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Maior responsável pelas emissões de gases de efeito estufa, sistema alimentar deve ser foco na contenção da crise climática

Os próximos 6 anos definirão se a humanidade será capaz de cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global em 1,5ºC. Gustavo Guadagnini, Presidente do GFI Brasil. Setembro de 2023 foi um mês marcado por eventos climáticos extremos: em apenas 12 dias, dez países foram assolados por tufões, inundações, tempestades, ondas de calor e ciclones. No hemisfério norte, recordes de temperatura foram registrados entre os meses de junho a agosto. O Brasil teve o inverno mais quente dos últimos 61 anos, com ciclones extratropicais no Rio Grande do Sul e 150 botos mortos no Amazônas, depois que o Lago de Tefé e o Baixo Solimões alcançaram os 40ºC. De acordo com o Observatório europeu Copérnicus, 2023 deve ser o ano mais quente da história. Catástrofes climáticas sempre ocorreram, mas, à medida que o nosso mundo aquece, esses eventos extremos – que antes contavam com anos, às vezes décadas de intervalo – estão se tornando cada vez mais frequentes e intensos. A maioria dos países não possui estrutura para lidar com esses desastres e isso resulta em centenas de milhares de mortes, pessoas desabrigadas e refugiados climáticos pelo mundo. Os governos precisam se preparar para melhorar a capacidade de resposta frente a essas situações, mas é igualmente urgente que ações sejam tomadas não somente para se adaptar, mas também para mitigar os efeitos da crise climática. É por esse motivo que tratados e acordos internacionais sobre o clima passaram a existir: sem metas e compromissos a serem estabelecidos e cumpridos por todos os países, nenhuma ação isolada será suficiente para um impacto climático positivo.  O Acordo de Paris foi assinado em 2015 com o objetivo principal de não permitir que o planeta aqueça além de 2Cº até o final do século 21 e representou uma grande mudança nas negociações sobre o clima, ao criar uma abordagem universal para alcançar objetivos coletivos com um mecanismo de monitoramento do progresso global. Cada país signatário auto definiu metas de curto a médio prazo para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE), chamadas de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), que devem ser atualizadas – para metas mais ambiciosas – a cada cinco anos a partir de 2020. Coletivamente, as NDCs demonstram o quão perto ou longe o mundo está de atingir os objetivos climáticos. A primeira geração das NDC, que fez parte da adoção inicial do Acordo de Paris em 2015, refletiu uma redução agregada da meta de temperatura média global para 3,7ºC. Já a segunda geração, atualizada em 2020 para metas mais ambiciosas, reduziu esse valor para 2,7ºC, ainda insuficiente. Brasil A NDC brasileira de 2015 estabeleceu que o Brasil deveria reduzir suas emissões em 37% até 2025 e 43% até 2030 em relação às emissões de 2005. Em 2021, essas metas foram ampliadas para 50% de redução até 2030 e, recentemente, a ministra Marina Silva elevou os compromissos brasileiros de redução de emissão para 48% até 2025 e para 53% até 2030. Os sete setores contemplados pela NDC nacional incluem energia, mobilidade urbana, florestas, biocombustíveis, resíduos sólidos, iluminação pública e transportes. Como é possível ver, os sistemas alimentares, mais especificamente a agropecuária, não aparecem como foco estratégico e o mesmo vale para muitos outros países.  É um erro estratégico não colocar os sistemas alimentares no centro do debate climático O atual sistema alimentar é responsável por 34% de todas as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e é preciso encontrar maneiras mais eficientes de produzir alimentos, principalmente as proteínas. Isso porque a produção de proteína animal, sozinha, gera mais da metade do total de emissões do sistema alimentar. Além disso, a pecuária ocupa 77% das terras agrícolas do mundo. Mesmo assim, a carne animal fornece apenas 18% do suprimento alimentar da humanidade e 37% das proteínas na dieta humana – o resto vem de alimentos vegetais. O setor agropecuário é, ainda, responsável por mais de 90% do consumo global de água, e 41% disso se destina à irrigação e crescimento de grãos para ração e pasto para bois, porcos e galinhas. O Sexto Relatório de Avaliação do IPCC, elaborado pelos principais especialistas e cientistas do mundo e lançado em 2021, afirma que, mesmo se os combustíveis fósseis fossem eliminados da noite para o dia, as emissões do sistema alimentar por si só impediriam o cumprimento da meta do Acordo de Paris.  Por isso, diversificar a atividade agropecuária é uma solução de impacto excepcionalmente elevado para a crise climática global. Na prática, isso implica em liberar terras e recursos como a água para atividades altamente benéficas para o planeta e que também podem ser lucrativas para o agronegócio. Estamos falando de bioeconomia, agroflorestas e agricultura regenerativa, por exemplo.  Um sistema de produção baseado nestas práticas é capaz de, em um mesmo espaço, alimentos diversos, insumos industriais, energia e reflorestamento. alimento, fibra, madeira e até mesmo energia, aumentando assim a produtividade. O impacto ambiental também é considerável. Segundo o EOS DATA ANALYTICS, este sistema pode reduzir de 20 a 30% as emissões de gases de efeito estufa e sequestrar em torno de 8 toneladas de CO2 por hectare a cada ano. As proteínas alternativas também são uma das maiores apostas na mitigação da crise climática. Segundo relatório do Boston Consulting Group, se as proteínas à base de vegetais, cultivadas e obtidas por fermentação representarem 11% de todo o consumo de proteínas até 2035, podemos reduzir 0,85 gigatoneladas de CO2 equivalente (CO2e) em todo o mundo até 2030, o que equivale à descarbonização de 95% da indústria da aviação. Além disso, qualquer mudança significativa na dieta global para mais proteínas alternativas produzirá um efeito de arrefecimento imediato no planeta, uma vez que a criação de animais é responsável por até 50% das emissões de metano, que tem um potencial de aquecimento muito maior do que o CO2 e uma vida atmosférica muito mais curta. Consequentemente, a redução dos níveis de metano na atmosfera não apenas evitaria um maior aquecimento, mas também traria um efeito de resfriamento à Terra. Apesar

Pesquisadores apoiados pelo GFI estão entre os mais influentes do mundo

Anualmente, a editora Elsevier e a Universidade de Stanford (EUA) elaboram um ranking de pesquisadores considerados notáveis no palco científico global, avaliados por meio de registros do Scopus, um dos maiores bancos de dados mundiais de resumos e citações científicas. A edição de 2023 do “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators” foi publicada em 4 de outubro e apresentou, na lista, 1.294 pesquisadores brasileiros. Desses, alguns são pesquisadores apoiados pelo GFI em projetos de pesquisa e é com muito orgulho que parabenizamos cada um desses e dessas profissionais! Prof. Anderson S. Sant’Ana – UNICAMP Pesquisa apoiada pelo GFI: Estudo dos Aspectos de Qualidade e de Segurança de Alimentos Aplicados na Produção de Carne Cultivada Prof. Carlos Ricardo Soccol – UFPR Pesquisa apoiada pelo GFI: Estudo de Mapeamento do Estágio de Desenvolvimento da Tecnologia de Fermentação Aplicada às Proteínas Alternativas no Brasil Prof. Douglas Fernandes Barbin – UNICAMP Parceiro do GFI no desenvolvimento da disciplina de proteínas alternativas na Pós Graduação de Engenharia de Alimentos da UNICAMP Prof. Julian Martínez – UNICAMP e Profa. Rosiane Lopes Cunha – UNICAMP Pesquisa apoiada pelo Programa Biomas do GFI: Ingredientes estruturantes a partir do resíduo de guaraná para o desenvolvimento de análogos de produtos cárneos Prof. Ruann Janser Soares de Castro – UNICAMP Pesquisa apoiada pelo Programa Biomas do GFI: Produtos fermentados obtidos a partir das farinhas de castanha do Brasil e de babaçu: associando o conhecimento científico e tradicional para inovação, promoção da saúde, segurança alimentar e geração de renda para comunidades da região Amazônica Profa. Veridiana Vera de Rosso – UNIFESP Pesquisa apoiada pelo GFI: Estudo de Avaliação da qualidade nutricional de produtos “plant-based” análogos de cárneos a partir de informações obtidas nos rótulos e análise do perfil de ácidos graxos e aminoácidos em produtos comercializados no mercado brasileiro O GFI agradece e celebra esses pesquisadores e os demais pesquisadores brasileiros que, todos os dias, direcionam seus trabalhos para não somente avançar o setor de proteínas alternativas do Brasil, mas também para criar soluções inovadoras de alto impacto para o planeta! A lista completa de pesquisadores brasileiros listados no “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators” pode ser acessada aqui.

Projetos com feijão conquistam primeiro e segundo lugar no FI Awards 2023

A Avante Food Systems e a SL Alimentos foram as grandes vencedoras do FI Awards 2023. Consideradao o maior prêmio de inovação da indústria de alimentos, bebidas e ingredientes, o Food and Ingredients Innovation Awards e StartUp Innovation Challenge aconteceu no dia 16 de outubro, em São Paulo, e consagrou dois projetos de feijão, um ingrediente nacional, de baixo custo, plantio sustentável, alto valor nutricional e que tem muito potencial de assumir maior protagonismo no setor de alimentos plant-based, onde a soja e a ervilha ainda predominam como fontes proteicas. A SL Alimentos, empresa referência em alimentação humana e nutrição animal, conquistou o prêmio “Inovação em Sustentabilidade” com sua proteína concentrada de feijão caupi, que pode ser utilizada para a aplicação em alimentos infantis, extrusados, biscoitos, pães, bolos suplementos, análogos de carne e proteína texturizada. Além de conter o dobro de proteínas em relação aos demais cereais utilizados pela indústria, o feijão caupi é altamente nutritivo, rico em fero e zinco, e oferece diversos benefícios à saúde. Para o diretor de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da SL Alimentos, Thomaz Setti, “o feijão é o ingrediente do presente e do futuro, porque é obtido sem a necessidade de explorar os recursos hídricos e sem a utilização de reagentes químicos. Para o consumidor, oferece ainda as vantagens de aumentar o teor de proteína dos alimentos e melhorar o perfil de aminoácidos, além de contribuir para a segurança alimentar. Estamos emocionados e orgulhosos com esse reconhecimento”. Já a paulista Avante Food Systems, antiga R & S BLUMOS, foi finalista em duas categorias e premiada na categoria Sustentabilidade com sua proteína culinária Carnevale® WUT. O alimento é obtido por extrusão úmida e elaborado a partir de proteínas de leguminosas brasileiras combinadas, proporcionando um ingrediente 100% plant-based, de textura proteica única e versátil, com até 23% de proteínas, zero carboidratos, baixa gordura e calorias e livre de conservantes. Um de seus ingredientes principais é um concentrado protéico de feijão carioca de upcycling, iniciativa pioneira no mundo na criação e aplicação de ingredientes do feijão carioca. Hoje as proteínas culinárias Carnevale® são comercializadas para clientes industriais através da BLUMOS e para estabelecimentos como restaurantes, hotéis e cafeterias por meio da Plural Food Solutions. “É uma proteína boa para o planeta e boa para as pessoas que buscam diversificar suas fontes proteicas, por ser versátil para múltiplas receitas e pratos, deliciosa e com textura surpreendente. E, para oferecer pratos proteicos e deliciosos com a Carnevale WUT, estamos nos aproximando de Chefs de cozinha que elevam o potencial da nossa proteína culinária e tornam a experiência sensorial incrível”, afirma Fernando Santana, CEO da Avante Food Systems. A premiação do FI Awards comprova que o feijão é um foco estratégico que está ganhando espaço. Recentemente, o GFI Brasil está financiou uma pesquisa conduzida pela Dra. Caroline Mellinger, pesquisadora da Embrapa, que visa encontrar alternativas para o uso do feijão carioca pela indústria de proteínas alternativas. Além disso, também estamos trabalhando junto a associações de produtores rurais do Mato Grosso e à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado na elaboração de um acordo de cooperação técnica que tem como objetivo testar a viabilidade, tanto tecnológica quanto econômica, do processamento de feijão dentro das cooperativas rurais.

Alt Protein Project: 24 novos grupos passam a integrar o projeto, 2 deles brasileiros

A cada ano, temos a honra de ter mais e mais grupos de estudantes aderindo ao movimento das proteínas alternativas em novos países, incluindo Suiça, Turquia, Portugal, Brasil, Malásia e Japão. Essa comunidade diversificada de estudantes de graduação e pós-graduação, que estudam desde biologia sintética e engenharia mecânica até filosofia e ciência da computação, garante uma riqueza em troca de ideias, perspectivas culturais e conhecimentos.   Os grupos brasileiros que passam a integrar o Alt Protein Project são da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os objetivos incluem garantir que o assunto das proteínas alternativas seja abordado e disseminado em disciplinas de graduação e pós, proporcionar cursos, treinamentos e eventos sobre o tema para os alunos, conectar pesquisadores, gerar pesquisas colaborativas com soluções multidisciplinares e incentivar parcerias entre laboratórios, universidades e iniciativa privada, entre muitos outros. Nascido em 2020, o Alt Protein Project começou como uma comunidade conectada por cinco universidades. Hoje, já somos uma comunidade de 53 grupos ativos, com mais de 450 membros. Se você é aluno universitário e gostaria de se juntar ao nosso movimento, entre em contato conosco através do e-mail ciencia@gfi.org para dúvidas e apoio! Saiba mais sobre o projeto! “A possibilidade de representar a comunidade APP em uma das melhores universidades do Brasil se apresentou como uma grande oportunidade e responsabilidade para nós. A vontade de contribuir com a construção de novos sistemas alimentares nos conectou e depois de um mês conhecendo melhor sobre o projeto, conhecendo fundadores de outros APPs ao redor do mundo, somos o Unicamp Alt Protein Project. Tem sido uma experiência cheia de novos aprendizados, muitos desafios e esperamos que, em breve, muita gente da nossa universidade se encontre para falar, experimentar e pesquisar sobre proteínas alternativas.” @unicampaltprotein Nossa intenção é criar uma comunidade de estudantes dispostos a espalhar a palavra das proteínas alternativas. Estamos com expectativas bem legais de fazer eventos de realizar alguns eventos para recrutar novos alunos interessados em fazer projetos de pesquisa, professores interessados em criar novas linhas de pesquisa em seus laboratórios, para quem sabe, podermos criar uma comunidade grande de pesquisadores, uma rede colaborativa que vai fazer da UFMG um polo nacional e internacional de produção de proteínas alternativas. Nós decidimos participar dessa oportunidade do GFI porque nós já tínhamos no nosso laboratório um projeto de pesquisa fomentado pelo GFI desde 2021 que foi responsável por criar o primeiro frango cultivado do Brasil. Então dentro desses arranjos vemos a UFMG crescendo cada vez mais como polo de inovação e desenvolvimento, o instituto de Ciências Biológicas da UFMG como referência nacional e internacional, um dos maiores institutos da América Latina em Ciências Biológicas com pesquisadores de ponta, várias linhas de pesquisa que poderiam ser muito bem aplicadas a todas as áreas de proteínas alternativas, como fermentação, bioprocesso, bioimpressão, desenvolvimento de linhagem celular. Então sabíamos que a UFMG seria excelente candidato e nós, com uma equipe muito boa, com 8 alunos no total, conseguimos esse projeto do GFI e agora estamos representando a UFMG no mundo como polo de desenvolvimento de proteínas alternativas.” @ufmgaltprotein

Estamos criando o mapa de pesquisadores de proteínas alternativas do Brasil e precisamos de você!

Preencha o formulário disponível na bio (formulário) – leva menos de 2 minutos! – para contribuir com nosso mapeamento de pesquisadores brasileiros que já atuam ou têm interesse nas áreas de alimentos plant-based, cultivados e obtidos por fermentação. Com esse mapeamento, o GFI Brasil pretende estabelecer estratégias mais assertivas para promover, conectar e impulsionar a pesquisa no setor de proteínas alternativas no país.  Nenhum dado será compartilhado sem autorização. Caso queira conhecer com profundidade a nossa política internacional de proteção e armazenamento de dados, acesse: https://www.gfi.org/privacy. Ajude-nos a construir esse mapa de pesquisadores e mostrar o enorme potencial brasileiro de desenvolvimento de pesquisas no setor!

Direto do Chile: Projeto de Lei que proibiria a rotulagem de alternativas vegetais com termos associados à produtos cárneos passa a permití-la

O PL, apresentado na Câmara dos Deputados chilena em 2019, altera o código sanitário do Chile para introduzir o conceito de carne, que é o mesmo utilizado aqui no Brasil. Os deputados incluíram no projeto um artigo que previa que produtos plant-based não poderiam utilizar em seus rótulos termos normalmente atribuídos a produtos cárneos, como hambúrguer, salsicha e presunto, por exemplo. Nesta quarta-feira (13/09), após discussão na Comissão de Agricultura do Senado, esse artigo do PL foi alterado para permitir o uso das nomenclaturas desde que seguidas de termos que deixem claro para o consumidor a origem vegetal do produto. Isso signfica que o Senado chileno entende que, desde que explicitado no rótulo de que se trata de um produto de origem vegetal, não há necessidade para a proibição da nomenclatura para produtos plant-based. O Projeto de Lei agora segue para análise do Plenário do Senado. Caso seja aprovado na forma sugerida pela Comissão de Agricultura, o texto retorna para a Câmara dos Deputados apenas para revisão do ponto alterado. O GFI Brasil participou ativamente das discussões legislativas em torno do PL e, em parceria com a ONG chilena Vegetarianos Hoy, que recebeu em julho deste ano nosso Especialista em Políticas Públicas, Alysson Soares, deselvolveu uma estratégia de atuação conjunta na Câmara, no Senado e também junto a órgãos de Governo como o Ministério da Agricultura chileno.  “Essa é uma importante vitória para a cadeia produtiva de produtos plant-based não apenas no Chile mas também em toda a região da América Latina. Contudo, ainda é necessário seguirmos atentos e atuantes para garantir que as alterações conquistadas não sejam retiradas do texto final nas votações que ainda faltam no Plenário do Senado e possivelmente na Câmara dos Deputados” concluiu Alysson.

Muito Além da Soja e da ervilha: o potencial do feijão para a indústria de proteínas alternativas vegetais e para o Brasil

A soja e a ervilha são as fontes proteicas mais utilizadas na produção de alimentos plant-based, mas o feijão tem um potencial enorme de assumir maior protagonismo nesse setor. O Brasil é um dos maiores produtores globais de feijão e a maior parte dessa produção é destinada ao consumo interno, o que torna o país um dos maiores consumidores mundiais do grão. Existem mais de 40 tipos dessa leguminosa aqui no Brasil, mas o feijão preto, o fradinho, o caupi, o vermelho, o mungo e o carioca são os que dominam o mercado. O feijão carioca, sozinho, ocupa 50% de toda a área de cultivo do país. Em 2021, o The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil) fez um levantamento com as 11 principais marcas do setor de proteínas alternativas do país e descobriu que apenas 9% dos produtos cárneos feitos de plantas levavam feijão, grão de bico ou trigo como fonte de proteína. Por mais que hoje esse número já tenha aumentado um pouco, a ampla maioria dos produtos cárneos vegetais ainda leva como fonte de proteína a ervilha ou a soja, normalmente combinadas. Assim como o feijão, a soja é um produto brasileiro – mas a ervilha, que é importada, acaba sendo um ingrediente caro para a indústria nacional. O Brasil tem uma capacidade agrícola de produção de pulses pujante que, se bem explorada, representa um potencial enorme de crescimento: o baixo custo do feijão, por exemplo, pode permitir que a indústria de alimentos desenvolva insumos nacionais mais baratos e, por consequência, produtos ainda mais acessíveis para o consumidor final. Em vez de importar concentrado ou isolado proteico de ervilha do hemisfério norte, seria possível inverter essa lógica e começar a exportar concentrado e isolado proteico de feijão brasileiro para o resto do mundo. O mesmo vale para a geração de empregos e renda: durante a produção do feijão são geradas as “bandinhas”, que são os feijões quebrados que não são vendidos para o consumidor final e que são basicamente descartados, no máximo usados para alimentação animal. É possível pensar em uma etapa de industrialização sustentável para esse processo, no qual as bandinhas sejam aproveitadas e transformadas em concentrado proteico – um produto de valor agregado – incrementando e diversificando a fonte de renda dos produtores de feijão.  Além disso, o feijão, que não é uma commodity (grão produzido produzido em larga escala e negociado nas bolsas de valores agrícolas internacionais), melhora a absorção de carbono, fixa nitrogênio no solo, demanda muito menos água e fertilizantes do que outros grãos na sua produção, tem baixo custo e é de fácil armazenamento. Ele também é riquíssimo em proteínas, fibras, aminoácidos, vitaminas e minerais. Todos esses aspectos tornam o feijão um ingrediente promissor para o setor de proteínas alternativas e para o planeta, que precisará passar por uma transição no sistema alimentar para garantir a saúde e a segurança alimentar da população global, prevista para alcançar 10 bilhões de pessoas em 2050. O produtor rural hoje em dia deixa de plantar feijão para plantar soja, milho ou cana-de-açúcar, que são commodities e têm preço fixado nas Bolsas internacionais. Utilizar o feijão é fomentar uma agricultura mais sustentável, gerando renda para as comunidades rurais através de um produto de valor agregado com alto potencial econômico e nutrindo o solo por meio de uma cultura que não poderia representar melhor o Brasil. Se realizarmos o processamento desses grãos nas cooperativas e associações de produtores, estamos falando de bioeconomia em sua essência, com potencial de abastecimento para todo o mundo. Como estamos envolvidos: A pesquisadora da Embrapa, Dra. Caroline Mellinger, conduziu uma pesquisa financiada pelo Programa Global de Incentivo à Pesquisa (Research Grant Program) do GFI, a fim de encontrar alternativas para o uso do feijão carioca pela indústria de proteínas alternativas. A pesquisa possuia dois objetivos: o de otimizar a produção de um concentrado protéico e de um isolado de feijão adequado para utilização em produtos vegetais de carne, frango e frutos do mar, e o de determinar a característica físico-química, tecnológica e nutricional dos ingredientes. Ambos objetivos foram alcançados e, com a pesquisa finalizada, o ingrediente com alta concentração de proteínas a partir do feijão está pronto para ser utilizado. Além disso, o GFI vem trabalhando junto a associações de produtores rurais no Mato Grosso e à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado na elaboração de um acordo de cooperação técnica que terá por objetivo testar a viabilidade, tanto tecnológica quanto econômica, do processamento de feijão dentro das cooperativas rurais. “É uma relação ganha-ganha: o produtor passa a ter uma forma alternativa para comercialização de sua produção, com valor agregado e garantia de compra pela indústria, que por sua vez economiza ao deixar de importar parte de seu insumo do exterior. Somando a isso o potencial de melhoria nos indicadores sociais dessas regiões produtivas, o saldo da equação é extremamente positivo. Alysson Soares, especialista em Políticas Públicas do GFI Brasil

Mercado brasileiro de carnes e leites vegetais cresceu 42% e 15%, respectivamente, em 2022 

O setor de alimentos à base de plantas análogos já conta com pelo menos 107 empresas, com produtos que substituem carnes, leite, derivados lácteos e ovos.  De acordo com dados da plataforma Passport da Euromonitor, em 2022 o mercado de substitutos vegetais para carne e frutos do mar no Brasil alcançou R$821 milhões em vendas no varejo, o que representa um crescimento de 42% comparado a 2021. Já o comércio de leites vegetais alcançou R$612 milhões em vendas no varejo, um aumento de 15% em relação ao ano anterior.  Em 2021, a Euromonitor já havia registrado um crescimento de 30% nas vendas no varejo de substitutos vegetais para carne e frutos do mar em relação a 2020. Naquela época, a plataforma estimou que até 2026 este setor poderia ultrapassar os US$425,3 milhões em vendas no mercado brasileiro. Hoje, o nosso mercado de proteínas alternativas análogas conta com pelo menos 107 empresas e já exporta produtos para cerca de 30 países. Se levarmos em conta que o primeiro hambúrguer vegetal análogo do Brasil foi lançado em maio de 2019, vemos o  quão rápido o setor vem se desenvolvendo e o quão expressiva é a penetração desses produtos na rotina dos brasileiros. O aumento das vendas no varejo, tanto para substitutos vegetais para carne e frutos do mar  quanto para leites vegetais, reflete algumas mudanças que vêm ocorrendo no comportamento do consumidor brasileiro, analisados na pesquisa “O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based 2022” do The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil). Um deles é a redução do consumo de carne: a pesquisa mostra que, em 2022, 67% dos brasileiros diminuíram o seu consumo de carne (bovina, suína, aves e peixes) recentemente, um crescimento de 17 pontos percentuais em relação a 2020. O aumento do preço da carne foi o que motivou 45% dos brasileiros que reduziram seu consumo, mas, para outros 36%, essa redução foi motivada por questões relacionadas à saúde, como melhorar a digestão, reduzir o colesterol ou perder peso. Quando somadas à preocupação com os animais, o meio ambiente, influência de familiares, motivos religiosos e espirituais, vemos que essas questões motivaram mais da metade (52%) dos brasileiros a reduzirem o consumo de carne por escolha própria. Os dados também mostram que o propósito de diminuir a ingestão de carne não parece ser um comportamento temporário, pelo contrário: independente do motivo inicial, 46% dos consumidores que já reduziram a carne afirmam que pretendem manter esse nível de consumo e 47% pretendem reduzir ainda mais no próximo ano. Dos consumidores que diminuíram a quantidade de carne no prato, 34% a substituíram somente ou principalmente por carnes vegetais, 9 pontos percentuais a mais do que em 2020. Entre os brasileiros que cortaram a carne por causa da saúde, 40% utilizam a carne vegetal como substituto principal ou exclusivo.  Essa realidade vai ao encontro de outro fator relevante para a consolidação do setor de proteínas alternativas no Brasil, que é a significativa adesão ao flexitarianismo. Esse é o estilo de alimentação que busca reduzir, sem excluir por completo, o consumo de produtos de origem animal. Em 2022, 28% dos brasileiros já se definiam como flexitarianos. Desses, 60% afirmavam que gostariam de reduzir ainda mais o consumo de carne nos doze meses seguintes à realização da pesquisa. Isso indica que já existe uma parcela importante de consumidores que enxerga essa redução como uma parte definidora do seu comportamento alimentar atual.  Vale notar também, que 75% do consumidores pesquisados se dizem abertos a provarem alimentos feitos a partir de novas tecnologias e 68% vislumbram as carnes vegetais incorporadas à sua alimentação no futuro. Portanto, podemos concluir que hoje temos uma parte relevante de consumidores com apetite para a categoria e uma visão postiva sobre as novas tecnologias aplicadas à produção de alimentos. “Todos estes dados de vendas e comportamento do consumidor apontam para um movimento de consolidação do mercado de proteínas vegetais no Brasil. De um lado temos o consumidor tentando equilibrar escolhas mais econômicas e ao mesmo tempo mais saudáveis e mais sustentáveis na sua dieta. De outro, a indústria que vem investindo no desenvolvimento de produtos que atendam estas demandas sem esquecer do sabor ou seja, de entregar a experiência de uma refeição realmente prazerosa para o consumidor.  Nos últimos 4 anos tivemos avanços significativos neste sentido, com o lançamento de uma grande variedade de produtos realmente inovadores. Mas ainda são muitos os desafios a superar e em várias frentes, até que as alternativas vegetais estejam disponíveis e acessíveis de maneira competitiva para todos os consumidores.” – Gustavo Guadagnini, Presidente do GFI Brasil.

Scaler: conheça a nova ferramenta de análise técnico-econômica de última geração para fermentação

A Synonym, plataforma que está acelerando o futuro biológico do mundo desenvolvendo, financiando e construindo instalações de biomanufatura em escala comercial, acaba de lançar o Scaler, a primeira ferramenta online, interativa e gratuita de análise técnico-econômica (TEA) para fermentação. Projetada para capacitar empresas a calcular custos de produção em escala comercial e agilizar seu caminho para o mercado, a Synonym decidiu abrir seus modelos internos para a comunidade de biologia sintética para tornar a análise técnico-econômica mais acessível. Com o resultado personalizado do Scaler, as empresas podem começar a definir seus roteiros comerciais e estratégias de fabricação para entender o que será necessário para levar seus bioprodutos ao mercado de massa. A tecnologia de fermentação possui um imenso potencial em muitas aplicações diferentes, de alimentos a produtos químicos e materiais. No entanto, determinar os custos de produção em escala comercial tem sido um desafio complexo e caro que as empresas frequentemente enfrentaram. As empresas que buscam uma análise técnico-econômica para fermentação agora podem usar gratuitamente o Scaler para modelar seus custos de construção de uma instalação em escala comercial e produção em escala industrial. Os usuários podem refinar mais de 50 parâmetros em seus modelos, incluindo variáveis relacionadas à fermentação, matéria-prima, mídia, processamento downstream, ideias de financiamento e muito mais. Depois de fornecer essas informações, os usuários recebem um relatório personalizado com informações importantes sobre seu processo, incluindo detalhamento de CapEx, CPV, análise de sensibilidade, análise de bancabilidade, dimensionamento de instalações e muito mais. A Synonym também possui a ferramenta Capacitor, um banco de dados global e gratuito que identifica instalações de fermentação em todo o mundo. Desenvolvido em parceria com o GFI , Blue Horizon e Material Innovation Initiative, o Capacitor fornece às empresas de proteínas alternativas a maneira mais detalhada de encontrar infraestruturas de fermentação microbiana, que inclui instalações, equipamentos e serviços usados para produzir proteínas alternativas. Se você está procurando por esses equipamentos ou se sua empresa ou centro de pesquisa possui essas instalações, se cadastre na plataforma também! Se você deseja entender quanto custa construir e operar em escala comercial, convidamos você a começar a criar seus modelos no Scaler.

Quer levar sua startup para se apresentar na Good Food Conference? Inscreva-se no Pitch Slam!

Nós estamos em busca de cinco startups de destaque em todo o mundo para se apresentarem ao público ao vivo na Good Food Conference, que acontece de 18 a 20 de setembro em São Francisco, Califórnia. O Pitch Slam é voltado para startups da Série B ou anteriores focadas em produtos finais, ingredientes ou serviços de upstream de proteínas à base de plantas, cultivadas ou obtidas por fermentação. O evento é um dos favoritos da conferência e uma excelente oportunidade para apresentar sua empresa para investidores e parceiros em potencial! O objetivo é fornecer exposição internacional para as startups, que não irão competir por recursos. As cinco empresas selecionadas para o Pitch Slam receberão dois ingressos gratuitos para a conferência e um estande de 10×10 no sãlão de exposições. Cada uma terá cinco minutos para se apresentar para o público, seguido de uma sessão de perguntas e respostas. O evento será encerrado com um meet-and-greet entre os membros do público e as startups do pitch. Nos anos anteriores, os participantes incluíram ADM Ventures, Obvious Ventures, Tyson Ventures, Clear Current Capital, Stray Dog Capital, CPT Capital, Kelloggs, The New York Times, The Wall Street Journal, Wired, BBC e muitos mais! As inscrições encerram no dia 23 de julho. Inscreva-se já através deste formulário!