encaradas dessa forma, como parte da indústria agrícola – e não concorrente, as chances dos profissionais que trabalham com proteína animal apresentarem resistência se tornam muito menores e a área tem tudo para avançar e dar certo”, afirma Carla Molento, professora e Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFPR e coordenadora do Zoocel e do Laboratório de Bem-estar Animal (LABEA/UFPR).

Foco em ensino

Além do foco em pesquisa, o projeto também nasceu com uma proposta muito forte de ensino: segundo Molento, “a intenção é garantir que os profissionais (de produção de alimentos de origem animal, veterinários, zootecnistas, engenheiros de alimentos, etc…) superem o medo inicial de entrar nessa área, os amparando com uma boa formação, composta por aulas laboratoriais práticas e teóricas. Afinal, se uma nova indústria está sendo construída, precisaremos de pessoas com boa formação para atuar nela”. 

A primeira disciplina de zootecnia celular da América do Sul nasceu em 2020 na UFPR, numa parceria entre a Universidade e o The Good Food Institute Brasil. Ela é oferecida anualmente como optativa no programa de pós-graduação em Ciências Veterinárias e já formou 111 alunos nas suas três edições. Agora, comemora-se o fato de que essa disciplina passa, neste ano, a integrar também a grade curricular dos cursos de graduação em Medicina Veterinária e em  Zootecnia na UFPR, possibilitando que estudantes ainda mais jovens conheçam e se interessem por essa área. A primeira turma está em andamento e conta com 40 alunos de graduação em Medicina Veterinária e 14 alunos de graduação em Zootecnia.

“O GFI possui uma área inteiramente dedicada ao desenvolvimento da ciência e tecnologia das proteínas alternativas. Nosso principal objetivo  é apoiar pesquisas de acesso aberto e promover a formação de profissionais para atuarem nesse mercado. Por isso, ajudamos a criar a disciplina de Introdução à Zootecnia Celular, ofertada pela UFPR, e a de Proteínas Alternativas, ofertada pela Unicamp. Além disso, captamos e direcionamos recursos para projetos de pesquisa, dispomos de um curso online introdutório e gratuito sobre o tema, desenvolvemos um modelo conceitual orientativo que pode ser utilizado pelas universidades criarem seus planos de ensino para disciplinas de proteínas alternativas, produzimos publicações que orientam a tomada de decisão de empresas e governos e coordenamos um Diretório de Pesquisa Colaborativa que reúne pesquisadores do mundo todo interessados em colaborações e trocas de experiência”, conta a gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, Cristiana Ambiel.

Próximas etapas do NAPI Proteínas Alternativas

Os próximos passos do NAPI-PA consistem na aquisição e instalação de todos os equipamentos do Zoocel e dos outros laboratórios para que eles sejam plenamente funcionais até o segundo semestre deste ano. A partir disso, os pesquisadores possuem metas definidas por semestre em relação ao avanço na produção de protótipos de carne celular de uma raça bovina paranaense (gado Purunã) e de uma raça suína (suínos Moura), também do Paraná.

As duas salas do Zoocel prontas para receber os equipamentos

Apesar do NAPI-PA não ter bolsas de extensão, um dos efeitos de um projeto deste montante é atrair mais recursos: “hoje, nós já temos no Laboratório de Zootecnia Celular duas bolsas de iniciação científica em andamento e mais uma em coorientação com o professor Rodrigo Morais da Silva, da Escola de Administração da UFPR. Também estamos com inscrições abertas para duas bolsas no primeiro projeto de extensão cadastrado em zootecnia celular, que se chama Bife Sem Bicho e que vai ser realizado nos próximos meses. Ficamos muito felizes de ver o envolvimento público e de tantas instituições no setor de proteínas alternativas. Temos certeza de que o Brasil pode se tornar referência mundial na área, aproveitando todo o conhecimento que já tem na produção de proteína animal para desenvolver esses novos alimentos”, conclui Dra. Carla Molento.

Outros investimentos públicos em carne cultivada no Brasil

O investimento paranaense se soma ao recém anunciado investimento federal de R $2,48 milhões para um projeto de linguiça híbrida (vegetal + cultivada) da Embrapa. Os recursos foram ofertados através do edital de Foodtechs da Finep, agência de fomento à inovação ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Com isso, temos um montante de investimento público em 2023 anunciado até agora de R $8,22 milhões. “Com o discurso positivo em torno da sustentabilidade no atual governo, era esperado que todo o debate científico promovido pelo GFI ao longo dos últimos anos gerasse essa capacidade de pesquisa agora apoiada de forma pioneira pelo poder público no Brasil” diz Alexandre Cabral, vice-presidente de Políticas Públicas do GFI Brasil.

Relatórios do GFI analisam panorama global e atualizado do setor de proteínas alternativas

Relatórios do GFI analisam panorama global e atualizado do setor de proteínas alternativas

A série de relatórios anuais sobre a indústria de proteínas alternativas revelam que a América Latina é a região com maior crescimento de vendas de carnes, frutos do mar e leites vegetais

A série composta por três relatórios completos e atualizados sobre o progresso da indústria de proteínas alternativas (à base de plantas, cultivadas e obtidas por fermentação). Os relatórios do GFI apresentam dados do cenário comercial e de investimento, lançamento de produtos, parcerias, avanços técnicos, crescimento do ecossistema científico, financiamento público, regulamentação, atualizações e análises das previsões do setor.

Leia os relatórios:

Cenário comercial e vendas

Carne Cultivada

  • A indústria de carne cultivada fez avanços ousados em direção à comercialização nos EUA: a UPSIDE Foods se tornou a primeira empresa a receber sinal verde da FDA, o que significa que seu produto pode ser vendido nos EUA após a aprovação regulatória do USDA. A GOOD Meat, outra empresa de carne cultivada, também recebeu esse sinal verde da FDA no início de 2023, indicando que o governo dos EUA está fazendo um progresso impressionante na promulgação de sua estrutura regulatória para carne cultivada.
 
  • Existem hoje pelo menos 156 empresas de carne cultivada em 26 países diferentes: é provável que esse número esteja subestimado, visto que é comum que as empresas se lancem em “modo sigiloso” e se anunciem ao atingir um marco específico (como o desenvolvimento bem-sucedido de um produto ou a conclusão de uma rodada de captação de recursos).
 
  • Em 2021 existiam 60 empresas diversificadas envolvidas na indústria de carne cultivada; hoje já existem mais de 70. Vale ressaltar que o Brasil apresentou dois protótipos bem-sucedidos de carne de frango cultivado, desenvolvidos pela Embrapa e pela UFMG, mas os lançamentos ocorreram em 2023. Por isso não constam nos relatórios de 2022.
 
  • Com relação à nomenclatura dos produtos à base de cultivo celular, mais de 30 empresas na Ásia-Pacífico assinaram um Memorando de Entendimento concordando em usar a terminologia “cultivada” em inglês e seus cognatos em outros idiomas. A nomenclatura “cultivada” também foi apoiada por pesquisas recentes com consumidores encomendadas pelo GFI e pelo GFI Brasil.

Fermentação

  • A indústria de fermentação para proteínas alternativas deu sinais de amadurecimento, com a formação de novas associações setoriais, maior participação de grandes empresas alimentícias e ampliação do número de produtos fermentáveis disponíveis aos consumidores.
 
  • O GFI e a ONG ProVeg juntaram-se a 12 empresas de alimentos como membros fundadores de uma associação focada no desenvolvimento desse setor.

 

  • No início de 2023, nove empresas de fermentação de precisão uniram forças para formar a Precision Fermentation Alliance, o primeiro órgão comercial focado na fermentação de precisão para proteínas alternativas.
 
  • Existem hoje pelo menos 136 empresas de fermentação em 31 países diferentes, embora esse valor esteja subestimado pelos mesmos motivos citados anteriormente, em relação a empresas de carne cultivada. Notavelmente, quase 57% das 136 empresas focadas na fermentação de proteínas alternativas foram fundadas no últimos três anos.

 

  • Pelo menos 100 outras empresas de produtos diversificados estão envolvidas, também, na fermentação para a indústria de proteínas alternativas. 2022 foi um ano de formação de parcerias de grandes empresas de alimentos, incluindo Nestlé, Bel Group e Unilever.

 

  • Uma série de produtos habilitados para fermentação foram lançados aos consumidores pela primeira vez, incluindo bife de micélio e bacon, salsichas de proteína de biomassa, macarons feitos com ovos sem origem animal e uma grande expansão em laticínios sem ingredientes de origem animal. Existem agora pelo menos 31 SKUs (Unidade de Manutenção de Estoque) de produtos lácteos sem ingredientes de origem animal disponíveis nos EUA, com mais produtos ainda em desenvolvimento.

Proteínas vegetais (plant-based)

  • A indústria de proteínas vegetais continuou a se diversificar em termos de produtos, canais de distribuição e empresas: após uma retração nos últimos anos devido à pandemia, o foodservice voltou a ser um importante canal para marcas e consumidores de produtos plant-based. Cadeias de restaurantes de serviço rápido, incluindo Starbucks, Burger King e KFC, expandiram as opções vegetais em várias regiões. O Burger King, inclusive, testou seu primeiro estabelecimento 100% plant-based. As vendas unitárias de carnes vegetais cresceram 3% no foodservice, enquanto as vendas em dólares cresceram 8%.

 

  • Em 2022, grandes marcas de alimentos continuaram a desenvolver versões plant-based de produtos familiares (como cream cheese Philadelphia e barras Kit Kat) globalmente. As empresas também lançaram novos formatos de produtos para o varejo, como bife à base de vegetais e foie gras. No entanto, ainda há muito espaço para inovação nos formatos dos produtos.

 

  • À medida que a indústria deixa seus estágios iniciais, as empresas de produtos cárneos vegetais estão trabalhando juntas na inovação e expansão de produtos: contamos com 27 parcerias estratégicas em 2022, a maioria delas focada no desenvolvimento de produtos. Além disso, seis empresas expandiram ou abriram instalações de produção novas e 11 novos fabricantes contratados foram adicionados ao banco de dados do GFI em 2022.

Visão geral das vendas globais no varejo

A indústria de alimentos à base de plantas se estabeleceu em todo o mundo, com carnes e laticínios alternativos se tornando acessíveis a consumidores em todos os continentes. Os dados de vendas globais da Euromonitor International fornecem uma perspectiva sobre o crescimento das vendas globais de produtos à base de plantas:

 

  • As vendas globais em dólares de carne vegetal cresceram 8% em 2022, chegando a US$ 6,1 bilhões. Enquanto isso, as vendas em peso cresceram 5%.

 

  • As vendas globais em dólar de leite vegetal cresceram 6%, chegando a US$ 19,1 bilhões. As vendas por litro cresceram 3% em relação a 2021.

 

  • Apresentado pela primeira vez nos dados do Euromonitor, o iogurte à base de plantas cresceu 11%, chegando a US$ 1,7 bilhão. As vendas por peso cresceram 6% em 2022.

 

  • Também monitorado pela primeira vez, o queijo vegetal cresceu 22%, chegando a US$ 869 milhões. As vendas em peso cresceram 11%.

 

Em 2022, o crescimento das vendas em peso, atrás ou ligeiramente atrás do crescimento das vendas em dólar, foi consistente com o ambiente macroeconômico no qual os preços por libra ou preços por litro aumentaram em todo o setor de varejo.

América Latina

Em análise complementar do GFI Brasil, destacamos a América Latina como a região do mundo onde ocorreu o maior crescimento nas vendas globais em dólar de carne, leite e iogurte vegetais. Abaixo, detalhamos as vendas em dólar de carne e frutos do mar à base de plantas e também de leite, iogurte e queijos vegetais em escala regional.

Aprofunde o seu conhecimento sobre os relatórios participando dos webinars específicos de cada tecnologia:

 

Relatórios do GFI analisam panorama global e atualizado do setor de proteínas alternativas

Relatórios do GFI analisam panorama global e atualizado do setor de proteínas alternativas

A série de relatórios anuais sobre a indústria de proteínas alternativas revelam que a América Latina é a região com maior crescimento de vendas de carnes, frutos do mar e leites vegetais

A série composta por três relatórios completos e atualizados sobre o progresso da indústria de proteínas alternativas (à base de plantas, cultivadas e obtidas por fermentação). Os relatórios do GFI apresentam dados do cenário comercial e de investimento, lançamento de produtos, parcerias, avanços técnicos, crescimento do ecossistema científico, financiamento público, regulamentação, atualizações e análises das previsões do setor.

Leia os relatórios:

Cenário comercial e vendas

Carne Cultivada

  • A indústria de carne cultivada fez avanços ousados em direção à comercialização nos EUA: a UPSIDE Foods se tornou a primeira empresa a receber sinal verde da FDA, o que significa que seu produto pode ser vendido nos EUA após a aprovação regulatória do USDA. A GOOD Meat, outra empresa de carne cultivada, também recebeu esse sinal verde da FDA no início de 2023, indicando que o governo dos EUA está fazendo um progresso impressionante na promulgação de sua estrutura regulatória para carne cultivada.

 

  • Existem hoje pelo menos 156 empresas de carne cultivada em 26 países diferentes: é provável que esse número esteja subestimado, visto que é comum que as empresas se lancem em “modo sigiloso” e se anunciem ao atingir um marco específico (como o desenvolvimento bem-sucedido de um produto ou a conclusão de uma rodada de captação de recursos).

 

  • Em 2021 existiam 60 empresas diversificadas envolvidas na indústria de carne cultivada; hoje já existem mais de 70. Vale ressaltar que o Brasil apresentou dois protótipos bem-sucedidos de carne de frango cultivado, desenvolvidos pela Embrapa e pela UFMG, mas os lançamentos ocorreram em 2023. Por isso não constam nos relatórios de 2022.

 

  • Com relação à nomenclatura dos produtos à base de cultivo celular, mais de 30 empresas na Ásia-Pacífico assinaram um Memorando de Entendimento concordando em usar a terminologia “cultivada” em inglês e seus cognatos em outros idiomas. A nomenclatura “cultivada” também foi apoiada por pesquisas recentes com consumidores encomendadas pelo GFI e pelo GFI Brasil.

Fermentação

  • A indústria de fermentação para proteínas alternativas deu sinais de amadurecimento, com a formação de novas associações setoriais, maior participação de grandes empresas alimentícias e ampliação do número de produtos fermentáveis disponíveis aos consumidores.
 
  • O GFI e a ONG ProVeg juntaram-se a 12 empresas de alimentos como membros fundadores de uma associação focada no desenvolvimento desse setor.

 

  • No início de 2023, nove empresas de fermentação de precisão uniram forças para formar a Precision Fermentation Alliance, o primeiro órgão comercial focado na fermentação de precisão para proteínas alternativas.
 
  • Existem hoje pelo menos 136 empresas de fermentação em 31 países diferentes, embora esse valor esteja subestimado pelos mesmos motivos citados anteriormente, em relação a empresas de carne cultivada. Notavelmente, quase 57% das 136 empresas focadas na fermentação de proteínas alternativas foram fundadas no últimos três anos.

 

  • Pelo menos 100 outras empresas de produtos diversificados estão envolvidas, também, na fermentação para a indústria de proteínas alternativas. 2022 foi um ano de formação de parcerias de grandes empresas de alimentos, incluindo Nestlé, Bel Group e Unilever.

 

  • Uma série de produtos habilitados para fermentação foram lançados aos consumidores pela primeira vez, incluindo bife de micélio e bacon, salsichas de proteína de biomassa, macarons feitos com ovos sem origem animal e uma grande expansão em laticínios sem ingredientes de origem animal. Existem agora pelo menos 31 SKUs (Unidade de Manutenção de Estoque) de produtos lácteos sem ingredientes de origem animal disponíveis nos EUA, com mais produtos ainda em desenvolvimento.

Proteínas vegetais (plant-based)

  • A indústria de proteínas vegetais continuou a se diversificar em termos de produtos, canais de distribuição e empresas: após uma retração nos últimos anos devido à pandemia, o foodservice voltou a ser um importante canal para marcas e consumidores de produtos plant-based. Cadeias de restaurantes de serviço rápido, incluindo Starbucks, Burger King e KFC, expandiram as opções vegetais em várias regiões. O Burger King, inclusive, testou seu primeiro estabelecimento 100% plant-based. As vendas unitárias de carnes vegetais cresceram 3% no foodservice, enquanto as vendas em dólares cresceram 8%.

 

  • Em 2022, grandes marcas de alimentos continuaram a desenvolver versões plant-based de produtos familiares (como cream cheese Philadelphia e barras Kit Kat) globalmente. As empresas também lançaram novos formatos de produtos para o varejo, como bife à base de vegetais e foie gras. No entanto, ainda há muito espaço para inovação nos formatos dos produtos.

 

  • À medida que a indústria deixa seus estágios iniciais, as empresas de produtos cárneos vegetais estão trabalhando juntas na inovação e expansão de produtos: contamos com 27 parcerias estratégicas em 2022, a maioria delas focada no desenvolvimento de produtos. Além disso, seis empresas expandiram ou abriram instalações de produção novas e 11 novos fabricantes contratados foram adicionados ao banco de dados do GFI em 2022.

Visão geral das vendas globais no varejo

A indústria de alimentos à base de plantas se estabeleceu em todo o mundo, com carnes e laticínios alternativos se tornando acessíveis a consumidores em todos os continentes. Os dados de vendas globais da Euromonitor International fornecem uma perspectiva sobre o crescimento das vendas globais de produtos à base de plantas:

 

  • As vendas globais em dólares de carne vegetal cresceram 8% em 2022, chegando a US$ 6,1 bilhões. Enquanto isso, as vendas em peso cresceram 5%.

 

  • As vendas globais em dólar de leite vegetal cresceram 6%, chegando a US$ 19,1 bilhões. As vendas por litro cresceram 3% em relação a 2021.

 

  • Apresentado pela primeira vez nos dados do Euromonitor, o iogurte à base de plantas cresceu 11%, chegando a US$ 1,7 bilhão. As vendas por peso cresceram 6% em 2022.

 

  • Também monitorado pela primeira vez, o queijo vegetal cresceu 22%, chegando a US$ 869 milhões. As vendas em peso cresceram 11%.

 

Em 2022, o crescimento das vendas em peso, atrás ou ligeiramente atrás do crescimento das vendas em dólar, foi consistente com o ambiente macroeconômico no qual os preços por libra ou preços por litro aumentaram em todo o setor de varejo.

 

América latina

Em análise complementar do GFI Brasil, destacamos a América Latina como a região do mundo onde ocorreu o maior crescimento nas vendas globais em dólar de carne, leite e iogurte vegetais. Abaixo, detalhamos as vendas em dólar de carne e frutos do mar à base de plantas e também de leite, iogurte e queijos vegetais em escala regional.

Aprofunde o seu conhecimento sobre os relatórios participando dos webinars específicos de cada tecnologia:


The Good Food Conference: Path to 2030

Conferência que reúne mais de mil players do setor de proteínas alternativas acontece em setembro em São Francisco

 

O The Good Food Institute atendeu aos pedidos e, em 2023, nossa Good Food Conference volta a acontecer presencialmente! Mais de mil inovadores, líderes da indústria, cientistas, filantropos e representantes do setor público vão se reunir dos dias 18 a 20 de setembro em São Francisco, Califórnia, para debater ideias e apresentar soluções para a transição do sistema alimentar.

 

Com o tema “caminho para 2030”, o objetivo do evento é mostrar que a inovação no setor de proteínas alternativas ao redor o mundo já começou a reescrever o futuro da alimentação, mas que os próximos seis anos são críticos para conseguirmos atingir nossas metas globais de clima, biodiversidade, segurança alimentar e saúde global. No caminho para 2030, compartilhamos a oportunidade e a obrigação de fazer com que cada ano conte.

 

Veja o que esperar do evento esse ano:

  • Compartilhamento de dados e análises atualizadas desenvolvidos pelo GFI, institutos de pesquisa, agências governamentais, empresas e outras organizações.

  • Sessões detalhadas que exploram os avanços na produção de carne cultivada, fermentação de precisão e alimentos à base de plantas, elevando abordagens inovadoras para os desafios atuais e futuros no campo da proteína alternativa.

  • Workshops interativos, mesas redondas, networking e deliciosas experiências gastronômicas que unem as pessoas no espírito de uma missão compartilhada.

 

Cadastre-se aqui para saber quando as inscrições para a GFC 2023 serão abertas. Nos vemos em setembro!

 

Veja o vídeo da edição de 2019:

Tem menos carne e mais proteínas alternativas no prato do brasileiro, afirma estudo

34% dos brasileiros que diminuíram o consumo de carne no último ano substituem o alimento por carnes vegetais.

 

Com o tema “Saúde para Todos” é celebrado hoje, 7 de abril, o Dia Mundial da Saúde. Dentre outros temas relevantes, a data convida a sociedade a refletir sobre as urgências de saúde provocadas pela crise climática, cujo principal agravante é a produção e o consumo de proteína animal. Para além de questões relacionadas à sustentabilidade, diminuir o consumo de alimentos de origem animal, especialmente a carne, também pode trazer outros benefícios, como a redução do consumo de gordura saturada, sódio e colesterol.

 

Para muitas pessoas, no entanto, deixar de comer carne significa abandonar hábitos e tradições alimentares. Por isso, além de vegetais, frutas e grãos, cada vez mais brasileiros têm substituído os produtos de origem animal pelas proteínas alternativas. Sabendo que para a maior parte das pessoas a redução no consumo de carne está relacionada a motivos de saúde, essa indústria tem buscado produzir alimentos análogos mais saudáveis para todos os momentos do dia.

 

Mudança no hábito do consumidor

 

Em 2022, 67% dos brasileiros reduziram seu consumo de carne (um aumento expressivo de 17 pontos percentuais em relação a 2020) e 36% o fizeram por alguma questão relacionada à saúde, como colesterol alto, sobrepeso, má digestão ou desejo de melhorar a saúde no geral. 34% dos consumidores que diminuíram a quantidade de carne no prato a substituíram somente ou principalmente por carnes vegetais, 9 pontos percentuais a mais do que em 2020. Entre os brasileiros que cortaram a carne por causa da saúde, 40% utilizam a carne vegetal como substituto principal ou exclusivo. 

Esses e outros dados levantados pela Pesquisa de Consumidor do GFI Brasil de 2022 indicam que o brasileiro já sente os benefícios de uma alimentação com menos (ou sem) carne e que não possui intenção de voltar a consumi-la no mesmo nível de antes, uma vez que 46% dos consumidores que já reduziram a carne afirmam que pretendem manter esse nível de consumo mais baixo e 47% pretendem reduzir ainda mais no próximo ano. Entre os entrevistados que pretendem reduzir a carne nos 12 meses seguintes (independentemente de já terem reduzido ou não reduzido antes), a saúde foi o principal motivo para uma intenção de redução futura (50%), seguido pelo aumento do preço da carne (20%) e pela preocupação com os animais (16%).

Por mais que a curiosidade seja o fator que impulsione 47% das primeiras compras de uma alternativa vegetal análoga, 33% dos consumidores decidem experimentar esses produtos porque estão em busca de uma opção mais saudável, o que demonstra que uma parcela da população brasileira já entende que essas alternativas proporcionam momentos de prazer, confraternização e tradição, mantendo os mesmos  hábitos, mas de forma mais saudável.

 

Opções mais saudáveis

 

Essa, no entanto, é uma noção muito recente e, para embasar ainda mais consumidores nas suas escolhas e os legisladores nas formulações de suas diretrizes, o GFI Brasil desenvolveu o artigo “Estudo Nutricional: análise comparativa entre produtos cárneos de origem animal e seus análogos plant-based”, comparando a composição nutricional e os aditivos utilizados nas formulações dos produtos de origem animal com os seus análogos feitos de plantas. Os resultados do estudo demonstraram que produtos cárneos de origem vegetal apresentam aspectos nutricionais superiores aos produtos tradicionais com relação a teores de gordura saturada, sódio e fibra.

 

A análise foi feita a partir de dados coletados nos rótulos de almôndegas, empanados, hambúrgueres, linguiça e quibes de origem animal e vegetal. Entre os resultados, apenas 33% dos produtos vegetais registraram alto teor de gordura saturada e sódio, enquanto 50% dos produtos tradicionais apresentaram alto teor desses componentes. Dos produtos cárneos plant-based, 76% puderam ser considerados fonte de fibra, contra apenas 4% dos produtos de carne animal. Além disso, a média de aditivos alimentares foi maior nos produtos cárneos tradicionais (chegando ao valor médio de 5 aditivos por produto analisado), do que nos produtos vegetais (média de 3 aditivos).

Mesmo quando processadas da mesma forma que seus análogos de origem animal, as alternativas vegetais tendem a ser uma opção mais saudável porque, em muitos casos, é no processamento desses produtos que se suplementa nutrientes como cálcio, ômega 3, vitaminas D, B12 e outras. “Sempre que compramos esses produtos devemos analisar a qualidade das informações nutricionais presentes na rotulagem e não a quantidade de processos que o alimentou passou. Muitos alimentos considerados saudáveis, como pão integral, iogurte, queijo, atum e até alguns tipos de carne, também passam por processos fundamentais para garantir que características sensoriais e de segurança do alimento não sejam comprometidas”, explica Cristiana Ambiel, gerente de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil.  

 

Ao buscar entender a percepção do brasileiro sobre alimentos ultraprocessados, a Pesquisa de Consumidor concluiu que quanto maior é o grau de informação sobre esses produtos, maior é a frequência de consumo de alternativas vegetais análogas. “Ou seja, quanto mais informado é o consumidor sobre alimentação e saúde, mais ele tende a escolher produtos de origem vegetal”, complementa Camila Lupetti, especialista de engajamento corporativo do GFI Brasil.  

 

Em um estudo realizado pela Escola de Medicina de Stanford, cientistas compararam o consumo de carne vegetal e animal e concluíram que, ao consumir a opção feita de plantas, os indivíduos avaliados tiveram melhoras em vários fatores de risco de doenças cardiovasculares (como diminuição do colesterol, peso corporal, gordura saturada) e elevaram a ingestão de fibras sem mudar o nível de sódio e proteína na dieta. 

 

“Vivemos em uma sociedade em que a garantia da segurança alimentar e dos alimentos está muito ligada aos processos industriais, que permitem a comercialização e o armazenamento dos produtos por períodos mais longos. Por isso, é muito importante que as empresas utilizem tecnologias que permitam desenvolver alimentos com valor nutricional elevado e rótulos fáceis de serem entendidos, de modo que as pessoas tenham condições de fazer as escolhas que mais se adequam às suas necessidades. Com a inclusão de proteínas alternativas a uma dieta rica em alimentos in natura, é possível manter uma dieta saudável e equilibrada”, conclui Cristiana.

GFI celebra sinal verde da FDA para mais uma empresa de carne cultivada

Desta vez, a beneficiada é a empresa GOOD Meat, que já comercializa os seus produtos em Cingapura, onde a carne cultivada já foi regulamentada há dois anos.

Hoje, a Food and Drug Administration (FDA-EUA) finalizou favoravelmente a análise a respeito da segurança dos produtos da GOOD Meat. Esta consulta pré-mercadológica ocorre apenas alguns meses após a FDA dar a mesma aprovação para o frango cultivado da UPSIDE Foods, o primeiro produto de carne cultivada a atingir esse marco nos EUA.  A análise rigorosa da FDA e a obtenção da aprovação sem questionamentos corrobora as informações que vêm sendo levantadas em estudos relacionados à segurança dos produtos de carne cultivada. 

O processo até a liberação para comercialização do produto ainda  tem mais alguns passos que envolvem outras agências, mas essa notícia é um movimento histórico importante que demonstra que o caminho vai continuar se abrindo para que os consumidores possam acessar esses produtos em restaurantes e no varejo nos EUA. 

Essa segunda aprovação indica que os produtos estão chegando ao mercado sem levantar dúvidas quanto à sua segurança (tanto nos métodos de produção quanto em relação ao produto final), o que pode servir de inspiração para outros reguladores, já que ninguém gostaria de ver seu país ficando para trás na tecnologia.

“Estamos muito satisfeitos em ver que o frango cultivado da GOOD Meat – que tem sido apreciado por milhares de clientes em Cingapura nos últimos anos – está agora a caminho de expandir para os EUA. Em meio à demanda crescente por alimentos e à diminuição dos recursos naturais, nunca foi tão urgente aumentar a produção e distribuição de proteínas alternativas em ambos os lados do Pacífico. O sinal verde da FDA desta semana abre as portas para colaboração regulatória e científica entre dois dos principais centros de inovação do mundo (EUA e Cingapura) e leva a carne cultivada um passo mais perto de se tornar um negócio verdadeiramente global”, Mirte Gosker, diretora administrativa do The Good Food Institute APAC.

“As notícias de hoje são mais do que apenas outra decisão regulatória – é a transformação do sistema alimentar em ação. Os consumidores e as gerações futuras merecem comer os alimentos que desejam, mas feitos de forma mais sustentável, preservando nossa terra e água, protegendo o nosso clima e saúde global e garantindo a segurança alimentar.” Bruce Friedrich, presidente do The Good Food Institute.

“Essa sinalização positiva da FDA em relação ao processo produtivo de carne cultivada pode ser lida como um movimento dos Estados Unidos para se posicionar na vanguarda de uma indústria que deverá, nas próximas décadas, movimentar bilhões de dólares e revolucionar a forma como a humanidade se alimenta. É necessário que os agentes públicos brasileiros se atentem e acelerem o processo regulatório também por aqui, de modo que o Brasil não fique para trás e se consolide o quanto antes como um dos principais atores desse emergente mercado global“, Alysson Soares, especialista de Políticas Públicas do GFI Brasil.

Para mais informações, consulte: What the FDA Evaluated During the First Completed Pre-Market Consultation

O que é carne cultivada e como é produzida?

Carne cultivada é a carne animal produzida a partir do cultivo das células animais. O cultivo das células é realizado reproduzindo o processo biológico que ocorre dentro dos animais e a carne cultivada resultante é composta pelos mesmos tipos celulares que fazem parte do tecido muscular animal, por isso pode reproduzir o perfil sensorial e nutricional da  carne bovina, frango, frutos do mar ou de outros produtos de carne produzidos convencionalmente. A partir de uma única célula, multiplicações sucessivas em biorreatores e posterior diferenciação e maturação é possível produzir carne em escala industrial. Para saber mais sobre essa tecnologia consulte os nossos recursos.

Material de apoio/Fontes:

E se você passasse uma semana inteira sem comer carne? 

Aproveitando o Dia Mundial sem Carne o The Good Food Institute Brasil e a Sociedade Vegetariana Brasileira te convidam a fazer uma semana de refeições à base de vegetais e proteínas alternativas 

Hoje, 20 de março, é celebrado o Dia Mundial Sem Carne. Criada em 1985, o objetivo da data é conscientizar as pessoas sobre os impactos causados pelo consumo do alimento e os benefícios que uma alimentação baseada em vegetais pode trazer para a saúde e para o meio ambiente.

Cada vez mais pessoas têm repensado seus hábitos alimentares e aderido a diferentes tipos de dieta que excluem completamente ou diminuem o consumo de produtos de origem animal. Atualmente, 28% dos brasileiros se consideram flexitarianos. Em 2022, de acordo com pesquisa do GFI Brasil, 67% dos brasileiros diminuíram  seu consumo de carne (bovina, suína, aves e peixes), dos quais 52% por vontade própria, incluindo questões relacionadas à saúde, preocupação com os animais, o meio ambiente, influência de familiares ou motivos religiosos e espirituais. A boa notícia é que, desses, 47% pretendem diminuir ainda mais a ingestão no próximo ano.

“Uma alimentação 100% à base de vegetais, que exclui todos os alimentos de origem animal, não somente é possível como também é comprovadamente uma das formas mais efetivas de você cuidar da sua saúde”, afirma a nutricionista e Diretora do Departamento de Saúde da SVB, Alessandra Luglio.

Veja como fazer parte desse movimento!

Aproveitando que em 2023 o Dia Mundial Sem Carne é celebrado em uma segunda-feira, você pode começar pela Segunda Sem Carne, uma campanha presente em mais de 40 países, apoiada por líderes internacionais, governos, personalidades e empresas. As organizações estendem o convite para que você participe também de uma Semana Mundial Sem Carne e sinta os benefícios de uma alimentação à base de plantas.

A forma mais comum de substituição são os alimentos vegetais íntegros, como grãos, legumes, frutas e tubérculos. Com criatividade e planejamento, é totalmente possível criar receitas nutritivas e deliciosas para a semana toda. Se você não sabe por onde começar, esse cardápio vegano gratuito para 14 dias elaborado pela SVB vai te ajudar! “Todas as receitas foram elaboradas considerando o cálculo de aminoácidos essenciais, fundamentais para a formação de proteínas, assim como outros nutrientes necessários ao corpo, fazendo com que as receitas sugeridas sejam saudáveis e completas”, Tatiana Consoli, nutricionista do Departamento de Saúde da SVB.

Para muitas pessoas, no entanto, abandonar hábitos e tradições alimentares é muito difícil, especialmente no Brasil, onde boa parte dos eventos sociais acontecem em torno de uma mesa recheada de carnes variadas e outros alimentos de origem animal. Para fazer essa transição algo mais simples e ao mesmo tempo prazeroso, existem as proteínas alternativas.  “Esses alimentos foram criados para te ajudar nessa missão sem que você precise abandonar a ideia de tomar o café com leite pela manhã, de comer o “peito de frango” no almoço, o iogurte no lanche e o omelete no jantar. Para todas essas ocasiões e produtos tradicionais, existem alternativas de origem vegetal com o mesmo gosto, aparência e aroma dos convencionais.”, explica Gustavo Guadagnini, presidente do GFI Brasil.

Se você quer conhecer os produtos vegetais alternativos disponíveis hoje no mercado nacional, acesse os guias do GFI Brasil no Instagram: lá você vai encontrar diversas marcas e produtos para todas as refeições e momentos do seu dia. Desde 2019, mais de 140 produtos foram lançados por cerca de 130 empresas nacionais ou que operam no Brasil.

“Nós queremos construir um mundo mais seguro e justo para as pessoas, meio ambiente e também para os animais. No entanto, precisamos entender que a forma atual como produzimos e distribuímos alimentos exige recursos cada vez mais finitos, além de não garantir a segurança alimentar nem de ofertar alimentos completamente seguros às pessoas.”, afirma Gus Guadagnini.

“A importância da Semana Mundial Sem Carne é enorme. Nela, podemos dar um primeiro passo para refletir sobre como nossas escolhas podem promover a proteção do meio ambiente, melhorar a nossa saúde e transformar a forma como nos relacionamos com os animais!” Ricardo Laurino, presidente da SVB.

O que a nossa comida tem a ver com a crise climática?

No Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, celebrado hoje (16/3), o GFI Brasil aponta algumas correlações importantes.

Desde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, países do mundo todo têm se dedicado a enfrentar a crise climática. Na ocasião, foi criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), que entrou em vigor em 1994. Desde então, 27 Conferências das Partes (ou COP) foram realizadas em diferentes países, resultando em compromissos globais como o Protocolo de Quioto, o Acordo de Paris, o Acordo de Copenhague, entre outros. Dois pontos principais definem o foco das iniciativas: financiar projetos climáticos em países em desenvolvimento e limitar o aquecimento da temperatura global para abaixo de 2ºC. 

Hoje (16/3), no Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, te convidamos a refletir sobre o impacto dos sistemas alimentares no agravamento da crise climática. O tema surgiu pela primeira vez na COP 27, realizada em 2022 no Egito, e deve seguir como ponto-chave para garantir que as metas sejam alcançadas antes do colapso planetário.

Sistema alimentar sustentável é a chave para frear a crise climática

Nos últimos anos, vários eventos extremos (desastres naturais, desmatamento recorde da Amazônia e do Cerrado, pandemia da Covid-19, guerra na Ucrânia, peste suína africana, doença da vaca louca…) evidenciaram a fragilidade dos nossos sistemas, principalmente o alimentar. Sabemos que ele já não é capaz de alimentar toda a população global, não garante plenamente a segurança dos alimentos, facilita a transmissão de doenças, explora cada vez mais animais para consumo humano, demanda recursos naturais como nunca e é o setor econômico que mais emite gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera.  

Mesmo assim, a transição energética sempre foi o foco do debate sobre as mudanças climáticas. Só agora a discussão começa a se voltar também para a transição alimentar, porque fica cada vez mais claro que uma mudança na forma de produzir alimentos (sobretudo de origem animal, como carne, leite, ovos) poderia atenuar e até reverter a trajetória da crise climática. Veja nos dados abaixo como a produção de proteína animal desloca recursos naturais de humanos para animais de consumo:

  1. Atualmente, cerca de 88 bilhões de animais são abatidos para consumo humano todos os anos no mundo todo, dos quais mais de 6 bilhões são feitos no Brasil. Se somos 8 bilhões de pessoas, é como se cada um de nós consumisse 11 animais por ano.
  2. Obviamente, antes de se tornarem alimentos para humanos, esses animais precisam de um lugar para viver, comida e água para se alimentarem. Com isso, mais de 70% de todas as terras agrícolas do mundo são destinadas à produção de alimentos para animais e um terço (30%) de toda a terra existente no planeta é usada para abrigar e/ou alimentar animais. O setor agropecuário é responsável por mais de 90% do consumo global de água, e um terço disso se destina à irrigação e crescimento de ração e pasto para bois, porcos e galinhas.
  3. Enquanto isso, o Brasil voltou ao mapa da fome em 2022. Atualmente, mais de 33 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar. No mundo todo, 2,3 bilhões de pessoas (29,3%) enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave e 9,8% passam fome. Hoje, 25% da população global não têm acesso à água potável e até 2025 esse problema deverá afetar 3,5 bilhões de pessoas (43%).
  4. O sistema alimentar atual é responsável por 34% de todas as emissões de GEE e a produção de proteína animal, sozinha, gera mais da metade (ou 15%) desse valor.
  5. Práticas como expansão agrícola, construção de estradas, hidrelétricas e mineração fizeram o Brasil perder 513 mil km² (6%) de áreas verdes nos últimos 20 anos. O país é o que mais perdeu área verde em 2021 (1,548.657 hectares). No mesmo ano, a perda de florestas nativas tropicais provocou a emissão de 2,5 Gt de dióxido de carbono no mundo.

COP 28: Proteínas alternativas devem ser incorporadas ao setor de alimentos como uma das soluções para a crise do clima

Como já dissemos, a COP 27, que aconteceu ano passado no Egito, foi a primeira edição que teve um espaço inteiramente dedicado a discutir o papel do sistema de produção de alimentos no enfrentamento da crise climática. O Food System Pavilion foi resultado de um trabalho articulado de uma coalizão de 9 organizações, entre elas o GFI, com o objetivo de levantar essa pauta no lugar mais importante de negociações internacionais sobre o clima, além de apresentar soluções e firmar compromissos para cumprir as metas do Acordo de Paris.

Na COP 28, que acontece em novembro de 2023 em Dubai, o GFI estará presente novamente e com objetivos ainda mais ambiciosos, focado em ampliar a exposição do setor de proteínas alternativas. Entenda porque os alimentos feitos de planta e cultivados são cruciais para conter a emissão de GEE e outros poluentes, liberar terras para produção de alimentos diretamente para as pessoas e reduzir o uso de recursos naturais.

  1. A carne cultivada produzida com energia renovável reduz os impactos do aquecimento global em 17%, 52% e 85% a 92% em comparação à produção convencional de frango, porco e boi, respectivamente. 
  2. A carne cultivada é 3,5 vezes mais eficiente do que o frango convencional (a forma mais eficiente de produção de carne convencional) na conversão de ração em carne.
  3. Como consequência, a produção de carne cultivada reduz o uso da terra entre 63% a 95% em comparação com a carne convencional.
  4. A carne cultivada também deve ser menos poluente (redução de 29% a 93%) em comparação com todas as formas de carne convencional e usar significativamente menos água azul (redução de 51% a 78%), encontrada em reservatórios de água superficial e subterrânea, do que a produção convencional de carne bovina (quase o mesmo que frango e porco).
  5. Para sustentar um sistema alimentar baseado em vegetais, seria necessário usar apenas 7% das terras do nosso planeta.
  6. Uma alimentação vegetal pode reduzir a emissão de gases de efeito estufa em até 80%.
  7. Substituir a proteína animal por outras formas de proteína é capaz de fornecer de 14 a 20% da mitigação de emissões que o mundo precisa até 2050 para não ultrapassar o aquecimento de 1,5°C.
  8. A alta eficiência de proteínas alternativas vegetais e cultivadas precisam de até 99% e 95% menos solo para serem produzidas, respectivamente, em relação à carne bovina.
  9. As proteínas alternativas reduzem em até 91% a poluição dos oceanos (causada pelo escoamento agrícola) e também poupam todos os outros recursos aquáticos, uma vez que precisam de até 99% menos água para serem produzidas do que a carne animal).

As proteínas alterantivas devem ser incorporadas ao setor de alimentos para garantir maior resiliência ao sistema alimentar e para ajudar a solucionar a crise do clima. E, no Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, nós reforçamos nosso compromisso de trabalhar para tornar a cadeia de produção de alimentos mais sustentável, segura, justa, saudável e acessível para todos.

Muitas vezes esquecemos disso no dia a dia, mas nossa comida está intimamente ligada com a crise do clima e o que colocamos no prato é crucial para definir nosso futuro! As discussões voltadas para apontar soluções para a forma como produzimos e distribuímos alimentos só vai se intensificar e o GFI irá contribuir em todas essas frentes, ajudando a apresentar, viabilizar e implementar essas soluções. Neste ano, na COP 28, também vamos mostrar o papel crucial do Brasil, que será palco da COP 30 em 2025, no cenário ambiental. 

Para FDA, leite vegetal pode ser chamado de leite

A agência colocou em consulta pública um novo rascunho regulatório e aceitará comentários até 24 de abril de 2023

A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, equivalente à ANVISA), publicou, no dia 22 de fevereiro de 2023, um rascunho regulatório no qual indica que bebidas vegetais (feitas a partir de soja, aveia e amêndoa, por exemplo) devam continuar usando o termo “leite” no rótulo.

Indo direto ao ponto, a agência afirmou que esses produtos não enganam o consumidor americano, que sabe que está comprando uma bebida à base de plantas, e não derivada de animais, e recomenda que os fabricantes rotulem seus produtos claramente pela fonte vegetal do alimento (como “leite de soja”, “leite de aveia”, etc). De acordo com as diretrizes preliminares, a FDA também considera que, para ser chamado de “leite”, o produto deve atender a um critério de qualidade que inclui aspectos nutricionais (como quantidade de proteínas, vitaminas e fibras) e não a fonte de produção (animal ou vegetal).

Esse foi um movimento contrário ao que alguns setores da indústria americana imaginavam e indica que a FDA está olhando para o futuro. Por anos, os legisladores dos estados produtores de leite tentaram aprovar projetos de lei que exigiriam que a FDA aplicasse um padrão federal que define “leite” apenas como o produto da “ordenha de uma ou mais vacas saudáveis”.

E aqui no Brasil não é diferente: de acordo com o presidente do GFI Brasil, Gus Guadagnini, “com mais reconhecimento e apoio governamental, a indústria de alternativas à laticínios de origem animal pode continuar a crescer e se expandir, oferecendo aos consumidores mais opções saudáveis e sustentáveis ​​no futuro. O Brasil pode ser líder dessa indústria globalmente e, assim, gerar muitos empregos e receita em impostos. Para isso, também precisamos de um arcabouço regulatório justo e que exista em prol dos interesses dos consumidores, não do protecionismo anticompetitivo da indústria”.

O vice-presidente de políticas públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral, complementa: “o papel do governo é reduzir o risco associado à incerteza regulatória. Para isso, consideramos oportuno a Anvisa avaliar a emissão de um Informe Técnico de Rotulagem sobre o tema”.

A FDA vai aceitar comentários e sugestões na consulta pública até o dia 23 de abril, quando começará a trabalhar na versão final da recomendação de rotulagem. O conteúdo deste e  de outros documentos do FDA têm como objetivo fornecer clareza ao público e devem ser vistos como recomendações.  Mas, por mais que não tenham cunho obrigatório, essas recomendações de rotulagem indicam que a avaliação da agência converge com diversas pesquisas que apontam que o consumidor compra produtos plant-based de forma consciente. As diretrizes desse documento não se aplicam a produtos lácteos que não sejam bebidas, como iogurte – a FDA está desenvolvendo um projeto de orientação para abordar a rotulagem e nomenclatura de outros produtos alternativos à base de plantas e comunicará atualizações quando disponíveis.

Relatório Anual GFI Brasil 2022: 8 bilhões de motivos para agradecer o seu apoio!

O ano de 2022 foi de muitas conquistas para a nossa organização: tivemos 8 projetos aprovados em programas de pesquisa, 7 publicações lançadas, mais de 2 milhões de reais investidos em pesquisas de acesso aberto, 451 reuniões estratégicas com empresas, governos e universidades, 64 eventos organizados ou apoiados pela nossa equipe e mais de 1047 matérias publicadas na imprensa.

Esses e vários outros impactos positivos só foram possíveis graças aos nossos apoiadores, que possibilitam que continuemos a realizar um trabalho de excelência e gratuito, aos pesquisadores que, todos os dias, produzem um conhecimento valioso para o setor, ao governo brasileiro, que abriu sua agenda para dialogar sobre caminhos para a regulação do mercado de proteínas alternativas, aos empresários e investidores que têm dedicado esforços para produzir alimentos cada vez mais saborosos e acessíveis aos consumidores, e à imprensa, que faz nossas mensagens chegarem a cada vez mais pessoas. Em 2022 comemoramos 5 anos de GFI Brasil e a confiança depositada em nosso trabalho, ainda mais em um ano de muitos conflitos globais, é mais do que gratificante e confirma que estamos no caminho certo.

Te convidamos a ler nosso Relatório de 2022, onde detalhamos tudo que foi conquistado em cada esfera de atuação do GFI Brasil. Para nós, esses dados representam não apenas números, mas também histórias, pessoas, relacionamentos e muita dedicação. Acreditamos que a transparência é fundamental e o relatório é a nossa forma de compartilhar com a sociedade o impacto do seu investimento.

 A inovação e o crescimento do ecossistema de proteínas alternativas do Brasil tem sido sem precedentes e nós estamos apenas começando. Continuaremos a investir de forma estratégica na ciência, na proteção dos nossos biomas, no desenvolvimento do mercado nacional e na certeza de que um mundo com um sistema alimentar mais justo, seguro e saudável é possível. 

Estamos muito felizes de você estar conosco nessa missão. Muito obrigada!

Ana Carolina Rossettini, gerente de desenvolvimento do GFI Brasil